O Rio já teve inúmeros projetos que não se realizaram. Há 100 anos, durante o governo de Carlos Sampaio, foi pensada a abertura da Avenida da Independência e a construção do Palácio do Congresso.
Houve um concurso internacional, a pedido da Câmara dos Deputados, e o vencedor foi o projeto do arquiteto Heitor de Melo. A localização seria no Campo de Santana.
Esta perspectiva está
fora de escala, ao fundo vemos o Canal do Mangue, após a Praça XI.
Vemos acima o esboço do que seria o Palácio do Congresso.
A Avenida Independência seria uma das primeiras ideias do que seria décadas para frente a Av. Presidente Vargas.
O “Correio da Manhã”,
em 1920, noticiava a ideia do Prefeito Carlos Sampaio de construir a “Avenida
da Independência”, cujo traçado partiria da Av. Rio Branco, passando pela Rua
Senhor dos Passos, que seria alargada. Daí, pelo Campo de Santana, seguiria
pela Rua São Leopoldo (atual Rua Julio do Carmo), visando alcançar as fraldas
do Morro do Andaraí.
Logo depois do anúncio do
Prefeito, “Na Associação Commercial reuniram-se os proprietarios, commerciantes
e locatários de prédios situados na área a ser desapropriada. Presidiu a
reunião o Sr. Mario Ramos, que leu o memorial que vae ser dirigido ao Prefeito,
protestando contra a idéa daquelle emprehendimento, sob a allegação de que virá
concorrer para aggravar a crise domiciliar.”
Em 1921 foi lançada à Rua Buenos Aires, a pedra fundamental do primeiro edifício que iria ser construído à Av. da Independência, a ser inaugurada em 1922. O prédio era de propriedade da firma Macedo Serra & C., teria três andares, ocupando terrenos até à Rua Senhor dos Passos, no ponto em que a futura avenida passaria.
A partir daí a coisa foi se arrastando até que em 1928 começaram os anúncios das desapropriações. A loja "À Nobreza", diariamente, publicava anúncios de queimas dos estoques.
A fachada da lona "À Nobreza", na Rua Uruguaisna 95, em 1928. “À Nobreza” entrou com recurso e pediu o adiamento da desapropriação.
A Imprensa noticiava que "À Nobreza", firma de M.D. Ferreira & Cia. batalhava “com verdadeiro estoicismo, procurando dar nesta batalha uma nova vantagem para sua vastíssima clientela, liquidando o estoque.”
O projeto da Av. da
Independência, sejundo o "Correio da Manhã", “vem sendo estudado com muita atenção pois, devido os grandes
interesses em jogo dos proprietários dos prédios que têm que ser demolidos, deve
haver uma conciliação com os interesses da municipalidade”.
Finalmente, em 1928, o projeto foi cancelado.
Havia muito $$$$$ em jogo...
Esse projeto era tão absurdo que se fosse executado traria graves consequências e de forma irreversível ao até então tímido sistema viário da cidade. Se o tal palácio e a avenida tivessem sido efetivamente construídos, o "nó górdio" formado no sistema viário do centro da cidade tornaria o trânsito do Rio o pior dos pesadelos.
ResponderExcluirO Palácio do Congresso lembra algumas construções de Washington.
ResponderExcluirO traçado da avenida lembra muito o da atual Presidente Vargas. Terá sido o traçado desta mais fácil devido a menores desapropriações?
Heitor de Melo foi um grande arquiteto, com projetos como o Castelinho do Flamengo, o HCE, a Câmara dos Vereadores, a 9ª DP, a antiga sede do Jóquei, o Gurilandia, o prédio da Polícia no Centro v
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirEra a época de projetos faraônicos. Lembrando que em paralelo a essa discussão o desmonte do morro do Castelo corria solto com outros interesses envolvidos. Especulando, acho que isso pode ter sido um dos motivos de o projeto não ter ido adiante.
Hoje é dia da escola e aniversário da fusão.
Fusão? Preferia o Estado da Guanabara mesmo sem petróleo.
ResponderExcluirEu também. A Guanabara era uma cidade estado e recolhia impostos municipais e estaduais, sendo portanto um município rico
ExcluirHonestamente, preferia que tivesse continuado como Distrito Federal, sem torrar aquela fortuna no planalto central.
ExcluirSem dúvida seria bem melhor o Rio como capital federal, mas para novos investimentos era preciso evitar que a transferência continuasse na Constituição. Porém eu acredito que foi a bancada carioca, e talvez a fluminense, contra quase todo o restante do Brasil.
ExcluirEnquanto isso quem lembrava disso no Rio provavelmente não acreditava que a mudança saísse do papel. Mas também nenhuma grande obra para os três poderes podia ser realizada por aqui, exceto os ministérios do tempo do Estado Novo, que tinha a sua própria Constituição. E sem Legislativo.
Bom dia Saudosistas. Não tinha conhecimento deste projeto de construção deste Palácio do Congresso e também da Av. Independência. Pelo trajeto dito no texto, a Av. Independência cortaria o Campo de Santana ao meio, derrubaria o prédio da atual Faculdade de Direito do Largo do Caco, passaria ao lado da Igreja de Santana, anteciparia a demolição da R. Benedito Hipólito. O prédio Palácio do Congresso, seria construído em uma das partes da divisão do Campo de Santana.
ResponderExcluirO interessante é que a transferência da capital para o Planalto Central já estava prevista desde a Constituição 1891 ou até antes, sendo que equipes enviadas pelo governo, já tinham demarcado local com marcos territoriais, naquele início do século 20. Posteriormente as constituições de 1934 e 1948 apenas confirmaram a ordem para transferir o Distrito Federal.
ResponderExcluirSó não consigo saber se constitucionalistas cariocas tentaram reverter essa inclusão, antes da promulgação.
Seguindo no teu "gancho" é bem provável que o abandono do projeto da construção da avenida e do palácio ocorreu em função da transferência da capital, bem como também de outros intere$$es em jogo...
ExcluirA transferência da capital só se concretizou na segunda metade dos anos 50, bem depois de este projeto ser engavetado.
ExcluirA Presidente Vargas saiu do papel no final dos anos 30 / começo dos 40 porque a realidade era outra, com governo autoritário e interesse em arrasar o bairro judeu na Praça XI.
Em tempo, o projeto abortado com a transferência da capital foi o do "novo prédio do senado", já postado aqui, salvo engano.
ExcluirSim, Augusto, mas o projeto da transferência da capital para o planalto remontava do final do séc xix. Já se sabia que a qualquer momento o Rio perderia o status de capital, no qual não se valeria a pena investimentos de nível federal. Não se queria gastar velas com o morimbundo. Bem, é um exercício de suposições...
ExcluirTudo indica que a projetada Av. Independência seria no mesmo lugar da posteriormente construída Av. Pres. Vargas, porém as demolições para a área a ser ocupada pelo Palácio do Congresso e sua praça é que seriam muito maior com o Campo de Santana lá atrás.
ResponderExcluirNão é possível ter certeza da localização exata porque não consegui identificar na primeira ilustração nem o Ministério da Guerra, nem a Estação da Central, que só posteriormente teriam novos edifícios.
Paulo supondo uma linha reta da R. Senhor dos Passos (não confundir com Av. Passos) até a R. Júlio do Carmo, o traçado desta Avenida passaria pelo centro do Campo de Santana (área antiga a construção da Av. Pres. Vargas, demoliria o atual prédio da Faculdade Nacional de Direito, talvez passasse ao lado da Igreja de Santana, cortaria uma parte da Fábrica da Brahma na Marques de Sapucaí, e os fundos do Quartel da PM, o lado impar da R. Benedito Hipólito até chegar na R. Júlio do Carmo
ExcluirApesar de muita gente cultuar Juscelino Kubitschek como um "grande presidente", não há como negar que ele foi o principal responsável pela decadência do Rio de Janeiro. Brasília foi construída à custa de muita corrupção e desvio de dinheiro público, dinheiro esse oriundo dos diversos fundos de pensão que foram "pilhados" em uma ação que foi repetida quase 40 anos depois por um presidente dez vezes pior. Brasília era o "sonho de consumo" de inúmeros empreiteiros e políticos. Além disso J.K foi o responsável pelo sucateamento do belo sistema ferroviário que o Brasil dispunha. Eram 17 ferrovias particulares que foram privatizadas e reunidas sob administração federal com o nome de R.F.F.S.A.
ResponderExcluirQuase 40 anos depois foi a época da chamada Privataria Tucana.
ExcluirSobre judeus, a má vontade com esse povo não foi só no Brasil do Estado Novo de Vargas. Filmes americanos mostram que nos EUA aconteciam discriminações naqueles tempos.
ResponderExcluirJá sobre o entorno Praça XI, acho que a vontade da ditadura Vargas era afastar todo tipo de povo que habitava e frequentava a região.
Os judeus são perseguidos porque mataram Jesus.
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