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sábado, 26 de dezembro de 2020

DO FUNDO DO BAÚ: PISTA DE CORRIDA DE CAVALINHOS




 Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E como ontem falamos das pistas de corrida dos cavalinhos, aí está ela.

Oito cavalinhos de chumbo, com as cores das mais tradicionais fardas do Jockey Club, disputavam páreos "sensacionais". Havia sorteio para ver a raia de cada um. Modificávamos, com cuidado para não quebrar, a posição das patas dos cavalinhos de chumbo para ganhar mais estabilidade e, ao mesmo tempo, deslizar melhor.

Às vezes se passava um pedaço de vela embaixo para reduzir o atrito entre a pata do cavalo e a superfície da pista. Girava-se uma manivela que ficava junto ao "partidor", a "pista" emborrachada começava a vibrar e os cavalinhos se movimentavam em direção ao "disco de chegada".

A cada "páreo" um dos participantes girava a manivela. Conforme a velocidade com que se girava, uma das raias era privilegiada - era preciso conhecer bem a raia em que o próprio cavalo estava e tirar proveito do giro da manivela.

Os cavalinhos eram guardados dentro de caixas metálicas de cigarrilhas importadas forradas de algodão ou em cocheiras de madeira, pintadas de verde escuro. Aliás, as pistas também eram verdes, para imitar grama, com listras brancas separando as raias.

O barulho era inconfundível, mas não sei como descrevê-lo. Muita gente comprou a pista e as caixas com os cavalinhos na "Lá em Casa Brinquedos", na Av. N.S. de Copacabana ou na Casa Paes.

Naquela época, anos 50 e 60, o turfe vivia uma época gloriosa: o Hipódromo da Gávea vivia cheio, os jornais tinham páginas inteiras dedicadas ao turfe, todo mundo curtia. Era o tempo de cavalos inesquecíveis como Adil, Quiproquó, Timão, Narvik, Escorial, Farwell, Xaveco, Canavial, Royal Game, Bar, Major´s Dilemma, Leigo, Endymion, Zenabre, Fiapo, Fólio, Sabinus, Viziane, El Trovador e tantos outros.

Tempo de jóqueis que se tornaram lendas como Rigoni, Irigoyen, Marchant, Bolino, Dendico, Leguisamo, Ricardo, Oraci, Paulo Alves, Portilho, Albenzio Barroso e outros. Tempo de treinadores como Ernani de Freitas, Gonçalino Feijó, Paulo Morgado, João Maciel, João Limeira, os irmãos Morales. Tempo de jornalistas especializados como o Teofilo Vasconcelos, o Haroldo "Pangaré" Barbosa, o Luiz "Cabeleira" Reis, o Bolonha (pai), o Domingos Pontes Vieira, o Oscar Griffiths, Oscar Vareda, o Ernani Pires Ferreira.

Velhos tempos!

20 comentários:

  1. Bom Dia! Fui algumas vezes a Gávea. Como sempre gostei de tordilhos, só apostava neles (cada doido com suas manias).

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  2. Nunca tive a pista e nunca brinquei, apenas me lembro de ter visto. Até fiquei interessado, talvez pela empolgante descrição do nosso blogueiro.
    Lembro bem das páginas de turfe, mas este era um assunto quase tabu em minha casa, porque meu avô era aficcionado e, ao que parece, torrou um bom patrimônio nas apostas dos anos 40.
    Meu retorno (embora só tenha ido ao JC uma vez) foi com o mencionado Ernani Pires Ferreira. Nós trabalhamos na mesma empresa (Estaleiros Amazônia, ele era comprador e eu engenheiro) e ficamos amigos muito chegados.
    Houve um jantar medieval na minha casa, em que não colocamos talheres - uma boa confusão, com pernas de peru etc - mas previmos colheres para a sobremesa, que não era medieval e sim, sorvete.
    O EPF se revoltou e não admitiu a presença de colheres. E comemos todos sorvete com as mãos.

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  3. Olá, Dr. D'.

    Devo ter visto algo do gênero na Praça XV. Com certeza no programa do Silvio Santos ou do Bozo, por volta de 40 anos atrás.

    Cheguei a ganhar uma mini pista motorizada a pilha com um conjunto de seis carrinhos de lata (duas ambulâncias, dois carros de polícia e dois carros comuns). Nada comparado aos Autoramas descritos em outras postagens...

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  4. Tenho leves recordações de ter brincado com esse jogo no início dos anos 80, provavelmente na casa de meu vizinho, pela boa situação financeira de seus pais, e que por ter outros 3 irmãos, ganhava os melhores presentes de Natal: Forte Apache, Ferrorama e Autorama, etc.

    Mas certeza mesmo, foi ter visto no Programa do Bozo, a Corrida dos Cavalinhos.

    E, claro, o locutor Ernani Pires Ribeiro, como seu famoso: "E lá vem o Juvenal..."
    Do Jorge Ricardo, passeando no Hipódroma da Gávea...
    Do Itajara, do Falcon Jet...

    Lembro até de acompanhar os GPs Brasil, que passava na Globo.

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  5. Eu e meu irmão tínhamos este jogo, que era o must nos anos 60 e 70. Realmente tinha pista que era "amaldiçoada" de fábrica e que o cavalo ali posicionado não vencia de jeito nenhum. Por isto, era crucial o sorteio das pistas antes do derby. Este brinquedo era artesanal e fabricado por um senhor (e não por nenhuma fábrica de brinquedos) que também produzia mesas de futebol de botão, no mesmo material verde e áspero destas pistas de corrida. Após sua morte, no final dos anos 70 ou início dos 80, coube a seu filho continuar a produção mas a queda nas vendas já havia acontecido e passaram a existir outros fabricantes de mesas de botão. Mas a mesa dele foi, sem dúvida alguma, a melhor de todos os tempos. Ainda tenho a minha guardada no sítio de um cunhado em Miguel Pereira.

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  6. Faltou citar um renomado jóquei dos anos 60, que tinha uma torcida especial por ele, independente do cavalo que montasse: Bequinho. E vinha o grito da arquibancada: "dá-lhe Bequinho!" Meu pai me levou algumas poucas vezes ao Jockey Club quando criança e presenciei esse grito.

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    1. Os bons jóqueis são inúmeros. Eu achava que o Bequinho não estava entre os melhores, assim como o J. Machado, ambos campeões de estatística. Quem montava para os grandes studs levava vantagem pelo volume, mas não pela qualidade.

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  7. Lembro dessa pista no Tivoly park, a pista ficava no centro da tenda e os competidores em torno, em uma bancada cada um com um jogo tipo Pinball. Cada vez que a bola batia em certo obstáculo, o respectivo cavalinho dava um passinho â frente.

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    1. O gostoso da pista da foto era que quem manipulava a manivela tinha uma série de macetes, como dosar a velocidade da rotação ou paradas súbitas para ver se algum cavalo caía.

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  8. Luiz, agora vc mexeu com o eu coração. Na década de 1980 eu e Angela éramos ratos da social da Gávea. 2a a noite, quinta a noite, sábado e domingo a tarde. Vc não citou um dos melhores freios de todos os tempos, G.Menezes. Dava gosto de vê-lo pilotando o Baronius, do LPM. 2.400 metros, ele largava e fica em último até a reta final. Depois ele soltava o bicho e o Ernani gritava "lá vem o Baronius" e ele deixava todos para tras.
    Me desinteressei do turfe quando o Boticão de ouro quebrou a pata na reta final do GP São Paulo. Nunca mais quis saber de corridas.
    Me lembro que o turfe ocupava uma página inteira do Globo. Hoje, mal falam disso.

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    1. Menezes era um chileno bom jóquei. Mas não achava extraordinário. Citei os jóqueis de memória, mas esqueci uma porção como o Goncinha, o A. Santos, o "Pouca-Roupa" (J. Pedro Fº), etc. Vi o início da carreira do Ricardinho, hoje ainda montando e recordista mundial.

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  9. acredite ou não o meu saldo $$$ foi bem positivo. Todos os proprietários frequentavam a social e davam dicas preciosas. Por 2 vezes a gente ouviu tiros. Foram 2 caras que se suicidaram no banheiro da popular. Um desastre o vício em jogo.

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  10. Eu e meu irmão ganhamos algo parecido, lá pelo fim da década de 1950, mas os cavalinhos eram de plástico e as raias eram quadradinhos tipo tabulreiro de xadrez. O movimento era segundo pontos obtidos jogando um dado.

    Havia um equivalente, que também ganhamos, que eram "baratinhas" de corrida. Mesmo esquema de movimentação.

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  11. Meu tio era viciado em turfe, mas nunca perdeu muito porque não tinha muito a perder.

    Eu desde criança amo jogos, mas NUNCA envolvendo dinheiro. No máximo, grãos de feijão ou de milho.

    Estive visitando alguns cassinos em Atlantic City e em Copenhague (Tivoli Gardens). Deprimente. Não viram um centavo meu.

    Na Escandinávia eu vi muitas máquinas do tipo caça-níquel em bares e lanchonetes, sem restrição de idade e expostas publicamente. Cansei de ver adolescentes jogando e perdendo suas moedas.

    No Tivoli, as máquinas eram no andar subterrâneo. Miríades de velhinhos, com óculos escuros refletindo o visor das máquinas, colocando moedas e acionando a alavanca. Pareciam autômatos. Nem se mexiam, atentos ao visor. Só o braço se movimentava, para colocar moedas. Deu vontade de chorar. Saí de lá deprimido.

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    1. Fui a alguns cassinos, mas nunca me aventurei a jogar. É uma máquina de fazer doido. Fico nos grãos de feijão nos jogos de cartas.

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  12. Boa tarde a todos!

    E havia, nos anos 60, um programa de televisão chamado "Grande Conselho das Barbadas". Eu não entendia nada, "por dois corpos", "pagar placê"eram grego para mim, só sabia vagamente que era sobre turfe. Na verdade não assistíamos; estávamos aguardando o programa seguinte, "Noites Cariocas" - TV Rio, às sextas-feiras (por favor, corrijam os erros - escrevo de memória).

    Nos anos 80, o canal 9 carioca tinha um programa parecido, com o apresentador Anuar de Sales. E a antena parabólica pegava algumas emissoras transmitindo páreos.

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  13. Ouvia as corridas na rádio JB com o Ernani Pires Ferreira e o comentarista Domingos Pontes Vieira. Peguei o Teófilo de Vasconcelos por muito pouco tempo. O Oscar Vareda e o Bolonha transmitiam por aquela emissora que ficava no "dial" ao lado da rádio Continental. Desde a TV a cabo assisto o canal 4 que já teve como locutores o Ernani, o Vareda, o Luis Ubiratan Carlos e os atuais Tiagão e Fernando Cury.

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  14. As patas dos cavalos causaram a perdição de muita gente.Aqui no Brasil os resultados são manipulados.O Brasil é o país mais corrupto da mundo mas ninguém se lembra disso.Na Penha, em Brás de Pina,em Madureira,e toda a região suburbana,havia nas praças barracões abertos onde grandes painéis de madeira com emblemas de clubes paulistas e clubes cariocas eram objeto de lançamento de dardos,e os prêmios eram maços de cigarros.Muita gente perdia dinheiro nessa jogatina,mas não era tão desonesto porque dependia da mira do apostador.

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  15. Lembro das "barbadinhas" do Globo Esporte, com o Ernani e das corridas do GP Brasil na TV aberta. Peguei também a seção de turfe nos jornais.

    Nos anos 90, com a compra da antena parabólica grande, passei a ver algumas corridas na TV Turfe (o mesmo sinal citado pelo gerente) mas só isso. Assistiria alguma coisa depois mais por motivo de trabalho...

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  16. Olha, jogo é fogo.
    Fui a Las Vegas e só joguei em caça-níqueis para me divertir um pouco.
    Pois bem, quando dei por mim estava colocando 100 dólares na máquina.
    Depois de torrar uns 300 dólares rapidinho, "acordei".
    Não cheguei mais nem perto das maquininhas...

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