O tema hoje foi escolhido para lembrar como eram boas as bicicletas de antigamente. Para comparação, posso dizer que há 17 dias comprei uma nova bicicleta Caloi, que ontem me deixou a pé por ter se soltado a central do pedal.
Como está na garantia deixei na loja para conserto, mas sem prazo de entrega. O vendedor não sabe explicar a razão do defeito.
Minha saudosa Monark, em foto de 1962, bastante exigida, me acompanhou por mais de dez anos, sem nunca ter dado defeito.
Aqui vemos um batalhão de PMs ciclistas. Além de não poluir o ambiente, o exercício contribuía para a manutenção da forma física dos policiais. Atualmente vejo integrantes do "Segurança Presente" pedalando na orla da Lagoa.
OBS: como era simpática esta casa da Rua Hilário de Gouveia, em Copacabana, em 1954.
O ano é 1954,
época de muitas construções em Copacabana, como atesta aquela obra ali no
fundo. Não havia quarteirão em que não houvesse uma ou mais obras em andamento.
Acompanhei, dos fundos de casa, a obra do 2º edifício da Dias da Rocha, quase
esquina da Barata Ribeiro, entre o prédio da esquina (nº 60) e o edifício
Mirindiba, obra esta que ficou alguns anos parado num "esqueleto" de
quatro andares.
Ali havia um vigia com sua família, que eram auxiliados por minha mãe. Eram um
cinco filhos, sendo o Geraldo mais ou menos de minha idade - de vez em quando
ele vinha jogar bola conosco.
As obras de Copacabana começavam com o caminhão de mudança em frente a uma
casa, a gente via sair toda a mobília e demais trastes. Depois colocavam uma
primeira fachada de madeira e logo as marretas entravam em ação. Quando as
casas demolidas estavam coladas em algum prédio ficava aquele
"desenho" na parede algum tempo.
Na fachada da obra havia uma porta grande para a entrada (parcial) dos caminhões e uma
porta menor, com uma maçaneta de madeira improvisada, para entrada das pessoas.
Afixada junto a porta o aviso de "há vagas" ou "não há
vagas".
No começo eram poucos operários, mas o turno de trabalho era bem
definido: às 7 horas tocava um "sino" (na maioria das vezes era um
pedaço de ferro pendurado no teto) e trabalhava-se até às 11 horas. Almoço e
descanso de uma hora. A seguir, novo período das 12h às 16h, que geralmente se
estendia até às 17h.
As obras iniciavam-se com o barulho do bate-estacas fincando as estruturas
(depois passaram a usar um outro tipo de base (sapatas?) que nossos
comentaristas engenheiros poderão explicar).
Os operários, sem nenhum equipamento de segurança, de tamancos, sandálias de dedo ou sapatos velhos com o calcanhar dobrado, chapéus improvisados, colocavam baldes nas roldanas, "viravam" cimento na calçada, empurravam carrinhos de mão, acionavam a serra elétrica (e se machucavam muito), descarregavam com pás ou "na mão" inúmeros caminhões de areia, pedrinhas, madeira, ferros e sacos de cimento.
Uma atividade que me deixava espantado era ver os operários descarregando os tijolos de um caminhão, em fila indiana, jogando um par de tijolos para outro operário, sem cair um no chão. A impressão era que iam voando em câmera-lenta. Estes materiais entravam por "janelas" abertas na fachada, ao nível do térreo.
Eu gostava de ver o trabalho dos soldadores.
E de ver o elevador de carga, de madeira e montado precariamente, levando
material para cima e para baixo o dia inteiro.
Moravam, como pode se ver na foto, na frente da obra, em dormitórios precários
e sem conforto, num 2º andar, junto à calçada.
A obra de um edifício levava de 2 a 3 anos. No final da obra era definido o
tipo de revestimento (se fosse de pastilhas quadradas, elas vinha grudadas num
papel grosso).
À noite e nos finais de semana ficavam sentados em bancos na calçada, fumando e
ouvindo rádios de pilha. Eventualmente algum dedilhava um violão. Comiam em
pratos de metal ou marmitas. A maioria fumava. A Praça Serzedelo Correa, aos
domingos, era uma atração para eles.
Terminada a obra, um ou outro conseguia emprego de porteiro ou faxineiro do
prédio. Os outros seguiam adiante. Não faltava este tipo de emprego.
Certa ocasião nosso
prezado Menezes comentou que, quando jovem Engenheiro, exerceu a profissão
nessas obras. Disse que, ao começar o dia, sempre passava pelo refeitório da
obra onde via um amontoado de latas de leite condensado vazias espalhadas pelas
mesas, que serviam de copo para o café. Migalhas espalhavam-se pelo chão e
papel jornal de embrulhar pão fechava o cenário.
Mais tarde um pouco, após a inspeção, o cheiro do feijão já na panela anunciava que o almoço estava sendo feito. Panela no chão com pequenas madeiras em brasa e estava feito o "fogão. Ali viviam seus conterrâneos sempre com a expressão no rosto da saudade da terrinha. "Um dia eu volto..."
PS: 70 anos depois do relato das condições dos operários dessas obras, temos a notícia vindo do Rio Grande do Sul e suas vinícolas. Realmente...
Outro dia assisti a um documentário demonstrando os benefícios do uso de bicicleta.
ResponderExcluirAlgumas cidades europeias construíram muitas ciclovias seguras, com amplos estacionamentos para bicicletas junto a estações de metrô e terminais rodoviários.
Com o fato de milhares de pessoas usarem bicicletas, houve significativa melhora da saúde, além da diminuição da poluição ter sido extraordinária.
Amsterdam é um grande exemplo.
É de dar inveja.
Também assisti ao desaparecimento das casas de Copacabana. Onde morava uma família com dez pessoas passaram a morar centenas nos prédios que fizeram. Não podia dar certo.
ResponderExcluirFoi o tal de progresso que acabou com a qualidade de vida do bairro. O golpe final foram as quitinetes.
ResponderExcluirEste caso no Sul é um crime. E as vinícolas não podem dizer que nada sabiam. Há no Direito a culpa “in eligendo” e “in vigilando”.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirNunca aprendi andar de bicicleta e me arrependo às vezes. Talvez pela falta de espaço para treinar ou até para guardar. Acho que em casa só meu pai sabia andar de bicicleta, até por força de ser instrumento de trabalho, usando para levar e trazer produtos para o bar. Mas quando eu era criança eu não o via com a bicicleta e nem sei que fim levou. Pode ter sido mesmo a falta de espaço.
Hoje os produtos são feitos para durar pouco mas acho que exageraram no caso do gerente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAo completar 8 anos ganhei de presente uma bicicleta Monark azul turquesa, comprada numa loja de brinquedos no Centro da cidade. Uma empregada de casa que me ensinou a andar. Aproveitando o tema guardas, PMs e afins, sempre reparei e fiquei impressionado com a péssima forma física da maioria deles. Gordos, barrigudos, como podem correr atrás de algum marginal? é simplesmente uma vergonha!
ResponderExcluirNossos guardas são especializados em falar no celular.
ExcluirE as "variantes" deles, também chamados de milicianos, seguem o mesmo figurino: gordões, inchados, calça meio caída e respiração ofegante. Talvez a única diferença é o comportamento e o olhar de "marrento" desses últimos. E o pior é que eles "se acham" fortões e "os caras".
ExcluirA primeira foto parece ser em frente ao n° 1924 da Epitácio Pessoa. ## Os Policiais Militares usavam a farda da PMDF. Em 1961 a esse fardamento teve como alteração a cor do capacete, que passou a ter cor azul.## Os anos de 1950 tiveram grandes alterações na rotina da Zona Sul, principalmente na área da construção civil, onde o surgimento de novos prédios em que predominavam os tais "apartamentos conjugados", um projeto de moradia que muito contribuíu para a degradação de muitos bairros da zona sul, eram uma constante . Em 1957 um Decreto da Prefeitura do DF vedou a construção de novos apartamentos com tais dimensões, mas parece que isso não foi levado muito a $ério...
ResponderExcluirErrou o número por pouco.
ResponderExcluirTive Monark e Caloi, mas gostei mais da Caloi. Lembro que a Monark tinha fitas na manete do guidon que me irritavam, até a hora que as cortei fora. Andava quase diariamente numa época que havia pouco movimento de trânsito e também para ir a padaria.
ResponderExcluirA descrição da obra foi um filme que passou agora quando também presenciei a construção do 1° prédio no quarteirão que eu morava, de frente da minha casa, início dos anos 1980. A única lembrança que não vi mencionada no relato era uma roldana e corda em que os pedreiros da obra usavam para levar os baldes de massa para chegar mais rápido nos andares mais altos. No andar mais baixo, eles enchiam o balde e o jogavam pela mão mesmo. Pareciam artistas de circo!
Bom dia Saudosistas. Gosto muito de andar de bicicleta, tenho uma bicicleta fat bike, que costumo a andar nos finais de semana, muito confortável para andar. Meu neto Henrique começou a andar com uma bicicleta sem pedais, própria para as crianças começarem a aprender a ter equilíbrio, quando fez 2 anos dei uma bicicleta de presente já com pedais e rodinhas, em poucas semanas não precisou mais das rodinhas de apoio e começou a andar sozinho. O mais novo Felipe já está andando na bicicleta sem pedal, o danado ainda nem fala direito, mais já está andando com bem e com equilíbrio, quando fizer 2 anos vou comprar uma com pedal para ele também, afinal para que servem os avós.
ResponderExcluirNas obras após o almoço, os piões que não tiravam um cochilo, praticavam algumas atividades, tais como: armadores praticavam arremesso ao alvo com suas torques, outros jogavam cartas, outros jogavam dominó, outros jogavam damas. Geralmente as condições dos alojamentos em grandes obras são bastantes insalubres.
Tendo em vista uma natural aversão às "Instituições Policiais" por parte de alguns indivíduos por motivos ideológicos, políticos, e até morais, conforme o comentário das 08:49, deve-se observar que indivíduos desqualificados existem em todos os segmentos da sociedade, seja na política, no judiciário, nas forças policiais, e também entre empresários, médicos, engenheiros, advogados, enfim, onde que que exista um brasileiro. Isso significa que não se pode culpar uma "classe ou outra", e sim o próprio DNA do brasileiro. Entretanto devemos entender que "apesar dos pesares", as forças de segurança são o anteparo entre o "Estado de Direito" e a barbárie, e o fim dessa barreira é o desejo que alguns há muito tempo manifestam ,como já foi demostrado. Mas como "virou moda" imputar a alguém o título de "miliciano", sugiro que procurem se informar "quem são, o que fazem, e onde podem ser facilmente encontrados", para que saibam o que estão publicando e "não paguem mico".
ResponderExcluirMeus pais tinham casa em Itaipava e a bicicleta era essencial. Passeios com a turma da rua até o Castelo, pela estrada de terra e na volta tomar um Mineirinho no bar ou comer uma maria mole. Tive Monark, Caloi,mas também uma Gulliver, com farol e dínamo, e "contrapedal" (quem conhece?). Havia bagageiro nas bicicletas e muitas vezes a marmita dos operários era carregada ali. Minha irmã a prendeu a andar num bicileta de penu maciço de borracha. Andei na Lagoa hj e as bicicletas elétricas com gente indo p trabalho escola são muito velozes. Ciclovia está pequena. Ontem a Rua onde moro, Prof. Saldanha, completou 99 anos. Todo o trecho da Lagoa entre a Piaçava e o Monjope (antiga Chácara da Bica) foi aterrado entre 1923/1924.
ResponderExcluirE o café que ficava fervendo o dia todo na obra?
ResponderExcluirNa Santa Clara tem um esqueleto de um prédio cuja obra começou nos anos 70. O café lá devia estar muito fraco…kkk
*ferventando
ExcluirTerreno da Caloi em São Paulo será um enorme condomínio. Afinal amor é área nobre.
ResponderExcluirVolta e meia eu me lembro do Bartolomeu Guimarães, personagem do saudoso Golias. Seria uma coincidência?
ExcluirSempre achei o contra-pedal um risco enorme. Vc cai num buraco, os pés escapam do pedal e vc não consegue usar o freio.
ResponderExcluirQuando trabalhei em firma de construção civil havia um senhor que, para poder mandar dinheiro para a família no Nordeste, só comia pão e banana d'água. Morreu pouco depois.
ResponderExcluirHélio me lembrou de uma piada do cara que estava ensinando o cachorro dele a ficar sem comer nada todos os dias, quando aprendeu o cachorro morreu. RS Rs Rs
ExcluirMinha bicicleta era uma Philips preta, freio contra-pedal, guidon muito estreito e que enferrujou em pouco tempo, aro 26" x 1 1/2". Era grande para mim, na época.
ResponderExcluirCom o tempo, meu tio trocou o guidon por um com freio a sapata, mas só na roda dianteira, já que a traseira era contra-pedal. Mais tarde, colocou um farol e um espelho. O farol era alimentado a dínamo encostado na roda traseira. Ficava pesado pedalar com o dínamo funcionando e a luz do farol era pífia.
Já meu irmão ganhou do nosso tio e padrinho dele uma Schwinn Excelsior de segunda mão, comprada numa loja de consertos de bicicletas na Praça Xavier de Brito, acho que onde hoje existe um tal Bar Xavier. Era vermelha e branca, muito pesada, freio contra-pedal, aro 24" x 2 1/2", pneu balão. Tem na Internet uma delas à venda, dos anos 1940, por módicos USD1000.00.
ResponderExcluirPor fim, anos depois meu tio comprou para si mesmo uma bicicleta argentina, verde, com amortecedores em ambas as rodas, freio manual a cabo de aço (uma porcaria!), aro 26" x 1 1/2". Mas como ele trabalhava fora do Rio, a bicicleta ficava lá em casa e eu passei a usá-la ao invés da minha Philips.
ResponderExcluirUm belo dia resolvi desmontar as três bicicletas para fazer uma revisão geral. Não preciso dizer que nunca terminei isso. Quando nos mudamos para o Engenho Novo, nem sei que fim elas levaram.
Essa Monark do Luiz na foto 1 ainda era sem a barra circular, que surgiu no final dos anos 60 e que ainda é produzida até hoje, vejam só. Mas é cara, pelo menos se compararmos com as chinesas (sempre eles), que custam a metade.
ResponderExcluirPara quem quiser mais segurança hoje os faróis e lanternas são a bateria (podem ser comprados avulsos), substituindo os antigos dínamos.
Quanto aos policiais, obviamente seguem o mesmo princípio para qualquer profissão, há os tontos e os não tontos. Mas, sejamos justos, a classe é menos corporativista do que se supõe. Ainda bem.
Acredito que o DI LIDO nunca tenha possuído uma bicicleta. Tava lá o Mordomo para acompanha-lo ao passeio num Bel Air 56. Portanto desnecessário dizer que o querido Conde não sabia pedalar.
ResponderExcluirMinha primeira foi uma "Gulliver" aro 26 comprada na loja da fábrica da Rua Frei Caneca em frente à Rua Moncorvo Filho. Já tive também Monarks e Calóis.
ResponderExcluirDurante trinta anos fiquei sem bicicleta. Em 1993, por motivos que seria longo explicar, fiquei com a bicicleta do filho do meu ex-cunhado. Uma Calói aro 20", preta.
ResponderExcluirEm 1998 eu me separei e fui morar em Copa. Levei a bicicleta e a usava para rodar do Posto 6 até o Leme ou até o aeroporto Santos Dumont. Na época, comprei para minha filha uma bicicleta de segunda mão, rosa com cestinha dependurada no guidon. Não lembro se era aro 18" ou 20". Ficava lá em Copa, no meu apartamento.
Um dia o pneu da Calói furou e passei a usar a rosa. Cansei de ouvir gozação por isso: um velho na época com 51 anos de idade pedalando uma bicicletinha rosa com cestinha. Mas como eu shit and walk para a opinião dos outros, pouco me importava.
Quando devolvi o apartamento e fui morar na Tijuca, ao colocar as bicicletas no porta-malas do carro um garotinho favelado se chegou e me perguntou quanto eu queria pela Calói. Resolvi dar as duas para ele.
Ficou com medo de esbarrar com o Paulo Silvino, hein?
ExcluirQuando moleque andava muito de bicicleta, e os freios nem sempre funcionavam muito bem… nós travávamos a roda traseira contra o quadro com o tênis e pra dar uma rabiada, ou duas. Uma vez tive a bela ideia de travar a roda dianteira, resultando em um dos primeiros voos livres sem paraquedas que fiz.
ResponderExcluirNão me lembro de ter caído alguma vez de bicicleta. Em 1964/65 meu irmão e eu saíamos da nossa casa na rua Dona Delfina (Tijuca), pegávamos a avenida Maracanã, atravessávamos o viaduto de São Cristóvão, rodávamos bastante no entorno do Campo de São Cristóvão, depois íamos até a avenida Brasil, pedalávamos na pista central até Bonsucesso, dávamos um rolê por dentro do Parque União e da favela Nova Holanda, voltávamos até a Brasil e íamos até Olaria. Isso por conta de uma coleção que nós tínhamos.
ResponderExcluirNunca tomei tombo de bicicleta. A única vez em que corri esse risco foi quando meu irmão e eu subimos a rua Uruguai e fizemos a volta lá por cima, para descer na rua Itacuruçá. O caminho era de paralelepípedo, muito cheio de curvas, e num trecho havia uma pirambeira do lado direito. Eu vinha em certa velocidade e ao perceber a curva fechada para a esquerda acionei o freio contra-pedal. A roda traseira derrapou de lado, eu soltei o freio, apertei de novo, a roda derrapou novamente, e quase não consegui fazer a curva.
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