Do prezado Maximiliano
Zierer, a quem o “Saudades do Rio” agradece, recebi um e-mail com o “post” de
hoje.
“Prezado Dr. Luiz D´,
Uma vez que consegui
recentemente descobrir quem era o proprietário deste casarão e mais algumas
informações sobre o mesmo, creio agora que esta série de fotos do Augusto Malta
(que me foram cedidas pelo Francisco Patrício) sejam relevantes para publicação
no Saudades do Rio.
P.S: tenho particular
curiosidade em descobrir quais eram aqueles dois automóveis (com mão inglesa)
do proprietário do palacete!
Um grande abraço,
Maximiliano
Casarão localizado na
esquina da Av. Atlântica com a Rua Djalma Ulrich em Copacabana, Rio de Janeiro.
Há mais de um século, o
fotógrafo Augusto Malta visitou esse casarão (em 11-12-1918) e registrou uma
magnífica série de fotos externas e internas junto à família do seu
proprietário, o Sr. Antônio de Paula Simões. A série de fotos nos permite fazer
uma viagem no tempo, um regresso de 101 anos para conhecer um pouco mais da
Copacabana daqueles tempos.
O proprietário do
palacete possuía uma firma, a A. P. Simões & Com. formada pelos sócios solidários
Antônio de Paula Simões, José de Mello Alves e Victor Ladvocat, que era
especializada no comércio e fabrico de calçados. A firma era situada à Rua Frei
Caneca número 392. O belíssimo palacete de três pavimentos, construído
provavelmente na metade da década de 1910, foi demolido no início da década de
40.
No acelerado processos de
verticalização da orla de Copacabana, muitos dos palacetes, que foram as
primeiras construções erguidas naqueles lotes, existiram somente por cerca de
30 anos, sendo logo em seguida substituídos pelos chamados arranha-céus, muitos
dos quais permanecem até hoje (edifícios com 80 anos de idade ou mais).
No lugar deste casarão,
foi construído o edifício Marupiara, que possui portaria na Rua Djalma Ulrich
23 (sendo esse o seu endereço oficial). O prédio foi erguido entre 1942-1944.
No início de 1944 já temos vários anúncios no Jornal do Brasil promovendo a
venda dos últimos apartamentos, e trazendo imagens do prédio pronto, em
finalização. No térreo do edifício Marupiara, há uma loja do Bob's na Av.
Atlântica.
Na esquina oposta a este
palacete havia a famosa "Casa do Vaticano", onde se encontra
atualmente o inacabado Museu de Imagem e do Som.
Algumas fotos tomadas por
Malta do alto da varanda do terceiro pavimento do casarão do Sr. Antônio de
Paula Simões em direção ao Posto 4 mostram, em primeiro plano, a densa
vegetação da Casa do Vaticano (que era a casa do Conde e da Condessa Inodare,
os quais faleceram sem deixar filhos), embora a casa dos nobres, por ser baixa
e recuada, não apareça nas fotos da série, somente se observa as árvores do seu
amplo jardim. Mais recentemente, no terreno da "Casa do Vaticano",
havia o restaurante Sobre as Ondas e a boate Help.
Essa série de fotos me
foi gentilmente cedida pelo meu amigo e colecionador Francisco Patrício, que as
adquiriu há alguns anos em Petrópolis-RJ.
Tomei a liberdade de
acrescentar algumas fotos a mais da década de 1920-30, as quais não fazem parte
da série original de 1919 do Augusto Malta. Para maior precisão, marquei em
todas as fotos da série original com (Malta-FP) na legenda da postagem (ver
postagem no grupo do Facebook Rio Antigo).
Texto e pesquisa de
Maximiliano Zierer - fontes: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e Jornal
do Brasil.”
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Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirUma verdadeira aula. A segunda foto é anterior à primeira. A região era bem castigada pelas ressacas e até os anos 60. As últimas fotos foram tiradas no mesmo dia (a penúltima é um detalhe da anterior).
Uma grande postagem.O antes e o depois do casarão.Este apartamento no andar nove com sete quartos não deixa de ser um espanto!!!!Quantos serviçais para colocar a coisa em ordem?Pelo que entendi o Marupiara ainda vive...Foi retrofitado? Vale uma pesquisa...
ResponderExcluirBom dia,
ResponderExcluirA primeira foto é da metade dos anos 30, e o prédio mais próximo ao fundo é o edifício Quintanilha, na esquina com a rua Francisco Sá. A segunda foto é provavelmente da ressaca do ano de 1921, que destruiu a pista da Av Atlântica em vários trechos. Demais fotos da casa e da família são de 1919.
Há braços
Copacabana era "um bairro para poucos", onde palacetes e apartamentos de arquitetura "diferenciada" mostravam uma realidade bem diferente do restante da cidade. O Edifício Marupiara foi construído em um "tempo de crise" devido à guerra e possuir um apartamento nele era sinal de um status de "fazendeiro estaduano" ou (na maioria das vezes) estrangeiros. Como era costume na época, o imóvel possuía um número incompatível de banheiros para suas dimensões e um insuficiente número de vagas de garagem. Por outro lado o projeto arquitetônico "trazia em seu inconsciente" uma disposição de "casa grande moderna" com um número excessivo de dependências para empregados. Quanto aos banheiros "em cor", quais seriam?
ResponderExcluirGanhei ano passado " A Invenção de Copacabana", contendo muitas informações importantes sobre o bairro.
ResponderExcluirÉ o prédio do bar México 70.
ResponderExcluirAparentemente só as esquadrias estão diferentes, instaladas inclusive nas varandas como aconteceu em vários edifícios da Atlântica, o que ameniza os efeitos da maresia e do barulho.
O quepe do menino lembra o que era usado pelos alemães na 1ª. Grande Guerra.
Muito oportuna essa postagem de hoje para um comentário saudoso focando a mesma sensação de vazio que senti de uma época que não vivi. Sou um saudosista por natureza. Agora falo na coincidência: Hoje pela manhã tive que ir acompanhada pelo Comando a Av.N.S.Copacabana e claro que aproveitei a oportunidade de ir tomar meu cafezinho coado na Charutaria Loló. Qual foi minha surpresa que quando cheguei percebi a ausência nas prateleiras dos charutos, caixas e maços de cigarros sempre expostos no local. A figura do Sr.Fernando não estava presente. Meio desconfiado e temendo que o pior tinha acontecido com o proprietário, perguntei a velha funcionária que nos serve sempre o Café: O que está havendo? Resposta: é a charutaria que vai fechar as portas até o dia 31/11. Aquilo foi um impacto para mim, apreciador daquele café e muito mais pelo ambiente e o saudoso café coado, raridade nos dias de hoje. Procurei pelo Pastor por perto para dar a noticia mas lembrei-me que não tenho o prazer de conhece-lo. Cirandinha já era, Mercadinho azul já se foi a muito tempo e agora a Loló. É por isso que lamento que as fotos acima não mais representam a realidade de hoje e ao vê-las me senti saudoso de não ter vivido aqueles momentos.
ResponderExcluirMeu caro Ceará,indivíduo.Lamentável a sua informação.No ultimo finde passei rapidinho por Copa em direção a Petrópolis e claro que lembrei das seus relatos de incursões pelo Cirandinha e pelo café Loló.É mais uma marca que se vai.Alí ainda dava para sentir um clima dos anos 50/60,embora já estivesse um pouco descaracterizada,até pela diminuição de artigos ligados a tabacaria:cigarros,charutos,isqueiros,fluidos,etc.Mas ainda era uma pequena mostra.Lamentável .
ResponderExcluirMe liguei agora que o destaque sobre o banheiro ter cor, provavelmente se refere ao fato de que naqueles tempos quase todos eram em azulejo branco e os do Marupiará tinham revestimento colorido, o que devia valorizar bem o imóvel para ser tão anunciado.
ResponderExcluirO revestimento em azulejo branco usado na época era o que se pode chamar de horror pois era um branco hospitalar.
ExcluirAzulejos "até o teto" não eram utilizados até um passado recente. Também banheiras e "bidets" eram obrigatórios na maioria das construções de "prédios de apartamentos". Exíguos apartamentos "conjugados" construídos até os anos 50 possuem generosos banheiros com banheiras e "bidets". FF: É lamentável que alguns Estados da federação continuem a celebrar a "cultura do atraso". Enquanto algumas nações homenageiam personagens do quilate de um "Pancho Villa", de um George Washington, ou de um Otto Bismarck, outras homenageiam "Zumbi"...
ExcluirO grande defeito de imóveis daquele tempo era a falta de banheiros. Um apartamento daquele tamanho e com apenas um banheiro era "inconveniente. Imaginem o "atropelo". A vaga de garagem devia ser "no condomínio" e não na escritura. Apartamentos junto à praia deveriam ser pródigos em banheiros. Se todos os moradores quiserem voltar da praia ao mesmo tempo...
ResponderExcluirFF: por volta de 13:30 escutei o barulho de helicópteros. Olhei no quintal e tinha pelo menos três. Aí vi no Sportv que o comboio rubro-negro estava acessando a Transolímpica sentido Avenida Brasil. Só não entendi por que não a pegaram pela Salvador Allende, já que estavam vindo pela Estrada dos Bandeirantes... Achei que iriam pela Avenida das Américas ou até pela Linha Amarela. Pegaram um bom chão pela Avenida Brasil.
ResponderExcluirO engraçado foi ver a Record fazendo questão de mostrar o comboio passando em frente à emissora. Já a Globonews mostrava em um monitor no "video wall" durante o programa que estava sendo exibido. Só entrou ao vivo quando chegou no Galeão, com direito à confusão de praxe.
... Uma aula e aprendizado mesmo!
ResponderExcluirAlias impossível alguém não curtir tais coisas antigas/tempo em que as coisas eram bem mais fáceis _ com a MODERNIDADE muito se perdeu até.
Encontrei i blog pela imagem de um PALACETE. Onde creio nem haver mais.
Descobri um recente que está largado (mais um exemplo no Brasil) em SÃO GONÇALO (denominado MIMI). Onde me inspirou em ARTESANATOS que produzo.
Havia um no 'querido' Leblon (o DONY). Se foi creio na década de 80. Junto à praia. Até num prédio próximo serviu de cenário para a locação de uma família na cansativa MULHERES APAIXINADAS.
E aqui em Porto Alegre há uns que "modernizaram" (tipo deixar partes e restaurar com coisas novas).
Rodrigo