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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

FÁBRICA ALIANÇA





Revisitando, com fotos do álbum do Centenário da Independência, a Fábrica Aliança, construída na década de 80 do século XIX e que foi desativada em 1937. Ficava em Laranjeiras, na região da atual Rua General Glicério. Contava com mais de mil funcionários. Com a desativação da fábrica toda a região foi loteada, se transformando num dos melhores recantos da cidade, com um urbanismo muito interessante.

Como já contou o Decourt, com o fechamento da fábrica o enorme terreno foi transformado num loteamento conhecido como Jardim Laranjeiras, sendo o responsável por isso o último proprietário da manufatura, Severino Pereira da Silva, que vislumbrando o alto valor fundiário das terras onde a fábrica se encontrava achou melhor negócio encerrar as atividades industriais e iniciar as imobiliárias.

O conjunto edificado mais marcante do novo loteamento é o conjunto de prédios ao longo da Rua General Glicério após a Praça Jardim Laranjeiras. São edifícios altos afastados um dos outros, deslocados de junto da via pública por jardins e acessos para carros e já com forte flerte no modernismo.

A lembrança deixada da enorme fábrica que existia no local é o conjunto edificado na Rua Cardoso Júnior, com casas que faziam parte da vila operária da Companhia Fiação e Tecidos Aliança, como aliás acontece em vários lugares da Zona Sul, onde as vilas operárias são as guardiãs de um pouco conhecido passado industrial de vários caros endereços.

Tia Nalu, enviou o anúncio do lançamento da Cidade-Jardim Laranjeiras, publicado n´O Globo em 15/01/1945: "Mande construir a sua casa na verdadeira cidade que está surgindo em Laranjeiras - o bairro mais pitoresco do Rio! Adquira um dos terrenos que a Cia. Textil Aliança Industrial está loteando na CIDADE-JARDIM LARANJEIRAS. Excelente situação entre a montanha e o mar. Clima saudável como o de Petrópolis. Próximo à Praia do Flamengo, permitindo a frequência diária aos banhos de mar e nas imediações do Largo do Machado onde se encontram bons estabelecimentos comerciais e casas de diversões. A CIDADE-JARDIM LARANJEIRAS será ligada a Botafogo - através do futuro Túnel Aliança - pela rua General Glicério, a nova artéria carioca, o que representa uma valorização crescente para todos os lotes localizados nessa área e uma sólida garantia para o capital empregado. Aproveite a grande facilidade de pagamento que a Cia. está oferecendo a todos os compradores e estabeleça a sua moradia num lugar aprazível, futuroso e dotado de todas as comodidades."

Tia Nalu também enviou trechos de um texto publicado na Folha da Laranjeira (junho 1980), de autoria de Jorge Tadeu B. Leal.

“E foi assim até o século XIX, mais precisamente em 1886, quando os sintomas da revolução industrial aqui se faziam sentir - foi instalada, no atual Jardim Laranjeiras, a Fábrica de Tecidos Aliança. A fábrica funcionou quase cinquenta anos (de 1886 a 1937)". E o autor se serve da memória de um antigo morador, o Sr. Ciro de Farina, para "percorrer" o antigo panorama do local: "Entrando-se pelo portão de ferro da fábrica, localizado a 80m do início da Gal. Glicério, tinha-se à direita um muro que seguia monotonamente até hoje onde começa a Belizário Távora. Na área atrás do muro havia uma cocheira, onde nos fins do século passado funcionava o Hotel Metrópole.

(…)

No lado esquerdo da chamada Rua Aliança, moravam em grande maioria os chefes de serviço da fábrica, em casas reforçadas de alvenaria.”

12 comentários:

  1. "Região fora da minha área de jurisdição. Vou acompanhar os comentários".

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  2. Olá, Dr. D'.

    Dia para acompanhar os comentários.

    Uma característica das fábricas era a construção de vilas para seus operários.

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  3. Que anúncio 171, hein? Desde quando a General Glicério fica perto da Praia do Flamengo e do Largo do Machado? Parece certos anúncios de edifícios daqui do Engenho Novo que são anunciados como se fossem situados no Grajaú ou Méier. O que também ocorre em anúncios no Cachambi, citando Méier. Aqui perto de casa tem um conjunto de nome Vivendas do Méier. Vade retro, 171!

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    1. Encantado virou Méier, Catumbi virou Santa Teresa, Praça da Bandeira virou Tijuca, e a "região Olímpica" virou Barra da Tijuca...

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  4. Lembra-me minha enteada, que comprou um apartamento no conjunto do Pan-Americano e diz que mora na Barra da Tijuca. Para mim, ali é ou Gardênia Azul ou Cidade de Deus. Alguém sabe com certeza?

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    1. Seria Gardênia. Assim como tudo na Ayrton Senna dali até chegar na Linha Amarela.

      Da mesma forma que muito condomínio e shopping "da Barra" na Abelardo Bueno, que ficam oficialmente em Jacarepaguá.

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    2. No sentido oposto, uma parte CDD e outra Jacarepaguá. Engloba os recentes CT's de Vasco e Fluminense.

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    3. A Vila do Pan comercializa apartamento pelo módico valor de 250 mil reais, uma "pechincha", já que além de uma edificação erguida sobre um areal temos "ilustres vizinhos": de um lado o tráfico na CDD e de ou a milícia da Gardênia Azul. ## Um "especialista" foi objetivo e dirimiu sua dúvida "com louvor" nos comentários das 11:33 e 11:37.

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  5. Já tinha visto estas fotos em preto e branco mas ficaram ótimas colorizadas. Era uma construção imponente que ocupava um terreno enorme. Sempre fico impressionado em ver que antigamente havia a preocupação de se criar vilas operárias dando uma moradia digna para o trabalhadores. A fábrica Bangu, uma outra que foi publicada aqui no Rio Comprido, outra perto do Horto e por aí vai.

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  6. Quanto a vilas operárias, conheço as casas no entorno da antiga fabrica Confiança, em Vila Isabel, e as de rua Duquesa de Bragança, no Grajaú, no entorno da antiga América Fabril.

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  7. Bom dia a todos. A indústria de tecelagem, foram ao longo dos anos após a sua instalação no Brasil obsoletadas tanto pela falta de renovação do maquinário, quanto pela baixa produtividade operacional. Como principalmente no Rio de Janeiro, suas instalações estavam implantadas em áreas que no decorrer do tempo se transformaram em áreas residenciais valorizadas, o forte faro do empresário brasileiro na expansão dos seus lucros rapidamente, desativaram suas fábricas e lotearam o terreno para construção de residências e passaram a viver de renda, não deixando dessa maneira a ter relação com a sua atividade anterior.

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    1. ...viver de renda, não deixando dessa maneira a ter relação com a sua atividade anterior."
      Muito bem sacado !

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