Esta fotografia é de autoria do JBAN, feita para um trabalho escolar nos anos 70. Foi colorizada pelo Conde di Lido, ainda em seu período inicial como colorizador.
Vemos o Colégio Andrews na Praia de Botafogo nº 308, no prédio que passou a
ocupar em 1926.
Inicialmente o Colégio Andrews, fundado em 1918 por Isabella Robinson Andrews
(que, em 1920, associou-se à família Flexa Ribeiro), funcionava no solar do
Visconde de Sousa Franco, ministro do Império, onde existiu o Clube
Guanabarense (que deu origem ao Botafogo de Futebol e Regatas) e, em 1907, foi
fundado o Automóvel Clube do Brasil.
O bairro de Botafogo sempre abrigou numerosos colégios tais como o Abílio (no palacete
do Barão de Alegrete), o Aldridge (na Praia de Botafogo), o Resende (na Rua
Bambina nº 134), o São Fernando (na Rua Marquês de Olinda), o São Pedro de
Alcântara (na Praia de Botafogo), o Juruena (no nº 188 e depois no nº 166 da
Praia de Botafogo), o La-Fayette (na Praia de Botafogo), o Santo Inácio (na Rua
São Clemente nº 226), o Pedro II (na Rua Humaitá nº 80), o Anglo-Americano (na
Rua General Severiano, antes na Praia de Botafogo), o Cruzeiro, o Imaculada
Conceição (também na Praia de Botafogo), o Guanabara, o Israelita Brasileiro A.
Liessin, o N. S. de Lourdes (na Rua São Clemente nº 438), o Padre Antonio
Vieira (no Humaitá), o Princesa Isabel (do nosso Rafael e do nosso Decourt), o
Santa Rosa de Lima (na Rua Voluntários da Pátria nº 110), o Santo Amaro (na Rua
19 de Fevereiro), o N. S. das Vitórias (na Rua D. Mariana), o Jacobina (na Rua
São Clemente), o São Patrício (na Rua Visconde Silva), o Brasil-América (na Rua
das Palmeiras, que depois virou uma das unidades do Princesa Isabel), o Ginásio
Brasil (na Rua São Clemente, entre as
ruas das Palmeiras e Matriz, a Escola Joaquim Nabuco (frente para a Rua Dona
Mariana e fundos para a Sorocaba), a Escola México (na Rua da Matriz), o
Colégio Rebeca (Rua Real Grandeza, esquina com a Miranda Valverde); a Escola
Alemã Corcovado ( na Rua São Clemente, ao lado da Prefeitura); a British School
(Real Grandeza, entrada pela Igreja Anglicana), entre muitos outros.
A foto é de 1975. A Volkswagen dominava o mercado. Todos os carros na foto são
VW. O Passat havia acabado de ser lançado e vemos um exemplar novo em folha
estacionado na frente do Colégio.
O antigo ônibus do Colégio Andrews, na Praia de Botafogo.
Segundo a tia Milu, ex-aluna do Andrews, o colégio foi fundado como
Curso Andrews, por Mrs. Andrews e Alice Flexa Ribeiro, com a proposta inovadora
de acolher e favorecer o convívio de meninos e meninas de famílias de diferentes
credos.
Ao lado do colégio, vemos o palacete que foi demolido nos anos 50 para a
construção do prédio dos cinemas Coral e Scala.
Outra ex-aluna, a Cristina Coutinho disse: “Apesar de ter terminado o secundário ainda na década de 60 e a foto colorida ser da década de 1970, ainda assim, este é o Andrews tal e qual eu frequentei. Fiz somente o segundo grau nesta escola mas ela me deixou três lembranças muito marcantes na figura de inesquecíveis professores: Luiz Alfredo Garcia-Rosa, de Psicologia e pelo qual as alunas eram gamadas (pra usar terminologia da época), além de ser excelente professor; Pimenta de Moraes, de Português, com quem num único ano, 3° clássico, aprendi tudo que até então era mistério, inclusive o uso da crase, que nunca mais esqueci; Manuel Mauricio de Albuquerque, de História, o mais fantástico professor que já conheci. A foto me deu a oportunidade de prestar homenagem a maravilhosos professores desta casa que primava por ter excelente corpo docente.”
Nosso prezado Conde di Lido, também ex-aluno comentou: “O Andrews tinha
algumas vantagens que considero importantíssimas: era um colégio democrático,
aberto a todos os credos, linhagens e, principalmente, misto. Ser misto é
importantíssimo. Os homens precisam aprender, desde cedo, a conviver com as
dificílimas mulheres...
Para o Andrews iam os filhos de desquitados, de mães solteiras, os judeus, os
orientais, os negros e outras minorias malquistas pelos colégios católicos da
época.
Aluno de primeira linha do Colégio São Vicente de Paulo, desconhecendo o que
era não passar por média, fui transferido para o Andrews para cursar o 3º ano
ginasial. Mantendo o ritmo de estudo que tinha no São Vicente acabei por, já no
meio do ano letivo, estar praticamente reprovado. Até o final desse ano fiz um
esforço hercúleo de recuperação. Consegui êxito em tudo salvo em Matemática
que, por um décimo de ponto, obrigou-me a repetir o 3º ginasial.
Dos professores guardo lembranças que variam da emoção ao ódio. Os ligados ao
ódio, cujos nomes fiz questão de esquecer, foram o de Matemática, que me negou
aquele décimo de ponto, e uma de História que ganhou de presente da turma um
quilo de açúcar no tanque de gasolina do seu fusca. Foi o maior barraco! Teve
que jogar o motor no lixo.
Lembranças terríveis de Mme. Jacobina, de Francês, severa, mas justa. Lembranças do professor de Desenho Arthur Sette, que fumava seu Minister como se saboreasse um sorvete. Lembranças do Garcia-Roza, de Literatura, hoje sucesso como escritor, do professor de Ciências, um senhor já em fim de carreira cujo nome me falta – Moura, talvez - a mais doce das criaturas, do Professor Leontsinis de Geografia, de um professor de Inglês, negro e amputado de uma perna, cuja maior alegria foi passar no exame para motorista.
O Andrews era assim. Dirigido pelo Prof. Flexa Ribeiro e sua família, era um
local que privilegiava a liberdade com responsabilidade. Não tinha uniforme,
podia-se fumar (no pátio), namorar, entrar e sair a qualquer hora.
Uma coisa apenas nos era exigida: resultado.”
Em certo momento o Andrews se mudou para esta casa na Rua Visconde Silva, em Botafogo, e, mais modernamente foi construído um enorme edifício para o colégio neste local.
Consta, também, que o Andrews teve, lá atrás, umas turmas funcionando em Copacabana, na Rua Bolivar.
O prédio da Praia de Botafogo é agora ocupado por uma escola do Grupo pH.
Um dos destaques do Andrews era o TACA, grupo de Teatro Amador do Colégio Andrews, onde "os alunos eram estimulados a expressar-se criativamente, a relacionar-se com suas dificuldades e inseguranças, aprendendo a conviver com elas e até mesmo a vencê-las, fortalecendo sua autoestima."
Destaque no Andrews também foi a esposa do nosso caríssimo Candeias, Quando do falecimento dela, a "tia Regina", queridíssima pelos alunos, o “site” do Colégio Andrews publicou a seguinte nota: “De coração apertado, comunicamos a perda de nossa querida Regina Andrews. Regina era neta de Mrs. Andrews, fundadora do Colégio. Ex-aluna, fez parte da Equipe Pedagógica e ajudou a construir a escola que temos hoje. Somos muito gratos pela sua contribuição. Uma pessoa alegre que sempre compartilhou com todos seu sorriso e bom humor contagiante.”
É mesmo impressionante a quantidade de colégios em Botafogo embora boa parte dos citados já tenha fechado. Mas há outros não citados como o Our Lady of Mercy.
ResponderExcluirO Andrews realmente era reconhecido como bom colégio e há muita gente conhecida que estudou lá.
Boa lembrança dos tempos do Coral e do Scala, que junto com o Ópera faziam um bom trio de cinemas da praia de Botafogo. Ou quarteto se incluirmos o Guanabara.
Era um trecho de belas mansões, como a embaixada argentina, além da icônica Sears, que se transformou num trecho de prédios altos e sem muita graça.
Sim, fui professor de Biologia no Our Lady of Mercy quando Charles Lyndaker era o superintendente. Grande pessoa e a escola era muito boa!
ExcluirBiology? I remember Chemistry with Mr. Lake.
ExcluirSounds like too long ago...don't remember that name or there being a Chemistry class for that matter...I was there from 1983-86.
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirDia de acompanhar os comentários.
A referência que eu tinha do Andrews era o Edgard Flexão Ribeiro participando dos debates na antiga rádio Globo, mais pronunciadamente no programa do Haroldo de Andrade.
"Flexa Ribeiro". Culpa do corretor automático...
ExcluirO Conde di Lido tem razão em seu comentário ao dizer que o Andrews acolhia a todos. Até ele foi acolhido. Formidável.
ResponderExcluirEu estudei no Virgem de Lourdes. Foi o único colégio de freiras que deixou de ser virgem … virou Nossa Senhora de Lourdes.
ResponderExcluirMuita gente famosa estudou no Andrews: Tom Jobim, Djenane Machado, Alberto Dines, Gabriel Pensador, Norma Bengell, Maria Lucia Dahl, Marcos Szpilman, Drica Moraes, Marisa Monte, Saturnino Braga, Cristiane Torloni, Alfredo Sirkis, Bernardinho, Clarice Lispector, Beth Carvalho. E muitos desconhecidos como eu.
ResponderExcluirNão sabia que o Alfredo Sirkis foi ao Andrews, ele era aluno no Aplicação onde foi formado o grupo subversivo.
ExcluirFaltou nessa relação o Colégio Santa Rosa de Lima, situado na Rua Voluntários da Pátria, do qual fui vizinho nos anos 60. Flexa Ribeiro foi o candidato de Lacerda nas eleições de 1965 e um de seus comitês eleitorais ficava na Praia de Botafogo quase na esquina da Voluntários de Pátria. Eu me lembro das "flexinhas douradas" oferecidas como brinde e que eram usadas como broche por muitas professoras. Negrão de Lima acabou saindo vitorioso naquela campanha. Naquele tempo as escolas públicas também eram de excelente qualidade. Infelizmente o que se vê atualmente é um grande número de donos de escolas "com assento nas casas legislativas dos três níveis", o que pode explicar em parte a razão do sucateamento do ensino público no Brasil, em uma lógica semelhante àquela existente na presença de "donos de hospitais e representantes de operadoras de planos de saúde no Congresso Nacional ser diretamente proporcional ao sucateamento da saúde pública no Brasil. Um exemplo clássico de um desses personagens deletérios permanece há mais de quinze anos como deputado federal, ocupou o cargo de Secretário de Transportes no governo de Sérgio Cabral, e foi o principal responsável pela tragédia ocorrida em 2011 com o bonde em Santa Teresa, tragédia essa que "aparentemente" teve o objetivo de paralisar e erradicar o sistema, e que incrívelmente teve apontado como responsável o motorneiro, que acabou sucumbindo no acidente.
ResponderExcluirTrabalhei em 1995 no edifício ao lado do antigo Andrews. Lembro que embaixo desse edifício tinha um Mcdonalds, ao lado dele tinha um boteco pé-sujo e mais ao lado tinha um cinema onde a predominância era de filmes eróticos.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Meu filho fez o Jaridim II no Cruzeirinho em Botafogo no último ano de funcionamento, depois o Cruzeirinho se integrou ao Cruzeiro da R. Carlos de Carvalho. Nesta listagem do texto, observamos a quantidade de colégios que deixaram de existir em Botafogo, bem como também em toda a cidade.
ResponderExcluirBom Dia ! Ainda pouco soube que onde foi o São Jorge de Cascadura será construído um grande complexo escolar.
ResponderExcluirO local do "São Jorge de Cascadura" era onde havia o "rodo" do bonde Cachambi, cuja circulação foi suspensa em Março de 1965.
ExcluirJoel, o Santa Rosa de Lima foi citado. Não poderia esquecer, pois minha primeira namorada foi aluna de lá.
ResponderExcluirCabe um registro do porteiro Paulinho, que deve ter trabalhado no Andrews por uns 50 anos. Em 1993, quando estudava na unidade de Botafogo, ele ainda estava lá. Grande figura.
ResponderExcluirEsse Grupo pH também tem uma unidade na Marquês de Olinda e provavelmente é o mesmo casarão do antigo Colégio São Fernando, listado acima.
ResponderExcluirE agora tem como vizinho o novíssimo prédio da Mackenzie.
Dos cinemas ao lado do Andrews só lembro de ter assistido no final de 1980 o A Vida de Brian, do Monty Python.
Devido aos motivos já citados no meu comentário anterior, a mensalidade de um colégio particular de um nível razoável custa um fortuna, sendo impossível para uma família de recursos medianos manter um filho nessas instituições.
ResponderExcluirO Passat, que segundo os entendidos foi o primeiro com um motor com potência melhor do que as "carroças" anteriores, na foto 1 é de 4 portas, o favorito de 9 entre 10 iraquianos nos anos 80.
ResponderExcluirE acho que esse modelo só passou a ser fabricado alguns anos depois do 2 portas.
Tive um Passat. Amarelo!
ResponderExcluirGostei muito.
Grande resgate. Nada a acrescentar ao comentário que fiz à época, reproduzido acima. Grandes saudades do colégio.
ResponderExcluirFui aluno 1960, 61 e 62. A côr do prédio era azul escuro.
ResponderExcluirNesta lista do Silvio a esmagadora maioria desses ex estudantes do Andrews compõe um grupo do que hoje se chama de "progressistas". Assim, pode-se derrubar esse discurso de "conservadores" de que os colégios e universidades federais são viveiros do que eles chamam de "comunistas".
ResponderExcluirSe isso é verdade, trata-se de mais uma prova do grau de hipocrisia dessa ideologia onde se prega a comunização e socialização de bens e dinheiro de terceiros, mas nunca o próprio. É a esquerda caviar.
ResponderExcluirNão vejo ninguém pregar comunização e socialização de bens e dinheiro de terceiros; isso ocorre em pequenos nichos mais radicais. O que eu vejo na maioria é a preocupação com as questões sociais e de meio ambiente, bem como na inclusão de grupos ditos de minoria.
ExcluirHahahahah! Me engana que eu gosto!
ExcluirNinguém sabe o paradeiro do Paraiba e do Claparede, melhores amigos da turma 73 de 1973. A briga deles debaixo do viaduto em frente a escola foi a maior da todas, atraindo dezenas e dezenas de espectadores, até que os inspetores vieram e acabaram com as festividades. Bons tempos.
ResponderExcluirBom Dia !
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