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sábado, 4 de junho de 2022

DO FUNDO DO BAÚ - SUPERBALL

Lá nas décadas de 50 e 60, antes desta febre de moda esportiva dos últimos anos, eram poucas as casas especializadas em esportes. Entre elas destacava-se a Superball, com seus 3 endereços no Rio. Fui frequentador das lojas da Marechal Floriano e da Xavier da Silveira, ali quase na esquina da Av. N.S. de Copacabana. O outro endereço era na Rua Carolina Machado, em Madureira. Havia também lojas em Petrópolis e Niterói, sendo que nesta cidade sobrevive a última delas, mas com novos donos.


Era nesta loja da Xavier da Silveira (foto de Gyorgy Szendrodi) que eu podia comprar camisas de goleiro com os cotovelos acolchoados, joelheiras com várias tiras de feltro branco para proteger a face anterior do joelho, chuteiras com travas presas por pregos que freqüentemente machucavam a sola do pé. Os tênis, então chamados de "keds", eram de cano alto, com proteção de borracha na altura dos maléolos do tornozelo. 

Bolas de couro havia a de nº 5, a mais desejada pelos "peladeiros". A G18 era só para profissionais. Pés-de- pato daqueles pequenos, sempre pretos, e as pranchas de madeira, com espaço vazado nos lados para as mãos e a frente ligeiramente arqueada. Raquetes de frescobol havia de dois tipos: as boas, de madeira compensada, e as ruins, mais baratas e mais frágeis. Na Superball também se podia comprar a desejada mesa de ping-pong ou a de botão, oficial. Os botões ali vendidos não serviam para nada, apesar de virem com os escudos dos times (os bons eram de osso ou improvisados com fichas de lotação/ônibus). Os goleiros dos times de botão vendidos eram ridículos: tinham um rabo de metal que passava sob a baliza de plástico - estas balizas eram logo substituídas pelas maiores, com traves de madeira e rede de filó, e os goleiros eram feitos com caixas de fósforo com chumbo dentro (para não serem derrubados naquele estilo de chute em que o botão, após tocar na bola, derrubava o goleiro antes que a bola chegasse ao gol). Na Superball vendia-se, também, aquele jogo de tamborete que todo mundo ganhava e todo mundo detestava. E os saquinhos de filó branco com bolas de gude. Enfim, a Superball era o sonho de todo garoto.


Também era nesta loja da Xavier da Silveira que o prezado GMA comprava suas luvas de boxe. 

Nestas lojas encontrávamos os produtos "Procopio" como as antigas raquetes de tênis, de madeira, com corda de tripa e aquela moldura para a raquete não empenar, como vemos na foto abaixo.

Minha primeira raquete de tênis foi comprada na Superball da Marechal Floriano (acho que não encontrei na loja de Copacabana) e era igual a esta aí de cima.


A bola utilizada na Copa do 1950 no Brasil foi a Superball Duplo T. Fabricada na fábrica de São Cristóvão. A Fifa a escolheu e, mais ainda, lhe deu exclusividade até então inédita. Foi a primeira Copa em que passou a ser usado apenas um modelo de bola para todos os jogos. Possuía 12 gomos, inovou ao adotar o fim da costura aparente e o uso de uma câmera inflada, como as bolas atuais, com válvula de enchimento. A costura era interna e não havia mais a abertura e o cadarço. O couro ficava pesado quando encharcado, como nos modelos mais antigos. 

Conta o Evaristo, craque do Flamengo, Barcelona e Real Madrid: "Ao menos no Rio, a Duplo T foi a primeira com costura interna. Antes, as bolas eram infladas por um birro e amarradas com cordões por fora, e por isso nunca ficavam perfeitamente redondas. Mas isso mudou quando surgiu a costura interna. Era uma bola muito boa, facilitava o passe. O único problema é que, como ainda era de couro, quando chovia ficava pesada como chumbo."


 

30 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    A marca não me é estranha, mas confesso desconhecer essa filial de Madureira. Se a numeração não mudou, ficava entre a Edgard Romero e a Américo Brasiliense. Nunca fui fã de artigos esportivos. Por um bom tempo usei uma camisa de goleiro, herdada de um primo.

    Bolas de gude comprava em armarinho ou outras lojas no Tem-Tudo.

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  2. Fui algumas vezes na loja da Superball em 1970 quando morei em Copacabana e lembro bem dela. O preço dos artigos vendidos lá era bem mais elevado do que em lojas do centro da cidade, principalmente as bolas e os botões, podiam ser encontrados por preços mais em conta em outras lojas. ## Me lembro bem dessa esquina quando em 1965 minha tia dirigindo seu Fusca vermelho atropelou uma senhora que inadvertidamente atravessou a Nossa Senhora de Copacabana saindo de trás de um Trolley-bus que estava parado. Eu estava no banco traseiro do carro e fiquei apavorado com a pancada e a confusão causada. Minha mãe me pegou pela mão junto com minha prima e nos levou embora enquanto minha tia ficou resolvendo a situação.

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  3. Em tempo, na foto de 1971, nota-se a onipresença da VW na época. Talvez só o carrinho da Kibon não fosse da marca...

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  4. PS: esqueci de incluir o carrinho de bebê...

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  5. Foi lá que comprei a rede de vôlei com os amigos do Andrews e montamos pela primeira vez na praia do diabo. Só depois de algumas horas que finalmente conseguimos pegar o primeiro saque e devolver a bola, foi uma vitória! Depois passamos a montar a rede no posto 5, na altura do Alcazar. Bons tempos.

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  6. Grande resgate. Lembro-me bem dessas marcas. Dessa loja na Mal. Floriano, nunca entrei; mas lembro de "ver passar", quando ia à cidade com o meu pai.
    Hoje em dia compra-se uma bola de futebol "ching ling" por menos de cem paus...

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  7. Meio fora de foco: com referência ao SDR de ontem e especialmente a foto 3, tenho quase certeza de que a rua em questão não é a Teodoro da Silva, e as razões são várias. Uma delas é que a largura da rua não "se encaixa" com outras fotos da mesma rua mesmo em época posterior. Na foto que seria 1955 a Teodoro da Silva aparece bem mais larga do que em fotos de 1958 e 1960, onde até o casario aparece diferente. O entorno também não combina. Se na foto de 1955 a rua já aparece com o alargamento concluído mostrando os postes do alinhamento anterior, não é coerente que em 1958 e 1960 a rua apareça mais estreita. Vou enviar as fotos citadas para o "Gerente" para ele analisar e depois se pronunciar aqui no SDR.

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  8. As pranchas de isopor "Isomar" e "Planonda" eram as melhores para "pegar jacaré", mas na Superball eram bem mais caras. Nas lojas de artigos de Isopor na "Rua da Alfândega " e adjacências eram mais baratas. A única inconveniência da prancha de isopor era forçar o usuário a usar camiseta de malha, pois "pegar jacaré" sem camiseta era certeza de sofrer com a assadura na pele causada pela prancha, que em contato com a água salgada causava uma ardência terrível.

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    1. Tinha uns craques que conseguiam ficar de pé na prancha de isopor no Posto 5. O máximo que consegui foi ajoelhar… As ondas da praia de Copacabana antes do calçadão era perfeitas. Até hoje pego un jacarezinho ou outro no Leblon quando o mar está manso.

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    2. Também tinha uma marca de prancha de isopor chamada Copacabana. Tive uma Copacabana e uma Planonda.

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  9. Ótimo resgate. mostra da precariedade dos esportes no brasil e no mundo na época. hoje a tecnologia até por o cadarço na lateral da chuteira para não afetar o chute. Lembro-me da Copa de 70 quando começaram a vender as chuteiras adidas e puma. Como o Pelé não recebia patrocínio o roupeiro passava graxa preta na faixa branca lateral da puma, tudo por conta da transmissão pela TV, ainda em P&B. Tangenciando assunto inovação, me lembro do Claudio Coutinho falando do overlapping, Nas camisas a seleção alemã inovou em 84 com os losangos. hoje as falsificações de tênis imperam no saara.

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    1. ah! essa luvas de boxe encontrei no meu museu privado. um quarto atulhado de bugigangas que preservo compulsivamente, sempre sob a ameaça da patroa de jogar fora as velharias

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    2. Patroas e mudanças de residências são o "terror" dos fundos de baús.

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    3. Sobre uniformes adaptados, o da Holanda do Cruyff em 1974 só tinha duas listras, em vez das três tradicionais da Addidas.

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  10. o Luiz pode me corrigir, mas acho que o dono da Superball se envolveu em um escândalo envolvendo, acho, a Leila Richards. Não tenho certeza se era ela. o ocorrido foi no motel Vip's onde o cara levou a moça e, depois da transa, foi embora. Os funcionários do motel sacaram o ocorrido e entraram no quarto, achando a moça totalmente embriagada. Depois de estrupa-la a jogaram pela janela sobre as pedras da fundação do motel. Acontece que ela não morreu e dedurou todo mundo. Confere, Luiz?

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    1. O nome da beldade era Leila Cravo.

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    2. Cáspite! Mal menciono Sandra Bréa (vide postagens de ontem) e já citam Leila “Richards”, salvo melhor juízo, referindo-se a Leila Cravo, companheira de elenco de Sandra no citado filme “Um uísque antes e um cigarro depois”. O episódio concernente a Leila, citado pelo Conde, nunca foi esclarecido, apesar de seu (dela) pai ter, na época, um importante cargo na Justiça do Rio de Janeiro. Muito embora Leila tivesse sobrevivido, o delegado responsável pelo inquérito – que jamais tomou depoimento da vítima - optou pela hipótese de a atriz, embriagada, ter atentado contra a própria vida, jogando-se do jardim do motel Vip’s (de propriedade de uma socialite emergente da Barra da Tijuca) para a avenida Niemeyer, dezoito metros abaixo.

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    3. matou a cobra e mostrou o pau! Leila Cravo. Mulher linda!!!

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  11. Poucas vezes comprei material esportivo em lojas especializadas.
    Sobre rede de vôlei não esqueço que na época da Geração de Prata a moda desse jogo se espalhou pelas ruas e uma vez até faixa de propaganda da Telerj foi improvisada como rede. Como só tinha alguns furos em sua extensão, praticamente tínhamos que adivinhar o que o adversário estava fazendo. O bom é que as meninas jogavam junto com os marmanjos aumentando a possibilidade de uma paquera.
    Goleiro de futebol de botão não tem o mesmo direito que o de campo, que é "intocável" na pequena área.
    Acho que o Evaristo de Macedo ficou mais famoso no Brasil como técnico, mas ainda é dono do recorde de maior número de gols em uma só partida da seleção brasileira. O problema era que quem saía para clubes estrangeiros naqueles tempos era praticamente esquecido.
    Sobre o comentário do Joel e "jacaré", para os especialistas em "pegar onda": essa modalidade não é só no "peito e na raça", sem poder usar qualquer tipo de artefato?

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    1. Pegava-se jacaré com prancha ou sem prancha, pois eram comuns as duas modalidades. A vantagem da prancha era poder ficar fora da arrebentação "flanando'.

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    2. O Evaristo jogou a eliminatória para a Copa de 1958, em 1957. Como foi jogar na Espanha em seguida, não foi convocado para a Copa de 1958. Sorte a nossa, porque se o Evaristo tivesse sido convocado, o Pelé não teria ido à Copa, porque Evaristo e Dida teriam ido. Da mesma forma, se o Julinho Botelho, que jogava na Itália, tivesse sido convocado, o Garrincha não teria ido àquela Copa, porque o titular era o Joel, do Flamengo.

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  12. Velhos tempos, belos dias ...
    A Superball distribuía a Tabela do Campeonato Carioca de Futebol, era uma cartela dobrável, turno e retorno ...
    Na loja de Copacabana eu comprava times de botão da Estrela, com os rostos e nomes dos jogadores. Tinha as caixas simples (1 time) ou dupla (2 times).
    Sugestão: Publicar um artigo sobre a loja Balneá, também de material esportivo, que ficava na esquina das ruas Domingos Ferreira e Santa Clara, em Copacabana.

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  13. Comprava com frequência na Balnea, mas há pouca coisa sobre ela. Acho que o Conde certa vez usou o photoshop para recriar a fachada. Vou procurar.

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  14. A Balnea , juntamente com as Casas da Borracha e a Superball, era um dos lugares em que se podia comprar pés de pato para "pegar jacaré".
    Os "puristas" desdenhavam da utilização de pranchas (de madeira, as de isopor eram para crianças) para a prática, admitia-se os pés de pato quando o mar estava alto, já que eles possibilitavam entrar nas ondas grandes, mais "cheias".

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    1. Tive um flashback quando eu vi o logotipo da loja Vineyard Vines nos EUA, é idêntico ao da Balnea.

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  15. Havia uma loja na qual eu comprava material de pescaria, salvo engano ao lado do Nino da Rua Domingos Ferreira. Há registro na memória?

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  16. Na Tijuca na minha infância minha avó comprava material esportivo na Hawai Sport na galeria da Lobras (onde no segundo andar tinha uma pista de autorama) ou numa loja em frente ao Tijuca Tênis Clube onde hoje está instalada a Sonho Infantil. Acho que se chamava Apolo ou Speedo não me recordo. O Hélio ou o Joel devem se lembrar

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  17. Nos anos 80 e início dos 90 também tinha uma Superball na Rua Acre.
    Nos anos 70, comprávamos os uniformes do time de nossa rua na Superball da Xavier da Silveira.

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  18. Fui freguês de todas as lojas de material esportivo do centro da cidade, compramos muitos jogos de camisa, tanto de futebol de campo, quanto de futebol de salão, assim como as bolas. Minha primeira chuteira com travas de borracha, uma Hércules Olé comprei na superball e vários tenis All Latex que na época eram os melhores para se jogar futebol de salão, principalmente em quadras de cimento, não eram encontrados em sapatarias. Na Av. Marechal Floriano além da Superball, tinha também a Casa Nair, Mariu´s, uma outra que esqueço agora o nome, ficava bem próximo a Casa Nair, Na Praça Tiradentes tinha a Casa Fortes.

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