FOTO 2: Vários
artigos comentam que para "esculpir" uma planta são necessários,
normalmente, vários anos de intervenções que consistem, entre outras técnicas,
em utilizar estacas e armações para guiar o crescimento e obter as formas que
de outra maneira seriam impossíveis de conseguir.
Entretanto, há relatos de trabalhos feitos no Rio somente com tesouras,
sem o uso de arames que envolvessem as plantas. Burle Marx eram contrário às
topiarias, assim como qualquer técnica que modificasse a forma natural das
plantas.
FOTO 3: Era um tempo em que a cidade era cuidada, com
carinho e competência, pela Prefeitura. O Departamento de Parques e Jardins funcionava, embora desde aquela época já houvesse reclamações sobre o serviço de poda mal feito. Problema que só piorou quando a Comlurb assumiu esta função.
FOTO 4: Os
responsáveis pelo trabalho que vemos nas fotos eram artistas chamados de
topiários. Eles vinham de Portugal, assim como os calceteiros e estuqueiros.
Como não foram substituídos, a prática se extinguiu por aqui. Os calceteiros
atuais são extremamente incompetentes se comparados aos portugueses. Basta comparar
nossas calçadas com as portuguesas.
FOTO 5: Foto garimpada pelo Nickolas. Mais um exemplo do trabalho de topiaria na Praça Paris. E, à direita, o saudoso Monroe.
FOTO 6: A planta mais
usada em topiaria urbana é o “Ficus”, cujo crescimento pode ser direcionado
através de armações e estacas e até pouco tempo era muito usado para cercas
vivas.
O problema é
que a folha do “Ficus” se transformou no criadouro do inseto que infernizou os
olhos dos cariocas nos anos 60 e a Prefeitura resolveu erradicar o “Ficus” da
nossa cidade.
Se não me
engano, pouco antes de pegar o apelido de "lacerdinha", aqueles
bichinhos pretos que adoravam a cor amarela e os olhos das pessoas, eram
chamados de "azucrinóis".
Este último
apelido derivou da história em quadrinhos da Família Buscapé, aquela do
Ferdinando, da Chulipa, do Lúcifer, da Violeta, em Brejo Seco, onde havia uns bichinhos
que azucrinavam os personagens.
A foto é no Campo de Santana.
De um momento para outro a roupa era coberta por estes pequenos pulgões pretos e quando algum caía nos olhos imediatamente havia uma sensação de queimação, que gerava lágrimas.
À época concluiu-se que o
uso de inseticidas era inviável, apesar de tentativa de se usar o “FLIT”.
As árvores “Ficus” eram o
reservatório maior. A cor amarela exercia uma atração especial para estes
insetos. Durante toda a década de 60 se discutiu como resolver o problema. Não
me lembro como foi o final desta história, mas os “lacerdinhas” acabaram desaparecendo.
Só quem viveu os anos 60 sabe o desconforto causado pelos azucrinóis, lacerdinhas ou guevaras.
ResponderExcluirVários nomes para o mesmo problema.
Queimavam os olhos prá valer.
Obrigado pela aula, Luiz. Não sabia que essa técnica tão comum na Europa chamava-se topiaria. Lembro bem desses lacerdinhas, infernizavam a nossa vida.
ResponderExcluirA folha do ficus era útil para quem não sabia assobiar com os dedos. Dobrada longitudinalmente e soprada com força imitava aquele assobio com os dedos.
ResponderExcluirDiziam que o predador dos lacerdinhas eram os pardais.
O do "lacerdão" sabemos quem foi.
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirE lá está o imponente Monroe em três fotos.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirSão obras de arte alternativas. Aqui perto de casa são mais simples. A poda em alguns casos é em formato de cubo...
O apelido do inseto variava com a ideologia da "vítima"...
Quem usava camisa amarela era "atacado" pelos lacerdinhas, que no começo eram chamadas de barbudinhos ou Fidel Castro.
ResponderExcluirBom dia! Trabalho com direito de autor e artes. Curioso que no Brasil se protege a obra paisagística. Já em Portugal a lei especifica como protegida a azulejaria.
ResponderExcluirO MAM inaugura dia 27 bela exposição sobre Burle Marx.
ExcluirBom dia Saudosistas. Lembro bem dos Lacerdinhas nas imediações e dentro do Campo de Santana, quando infestavam era um inferno, principalmente aquelas pessoas que usavam camisas amarelas.
ResponderExcluirLembro que no primário a escola conseguiu autorização do Campo de Santana para fazer um torneio de pelada no Campo de Santana num final de Semana, o meu time tinha a camisa amarela, logo que começou o nosso jogo, as camisas ficaram parecendo uma fantasia do Bafo da Onça.
E quando caía nos olhos ardia mais do que pimenta, tinha que jogar água e lavar imediatamente.
Quanto as árvores de topiaria, na Praça Paris quase todas as árvores de fico tinham este trabalho.
Lembro um dia, no início de 1965 (fevereiro ou março) em que eu estava lotado numa obra no Aterro do Flamengo, perto da antiga escola de enfermagem Ana Neri. Tinha um compressor de ar da Ingersoll Rand, com sua característica cor amarela gema de ovo, usado para dar pressão aos marteletes. A superfície do compressor estava com uma fina camada de óleo. Eu me postei na frente dele, observando os manômetros como um burro diante do castelo. Os lacerdinhas começaram a ficar atraídos pelo amarelo da máquina, mas uma vez pousados nela não conseguiam sair por estarem presos na camada de óleo. Aos poucos o compressor foi quase mudando de cor, tantos eram os lacerdinhas pousados e presos.
ResponderExcluirTopiaria é uma arte bonita. Mas o artista não pode errar, pois se cortar um galho a mais ou poder algumas folhas em excesso, corre o risco de estragar sua obra de arte.
ResponderExcluirJá na música, na poesia, na literatura, no teatro, o autor pode se dar ao luxo de errar ou não gostar de algum trecho da obra e refazê-lo. Na escultura e na pintura, o risco de desastre é maior. Um erro pode inviabilizar toda a obra.
Puxando muito pela memória, as primeiras vezes que me lembro de ver esse tipo de arte ao vivo foi na Praça Paris, bota décadas nisso.
ResponderExcluirNa firma onde trabalhei havia calceteiros, mas só para assentar meios-fios e paralelepípedos. O mais famoso calceteiro tinha o apelido de Trator. Era um negão alto e magro, um mestre em usar uma longa alavanca para jogar os meios-fios de granito direto dentro da vala e com uma ou duas pancadas da alavanca em cima deles colocá-los na altura e alinhamento corretos.
ResponderExcluirEu morava na Visconde de Figueiredo 31 junto ao antigo Colégio Lafayette Feminino, em cujo pátio proliferavam fícus, bem como em toda a Visconde de Figueiredo. Era uma região infestada de lacerdinhas. Na Rua Carmela Dutra também era frequente o ataque daqueles insetos.
ResponderExcluirUma vez, numa rua perpendicular à avenida João Ribeiro, bem em frente à antiga parada de trem Terra Nova (que deixou de existir há muitos anos), a minha firma estava calçando de paralelepípedos a tal rua, que era em ladeira. Ainda não havia sido feito o preenchimento dos espaços entre os paralelepípedos, que estavam apenas assentados em cima de uma camada de pó de pedra. De repente, surgiu um caminhão basculante cheio de uma nova leva de paralelepípedos e começou a subir a ladeira. Foi um desastre total: onde as rodas do caminhão passaram, todos os paralelepípedos afundaram, deixando um rastro. O calceteiro só faltou ter um filho, de tanta raiva. Mas segundo me lembro não era o Trator.
ResponderExcluirAs figueiras atualmente não estão bem na foto ...
ResponderExcluirhttp://assessoria.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=40641&sid=96
“ ... sombras de figueiras ... podem ser um alívio nos dias quentes do verão, mas ... transtornos que essas e outras árvores trazem.
Um levantamento realizado pelo reitor da PUC-Rio e doutor em Biologia Vegetal, Padre Josafá Carlos de Siqueira, e seu aluno Luiz Fernando Mendonça, mostrou os problemas ....
Além de quebrarem as calçadas por terem raízes muito grandes, algumas árvores envergam pela falta de espaço para crescer, e muitas representam riscos aos pedestres.
Segundo o reitor, .... não são espécies naturais da Mata Atlântica — padrão comum aos bairros do Rio.
Apesar de terem se adaptado bem ao clima da cidade ... não são indicadas para áreas urbanas por terem raízes muito extensas e copas frondosas que prejudicam a fiação.
- Identificamos muitas Figueiras da espécie Ficus benjamina.
As pessoas geralmente têm essas plantas em vasos, e, depois que elas crescem, plantam em suas calçadas. O problema é que elas não têm noção de que a árvore pode ficar enorme. As raízes crescem e se ramificam, podendo atingir encanamentos. Dentro de alguns anos elas vão levantando as calçadas e causam um transtorno enorme ... plantas para uma praça, onde há mais espaço e luz, por exemplo, são diferentes daquelas adequadas para uma calçada, com canteiros estreitos e muita sombra ..”
Aproveitando o gancho que eu mesmo criei acima, ao citar minha curta temporada na obra do Aterro do Flamengo, gostaria de contar três casos ocorridos. Prometo que nenhum tem natureza política. Um caso é triste, um é engraçado e o outro é simplesmente muito intrigante.
ResponderExcluirCASO TRISTE ==> corria o ano de 1965, quando se celebrava o quarto centenário da cidade. Havia várias atividades, shows, etc, programados. Uma das atividades era uma exibição de acrobacias da Esquadrilha da Fumaça, que ocorreria no sábado, dia 30 de janeiro, na enseada de Botafogo, durante a festa denominada Rio-Mar. Na firma onde eu trabalhava o expediente aos sábados se encerrava ao meio-dia. Mas como haveria a exibição, resolvi ficar depois da hora aguardando-a. Muitas pessoas foram chegando e se posicionando na margem da enseada. Eis que chegam os aviões, aqueles T-6 antigos. As acrobacias começaram e estavam se desenvolvendo bem. Até que um dos aviões iniciou um looping. Não sei por qual motivo, o piloto não conseguiu sair do looping e o avião entrou direto nas águas, chocando-se contra a tubulação da draga da empresa Ster. Foi um estupor geral. Em poucos minutos chegou uma lancha, não sei se da Marinha ou do Corpo de Bombeiros, para tentar o resgate do piloto. Em vão. Morreram o tenente-aviador Luis Edmundo Peixoto Albernaz, líder da esquadrilha, e o fotógrafo Joveraldo Lemos, da "Tribuna da Imprensa". Acabou o show, todos foram embora tristes.
ResponderExcluirCASO ENGRAÇADO ==> é costume toda obra ter um barracão onde ficam o almoxarifado e a parte administrativa. No caso da nossa obra naquele local, o barracão tinha dois aposentos ligados por um "corredor" estreito. Cada aposento tinha a forma de um cubo, com janelas e uma porta de entrada. Portanto, havia duas portas, cada qual conduzindo a um dos aposentos.
ResponderExcluirUm dia eu estava de bobeira e ao chegar na janela traseira do aposento onde eu ficava notei um casal conversando no meio do matagal que na época ainda existia entre as pistas do Aterro. Claramente se tratava de amantes. Não estavam fazendo nada de mais, apenas conversando. Enxerido, armei o teodolito no meio do aposento e comecei a observá-los. Depois de alguns minutos eles resolveram retornar para a avenida Rui Barbosa. Continuei a observá-los. Mas como o teodolito aproxima muito as imagens, não percebi que eles já estavam muito próximos de mim. Então a mulher notou o teodolito e deve ter pensado se tratar de uma máquina de filmar ou de fotografar e que tinha dado o flagrante nela e no cara. Ela veio direto para o barracão, enquanto o cara deu linha na pipa e sumiu. Aí pensei: "Deu merda".
A mulher contornou o barracão e abriu a porta para entrar. Por azar, abriu a porta do outro aposento, dando de cara com a mesa onde estava sentado o apontador (funcionário encarregado de somar as horas trabalhadas por cada peão, durante a semana), na época o Fernando Braga. Este a olhou surpreso, sem entender o que estava havendo. Ela ficou desnorteada, possivelmente ao perceber que havia mais gente no barracão. Então saiu batendo a porta e foi em direção à avenida Osvaldo Cruz. Nunca mais vi o casal ali. Acho que se ela tivesse entrado onde eu estava ela teria me dado porrada ou tentado quebrar o teodolito. Escapei de boa.
CASO INTRIGANTE ==> nessa época havia quase em frente à escola Ana Neri um acesso à pista do Aterro que ia em direção a Botafogo. Hoje o acesso não existe mais. Um dia eu estava me preparando para atravessar esse acesso, quando notei um carro Mercedes-Benz cinza, ano 1963 (modelo muito comum aqui no Rio), que estava entrando no acesso. Por motivos longos para explicar aqui, percebi que a placa do carro era de Marcos Parente, um lugarejo perdido nos cafundós do Piauí, perto da divisa com o Maranhão. Surpresa geral! Quem era o sujeito que possuía um modelo de luxo em cidade tão minúscula e paupérrima? O que estava fazendo aqui no Rio um Mercedes-Benz daquele fim do mundo, situado a milhares de quilômetros daqui? Levem em conta que estávamos em 1965, quando as rodovias eram muito precárias em quase todo o país. Hoje Marcos Parente tem menos de 5 mil habitantes. Imaginem naquela época.
ResponderExcluirE não foi só essa vez. Notei que em outros dias, sempre mais ou menos no mesmo horário, próximo ao meio-dia, o carro entrava naquele acesso. Imaginei que estaria levando um filho ou filha do ricaço para algum colégio em Botafogo ou além. Se bem me lembro, os vidros tinham insufilm e não dava para ver quem estava dentro. Para mim, esse fato sempre foi um mistério. Ainda mais que em 2002 passei uma semana em Teresina e não vi sequer um carro de Marcos Parente rodando lá. Sim, eu olho o tempo todo para as placas de carro. Algum dia direi o por quê disso.
Helio, o acesso da Avenida Rui Barbosa para a pista do Aterro no sentido Botafogo ainda está lá, a exemplo do acesso do Aterro para a Avenida Rui Barbosa.
ExcluirFicam no lugar que você apontou, quase em frente ao antigo hotel Sete de Setembro, que depois abrigou alojamentos da Escola de Enfermagem Ana Néri, em seguida dependências da Casa do Estudante da UFRJ e cujo Anexo atualmente é ocupado - depois de restaurado no início da primeira década deste século - pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ.
As calçadas da Rua Visconde de Caravelas, notadamente do lado esquerdo ao sentido da mão da rua, são testemunhas do estrago que as raízes podem causar.
ResponderExcluirAcho que o gerente poderia compilar os relatos do Helio e editar um livro. O cara já teve mais experiências de vida do que qualquer um aqui. O primeiro capítulo seria sobre as viagens, o segundo sobre os trabalhos profissionais, o terceiro sobre os relacionamento amorosos, o quarto sobre o judiciário e o legislativo brasileiros e o quinto sobre os bondes. Seria um best-seller sem sombra de dúvida.
ResponderExcluirEmbora eu tenha sentido um toque de ironia no seu comentário, especialmente quanto ao legislativo e judiciário, e quiçá também quanto a relacionamentos amorosos (foram poucos), a verdade é que trabalhando com peões a gente tem muito a contar, desde tragédias a situações cômicas. Sem contar um ou outro caso da época do CPOR e do DOPS.
ExcluirMas todos vocês também têm casos a contar. Porém são tímidos ou não desejam se expor.
A poda atualmente feita pela Comlurb deixa muito a desejar. Vejo que cortam árvores sem critério nenhum. Aqui perto de casa cortaram árvores centenárias e não plantaram nada no lugar.
ResponderExcluirA conservação das praças e jardins deixa muito a desejar. Que cidade não desejaria ter um Jardim de Alá, uma praça da República, uma praça Paris, e tantas outras praças para frequentar. Aqui não há uma política de arborização planejada, nem há manutenção das praças. Fora as que foram invadidas por estações de metrô. Aqui na zona sul a general Osório, a Ataulfo de Paiva, a cardeal Arcoverde estão totalmente deterioradas.
Carlos, "chovendo no molhado", que cidade não desejaria ter metade do que o Rio tem, em tudo, menos nos (des)governos que nos infelicitam há um século ....
ExcluirSe com a cobertura "verde" existente na cidade, o maçarico já não perdoa, imagina sem floresta da Tijuca nem parque da Pedra Branca... Falando nisso, de manhã, minha irmã fez um passeio de jipe na floresta da Tijuca. Bateu uma inveja...
ResponderExcluir"É poda...".
ResponderExcluirO Mário comentou sobre o antigo hotel Sete de Setembro. Apareceu aqui em http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com.br/2017/02/hotel-sete-de-setembro.html
ResponderExcluirHelio, vai ficar devendo a história sobre as placas de carros, promessa é dívida.
ResponderExcluirVão me chamar de maluco.
ExcluirAinda mais?
ExcluirKkkkkk. Quer dizer que é essa minha fama aqui? O que fiz para merecer isso?
ExcluirFalando em topiaria:
ResponderExcluirhttps://travelinggardener.com/topiary-park-columbus-ohio/
Se alguém for a Columbus, Ohio, pode visitar o Topiary Park.
Pelo site, parece bem legal.
Bom Dia ! Depois de umas férias forçadas ,estou de volta. Lembro de certa ocasião, lá pelo final dos anos 50, a prefeitura ou sei lá quem resolveu pulverizar as arvores para combater os "lacerdinhas". Pulverização feita e o veneno aplicado atingiu também os carrapatos que viviam nas mesmas arvores. Como os carrapatos demoravam a morrer e os mesmos eram alimento dos pardais que na época infestavam o Rio de Janeiro, foi uma matança de pardais e nunca mais voltaram a se multiplicar tanto. Hoje a "praga" é de maitacas. Vejo também todos os dias um grupo de 8 papagaios que visitam a mangueira aqui do quintal.
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