Meu primeiro carro, a "Baratinha 7", em colorização do Conde di Lido. A "Baratinha 7", patrocinada pela multinacional D´ & D', era "descapotável" e tinha uma célula de sobrevivência minúscula (cansei de ralar o joelho ao entrar ou sair do "cockpit"). Acionada por pedais tipo "vai e vem", otimizada pela técnica do duplo pistão (patenteada pelo célebre Prof. Pintáfona), baseava-se no sistema FNP (força nas pernas), que exigia uma tração diferente da dos pedais dos velocípedes, que usavam o RQV (roda que vai). Sua lubrificação era com óleo Veedol Top Power-40 (similar ao Ludaol G-23 e à Hemo-Kola P-21). A buzina era acionada por meio da tecnologia AOBCF (aperte o botão com força). A elegante entrada de ar lateral foi criada pelo famoso estilista Tutu Le Minelli e as rodas, que às vezes caíam vítimas de muitas trombadas, eram guarnecidas por pneus Michelin, gentilmente cedidos por M. Rouen, diretor técnico de competições do "Rally das Pracinhas".
Esta competição tinha grande cobertura jornalística, sob comando do Celso Itiberê Serqueira. No GP do Bairro Peixoto, como testemunham o avô do nosso Decourt e a jovem Tininha Coutinho, bateu o recorde de velocidade, graças à tração integral que repartia o torque em tempo real de 100:0 para 55 na frente e 45 na traseira. O modelo 302, visto na foto, era um clone, em escala menor, do Dodge 51, o que deixava o nosso JBAN, desde aquela época, babando verde (o que preocupava, sobremaneira sua babá Creusa). C
omo recurso de segurança, o destaque era o sistema de freios PNC+ (pés no chão +), que integrava os controles de estabilidade/ tração, corrigindo qualquer derrapagem. Eram famosas as disputas com o Conde di Lido que, pilotando um carro da Scuderie do Xá da Pérsia, assistido por mecânicos da Abissínia, era imbatível no circuito da Praça do Lido e adjacências.
No GP da Praça Eugenio Jardim, onde anos mais tarde brilharia a Tia Lu (a única que concluiu a prova em marcha-a-ré), o grande adversário era o Rockrj, o rei do Corte do Cantagalo. Desde sempre preocupada com os cães e gatos da Eugenio Jardim, ameaçados pelos pilotos, a jovem Aninha F. encarava dias de viagem para vir dos ermos da Tijuca até Copacabana, para protegê-los.
Por outro lado, a jovem Eve Lynn sempre perdia as provas pois se dirigia à Praça da Cruz Vermelha, por engano. O infante AG, mesmo tranqüilizado pelo "seu" Arnaldo, assustava-se com o barulho dos motores, desenvolvendo a partir daí sua fobia a automóveis, diferentemente do infante Zé Rodrigo que, por conta de sua admiração por estes bólidos, iniciou nesta época sua coleção de carrinhos que, hoje, conta com 7.482 modelos.
Até hoje o Rafael Netto nega que estas corridas tenham se realizado pois, como consta no livro do Jô e na Super-Interessante, isto somente se daria após a década de 70.
Fotos dessas competições estão sendo pesquisadas pelo Derani no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e serão publicadas brevemente no Caderno de Automóveis d' O Globo, pelo Jason Waldvogel. Em dias de muita chuva, com todos os circuitos (Praça Eugenio Jardim, Praça Edmundo Bittencourt, Praça Serzedelo Correia e Praça do Lido) com instalações impraticáveis e interditadas, o condutor da "Baratinha 7" encontrava restrições dos fiscais de pista (a babá e a arrumadeira), que davam bandeira preta caso o piloto ameaçasse dirigir dentro de casa.
Isto, é claro, até que o recurso à máxima instância, ao Bernie Ecclestone daquela época, fosse interposto: "VOVÔ, posso andar com a Baratinha dentro de casa?"
Um Dodge na garagem de Copacabana por volta de 1953.
O Kaiser, que ficou na família por dez anos, em foto de 1951, no Jardim de Alá. Esta foi uma das primeiras colorizações do Conde di Lido, que ainda tateava na técnica.
Anos 70, na série "Se este Aero-Willys falasse...". O local é o posto de observação da "corrida de submarinos" da Lagoa.
O Mercedes da namorada de meu irmão no Alto da Boa Vista.
Agora, homenageando os amigos apreciadores de carros antigos:
o primeiro PUMA do Rouen.
Contam que o Karman-Ghia era do Conde di Lido, mas acho que é intriga da oposição.
O "bode velho" Dodge do JBAN e o Chevrolet do Jason em reunião na sede campestre do S.E.M.P.R.E.
Não quero complicar o Nickolas, mas contam que foi ele que escolheu a cor deste carro.
O motorista do Ford Eifel 1938, um produto da Ford de Colônia, Alemanha, ou Ford Köln, era o Conde di Lido. O Menezes jura que o identificou pelo cheiro do Lancaster.
Delícia de crônica! ABL de olho ! De carros não entendo muito. Meu sonho de consumo è um Smart. Bom findi!
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirTexto simplesmente supimpa.
Vemos algumas liberdades poéticas cromáticas em colorizações de primeira viagem, ou não...
Ficarei acompanhando os comentários.
FF: faleceu ontem à noite, aos 76 anos, o jornalista e comentarista esportivo Márcio Guedes.
ResponderExcluirBoas recordações. Meu pai teve por muito tempo um Skoda e depois um Bel-Air branco e azul meio esverdeado.
ResponderExcluirDos nacionais eu tive fuscas, um chevette, um ótimo Passat, um Kadett e recentemente carros da Honda.
Bom Dia ! Meu primeiro carro foi um Dauphine depois Gordine, DKW, Fusca 1200 , Fusca 1300, 4 portas 1600, Picape 1600 , Passat e chega. Meu carro hoje é da marca UBER.
ResponderExcluirO Fusca foi o primeiro carro da maioria. O meu foi de segunda mão, já tinha uns 40 mil quilômetros quando comprei. Cheguei com ele a mais de 100 mil quilômetros.
ResponderExcluirApesar de inúmeras desvantagens alegadas por alguns, a necessidade de ter um veículo "à mão" em determinados momentos desmonta qualquer argumentação contrária. Uma emergência na madrugada pode ter consequências trágicas se o "necessitado" não dispuser de um carro próprio. Mas para determinadas situações só mesmo um táxi. Pouca gente se valia seguro veicular no passado, pois a incidência de roubos e furtos era pequena. Os acidentes
ResponderExcluirdevidos à "batidas" eram facilmente reparados por "lanterneiros" e pintores competentes. Havia lanterneiros que eram verdadeiros "artistas do martelo" e que operavam milagres. Hoje em dia as peças são substituídas sem qualquer dificuldade. A proliferação dos "martelinhos de ouro" atualmente são uma prova disso.
Nesses 58 anos de motorista habilitado, tiive ; Morriis Oford (o primeiro), Saab 93, Renault Dauphine, Simca Tufão, DKW Vemaguet, Ford Corcel (3 , incluindo uma Belina), Chevrolet Monza, Fiat UNO ( 4 deles), Chevette (3) e Peugeot (4) Uma verdadeira frota...
ResponderExcluirFF2: morreu mais cedo o chargista e músico (amador) Paulo Caruso.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Estupenda a crônica da "Baratinha 7", com passagens relembrando os tempos do FRA. Carro nunca foi a minha paixão nº 1, mesmo quando adolescente que era o sonho de todo garoto que completava 18 anos. Nos dias de hoje a juventude tem se desligado dos carros, porém como citou o Joel um carro na garagem é muito importante para atender as emergências, principalmente no caso de famílias onde os membros já fazem parte da melhor idade, no meu caso tenho a minha sogra morando com a gente que tem 94 anos. Dos carros que possuí sempre optei pelas marcas que tinham confiabilidade, manutenção fácil e barata, logo todos os meus carros até aos anos 80 foram da marca VW e GM, depois com a chegada dos importados, tive Peugeot, Nissan, Honda, mas comprei para esposa e filho carros da marca Ford e Fiat, por desejo deles.
ResponderExcluirFF. Final de Semana crítico. Faleceram Márcio Guedes (menos um Botafoguense dos poucos que restam), Sueli Costa (cantora e compositora) e o Paulo Caruso (cartunista).
ResponderExcluirTexto impagável. Luiz deixando escapar sua verve humorística. Apenas uma observação: na foto do Aero-Willys a placa é numérica, o que remete aos anos 1960.
ResponderExcluirA placa só com números durou até o começo dos anos 70. Os especialistas podem confirmar. Ou não...
ExcluirTem razão o Helio. A foto deve ser de 1967.
ExcluirUma bela sequência de carros de antanho.
ResponderExcluirÉ algum irmão do Alain Prost ali, junto ao Puma?
João Saldanha, Armando Nogueira, Sandro Moreira e agora o Marcio Guedes, o último dos famosos botafoguenses dos comentários esportivos.
Acrescentaria o Luiz Mendes
ResponderExcluirRui Porto era botafogo?
ResponderExcluirEu sei que o Roberto Porto era e o filho dele, o Roby Porto, é. O Rui Porto seria parente deles?
ExcluirLéo Batista, botafoguense, narrador, apresentador e, talvez, o mais antigo da mídia. Não sei se já foi comentarista de rádio ou de TV.
ResponderExcluirSergio Noronha
ExcluirAnônimo, que eu saiba "Seu Nonô" era vascaíno. Mas era muito crítico ao Vasco, especialmente quando dirigido por Eurico Miranda.
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