Há tempos recebi do
Francisco Patricio esta foto (a principal e os detalhes) do acervo do A. Silva,
com o seguinte texto:
“Vae animada a festa das
“misses”. Ambiente de uma feira de alegria, com flores e perfume. Tudo
vaidades. A multidão comprimindo-se, decompondo-se aos empurrões, quer ver.
Quer ver as “misses”. Fala a voz do
sangue, o bairrismo. A torcida é selvagem e brutal, como no “football”. Em vez
de “goals”, “girls”.
Tanta coisa grave se tem
passado e se está passando no paiz sem lograr preoccupar do mesmo modo a alma
nacional. O perigo da febre amarella, por exemplo. Invertemos, por índole, as
coisas. E nestas coisas nosso enthusiasmo se desperdiça, em regra, com o supérfluo.
O concurso de “misses”
nos interessa mais que o próprio Brasil. Seria preferível que o Brasil torcesse
mais por si do que pela “miss” que vai ganhar o concurso.”
Dando uma pesquisada nos
jornais dos anos 20 do século passado encontrei as informações abaixo nos
jornais do final daquela década:
“O Cruzeiro” oferece aos
seus inúmeros leitores um exemplar interessante, com muitas paginas consagradas
ás “misses” estaduais e ás dos nossos bairros. A constellação de bellezas que
ahi apparecem, nitidamente estampadas, dão à revista uma graça e um interesse
invulgares.
Por ocasião do concurso
de “Miss Brasil” de 1929 encontrei a notícia de que, em meio a inúmeras
homenagens, o Club dos Bandeirantes ofereceu uma festa às “Misses” com baile de
alto luxo em honra das gentis concorrentes ao certamen da belleza internacional,
em Galveston.
Foram saudadas assim naquela ocasião:
“Senhoritas – As excepcionaes
demonstrações de sympathia que, em toda a parte vos têm sido feitas,
embaixatrizes da graça, da formosura e da elegância, permitti que se associe o
Club dos Bandeirantes, nesta noite radiosa em que, cheio de galas e no meio das
flores, vos acolhe sob o seu tecto, prestando-vos verdadeiramente desvanecido,
as homenagens de que sois merecedoras.
Notae a significação e a
grandiosidade desta parada de belleza, festa ainda não registrada nos annaes da
vida social e mundana de nosso paiz, em que, pela primeira vez, na capital da Republica
se reúnem, nesse conjunto maravilhoso que nos ofusca a vista e a todos nos
deslumbra, 21 figuras encantadoras de mulher, representando o que em cada uma das
unidade da nossa grande federação, existe de mais altamente expressivo do que é
do que vale a brasileira.
A mulher brasileira...
Com que orgulho não podemos bater no nosso peito, envaidecidos com a sorte, que
tão bem, nesse capitulo dos dotes pessoaes do bello sexo, soube aquinhoar o
Brasil. Nem é preciso ter, para o provar, aquelle audacioso desassombro de
Hyperides, quando avançava sobre Phrinéa, despedaçava-lhe a tunica,arrebentava-lhe
o véo e a expunha, encarnação alucinante da perfeição humana, deante do
aeropago atônito e surpreso (...).
PS: foi eleita Miss
Brasil a Srta. Olga Bergamini.
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A final do concurso foi nas dependências do Fluminense.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirVou acompanhar os comentários. Hoje o FFC faz 118 anos de fundação. E o Galvão, rubro-negro, 70 anos...
Junto com os concursos de misses veio o fenômeno da "mãe de miss".
Textos primorosos para os eventos..Concurso de Misses foi mais um evento que ficou na saudade com a modernidade e mudança de comportamento.Recentemente lembramos do evento em função da Maerata Rocha,talvez a maior marca do concurso.Enfim...
ResponderExcluirMãe de Miss era considerada um espanto!!!!
Bom dia a todos. Lembro quando ainda era criança lá no início dos anos 60, lá em casa todos assistindo na TV ainda em preto e branco, o concurso de Miss Brasil. Depois as manchetes nos jornais e revistas da ganhadora do concurso. Faziam 3 desfiles, um de traje típico do seu estado, um de traje de gala e finalmente o de maiô Catalina. Bons tempos de um País bem mais tradicional, com maior respeito e simplicidade.
ResponderExcluirPois é, a nossa Miss eterna, Marta Rocha, faleceu recentemente. Um perda enorme pois ela representava o modelo clássico de beleza. Olhos azuis, duas polegadas a mais( isso tem importância?) e um ar de Princesa de Mônaco. Agora, nesse desfile ai acima, esse monte de homens com S-105 acetinados era necessário? Foto 1 e 2 em destaque na primeira fila talvez fosse a mais bonita.
ResponderExcluirEm 1968 a também baiana Martha Vasconcellos foi eleita Miss Universo.
ExcluirLá em casa também era assim. Como minha família era grande, os adultos se sentavam em cadeiras e eu e meu irmão, ainda crianças, nos sentávamos no chão diante da TV, uma Philips de 17 polegadas. Um espanto. E não é que eu, com 10 anos, me apaixonei pela Terezinha Morango, miss Brasil de 1957 e segunda colocada no miss Universo?
ResponderExcluirFF: Algo que me chama a atenção é o fato de que a reforma ortográfica de 1943 adaptou a escrita á fala, eliminando letras que não eram pronunciadas, como por exemplo ao mudar "assumpto" para "assunto", que era a pronúncia adotada. Houve outras alterações, muito justificáveis. Já as reformas seguintes se destinaram a facilitar a vida dos incultos, como por exemplo ao tirar os acentos diferenciais e o trema.
ResponderExcluirTrema é usado em muitos idiomas, como francês, alemão, turco, finlandês, grego, sueco.
O inglês não reformou sua ortografia, de forma que se escreve de um jeito e se pronuncia de outro. A escrita permanece a antiga, mas a fala é a moderna.
No governo Dilma foi aprovado um P.L cuja nome era "Por uma vida Melhor". Nele era proposto para que se transformasse em "norma culta" o "favelês", e "paraibês" que se fala nas favelas e comunidades. Seriam aceitos como corretos os erros de concordância do tipo "nos vai", "a gente fomos", ou "pra nóis fazê". A ideia era "facilitar" o já tosco e desprezível linguajar falado e não sobrecarregar com "detalhes e normas ortográficas" as já deficientes mentes nascidas em comunidades. Seria o mais hediondo crime perpetrado contra a língua portuguesa e contra a educação. Se atualmente a alienação e a moralidade nas gerações mais jovens são desprezíveis, imaginem se essa aberração tivesse sido implantada. E ainda há pessoas que defendem a ideologia criminosa que destruiu a educação formal brasileira. "É nóis"!
ExcluirOs povos hispânicos dizem que o espanhol é a única língua que fala-se como se escreve; ainda não pesquisei pra confirmar até que ponto isso é verdade...
ExcluirA baiana Marta Rocha era, realmente, um espanto de mulher.
Parece ser verdade. Mas também são muito iguais a escrita e a fala no letão, lituano, estoniano e finlandês. A meu ver, das que eu conheço um pouco através de letras de música, as que apresentam mais diferença são o húngaro e o irlandês. O tcheco também é difícil de acompanhar ouvindo e lendo a letra.
ExcluirQuanto ao PL da Dilmentira, citado pelo Joel, eu tinha um colega (petista, é claro) que pensava igual a ela. Merda na cabeça, é claro.
ExcluirNão sou falante de espanhol nem conheço a origem da letra "J", mas não me parece que o som de "R" que essa letra tem no espanhol seja o fonema correto do "J".
ExcluirConheci um professor que ao contrário,Não conseguia articular o erre,trocando-o por jota,assim um aluno chamado Romeu Rocha,virava Jomeu Jocha,aí a gente imaginava ele falando o rato roeu a roupa...
ExcluirDia de concurso de Miss Brasil, era dia de todos os brasileiros ficarem grudados na telinha da TV. Ninguém perdia.
ResponderExcluirTotalmente fora de foco: vale a pena ver a entrevista do Delfim Neto, no Bial.
ResponderExcluirImpressionante a lucidez desse homem aos 92 anos de idade; foram cirúrgicas e acertadas as suas análises.
Delfim Neto foi um dos "homens fortes" do regime militar em seu período "mais profícuo", principalmente nos governos Costa e Silva e Médici. Economista competente, "supõe- se" que seja bicha...
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