Total de visualizações de página

terça-feira, 11 de setembro de 2018

CASA HANSEÁTICA





 
Pois não é que preparei o “post” e depois vi que o nosso guru Decourt já havia abordado o assunto ano passado? Fomos beber na mesma fonte: fotos de reportagem do Correio da Manhã. Como não tive tempo de fazer outro “post”, aí vai, com uma ou outra informação diferente.
Vemos o Restaurante e Bar Hanseática na Praça Mauá nº 7, que funcionava junto ao edifício “A Noite” e ao também conhecido Bar Flórida.
A Hanseática era a cervejaria mais famosa do Rio em 1933, quando seu proprietário, Zeferino de Oliveira, com o espanhol Angelo Fernandez Gonzalez, fundou o Restaurante e Bar Hanseática. Além de ponto dos marujos era muito frequentado pelos passageiros da Estação Rodoviária Mariano Procópio e também pelos artistas da Rádio Nacional.
Além de servir cafezinho era restaurante, confeitaria e bar, com artigos fabricados em sua própria cozinha. Ao lado havia a Camisaria Hanseática, que vendia artigos para homens e senhoras a preços módicos.
Fundado em 1933 o Bar Hanseática teve sua melhor fase no pós-guerra. Getulio Vargas, Negrão de Lima, Eurico Dutra foram políticos que frequentaram o local. Chico Alves, Emilinha Borba e muitos outros artistas da Nacional também.
O “filé Hanseática”, com aspargos, petit-pois e batatas fritas, era um clássico. 400 litros de chope eram vendidos diariamente. A frequência diária era de cerca de 5 mil pessoas.
O Bar Hanseática ainda contava com charutaria e uma pequena livraria. Tinha 40 metros de frente, com 74 mesas espalhadas. Trabalhavam ali 45 funcionários.
Nos anos 40 a “Casa Hanseática” funcionou também como restaurante da Tribuna Especial do Hipódromo Brasileiro.
Em 1948, como muitas vezes acontece com bares cariocas, foi fechada por 24 horas devido às precárias condições de higiene encontradas. Uma das irregularidades foi um dos sanitaristas ter surpreendido um empregado lavando a lata de lixo na pia destinada ao vasilhame em que são preparados os alimentos.
Em 1967 o então proprietário, Manoel da Silva Abreu, o “Zica”, aceitou a indenização de NCr$ 60.000 (60 milhões de cruzeiros antigos) proposta pelo Governo para desapropriação do imóvel. Foi através do Decreto-Lei nº 160, de 10/02/1967, que “Autoriza o Poder Executivo a abrir, ao Ministério da Indústria e do Comércio, o crédito especial de NCr$ 107.000 para cobrir despesas com indenizações decorrentes de sentenças judiciais (o valor se referia a NCr$ 60.000 da Casa Hanseática e a NCr$ 47.000 do Bar Flórida, do mesmo dono).
Acabava uma tradição de quase 40 anos, inscrita na história da Praça Mauá, como o amor de marujos estrangeiros e disputas sangrentas de malandros e contrabandistas que ali faziam seu ponto de encontro. À época o gerente era o Sr. José Vassalo.
A tristeza que de repente tomou conta das mulheres alegres não é só pelo fechamento do bar, mas porque “Zica” disse não ter mais idade para recomeçar em outro lugar. Os objetos da Casa Hanseática foram a leilão, cujo anúncio vemos acima.
Por fim vemos o edifício sede da Companhia Hanseática, que depois seria adquirido pela Brahma em 1941, na Rua José Higino nº 115, na Tijuca. A Brahma funcionou ali até a década de 90 e atualmente funciona o Supermercado Extra. É um edifício eclético, com um tramo nos dois primeiros pavimentos e o resto da fachada em arcos romanos imitando tijolos, com mais dois pavimentos no torreão central.
A fábrica Hanseática era de um senhor português chamado Zeferino de Oliveira e, entre outras, produzia a famosa cerveja Cascatinha. Parte da fábrica ainda existe. A fachada voltada para a Rua José Higino foi preservada, assim como a chaminé de tijolo. Já a parte voltada para a Av. Maracanã foi em grande parte demolida para adequar a estrutura do prédio à sua atividade atual. Quando a fábrica foi demolida foram abertos enormes rombos nas paredes para remover o maquinário.

20 comentários:

  1. Achei que, apesar de apreciador das louras geladas, não-suecas, pouco teria a dizer. Mas, Zeferino de Oliveira foi um industrial bastante próspero que deixou herança suficiente para seu filho Mariozinho de Oliveira, um dos fundadores do Clube dos Cafajestes e grande amigo dos antigomobilistas, e meu em particular, pudesse atravessar toda uma longa vida sem ter trabalhado um dia sequer. Esta proeza permitiu-lhe preservar neurônios em abundância, tendo uma memória prodigiosa.
    Mariozinho conheceu um Rio de Janeiro dos playboys dos anos 40 e 50, algo que nenhum baile funk poderá ombrear. Conheceu todas aquelas atrizes de Hollywood que o Jorginho Guinle trazia para o carnaval e ainda teve tempo para desfrutar de uma frota de Cadillac, que foi doando aos amigos, a medida em que não precisava mais da frota. Teve um Lincoln também, uma barca imensa dos anos 70, mas este ele vendeu.
    Voltando ao Zeferino, foi ele que construiu o castelo (acho lindo, com sua torre redonda) que foi residência do embaixador da Alemanha, na Rua Cândido Mendes, teve fábrica de fumos e cigarros marca Veado e de velas, a Cia Luz Esteárica. Nos maços de cigarros, fez um concurso de figurinhas que eram produzidas com aquele processo de estereoscopia. Em suma, fabuloso e também sócio do Iate Clube, tendo comprado um Buick na Mesbla de Botafogo e caído com o mesmo, no primeiro dia de uso, dentro da piscina do clube. O carro marcava 8 km rodados.

    ResponderExcluir
  2. Bom dia!

      Achava que o Extra da av.Maracanã havia sido uma fábrica de pano.

    ResponderExcluir
  3. A sede da Cia. Hanseática era um belo prédio.
    Será que o Menezes conhece o cearense que aparece na segunda foto?
    E afinal é rua Acre ou rua do Acre?

    ResponderExcluir
  4. Plinio, Rua Acre. Conforme conta Paulo Berger, começa na Praça Mauá e termina na Av. Marechal Floriano. Antigas Rua ou Caminho da Prainha, Rua da Botica de São Bento, Rua da Valinha, Rua do Aljube e Rua Conselheiro Vieira da Silva.
    A ligação primitiva entre a Prainha (atual Praça Mauá) e a Rua dos Pescadores (atual Rua Visconde de Inhaúma) fazia-se pelo Caminho da Prainha, através dos terrenos do mosteiro de São Bento. Mais tarde esta comunicação se dividia em Rua da Prainha (atual Rua Acre) e Travessa de Santa Rita (atual Rua Alcântara Machado).Na esquina desta travessa se instalou a botica do mosteiro, daí o nome de Rua da Botica de São Bento.
    O trecho entre as ruas dos Ourives (Miguel Couto) e da Imperatriz (Camerino) foi chamado de Rua da Valinha porque existia uma pequena vala por onde se esocavam as águas das chácaras existentes entre aquelas ruas.
    No princípio da Ladeira da Conceição (atual Rua Major Daemon) ficava o Aljube (era de início prisão para eclesiásticos.Com a chegada de D. João VI foi transformada em depósito de presos em geral e chamou-se Cadeia da Relação. Com a inauguração da Casa de Correção da Rua Frei Caneca, em 1840, passou a abrigar o Tribunal do Júri, transformando-se depois em casa de cômodos até sua demolição em 1906.
    Em 1855 perdeu o nome de Rua do Aljube para retornar ao nome de Rua da Prainha.
    Em 1888 recebeu a denominação de Rua Conselheiro Vieira da Silva, homenagem ao Ministro da Marinha do gabinete João Alfredo. Em 1896 voltou a ser Rua da Prainha. Em 1904 recebeu o nome de Rua Acre, sendo que em 1928 o trecho da Av. Marechal Floriano até a Rua Camerino veio a ter o nme de Rua Leandro Martins.
    Recebeu o nome de Rua Acre em memória do Tratado de Petrópolis pelo qual o Brasil recuperou o Território do Acre.

    ResponderExcluir
  5. Bom dia, Luiz, pessoal,
    O estilo da fábrica é aquele da chamada "arquitetura dos engenheiros", com formas mais sóbrias, menos ornamentação e foco no utilitarismo,função a que a obra se destina.
    Não há uma escola de dança neste local? Pelo GSV, apenas um dos três pavilhões laterais foi preservado.

    ResponderExcluir
  6. Bom dia a todos. O Zica foi grande amigo do meu falecido Pai, foi através dele que meu Pai chegou a um Embaixador que era dono de um imóvel que meu pai alugava e que iria ser vendido, porém a administradora do imóvel não queria deixar meu Pai negociar diretamente com o Proprietário, o Zica fez a intermediação e meu Pai conseguiu comprar o imóvel negociando diretamente com o proprietário e por um preço bem melhor graças ao Zica.

    ResponderExcluir
  7. Meu avô frequentou a Casa Hanseática durante muito tempo, pois como "Fiscal do Imposto Aduaneiro", seu local de trabalho era "quase em frente" e ele não dispensava uma boa cerveja. Esse "Zica" era uma espécie de "Castor de Andrade" da zona portuária, zona essa que, tirando os tempos em que eu estudava no São Bento e tomava diariamente o 220, fica "fora da minha área de jurisdição". O "Zica" controlava o jogo do bicho, o contrabando, o lenocínio, e "supõe-se" também "otras cositas mas". Já o prédio da José Higino eu conheço muito bem, já que semanalmente vou lá. Além do Supermercado Extra, ali funciona o "Centro Coreográfico da Prefeitura". No subsolo funciona um estacionamento praticando preços bem razoáveis.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mestre Joel o Zica nunca esteve envolvido com o jogo de bicho, além do seu comércio legalmente constituído (bar), ele atuava na área de importação e leilões públicos.

      Excluir
    2. Lino Coelho, existe uma razoável literatura a respeito das atividades do "Barão da Mauá", além de vastas referencias temporais. Nada acontecia na região da Praça Mauá sem o seu conhecimento e anuência. Meu avô era funcionário da Alfândega e conhecia as atividades de Zica. Vivíamos um outro tempo, meu avô se aposentou em 1968...

      Excluir
  8. Na segunda foto departamento onde antiga comentarista comprava pacotes e pacotes de cigarros e charutos,estes para consumo eventual pois a maioria ia para "despachos"bem elaborados.Este Zica devia ser uma figura e cigarros Veado eram os preferidos do Ceará,individuo,que segundo consta deixou o vício.Ou não!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nobre Pastorzinho de meia pataca, segue um resumo do fato: Deixei o vicio de fumar em 1978 quando numa visita ao Ceará fui subir a pé as Dunas da Praia do Mucuripe( nessa época ainda existia mas hoje é uma favela) e precisei ser "rebocado" pelo FOA pois o fôlego tinha acabado no meio da subida. Pronto, estava decidido naquele momento que eu não mais fumaria meus dois maços de cigarros por dia e assim fiz. Em homenagem a meu avô, o pajé dos Menezes, imitei-o e coloquei um cigarro apagado na lapela das minhas blusas de linho e passei 6 meses atiçando o leão com vara curta. E ai...tô até hoje sem pitar e o fôlego voltou. Agora cigarros Veado só pode ser coisa desse pessoal do Vix. Tô fora!

      Excluir
  9. Bom dia ! Pena que só vi, a postagem de ontem, tarde da noite. Não fôsse isso, teria dado alguns pitacos.
    Dessa casa Hanseática só ouvi falar.
    Na fábrica da Brahma da rua José Higino esteve toda a minha turma do Colégio Cruzeiro, em visita às suas instalações. Isto no final da década de 50. Mas não me lembro de mais nada do prédio que, pela foto, era uma maravilha.

    ResponderExcluir
  10. Luiz D', comparando a última foto com o GSV, concuí que a chaminé da foto não foi preservada. Provavelmente a chaminé que existe hoje, preservada, é uma posterior, construída pela Brahma.

    ResponderExcluir
  11. Quanta história, nunca é tarde para aprender coisas sobre a nossa cidade. Aos que as relataram meu agradecimentos.

    ResponderExcluir
  12. Deixando de lado os cigarros e os "veados", façamos uma viagem no tempo até a década de 50. O Rio aida era a Capital Federal, o porto ainda era o maior do país, e a Praça Mauá tinha um movimento indescritível. As atividades ilegal eram dominadas por grupos faziam a exploração. O contrabando e o lenocínio eram os pontos altos da região. Naquele tempo o Estado ainda era soberano, ao contrário de nossos dias, quando Estado e as organizações criminosas se confundem às vezes em uma só coisa. Havia os "Eusébios", os "Natais", e os "Zicas". Na década de 70, o bandido Lucio Flávio disse uma célebre frase:"bandido é bandido e polícia é polícia". Hoje em dia a polícia perdeu um pouco de seu poder, pois quem o tem é a classe política. Se Zica vivesse atualmente seria "Ministro", "Senador", ou "deputado", à exemplo das centenas de traficantes, "roubadores" de dinheiro público, pedófilos, anormais, etc, que possuem mandato eletivo. Naquele tempo onde os conceitos de moralidade, civilidade, e de nação, eram bem mais sólidos de que hoje, e onde "homem era homem e mulher era mulher, uma cousa era imperdoável: Ser simpatizante de regimes esquerdistas! Hoje em dia não só é permitido como como "incentivado essa ideologia como também os "costumes" de muitos de seus simpatizantes, desde o habito de fumar maconha como também o "gosto" pelo sexo semelhante. Quem ainda lembra do que foi mencionado neste comentário fará uma solene reflexão, ao contrário dos mais novos, ou desmemoriados, ou dos "doutrinados", ou dos "admiradores do esquerdismo",...

    ResponderExcluir
  13. Boa Noite! Na minha próxima ida ao Ramatis vou conferir detalhes que vejo todas as semanas mas só prestei atenção vendo a foto.

    ResponderExcluir
  14. Olá!!
    Será que alguém se lembra, ou conheceu um sr. português, chamado Trocate Carvalho?
    È meu avÔ,. Durante muitos anos mandava correspondência para Portugal da morada da cervejaria BRAHMA...

    ResponderExcluir