Era o tempo do bom futebol, de Garrincha, Didi, Newton Santos (depois virou Nilton), Quarentinha, Zagalo, Sabará, Pinga, Almir, Delém, Paulinho, Belini, Valdo, Telê, Maurinho, Castilho, Pinheiro, Joel, Dida, Dequinha, Indio, Babá, Evaristo, Zózimo, Calazans, Alarcon, Canário e tantos outros que vi no Maracanã e pelos campos pequenos do Rio (São Januário, Moça Bonita, Campos Sales, Gávea, General Severiano, Laranjeiras, Conselheiro Galvão, Bariri, Teixeira de Castro, em Niterói (Canto do Rio), Kosmos (Portuguesa), Italo Del Cima, Figueira de Melo.
Era o tempo em que os árbitros ainda eram "juízes", tais como Mario Vianna, Gama Malcher, Eunápio de Queirós (o "Larápio de Queirós"), Amilcar Ferreira, Frederico Lopes, José Gomes Sobrinho.
Era o tempo em que a SUDERJ era ainda ADEM (Administração dos Estádios Municipais), depois virou ADEG (Administração dos Estádios da Guanabara), em que o alto-falante a toda hora anunciava "a Adeg informa, no Pacaembu, gol do Santos (e após um pausa) ...Pelé`!!!", em que o cachorro-quente da Geneal e o Chica-Bon faziam a alegria de todos. Para ir para o Maraca pegava o lotação Lins-Lagoa ou os ônibus Grajaú-Leblon ou Barão de Drumond-Leblon.
Era o tempo de sonhar com a vitória do time, de ver
quem ganharia o moto-rádio ou seria escalado na "seleção da rodada"
(para ganhar um relógio Mondaine), de ler a coluna "Penalty" do Otelo
Caçador.
Era o tempo da Charanga do Jaime, do talo de mamona do Ramalho, de ver a Dulce Rosalina comandar a torcida do Vasco, o Careca liderar a do Fluminense e o Tarzan a do Botafogo (muito antes do Russão), de espirrar com o pó-de-arroz lançado pelos tricolores.
Era o tempo de milhares de vagalumes na arquibancada (quando os fósforos eram riscados para acender os cigarros), da bola G-18 marron, do "garoto do placar", da arquibancada de concreto áspero.
Era o tempo de ouvir o Valdir Amaral, o
Doalcei Camargo, o Oduvaldo Cozzi, o Jorge Curi, o Orlando Batista, o Clóvis
Filho. E os comentaristas Benjamim Wright e Rui Porto.
No SPICA, que tinha
também um “egoísta” numa bolsinha presa na tira que envolvia o radinho, a
estação preferida era a Continental, cujas transmissões esportivas tinham uma
dramaticidade tremenda e a equipe de reportagem era comandada pelo Carlos
Pallut. Havia muitas trocas de locais de trabalho entre os locutores, mas na
Continental lembro do Clovis Filho, Benjamim Wright, Carlos Marcondes, Teixeira
Heizer, Luiz Fernando. Transmissões patrocinadas pela “MIL – a milionária do
Castelo”. "Motorista de ônibus ou de praça, particular ou lotação,
respeite o sinal, não ande em contra mão. E salve o motorista do Brasil
(buzina) que é freguês da Mil". A milionária do Castelo.
Capítulo à parte eram os
locutores e seus bordões: na Rádio Globo, Waldir Amaral ("você ouvinte é
nossa meta. Pensando em você é que fazemos o melhor"; "está deserto e
adormecido o gigante do Maracanã"), João Saldanha ("meus amigos")
e Mário Vianna ("errrrou! errrrou! banheeeeiraaaa! ilegal! gol
ilegal"). Na Rádio Tupi, Doalcei Camargo ("o relógio marca"),
Rui Porto. E ainda Antonio Cordeiro, Orlando Baptista e seu linguajar empolado,
Geraldo Romualdo da Silva. Todos viam a bola “passar raspando”, “um perigo
iminente”, “um gol impossível de perder”, tornando qualquer jogo insosso na
mais dramática das partidas para angústia de todos nós, torcedores. E, além dos
bordões, criavam apelidos para os heróis de nossa infância: “Enciclopédia”,
“Violino”, “Leão da Copa”, “Leiteiro”, “Constellation”, “Formiguinha”,
“Príncipe Etíope”, “Doutor”, “A mais alta patente do futebol brasileiro”,
“Rei”, "Possesso", “Rei da folha seca”, "Queixada", e
tantos outros...
Também não faltava a
Rádio-Relógio que, de minuto a minuto, dava a hora certa (eram 30 segundos de
anúncios, tipo “Galeria Silvestre, a galeria da luz, depois do sol quem ilumina
seu lar é a Galeria Silvestre”, e 30 segundos de informações gerais). Na Rádio
Jornal do Brasil, o "Pergunte ao João" era uma espécie de Google da época, tirando
as dúvidas dos mais variados assuntos, e o “Encontro Marcado”, com Dom Marcos
Barbosa, era um clássico. Na Rádio Nacional, era imperdível o "Repórter
Esso", com Heron Domingues, e o "Balança mas não cai" com seus
quadros famosos: Primo Pobre (Brandão Filho) e Primo Rico (P. Gracindo) e
Peladinho (Germano), o folclórico flamenguista. E o diário “No mundo da bola”,
patrocinado pelas Casas Hudersfield ("difícil de pronunciar, mas fácil de
encontrar"). Na Rádio Tamoio o destaque era o “Música na Passarela”, com a
famosa música ciclâmen. Acho que na Rádio Mayrink Veiga ouvia a “PRK-30”.
Meu pai me deu um desses de presente.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirÓtimas recordações, bela crônica.
Outros e bons tempos
Pode ser uma daquelas falsas recordações volta e meia criadas pela cabeça da gente, mas "me lembro" de um minúsculo rádio de pilha ("gordinho" e menor que um maço de cigarros da época) que só se ouvia através do "egoísta", como se não tivesse alto-falante interno.
ResponderExcluirSerá que existiu mesmo ?
Acho que hoje em dia um garoto de 14 anos que era o que eu tinha naquela época não poderia pegar o ônibus na praia do Flamengo e ir para o Maracanã sozinho com seu radinho de pilha e não ser roubado.
ResponderExcluirPegava o Barão de Drummond, tinha uma parada na praça XV para o fiscal dar uma carimbada num papel que o trocador apresentava e me deixava na porta do Maraca.
Eu comprava a entrada na bilheteria perto do museu do Índio e subia a rampa da arquibancada.
Lembro dos vagalumes citados no texto. Não havia um segundo nos jogos noturnos sem alguém acender um cigarro.
Voltava sozinho de ônibus levando o radinho Spica e nunca me passou pela cabeça a possibilidade de ser assaltado.
Havia um delegado de polícia chamado José Gomes Sobrinho. Lembro que ele foi delegado do DOPS na primeira metade dos anos 1970. Seria o juiz de futebol? Ou um homônimo? Inclusive em 28 de outubro de 1992 ele recebeu o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro, por iniciativa do deputado Sivuca, ex-policial civil, através da Resolução 508.
ResponderExcluirSim, José Gomes Sobrinho era Delegado de Polícia do Estado da Guanabara. Em 1973 ele desvendou (em parte) o sequestro do menino Carlinhos prendendo mais de um sequestrador, mas o menino nunca apareceu. Um outro Delegado de Polícia, Hélio Vigio, trabalhou como preparador físico de grandes times. Em 1984 eu trabalhei com ele na 18 D.P na Praça da Bandeira, e foi uma grande experiência. Era um Delegado extremamente operacional, e seus métodos "pouco ortodoxos" inspiravam temor na bandidagem.
ExcluirVocê sabia: que a barata só troca a casca no inverno? Pi... Pi... Pi...
ResponderExcluirSeis horas... Cinquenta e dois minutos... Zero segundos...
Rádio Relógio Federal...
Kkkk
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirTinha um radinho de pilha em casa, mas não lembro a marca, com direito a "egoísta". Anos depois, ganhei um de marca japonesa, acho que National, aliás marca do gravador de K7 do meu irmão. Ambos com sua capa de couro.
Recentemente comprei um com seis faixas de rádio, entrada USB e bateria recarregável.
Lembrei... era Evadin.
ExcluirNaquela época havia um quantidade de juizes que "não primavam pela honestidade". Antônio Viug, José Aldo Pereira, Aírton Vieira de Morais, o "Sansão", e o indefectível Armando Marques, o qual as torcidas em peso o chamavam de "bicha". Será que era mesmo?
ResponderExcluirHoje é dia da terra, da comunidade luso-brasileira, do agente de viagem e da aviação de caça.
ResponderExcluirEm 1500 os portugueses "acidentalmente" chegavam na atual costa da Bahia.
Em 1950 nascia o músico Peter Frampton.
Já tinha ouvido falar mas nunca experimentei.
Excluirhttps://gkpb.com.br/177762/refrigerante-gini-volta/
Joel, 10:58h ==> hoje esses juízes estariam milionários com essa praga de Bets. Alguns jogadores já descobriram o mapa da mina. Vide Bruno Henrique.
ResponderExcluirHélio, o Brasil é a nação mais corrupta do planeta, e isso é inquestionável! As instituições republicanas estão carcomidas pela corrupção. Idiota é aquele que aposta nessas bets. Diante do "caso Bruno Henrique" que foi amplamente divulgado, todos os campeonatos de futebol se tornam suspeitos, já que a possibilidade de os resultados dos jogos serem passíveis de manipulação é grande, tornando a credibilidade dos campeonatos bastante frágil. Em um país onde um deputado "acerta 120 vezes" seu prognóstico de um concurso da Loteria Federal, o que mais se poderia esperar? Saudades do tempo do "homem da mala" que frequentava os vestiários do Maracanã em dias de "grandes jogos". Era uma "fraude tolerada"...
ExcluirO Joel está com soluço ou com um "bug" no computador.
ExcluirÀs vezes isso acontece.
ExcluirSó deveriam ser permitidas apostas esportivas em coisas positivas. Tais como quantos gols vai marcar, quem será o campeão, quanto isto ou aquilo. Aceitar apostas sobre o que pode resultar de uma omissão ou de uma ação voluntária negativa deveria ser proibido.
ResponderExcluirGrande postagem.
ResponderExcluir“Enciclopédia” era o Nilton Santos, “Violino” era o Carlinhos, “Leão da Copa” era o Vavá, “Leiteiro” era o Castilho, “Constellation” era o Pompeia, “Formiguinha” era o Dirceu? ou o Telê?, “Príncipe Etíope” seria o Denilson?, “Doutor” era o Sócrates, “A mais alta patente do futebol brasileiro” era o Coronel, “Rei” só pode ser o Pelé, "Possesso" era o Amarildo, “Rei da folha seca” era o Didi, "Queixada" era o Ademir.
O programa do Orlando Baptista acho que era "No mundo da bola". Saudava todas as profissões existentes.
O Luiz esqueceu de lembrar que muitos levavam o radinho de pilha numa mão e aquela almofada acolchoada para sentar nas arquibancadas de concreto do inacabado Maracanã.
Quantas lembranças boas de minha adolescência todos os finais de semana no velho Maraca.
Formiguinha (de ouro) era o Zagalo, o Príncipe Etíope era o Didi (assim chamado pelo Nelson Rodrigues).
ResponderExcluirO Tele Santana era o "Fio de Esperança".
ExcluirAlberto da Gama Malcher foi vizinho no meu prédio. Sério, mas boa praça, sempre falava com a criançada, mas não dava pitaco em pelada. Tinha uma bicicleta pesadona para manter a forma e no final dos anos 60 comprou uma station wagon Chevrolet 1963, americana, num belo tom verde metálico, um belo automóvel, que passou a ser o rei da garagem, onde habitavam VWs e DKWs.
ResponderExcluirGama Malcher ingressou na Magistratura posteriormente.
ExcluirCoisa que deveria ser banida é propaganda de "bet" feita por jogador em atividade. Já implicava quando era o Marquinhos do PSG, agora é Vinicius Jr, Neymar Jr, Thiago Silva e tantos outros. Treinadores também, como o Renato Gaúcho. E devem ter outros...
ResponderExcluirVolto a dizer: acredite na lisura do futebol quem for bobo.
ResponderExcluirClube Atlético Tombador do Brejo Grande 4 x 0 Corínthians. Uma porção de gente ganhou muito dinheiro nas bets.
ResponderExcluirNão faço aposta em bets. Acho que essas bets deveriam ter apostas, como aconteciam nas arquibancadas do Maracanã,
ResponderExcluirTime que irá dar a saída de jogo.
Que time irá ganhar o primeiro lateral.
Que time irá ganhar o primeiro escanteio.
Que time irá fazer o primeiro gol
Jogador que irá marcar o primeiro gol
Qual o resultado final da partida.
Lembro que se apostava 20 cruzeiros por aposta, aquela nota alaranjada.
Augusto >> 15:48
ResponderExcluirConcordo plenamente, qualquer pessoa com visibilidade e envolvimento direto com o jogo (de qualquer esporte) deveria ser impedida de participar de propaganda dessas "casas de apostas".
Mas aí já é querer demais...
Tenho um "negativo" de foto, aquele visível através de um "monóculo", ou sei lá como chamam aquilo, onde apareço com um rádio no estilo do mostrado hoje.
ResponderExcluirDos jogadores citados no texto só vi o Garrincha em campo por duas vezes. Uma pela Seleção e outra pelo Flamengo.
Da lista de estádios vi jogo em Conselheiro Galvão, quando eu tinha 7 anos de idade.
Conheci o S. Januário e o da Rua Bariri, mas em visita quando não tinha jogo.
Meu pai teve um sério problema auditivo em um ouvido e minha mãe culpava o "egoísta". Não houve confirmação médica.
ResponderExcluirNão sei dizer qual os locutores na minha infância nos anos 60 que ouvíamos em casa, mas sei que eram de estações de rádio menos populares.
ResponderExcluirA partir das décadas seguintes prevaleceu a Rádio Tupi, com o Doalcei Bueno de Camargo.
Saudades do "a ADEG informa". Lembrando também das fogueiras de jornais que numa mente de criança causava uma certa apreensão.
Só lembro da arquibancada em cimento liso.
Uma única vez pisei no gramado do Maracanã, em um show do Roberto Carlos.(O Maracanã de verdade, o original, o que recebia duzentas mil pessoas, antes de ser "arena")
ResponderExcluirA visão a partir do gramado da estrutura era impressionante, a escala, monumental, as distâncias, enormes.
Show de horrores em São Januário...
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