A primeira trilha que levava até o alto do Morro do Corcovado foi aberta por D. Pedro I por volta de 1824. Anos depois, D. Pedro II, incentivado por Pereira Passos, autorizou a construção e inaugurou a primeira estrada de ferro, com locomotiva a vapor, que seguia até o topo.
No século XVI, o cume do Morro do Corcovado, a 710 metros acima do nível do mar, havia sido batizado de Pináculo ou Pico da Tentação. No século XVII foi rebatizado de Corcovado, devido à sua forma semelhante à corcova do camelo.
A ideia de se construir uma estátua no alto do Corcovado foi do Padre Pierre Marie Boss em 1888: "O Corcovado! Lá se ergue o gigante de pedra, alcantilado, altaneiro e triste, como interrogando o horizonte imenso - Quando virá? Há tantos séculos espero! Sim, aqui está o pedestal único no mundo. Quando virá a estátua, como eu colossal, imagem de Quem me fez?"
O padre morreu sem ver seu sonho construído. Na década de 1920 o projeto foi adiante e fez-se um concurso.
FOTO 1: Esta fotografia, enviada por Cristina Pedroso, apareceu na "Revista da Semana" de 1º de setembro de 1923. Era o projeto vencedor, de Heitor da Silva Costa. para o monumento do Cristo Redentor que incluía, além da figura de Cristo, o globo e a cruz, símbolos da redenção.
Segundo a revista, esta como outras extravagantes idéias, que seriam desastrosas, foram sabiamente rejeitadas em favor da solução bastante satisfatória que ao final foi adotada. O desenho final do monumento é de autoria do artista plástico Carlos Oswald e a execução da escultura é responsabilidade do estatuário francês Paul Landowski, com a ajuda do calculista Albert Caquot.
Enquanto a estrutura ia sendo preparada, na França a estátua em gesso era moldada. Veio depois para o Brasil dividida em várias partes numeradas que Heitor Levy produziu em concreto armado, em Niterói, sendo posteriormente transportadas e montadas no local.
O monumento ao Cristo Redentor no morro do Corcovado tornava-se a maior escultura art-déco do mundo.
Carlos Reis, em "Brasil Revista" assim se expressou sobre este monumento: "Quando a gente brasileira inaugurou no alto do Corcovado a estátua do Cristo Redentor não fez, apenas, a implantação do grande movimento, mas deu uma prova provada da religião que existe no âmago do nosso coração, no cerne da nossa alma, desde os primeiros dias de aventura cabralina.
E, lá do alto da montanha, do gigante de pedra que domina a entrada da Guanabara, o mais lógico, o mais racional, o mais eloqüente dos fundadores de religião faz ver aos homens, mesmo aos incréus, aos que se fingem alheios à existência do Criador, que Deus é o soberano da vida, o Senhor do Mundo, o dominador da Terra.
(...)
A subida, a doce ascenção dessa viagem, mormente nos dias claros, nos dias de escampos, nas primeiras horas das manhãs de primavera, infiltra no íntimo do ser humano um bem-estar suavíssimo, uma pletora carinhosa de vontade de viver."
FOTO 2: Foram realizadas várias campanhas para pagamento da obra, como esta que vemos na foto: "Dae um óbulo para as obras do monumento".
Após diversos estudos, optou-se pelo revestimento da estátua com pedra-sabão. Foram montadas em tela, pelas senhoras do Círculo Católico, em triângulos de três centímetros de lado e sete milímetros de espessura. Por questões de equilíbrio da estátua de 1100 toneladas e 38 metros de altura, um dos braços é 40 cm maior que o outro.
FOTO 3: A inauguração deu-se em 12/10/1931, começando às 10 horas com a oração cerimonial proferida pelo Legado Pontifício e Arcebispo do Rio de Janeiro D. Sebastião Leme e, a seguir, com missa celebrada pelo Núncio Apostólico, representante do Vaticano, D. Aloisi Masella.
FOTO 4: Por iniciativa dos Diários Associados, Assis Chateaubriand contatou Guglielmo Marconi, o inventor do telégrafo sem fio, para ligar a iluminação através de um impulso elétrico a ser captado por uma estação em Dorchester, na Inglaterra e transmitido para o Rio. Mas houve uma falha no sinal vindo da Itália e, discretamente, uma subestação na Taquara (Jacarepaguá) emitiu o sinal...
FOTO 5: Sidney Paredes enviou para o Decourt esta fotografia feita por seu tio Ferreira Junior, que trabalhava para a ABI. Chama a atenção o fato de todos os senhores não parecem turistas ou visitantes comuns, pois todos trazem objetos nas mãos, como máquinas fotográficas, pastas, tripés, estojos metálicos. Há inclusive um padre entre eles. Seria uma visita de órgãos da Imprensa e de algumas autoridades às obras de construção da estátua?
FOTO 6: A elegância ímpar dos primeiros visitantes do Corcovado há quase cem anos, em foto enviada pelo JRO.
FOTO 7: Até da década de 1970, mais ou menos, era um passeio espetacular e fácil ir ao Corcovado. Deixava-se o carro no estacionamento, subia-se várias escadas e se chegava a pouco mais de 700 metros de altura, de onde se descortinava uma vista excepcional.
Hoje em dia, com o número enorme de turistas, o programa é um pouco mais complicado, tanto para subir no trenzinho, quanto ir de van. Mas não deixa de ser um espetáculo.
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Quando foi a última vez que você foi ao Corcovado?
Fontes: "Brasiliana Fotográfica", "Estrada de Ferro do Corcovado - 100 anos de eletrificação", "Foi um Rio que passou", "O Cruzeiro".
Mais uma vez coisas novas a aprender.
ResponderExcluirFaz tempo que não vou ao Corcovado onde já fui uma dezena de vezes, algumas com amigos estrangeiros. Com eles sempre ouvia a admiração na famosa “Curva do Ohhhhh!!!!!”
A vista é deslumbrante.
Quanto ao acionamento pela primeira vez da iluminação fica a lição que sempre se deve ter um plano reserva.
E a reprovação da figura do primeiro projeto foi adequada. A estátua atual é mais bonita.
Como carioca, considero que fui tarde ao Corcovado, com 15 anos, levado por minha mãe. Subimos de bondinho, um agradável passeio. A escada rolante, que foi construída em 2003, primordial para pessoas idosas e pessoas com dificuldade de locomoção, encontra-se parada desde 2019. Um verdadeiro absurdo que o monumento mais emblemático do Brasil não tenha uma simples escada rolante. Isso só acontece no Brasil, país totalmente sem preparo para receber seus turistas. Agora prometem uma revitalização para 2026, com novas escadas rolantes, que serão mais acessíveis e um plano inclinado automático (como seria isso?). Vamos ver se o cronograma será de fato cumprido.
ResponderExcluirA quem interessar ver o projeto completo, entrar no site Parque Nacional da Tijuca/ICMBio.
ResponderExcluirPermita-me Luiz reforçar: o endereço da página do concurso mudou para concursodecinefilia.blogspot.com.
ResponderExcluirUma vez eu vi um "estudioso" dizer numa entrevista que a origem do nome Corcovado era da frase em Latim "Cor, quo vado?" ("Coração, onde vou?").
ResponderExcluirDeve ser da patota que diz ser correta a versão "Quem tem boca vaia Roma". Mas em Portugal já existia bem antes a frase "Quem boca tem, a Roma vai e vem", reforçando portanto ser correta a versão "Quem tem boca vai a Roma".
ResponderExcluirTambém rolam na Internet as versões "V alqueire" ("Quinto alqueire") para Vila Valqueire. E "Real Engenho", abreviado para "Real Engo.", para Realengo. E "Quem não tem cão caça como gato". E "Corro de burro quando foge" invés de "Cor de burro quando foge".
ResponderExcluirQuanta "criatividade" espúria.
ResponderExcluirQuanto à pergunta sobre última vez em que fui ao Corcovado, acho que quando ele ainda era o Menino Jesus. Estou com minha esposa atual há 26 anos e nunca fomos lá. E mesmo com a ex, não lembro também. Talvez entre 1975 e 1990.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirNunca fui, mas minha mãe e minha irmã já foram, esta até recentemente, pelo trem, usando o convênio da Appai.
Não sabia do esquema usado para o acionamento da iluminação na inauguração. Mas sabia que tinha sido sem fio.
Infelizmente é um programa proibitivo para a maioria dos cariocas. Havia o programa Carioquinha que dava descontos em pontos turísticos da cidade mas acho que está suspenso desde a pandemia.
A foto das pessoas chegando ao Corcovado é figurinha fácil nas feiras do Rio Antigo. Eu tenho pelo menos uma.
Outra lenda disseminada foi a de que o Chapéu de Sol tinha sido derrubado para a construção da estátua. Foi deslocado mas anos depois derrubado para expansão do estacionamento.
ExcluirBom dia a todos!
ResponderExcluirFui apenas duas vezes, em 2022 e ano passado. Nas duas vezes usando o benefício da Appai, tal qual a irmã do Augusto. Não fui antes pelo problema relatado pelo Mauro com relação ao não funcionamento das escadas rolantes. Porém, nas duas vezes que fui, elas estavam funcionando perfeitamente, sendo necessário um funcionário do local estar presente com o cadeirante, pois não é fácil (e nem seguro) subir sozinho ou com acompanhante despreparado.
Ainda assim, prefiro o passeio ao Pão de Açúcar.
Recentemente fui a 2 batizados na Capela. Visual sensacional. Trenzinho pontual. Idoso tem desconto e é um ótimo programa, mas muuuuito cheio.
ResponderExcluirFui algumas vezes ao Corcovado, a primeira delas em 1963. Em 1965 eu morei na Voluntários da Pátria e as janelas da minha casa ficavam em frente ao Corcovado. Pude ver quando a nova iluminação foi acionada diretamente do Vaticano pelo Papa Paulo VI em Janeiro de 1965. Foi um dos ítens do "pacote de eventos" comemorativos em razão do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
ResponderExcluirAtualmente eu diria que sou contra a construção de novos monumentos religiosos em espaço público, mas nunca seria a favor de se demolir os existentes, claro. De qualquer religião.
ResponderExcluirMas acho que se deve remover símbolos sacros das repartições e outros espaços como os do judiciário.
E se tem Bíblia Sagrada em bibliotecas públicas, também tem que ter Alcorão e demais livros das demais religiões.
Minha últimas vez no Corcovado completará 20 anos em abril próximo quando subimos de van que podia parar lá no estacionamento mais próximo do topo.
Em outras duas vezes eu era criança, sendo que a primeira eu não tinha idade para lembrar, mas tenho herdei registros fotográficos que comprovam e calculo que eu tinha 3 anos. Nem meu irmão, quase 5 anos mais velho não lembra se fomos de trenzinho ou carro.
A segunda, em 1968, com certeza de trem. Depois dessa foram 38 anos sem ir até lá.
Sobre valor em época de pandemia, em 2022 fui a única vez no Pão de Açúcar e foi meia, provavelmente pela idade, não sei dizer com certeza porque o ingresso foi um presente da minha filha, para mim e minha esposa.
Concordo plenamente com a remoção de símbolos sacros em órgãos públicos. O Brasil é laico mesmo ou é só para inglês ver, como tantas outras coisas?
ExcluirEstou em equipamento computacional diferente e meu comentário saiu anônimo.
ExcluirComentário de Paulo Roberto.
ExcluirTestando.
ExcluirEstava faltando o "comentar pelo Google" para o meu nome aparecer.
ExcluirDada a quantidade de feriados religiosos espalhados pelo país, só para inglês ver mesmo.
ExcluirO Mauro citou um possível plano inclinado automático, seria aquele modo que ten que pegar o "bonde" andando, ou seja, o meio de transporte não para para embarque e desembarque?
ResponderExcluirDeve ser.
ExcluirPode ser da mesma forma do bondinho da Igreja da Penha. A subida da Igreja da Penha é composta por 3 planos inclinados em sequência. Neste vídeo vemos o trecho final, o terceiro, que liga o estacionamento à igreja.
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=3UN6SOEbTvA&t=308s
Estive lá pela última vez provavelmente nos anos 70. Lembro de ir algumas vezes nos anos 50 e 60, meu pai parava facilmente no estacionamento da foto 7. Só na última vez lembro que paramos na estrada e subimos o resto a pé, já começava a ficar inviável subir de carro.
ResponderExcluirTeste
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTeste 2
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirESSA GARANTO QUE VOCÊS NÃO SABIAM: na cidade de Vung Tau, no sul do Vietnam, existe uma estátua de Cristo, com 32 metros de altura mais 4 metros de pedestal. Os braços estendidos têm 18,3 metros de comprimento.
ResponderExcluirA estátua foi construída entre 1974 e 1994 e considerada em 2012 a maior estátua de Cristo da Ásia.
ResponderExcluirA cidade de Vung Tau às vezes é chamada de Rio de Janeiro da Ásia, por causa da estátua em cima de uma montanha de frente para o mar.
ResponderExcluirPara ver a estátua e um vídeo sobre ela e a cidade, pesquisem no site mundosemfim e digitem o nome da cidade. Não estou conseguindo colocar o endereço completo aqui.
ResponderExcluirJá postei várias vezes a descrição da localização da estátua e como se chega a ela, porém todas as vezes meu comentário some.
ResponderExcluirVou tentar no comentário abaixo colocar o link do vídeo sobre a estátua. Não sei se vai sumir também.
ResponderExcluirhttps://mundosemfim.com/conhecendo-vung-tau-e-o-cristo-do-vietna/
ResponderExcluirBasicamente manteve o jeito do Cristo do Corcovado, com modernidades.
ResponderExcluirEm Juiz de Fora tem um mais antigo que o do Rio, porém infinitamente menor, tem mais pedestal que a própria estátua e com estilo que lembra o projeto mostrado na foto 1, mas sem globo.
Recentemente foi inaugurada uma estátua no sul com um mirante no lugar do coração. Os braços estão ligeiramente para frente, curvados, em uma posição acolhedora, como se fosse dar um abraço na cidade ao fundo.
ResponderExcluirTestei colocar o comentário inteiro, em nome do Helio
ResponderExcluirRealmente há um bloqueio do Blogger. O comentário apareceu e sumiu. Deve ser algum termo.
ResponderExcluirEstátuas ou equivalentes há em alguns morros dominados por quadrilhas, aqui no Rio. Bem como cruzes iluminadas, também muito comuns colocadas pela bandidagem.
ResponderExcluirHélio Ribeiro 09:09 > A origem do nome Corcovado é devido a forma peculiar do monte, que significa "corcunda" ou aquele que tem "corcova".
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