Antigamente era muito comum se mandar cartões-postais e, mesmo não envelopados, chegavam ao destinatário.
O mais curioso é que as mensagens ficavam públicas e parece que ninguém se importava.
A mensagem é: "Rio de Janeiro 26/7/13 Tout bien vous embrasse”. A assinatura está meio ilegível. Enviado há quase há 110 anos. O curioso é o selo estar no anverso, sobre a foto, e não no verso do cartão. No selo vemos Eduardo Wandenkolk, (Rio de Janeiro, 29 de junho de 1838 — Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1902), um militar da Marinha do Brasil, político, ministro da Marinha e senador da República no governo provisório de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Cartão postal tipo "Gruss aus…"ou "Lembrança de…", editdo em 1897, com alegorias "art noveau" e destaque para a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, na Praça XV. À direita, o monumento homenageando D. Pedro I, inaugurado em 30 de março de 1862, na Praça Tiradentes. O texto do cartão, até onde se pode ler, é: Caro Amedeo, spero avrete ricevuto lettera contenente il ritratto di Lello! Presto ci abbraccieremo. Bacia tanto Carolina ed il terzetto! Baci a tutti da tutta (...) tua sorella (...)
A mensagem: "Boa Viagem! José A Boiteux(?) Aux. do Secretário Geral da Conferência Pan-Americana.
Aceita um apertado abraço de |Yayá. 29-11-1905
J.Fora, 10-2-906
Quando aqui for terei prazer em mostra-lhe (...) sua habitação. Aspecto da Avenida em dias de paradas.
Estranho cartão postal de uma paisagem da Glória, com a chaminé da City, o Outeiro e o Mercado ao fundo, mas com uma cena insólita no primeiro plano. No ar vemos um balão, algo semelhante a um Zeppelin com a inscrição "Santos Dumont" e um bondinho tipo o do Pão de Açúcar. Na rua, junto à mureta da Praia do Russel, um tipo de bonde puxado por trator, um ônibus, bicicletas e um automóvel. Casais elegantemente vestidos, senhoras, cena de uma briga (no meio da foto) com alguém jogado ao chão e um chapéu perdido.
A dedicatória é a seguinte:"Amigo Aleixo, estimo saúde e felicidades a todos. Esqueci de elogiar a "cosinheira" que é sua legítima esposa pois o jantar estava muitíssimo bom e a elogio antes tarde do que nunca. Lembranças do teu velho camarada e amigo, Oscar". Entre parênteses, à esquerda, parece estar escrito: (Muito breve lá irei. "Nunca, Oscar"). E, embaixo no centro, está escrito: "Muito cordialmente lá irei. Sempre, Oscar". E ainda há um carimbo de Casa Crystal.
Cartão-postal de Emerson Fittipaldi para Aluizio Lemos, pai do prezado Gustavo Lemos que comentou:
"Em 1968 Emerson Fittipaldi abandonou uma vitoriosa carreira no Brasil para aventurar-se no automobilismo europeu. Este cartão postal enviado para o meu pai em 09/01/1969, mostra o jovem Emerson ainda batalhando para conseguir um lugar ao sol. Disputou sua primeira corrida de Fórmula Ford em 07/04 deste mesmo ano. Teve uma carreira meteórica, chegando à Fórmula 1 no ano seguinte e conquistando sua primeira vitória na categoria em 15/10/1970 nos EUA. A concessionária Puma do meu pai (Lemos & Brentar) era o ponto de apoio aqui no Rio da Equipe Fittipaldi, formada pelos irmãos Wilson e Emerson. O piloto sempre visitava meu pai quando vinha ao Rio e graças a essa amizade assisti a muitas provas de Fórmula 1 do paddock.Emerson abriu as portas do mundo do automobilismo internacional para todos os pilotos que vieram a seguir. Abs, Gustavo".
Há anos não vejo im cartão-postal, exceto aqueles de banca de jornal.
ResponderExcluirFilosofia de boteco: por onde andaram esses cartões? Quem os escreveu? O que significaram para os destinatários? Como se tornaram públicos?
Quem poderia imaginar que cem anos depois estaríamos falando deles?
O do Fittipaldi tem explicação, mas os outros são intrigantes.
Recentemente enviei alguns postais . Comprei selos bins, que ainda existem . Do Rio pro Rio demoram 1 semana. Para EUA e Europa 1 mês. Na pandemia, um pra Argentina demorou 7 meses...! Divertido.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirOutros tempos, outros costumes.
Havia um aumento no envio de cartões perto de datas festivas, especialmente no Natal. Sempre havia a expectativa de receber alguns.
Realmente não havia preocupação com segredos.
Minha irmã, em viagem recente, enviou alguns para a casa dela. Comprou alguns da Mafalda na Argentina.
Onde era A Bolsa? Na Primeiro de Março?
ResponderExcluirO penúltimo cartão é coisa de doido. E quem escreveu por todos os cantos também devia ser doido.
Havia na feira da Praça XV bancas especializadas em cartões postais para todos os gostos (e bolsos). Passava algum tempo admirando. Não eram para o meu orçamento.
ResponderExcluirAlguns postais ficaram marcados pelas montagens absurdas, como um do Maracanã fora de escala, postado aqui, e um com o Cristo virado 180 graus, postado por mim anos atrás.
ResponderExcluirMeus pais, nas décadas de 60 e 70, mandavam cartões postais e vários, como era comum, chegavam depois da volta deles.
ResponderExcluirAinda tenho alguns guardados, são uma bela recordação.
O Emerson era um génio do volante. Não teve apoio financeiro da ditadura com o seu Copersucar.
ResponderExcluirUm tipo de cartão postal onipresente nas bancas de jornal de Copacabana nos anos 70 e 80 era um com várias moças, de costas, andando pela areia da praia, conhecido como cartão de bundas.
ResponderExcluirO Alberto Faria era formidável, arranjou um postal em que aparece a minha casa, que estava recém construída nos anos 20 - é a primeira fotografia que consigo com esta vista, tirada da Rua Joaquim Murtinho.
ResponderExcluirPouco se vê da casa, mas da muralha de contenção vê-se tudo. A muralha pode ser vista no canto direito, no alto, ela é de pedra e arrematada com alvenaria, com 6 pilares de metro e pouco, que seguram a grade. Até hoje é assim.
O mundo é pequeno.
ExcluirBom dia Saudosistas. Acho que o melhor destes cartões postais, são as mensagens neles escrita. Hoje os cartões postais foram substituídos pelas fotografias de celulares, enviadas para os amigos e familiares pelas redes sociais.
ResponderExcluirEnviei poucos postais e o último foi de Parati, quando ainda não tinham recolocado o "y" no final do nome da cidade.
ResponderExcluirQuando eu era gente e viajava por esse mundo afora, costumava enviar cartões postais para parentes e amigos. Com a morte de minha mãe e minha tia (moravam junto) eu peguei de volta os cartões que enviei para elas. Estão comigo. São uma boa quantidade.
ResponderExcluirNessas viagens, eu e minha esposa na época mantínhamos segredo dos lugares aonde iríamos. Só ao receberem os cartões postais as pessoas sabiam onde estávamos e nosso roteiro. Isso causou alguns problemas, que narrarei em comentários avante.
ResponderExcluirEm 1984 fizemos uma viagem pela Alemanha, Áustria, Suíça e Iugoslávia. Não falamos nada para ninguém, inclusive para um casal amigo. Durante a viagem, fomos enviando os postais. Quando voltamos, a nossa amiga nos acusou de termos mantido segredo porque achávamos que eles teriam inveja de nós se soubessem de antemão que iríamos viajar. Minha esposa e ela discutiram e não adiantou explicarmos que era nosso costume fazer segredo para surpreender as pessoas. A amizade acabou ali.
ResponderExcluirNossa, quanta inveja!!! Bom, amigos assim e bom nem chegar perto.
ExcluirPois é. Nós morávamos a um quarteirão deles e frequentávamos a casa um do outro, para jogar jogos de adulto. Os dois tinham sido colegas de turma da minha ex-esposa na faculdade de Geografia da UFF. Não muito tempo depois da briga eles se mudaram e perdemos contato.
ExcluirPor sinal, nessa viagem estivemos na pitoresca cidade de Mostar, na Bósnia-Herzegovina. Compramos postais e fomos à agência dos correios para enviá-los. Tinha uma fila no guichê. Ao chegar nossa vez, não conseguíamos nos entender com a funcionária, inclusive porque naquele (atual) país o alfabeto é o cirílico e não o latino. Por isso a funcionária não entendia o que estava escrito no cartão, como por exemplo o nome do país. E embora eu disesse repetidamente "Brasília, Brasília", que é o nome do Brasil no idioma deles, a funcionária não entendia. Por sorte, uma mulher na fila falava inglês e serviu de intérprete. Mandamos os cartões com o selo de "Via Aérea". Não adiantou nada. Eles só chegaram aqui três meses depois de nossa volta. Acho que vieram de navio.
ResponderExcluirUm caso hilário ocorreu também com essa história de segredo das nossas viagens. É um pouco longo mas acho que vale a pena vocês lerem. Foi assim: em 1986 o Plano Cruzado estava em vigor, as passagens aéreas estavam com preço congelado, e resolvemos viajar à Escandinávia para ver o Sol da Meia-Noite. Como sempre fazíamos, compramos passagem para Frankfurt, onde alugaríamos um carro e subiríamos até o Cabo Norte, ponto extremo da Noruega, melhor lugar para se ver o Sol da Meia-Noite. Na época eu trabalhava no Banco Nacional. Comentei com o pessoal que iria tirar férias em Fortaleza. Colegas chegaram a pedir para trazermos redes de dormir, toalhas de artesanato, etc. Fiquei na minha e concordei com os pedidos.
ResponderExcluirO problema é que o Brasil todo estava viajando na época, por causa do congelamento dos preços. Não havia vaga nos voos. Comentei com meu chefe que em virtude disso não sabíamos o dia em que eu iria entrar em férias. Ele me falou que conhecia um sujeito de agência de viagens e tentaria ver se conseguia uma vaga em voo para mim. Eu senti que daria problema. Na minha frente ele ligou para o tal conhecido e perguntou se ele arranjaria vagas para duas pessoas, para Fortaleza. Nessa hora, eu sinalizei para ele que era para Frankfurt. Ele não entendeu nada e, sem graça, disse para o cara que não era Fortaleza, e sim Frankfurt. Mas não havia vaga, mesmo.
Aí tive de explicar o caso ao meu chefe e pedi-lhe segredo, que ele manteve o tempo todo.
Consegui vaga no voo de 10 de julho. O pessoal me deu dicas de lugares em Fortaleza. Quando entrei na Suécia, enviei o primeiro cartão postal para eles. De gozação, escrevi no cartão que estava achando muito estranho o sotaque dos cearenses, pois não compreendia nada do que eles falavam. Fiquei sabendo que o pessoal não entendeu nada ao receber o cartão. E daí em diante fui enviando outros cartões ao longo do roteiro.
Quando voltei, de sacanagem disse que o avião se desviou da rota e acabou na Europa. Foi aquela gozação só.
Ótimas histórias, Helio.
ResponderExcluirO Helio tem histórias. Muito interessantes essas viagens.
ResponderExcluirRi muito com essa história do Helio estranhar o sotaque dos cearenses. Muito boa!
ResponderExcluirMinha mãe viajou muito. Tenho uma caixa cheia de cartões-postais, ela colecionava. Guardava de todos os países que visitou. Um dia desses vou fazer o levantamento de quantos ela conheceu.
Também adorei as viagens tipo surpresa! Nunca pensei nisso...
ResponderExcluirEscreveram aqui uma vez que o Luiz não gostava de relatos pessoais, mas ele mesmo desmentiu. Por isso costumo abusar de tal tipo de relato. Agradeço a quem tem paciência de lê-los e a quem eventualmente aprecia algum deles.
ResponderExcluirUma coisa a lembrar para o pessoal mais moço quanto a viagens de carro como as do Helio, é que até 2005/2006, por aí, não havia GPS, a navegação era na base do mapa e decifrando placas, nas estradas e cidades.
ResponderExcluirEra bem mais complicado, hoje em dia ficou tranquilo.
Exato. E como em todas as minhas viagens eu ia acampando (exceto no EUA e Havaí), ainda tinha de localizar os campings. Por sorte, na Europa eles costumavam ser bem sinalizados, especialmente na Noruega, onde as placas nas estradas indicavam os campings da área e a classificação deles. E eu tinha comprado um guia completo de campings europeus, numa viagem em 1982.
ExcluirSó fui à Escandinávia em 2019, aproveitando que minha filha passou o ano trabalhando em Oslo.
ExcluirForam 4 semanas de carro entre Noruega, Suécia e Dinamarca.
Covardia: GPS, estradas ótimas, meios de pagamento eletrônicos (não usei nem sequer vi as moedas locais), todo mundo falando inglês, o problema: preços, tudo caríssimo mas, quem converte não se diverte ...
Mário, 17:15h ==> bota caro nisso. Nas minhas viagens eu fazia diariamente a contabilidade, anotando o preço de tudo. Nessa viagem de 1986, mesmo acampando e comendo sanduíches e bebendo sucos para economizar, eu estava gastando de 100 a 120 dólares por dia. Em 1986. Imagine hoje quanto seria. A Finlândia era o país mais caro, porém os demais não ficavam atrás. A Alemanha era o mais barato. Por isso eu sempre alugava carro lá na minha terra do coração.
ExcluirPela minha experiência recente (2019), a Noruega levou o troféu de país mais caro, mas seguido bem de perto pelos demais.
ExcluirNa Finlândia estive em 2014 quando também fui à Rússia, mas como fiquei hospedado na casa de um casal finlandês (pais "de intercâmbio" do CISV que meus filhos fizeram e de quem ficamos amigos) não senti tanto os preços.
Já a Rússia, tudo bem caro, especialmente os hotéis.
Ir com o mapa era interessante. Às vezes se errava, mas se caía numa estrada secundária que podia trazer boas surpresas.
ResponderExcluirO que acontecia de ruim era, ocasionalmente, ter dificuldade de achar o local de devolver o carro.
Eu sempre procurava as estradas secundárias, desprezando as autoestradas. Quanto a erro em mapa, ou mais precisamente falta de atenção em placas de estrada, uma vez eu estava indo de Atlanta para um grande shopping a cerca de 35 km de lá. Já era um caminho conhecido por mim, pois o havia feito uma ou duas vezes antes. Mas nesse dia dei uma vacilada e de repente comecei a estranhar os lugarejos onde estava passando. Comentei com minha esposa na época e ela também estava achando algo errado. Resolvi voltar e então descobri que entrara errado numa bifurcação e já estava dentro da Carolina do Sul, tendo saído da Geórgia sem perceber.
ExcluirEsses acidentes de percurso dão um "molho" especial à viagem e histórias para contar, acabam sendo bem vindos.
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