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terça-feira, 26 de julho de 2022

BONDE PRAÇA XV


 Isto é que é engarrafamento!

O bonde "Praça XV de Novembro" lidera um número incontável de bondes, em fila indiana. Provavelmente uma falta de eletricidade que levou todos os passageiros dos bondes a seguir a pé para o destino final. Uma carruagem, um automóvel e um tílburi tentam ultrapassar os bondes.

PS: Sabendo-se que coches e carruagens eram riquíssimas viaturas de quatro rodas puxadas por até oito cavalos; que a sege era puxada por dois animais; que a traquitana era semelhante à sege, porém com duas rodas pequenas à frente e duas grandes atrás; que as concorrentes da sege eram o cabriolet e o cab (este puxado por um burrico); que com duas rodas existiam  o London o vis-à-vis, a charrete e o tilburi; que de quatro rodas tínhamos a caleça (para 6 ou 8 pessoas), o phaeton (puxada por 1 animal), a vitória (um tílburi grande), a berlinda (para 4 passageiros), o coupé (veículo fechado, quatro rodas, com lacaio e cocheiro) e o landau (alto luxo, 4 rodas, molas flexíveis e dupla capota), qual deles seria o que aparece em primeiro plano com um cocheiro elegantemente vestido?

Segundo o Gustavo Lemos aquele carro com motorista todo de branco é um Darracq 20/28, que foi fabricado entre 1905 e 1908. 

O local é a Av. Marechal Floriano com seus belos postes (o primeiro com aquela faixa branca indicativa de ponto de parada de bondes).


Este "Praça XV" não chegou a seu destino.


Outro dia vimos um menino aboletado na traseira de um bonde da série 1800. Hoje a cena se repete num bonde "Praça XV".


O "Praça XV" na Praça Saenz Pena em foto de Malta.

Uma pergunta: havia um grande número de linhas de bonde com destino "Praça XV" ou "Barcas". Como funcionava este ponto final? Havia um "rodo" ou alguma espécie de terminal?

20 comentários:

  1. Ótimas descrições ! Transição é um período muito interessante ! Qual a unidade de força do automóvel? O cavalo de força ((HP- horse power). Guardamos os documentos do carro no porta luvas! Muda o veiculo, ficam resquícios. Faltou na descrição dos tipos a figura das gôndolas, muito comum no Rio. Seriam táxis? Ouço dizer que os ônibus atropelaram politicamente os bondes. Para uma cidade com "poucos" habitantes e no ritmo e educação do séc. XIX, o bonde era adequado. Hoje...

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  2. Olá, Dr. D'.

    Interessante a diferenciação entre os vários tipos de "veículos" a tração animal descritos no texto.

    Traquitana virou sinônimo de coisa diferente. Cab é o sinônimo de táxi nos EUA. Landau virou modelo de carro e por aí vai...

    Lulu & Dudu deram o ar da graça na postagem de hoje.

    Várias linhas de ônibus herdaram a vista "Praça XV" ou "Barcas" dos bondes, mas, desde a última intervenção urbanística do centro, só o VLT faz "ponto final" na região.

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  3. PS: hoje é dia dos avós (dia de Santa Ana). Saudades dos meus, apesar de praticamente só ter convivido com a minha avó paterna.

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  4. A última foto é na Praça Saens Pena em 1926. Após o fim da E.F. da Tijuca que operava os bondes para o Alto da Boa Vista em 1907 e a Light ter assumido o controle de outras empresas de carris que operavam no Rio (salvo engano), foi inaugurada pela Light uma linha de bondes entre o Alto da Boa Vista e a Praça XV. Nos anos 30 (não tenho a data precisa) a linha do Alto da Boa Vista passou a ter seu ponto final na Praça da Bandeira e que se manteve até 1966. Já a linha Tijuca tinha seu ponto final no "Largo da Usina" e que mais tarde passou a ter o n° 66, tinha o fim de seu trajeto na Praça XV e esse ponto final se manteve até Maio de 1964, quando após a Operação Rio deflagrada por Fontenelle, o 66 passou a não ir mais até a Praça XV, fazendo seu retorno na Praça da República (Campo de Santana) e esse retorno se manteve até a extinção da linha em 09.09.1964.

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  5. Bom Dia! Lembrei de quando tinha uns 3 ou 4 anos fui com meus Pais à Rua D. Manoel, assistir a um casamento em que a noiva (atrasada como é de costume) chegou junto com as damas em uma charrete puxada por quatro cavalos brancos. Meu Pai me disse que o nome daquela "charrete" era Caleça.

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  6. No final da rua Conde de Bonfim e logo após o "Bar das Pombas", uma construção que remontava a 1884 e em frente à esquina da rua São Miguel, havia um desvio para a esquerda nos trilhos de bonde formando um grande arco para retorno dos bondes, enquanto os trilhos em linha singela continuavam em direção à Avenida Edison Passos para seguir para o Alto da Boa Vista. Eu era pequeno e lembro bem quando ia de bonde com minha mãe ao consultório do médico alergista Dr. Audi e que ficava em frente ao "rodo" do 66.

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  7. Bom dia Saudosistas. Em todos esses acidentes ocorridos, uma coisa eu garanto que aconteceu, os números de séries destes bondes serviram de palpites para o jogo de bicho nestes dias. O engarrafamento de bondes visto na primeira foto, algo similar nos dias de hoje só acontece nos times do Vasco e do Botafogo. Na primeira foto os postes são um destaque a mais. A descrição dos coches e carruagens também é um destaque no texto, muito embora mesmo vendo estas carruagens dificilmente eu as identificaria. E uma coisa que vejo muitos comentaristas afirmarem em seus comentários que os bondes nos dias de hoje seriam inviáveis, eu na minha opinião não vejo assim, já vi em vários países conviverem harmonicamente, bondes, VLTs, ônibus, metro, trens e o trânsito na cidade flui tranquilamente, sendo que nestas cidades, tanto os bondes como os VLT's transitam pelas mesmas linhas.
    PS. As postagens de bondes sempre me agradam, muito embora pouco tempo tenha convivido com eles.

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    1. Tirar os Bondes foi uma moda dos anos 50, quase todas as cidades o fizeram. Uma pressão grande pelos Trolleys y a indústria automotriz. Com certeza poderiam ficar ao menos algumas linhas. Vemos isso em várias cidades. Uma coisa não anula a outra, poderiamos ter vários modais sem problema. Mas....estamos no Rio...o BRT mal nasceu já está sendo abandonado.

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  8. se for possível colocar link, olha as gôndolas :http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/reportagens/17260-hist%C3%B3ria-dos-meios-de-transporte-urbano-no-rio-de-janeiro

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  9. Meu palpite é cabriolet para o veículo de tração animal à frente na primeira foto.
    Além do landau e cabriolet, coupé e berlinda também foram nomes aproveitados para modelos dos automotivos.

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  10. Os bondes já tiveram sua época mas são coisa do passado. Ocupam espaço, atrapalham o trânsito, e custam muito. Um ônibus não depende de trilhos e é um sistema de manutenção fácil.

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  11. Eu sempre tive dúvidas se Praça XV e Barcas eram a mesma coisa para os bondes. Às vezes penso que Praça XV se referia à praça propriamente dita, entre o Arco do Teles e o Paço, e Barcas dizia respeito à área defronte da estação das barcas.
    Nas barcas havia rodo duplo: um mais próximo e um paralelo e mais distante um pouco do prédio da estação das barcas.

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    1. Atualmente o ponto final do VLT é paralelo à estação das Barcas, distando alguns metros do prédio. Não há qualquer "rodo" atualmente para o retorno do VLT, já que ele é bidirecional.

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  12. Há alguns anos me hospedei num hotel-fazenda e eles tinham uma caleche ainda em funcionamento.

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  13. Tem uma canção alemã tradicional, chamada "Mamatschi" ("Mãezinha") em que um dos versos finais é "Vor einer prunk Kalesche standen / vier Pferde reich geschmückt und schön". Tradução: "Na frente de uma pomposa caleche havia / quatro cavalos ricamente enfeitados e bonitos".
    Isso parece indicar que a caleche era puxada por 4 cavalos.

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  14. GMA, 07:19h ==> as gôndolas foram os precursores dos ônibus. Os tílburis eram os táxis da época. Havia pontos específicos para eles, como a Praça XV, o Largo de São Francisco, a Praça 11. Eram publicadas tabelas de preços das corridas, com preço variando de acordo com o percurso.

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  15. O bonde 1871, mostrado na segunda foto, era uma vítima do destino. Ele era um bidirecional da seção Centro. O acidente da foto ocorreu em 03/10/1951. Não bastasse isso, em 30/05/1956, durante manifestação contra aumento de passagem de bondes, o 1871 fazia a linha 57 - Caju Retiro e foi vandalizado por populares, na Leopoldina.Já em 05/03/1959, fazendo a linha 45 - Itapiru x Barcas, ele cruzou com um outro da mesma linha, o 1921, que puxava o reboque 1363. Este reboque descarrilou e se chocou com o 1871, ficando totalmente destruído e danificando bastante o 1871. O acidente ocorreu no Largo do Catumbi.

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  16. A foto 3 mostra um bonde da linha Praça XV - Praça da Bandeira. Essa linha teve vários nomes diferentes: inicialmente (1882) era operada pela CCU (Companhia de Carris Urbanos) e seu nome era Barcas Ferry - Praça Municipal; em 1886 já consta como Barcas Ferry - Sacco do Alferes; em 1922, já sob a Light, era Barcas - Rodrigues Alves. Em 1944, ganhou o número 34. Em 1955, era Praça XV - Praia Formosa. Foi então extinta, porém ressurgiu em 1959, agora como Praça XV - Praça da Bandeira, até ser extinta de vez em 1964, juntamente com dezenas de outras linhas, já no processo de extinção dos bondes.

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  17. O que ninguém comenta é que o fedor nas ruas era insuportável por causa das fezes espalhadas nas ruas pelos burros e cavalos usados no transporte. Com forte calor e vestindo roupas pesadas a vida do carioca devia ser difícil.

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    1. Verdade. E é impressionante a variedade de veículos de tração animal no transporte de pessoas. E para maiores distâncias havia as famosas diligências, que não sei se existiram aqui no Brasil.

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