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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

FORTE DE COPACABANA

A foto, garimpada pelo M. Zierer, mostra as obras de construção do Forte de Copacabana em 1910, na Ponta da Igrejinha, no Posto 6. No alto da foto, à direita, a Igrejinha de Copacabana.

 As obras de construção do Forte foram iniciadas em 5 de janeiro de 1908, sob a coordenação do Major Arnaldo Pais de Andrade, na presença do então presidente da República, Afonso Pena, e do Ministro da Guerra, Marechal Hermes da Fonseca.

As peças vieram desmontadas da Alemanha, em cinco mil caixotes, transportadas por navios e desembarcadas num cais especialmente construído para esse fim no local, onde os seus restos podem ser vistos até hoje.

A obra foi inaugurada como Forte de Copacabana em 28 de setembro de 1914 pelo então presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca. A fortaleza foi considerada, à época, a mais moderna praça de guerra da América do Sul e um marco para a engenharia militar de seu tempo.

Ao contrário do que muitos acreditam, a Igrejinha de Copacabana só foi demolida após a construção do Forte. Ela foi desapropriada por um decreto do dia 20 de março de 1918 e demolida no mesmo ano. A imagem de Nossa Senhora de Copacabana foi recolhida pela família Tefé à sua residência em Corrêas, Petrópolis. O fundador e a data em que a Igrejinha foi edificada ficaram perdidos no tempo. Sabe-se apenas que era antiqüíssima. Já em 1732 o bispo frei Antônio de Guadalupe, estando a ermida em ruínas, ordenava consertos no seu telhado, paredes e alpendres.”

Ocupando uma área total de 114.169 m2, o Forte de Copacabana, inaugurado em 1914, era então considerado a mais moderna praça de guerra da América do Sul. Construído em forma de casamata, com 40.000 m2 de área e 12m de espessura em suas paredes externas, o Forte contava com canhões alemães Krupp, alojados em cúpulas encouraçadas e móveis. Dotado de usina elétrica própria, depósitos de víveres e munição, refeitório, cozinha, alojamentos e enfermaria, serviu como unidade de Artilharia e foi palco de acontecimentos importantes de nossa história, como o "Dezoito do Forte". Atualmente abriga o Museu Histórico do Exército, aberto diariamente à visitação pública. Também faz sucesso uma filial da Confeitaria Colombo.


Curiosidades dos primeiros tempos do Forte de Copacabana:

- O primeiro comandante do Forte foi o Major Antonio Carlos Brasil, que, no entanto, faleceu em 1912.

- Em 1913 houve um escândalo, pois “foi recebido e aplicado em uma fortaleza, material que posteriormente se reconhece ser imprestável”. Referência à importação feita da Casa Krupp de canhões e fuzis.

- Em 1914 foi nomeado comandante o Major Marcos Pradel de Azambuja.

- Como no dia 1º de Setembro de 1914 haveria a experiência da artilharia do Forte foi emitido aviso para os vizinhos de Copacabana e Ipanema deixaram portas e janelas abertas devido ao estampido dos grandes canhões.

A foto mostra a solenidade de comemoração do 26º aniversário do Forte de Copacabana. Ao fundo podemos observar o prédio do Cassino Atlântico, onde anos depois funcionou a TV Rio.


Os canhões do Forte de Copacabana.

Estas fotos, outrora mostradas ao saudoso comentarista General Miranda, geraram a seguinte resposta:

"Ilustre Sr. Gerente do sítio Saudades do Rio, comovido, vejo encherem-se os olhos de lágrimas e redobrada é a honra por ver fotos dos tempos em que os companheiros de farda tinham admirável espírito cívico e porte moral invejável, algo em falta no momento atual.

Quando já não se veem manifestações, em tempo, de certo e especial respeito e instinto de conservação para com os marcos artísticos ou repletos de tradição, é um deleite ver a memória da cidade aqui exposta diariamente.

Lamento o quanto foi impiedosamente destruído para construir, muita vez, um novo sem alma e sem estilo. Por isso, nossa cidade encontra-se desfalcada de muitas construções (e de tradições, como as paradas militares do Dia da Pátria), que poderiam refletir e documentar fases de épocas pretéritas ou manifestações do belo.”

Como é do conhecimento do público do "Saudades do Rio", o General Miranda foi covardemente assassinado pelo dono do salão "Fleur de La Passion", o Tutu La Minelli, atualmente escondido naquela estranha cidade do Sudeste.

20 comentários:

  1. Bom Dia! Como quase sempre vou acompanhar os comentários. Talvez algum sumido ou sumida hoje reapareça.

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  2. Bom dia. Xará, tô na fila também. Senta que lá vem história. Mas fato é que o nosso Forte hoje, não tem mais atividade bélica, sendo o espaço destinado a Museus, restaurante e na área externa vez por outra serve de exposição de carros antigos, Bodes Velhos.
    Mas a administração ainda continua nas mãos do exercito.

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  3. Esse tipo de instalação castrense já estava se tornando obsoleta diante do advento da aviação, mas louve-se a excelência das instalações e do material empregado. O evento de 1922 foi o início do "Tenentismo", movimento originário da "baixa oficialidade" e que causou consequências por quarenta anos. A foto 4 mostra soldados no período do "Estado Novo" envergando indumentária ainda inspirada na Missão Militar Francesa de 1906, realidade que mudaria em 1942.

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  4. Quando de meu alistamento militar, foi designada a minha apresentação para o Forte de Copacabana. Lá chegando, havia uma pequena multidão de jovens e dentre tantos, um homossexual maluco que reputo até mesmo corajoso, usando vestimentas femininas. Ao avistarem aquela figura destoante dos demais que atraía olhares, comentários e risos, dois soldados chegaram perto do estranho ser e falaram em altos brados: "você está achando que vindo aqui com essa roupa, vai escapar de servir o Exército? você servirá e será nossa mulherzinha aqui dentro!". Foi uma gargalhada geral. Jamais esquecerei deste episódio hilariante.

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    1. Nos anos 70 recebi o meu CAM carimbado por "excesso de contingente" em um anexo do forte de Copacabana na Francisco Otaviano.## Naquele tempo a pederasta e o homossexualismo eram duramente reprimidos nas FFAA. Mas hoje em dia existem até transexuais. Será que Ronaldo Fenômeno, Alexandre Frota, o cantor Anderson do Grupo Molejo, e Pablo Vittar, "sentaram praça" no Exército?

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  5. A lembrança da infância.o jornal avisava quando os canhões do Forte seriam acionados para que as vidracas dos prédios ficassem abertas e não quebrassem pelo sopro.

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  6. Olá, Dr. D'.

    Excelente aula sobre o forte. Estive "fora" durante a semana por motivos alheios à minha vontade. Voltarei aos poucos, já me atualizei com as outras postagens.

    Estive no forte por causa das exposições de carros algumas vezes.

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  7. Uma armada que viesse do sul seria avistada primeiro pela guarnição do forte São Luís, que daria aviso ao forte de Copacabana. Daí para a frente, srria bombardeada por esses dois fortes. Se viesse pelo norte, acho que o primeiro embate seriaccom o Imbuhy (não sei se o São Luís tem visão para o norte).

    Conforme fosse progredindo, os fogos seriam desfechados pelo São João, Laje, Santa Cruz e Gragoatá.

    É claro que dependeria da época do ataque, pois nem todos eles são contemporâneos. Poderia até enfrentar o São Januário.

    Se a invasão viesse pelo interior, teria os fortes de Campinho e as baterias de Irajá.

    Devo ter esquecido alguns.

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    1. Jean Leclerc invadiu o Rio de Janeiro através de Guaratiba em 1710 descendo por Curicica, Jacarepagua, e pela serra dos Pretos Forros, em 1710. Chegaram a pedir resgate mas foram capturados.

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    2. Na Estrada da Matriz, um pouco antes da Estrada da Ilha, em Guaratiba, a Igreja Salvador do Mundo foi construída acima de uma pequena montanha. Historiadores dizem que o motivo foi para servir de visualização caso houvesse uma nova invasão, como a ocorrida pelos franceses décadas antes.

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  8. Lembro quando criança passando de carro em frente a TV Rio e ver os humoristas e artistas conversando descontraidamente, debruçados nas varandas da face voltada para a Rua Francisco Otaviano.

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  9. Não sabia que a igrejinha ainda não tinha sido demolida quando começou a construção do forte.

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  10. Apesar dos dias de sábado neste blog tradicionalmente serem reservados para as postagens conhecidas como "Fundo do Baú", hoje temos uma especialmente interessante sob o ponto de vista histórico/cívico/militar. Algumas curiosidades sobre o tema:

    1) Até o ano de 1958 o Forte de Copacabana fazia parte do GACOs (3° Grupo de Artilharia de Costa). Durante um certo período era um dos objetivos dos jovens que iriam cumprir o serviço militar obrigatório mas não moravam dentro da jurisdição dos quartéis semelhantes. Muitos declaravam residir em bairros da zona sul para tentar a admissão nesses quartéis pela fama de menor severidade em suas atividades. Ficaram conhecidos como "soldadinhos zona sul". Alguns artistas ou músicos, mais ou menos famosos, serviram nessas unidades. O cantor Wilson Simonal e o baterista brasileiro radicado nos EEUU, Joâo Palma, são dois exemplos.

    2) O fato histórico mais conhecido nessa unidade foi o movimento revoltoso chamado "Os Dezoito do Forte" que, segundo um dos seus integrantes, o então tenente Eduardo Gomes, em entrevista para a televisão muitos anos depois, declarou que na verdade eram doze. Questionado por não ter esclarecido o fato nos anos pretéritos, disparou: "Mas até hoje ninguém me perguntou..." O curioso é que de fato há uma certa dificuldade na contagem (e na identificação) dos elementos que compuseram a marcha "heróica" quando se examina a foto mais icônica do episódio.

    3) Outro evento, esse menos "heróico", ocorrido nessa conhecida unidade do exército foi durante o golpe militar de 1964 que ficou conhecido como "episódio da bofetada" quando o Forte foi invadido pelo coronel César Montagna que teria agredido um sentinela. Controvérsias à parte o link a seguir aborda o episódio. https://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_de_Copacabana

    4) E por último, mas não menos curioso, vale registrar outro fato ocorrido dentro das instalações do Forte, no caso no centro de disparo de sua arma de maior calibre, o canhão 305. No final dos anos '50 o espetaculoso mas competente apresentador televisivo Flávio Cavalcante resolveu fazer uma matéria reproduzindo o disparo da tal peça. Tive a oportunidade de assistir essa apresentação e testemunhar o pavor que tomou conta do apresentador momentos antes do tiro. Para quem não estava acostumado com essa prática deve ter sido assustador mas para quem assistia foi hilário e inesquecível.

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    1. Correção em tempo: Acho que ando sonhando com os velhos tempos do Fundo do Baú... Isso poderia explicar a troca de dia no comentário. Mas vão dizer que é a idade ou, os mais gentis, a sonolência da manhã. É...Também pode ser.

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  11. Nos últimos 10 anos, sempre visitei o Forte Copacabana pelo menos uma vez ao ano. Geralmente levo familiares vindos dos EUA e da Europa a fazer esse passeio: Vindo do Túnel Rebouças, circulando a Lagoa, indo ao Jardim Botânico, depois chegando no Mirante do Leblon, apreciar a vista, tomar uma água de coco e fazer uma lanche, dali partir pela orla de Ipanema, Copacabana, até chegar ao Forte. Visitar o Museu, beliscar algo na Colombo (quando tem vaga) e admirar a bela vista, e finalizar na Lagoa Rodrigo de Freitas, num daqueles quiosques e saborear a vista e uma picanha na pedra, ficando até a noite.

    É um passeio que não tem erro, todos gostam e quando voltam, querem bis.

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  12. Ao ver a primeira foto, por um instante pensei na construção da usina nuclear.
    As lajes em arco reduzem os efeitos dos ataques por bomba.
    Além dos aviões, com o advento dos mísseis e outras máquinas voadoras autônomas, em qualquer lugar do planeta mais do que nunca só sobra o subsolo para tentar se proteger.

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  13. Esqueci de falar do Forte da Conceição, em cima do morro de mesmo nome, no bairro da Saúde. Inaugurada em 1718 e ampliada algumas vezes ao longo dos anos, era a terceira melhor artilhada fortaleza, suplantada apenas pelas de Santa Cruz e São João. Mas tendo sido erguida nos terrenos da Mitra, vizinha ao Palácio Episcopal, o bispo da época reclamou que as salvas dos canhões abalavam a estrutura do palácio e perturbava os exercícios espirituais dos religiosos. De lá para cá, a fortaleza nunca mais atirou. sendo desarmada na década de 1830.

    Portanto, essa história de os tiros afetarem a vizinhança já vem de longa data.

    Informações resumidas da Wikipedia.

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  14. O Exército deixou um legado no Rio de instalações fora do uso precípuo, ou semi utilizados, que são alvo de grandes especulações. Alguns exemplos: a Marambaia, que é cobiçado pela turma da área de resorts pra turismo; a Escola Comando Estado Maior de Realengo, que daria um grande shopping ou um conjunto habitacional de padrão médio, a exemplo do que já está sendo construído na antiga fábrica de cartuchos; e o Forte de Copacabana, por razões óbvias de turismo. Honestamente, acho que é melhor continuar nas mãos dos milicos mesmo...

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  15. Grande comentário do Gal. Miranda!!! Saudades desse tempo e da nossa última ida ao Forte, com o Richharrrrrrd...

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  16. Alias em idos tempos levei o DI LIDO e senhora, ao alto do Forte do Leme onde fica o Pavilhão Nacional hasteado. Fato é que para a subida do CONDE, o comando teve que fornecer uma Kombi para transportar tamanha autoridade. Já lá no topo acompanhei-os a visita do Museu e o DI LIDO tirou fotos de Copa visto de cima. Foi uma tarde épica para mim e minha esposa recebe-los no Forte. Muita história naquele local.

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