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segunda-feira, 10 de junho de 2024

PEDRA DO INHANGÁ



FOTO 1: Foto do início do século XX  quando a Av. Atlântica começou a ser construída. Vemos a Pedra do Inhangá indo até próximo ao mar. Incialmente tentou-se contornar a pedra, mas as precárias pistas da avenida ficaram tão próximas da água que em poucos meses a pedra ganhava seu primeiro corte. Com a duplicação da avenida em 1919 as pedras onde o cidadão se encontrava sumiram de vez, pois com a avenida de 6 metros elas ainda se projetavam bem para a areia.



FOTO 2: Outro ângulo da Pedra (Morro) do Inhangá em foto do acervo IMS.


FOTO 3: Postal de Erich Joachim Hess do acervo do meu amigo Klerman Wanderley Lopes. Vemos a parte compreendida entre o Leme e a Pedra do Inhangá que, na época (início do século XX) ia até a areia, dividindo a atual Praia de Copacabana em duas partes : a Praia do Leme e a Praia de Copacabana propriamente dita (que ia da Pedra do Inhangá até o Posto 6). Pode-se observar, ainda com piso de terra, a Avenida N.S. de Copacabana, a Rua Ministro Viveiros de Castro e a Rua Barata Ribeiro. Neste trecho, a partir da década de 1920, seria construído o hotel Copacabana Palace.

A Praia de Copacabana chamou-se, no passado, Sacopenapã. E também Areal, Pitangueiras e Cristóvão Colombo, este nome restrito ao atual Posto 6 e citado numa planta de 1877 do engenheiro Alexandre Speltz ("apud" C.B.Gaspar).

A Ministro Viveiros de Castro ainda era chamada de Rua Buarque, por ter sido aberta em terrenos do filho do Conselheiro Buarque de Macedo. Só mudou de nome em 1928 .Acho que aquela construção na beira da praia, com duas torres, era a casa dos Bernardelli.



FOTO 4: Nesta foto de Malta vemos as obras de retirada de uma das pedras do Morro do Inhangá. As pedras começaram a ser cortadas nos anos 10 do século XX para a retificação da Av. Atlântica. Depois da construção do Copacabana Palace nos anos 20 foram ainda mais recortadas para a construção da piscina do hotel. E, nos anos 50, mais ainda para a edificação dos edifícios Chopin, Balada, Barcarola e Prelúdio.



FOTO 5: Eram três os morrotes do Inhangá. Hoje somente resta o maior, cercado por casas e edifícios. Fica entre a N.S. de Copacabana e a Barata Ribeiro.
Os outros dois ficavam mais próximos à praia. Um ao lado do Copacabana Palace, onde hoje ficam o Ed. Chopin, a piscina e o anexo do Copa e o outro entre República do Peru e Fernando Mendes. Ainda podemos ver os restos do morrote no miolo do quarteirão, onde há um anexo da Escola Municipal Cícero Pena.


FOTO 6: Vemos o Copacabana Palace e, à esquerda, parte da Pedra do Inhangá já retirada para a construção da piscina. À direita, a Rua Ronald de Carvalho. 


FOTO 7: Outro postal, este de Holland. Como o mar ficava perto da Av. Atlântica.


FOTO 8: Em mais um lindo postal do Acervo de Klerman Wanderley Lopes, vemos a Copacabana dos anos 30. O Hotel Copacabana Palace reina, isolado, no trecho vizinho à Pedra do Inhangá, que ainda alcançava a orla. A parte de Copacabana entre a Pedra do Inhangá e o Posto 6 já tinha muitas construções enquanto a parte de cá da Pedra do Inhangá ainda estava despovoada. A Rua Barata Ribeiro, de terra, pode ser vista em primeiro plano.



 FOTO 9: Os grandes prédios do Lido já se destacam junto ao Copacabana Palace.


FOTO 10: Foto de Alberto Bahiana, publicada por sua filha Ana Bahiana. Vemos uma  bela tomada da Rua Fernando Mendes com Av. Atlântica, em 1939, onde vemos a Pedra do Inhangá à esquerda. 



FOTO 11: Esta foto de Malta, enviada pelo prezado amigo Zé Rodrigo, mosta a Rua 9 de Fevereiro (ataul República do Peru) com a Pedra do Inhangá à direita. Foto de 1928.



FOTO 12: Esta montagem apresenta dois fotogramas do excelente filme de propaganda da Coca-Cola, garimpado pelo Nickolas Nogueira. São de meados da década de 1950.

Nesta primeira foto destaca-se o anúncio da Coca-Cola (a Cr$ 1,50) e a própria pedra do Inhangá que ia até a Av. Atlântica. Além do “out-door” da Gordura de Côco vemos um automóvel Ford 1946/1947.

Na outra foto já temos uma visão maior do Copacabana Palace e, mais atrás, provavelmente a construção do prédio do Hotel Excelsior. A pedra, que já tinha sido demolida no seu trecho até a areia, nesta época sofreu mais uma grande demolição para a construção dos edifícios Chopin, Prelúdio, Balada e Barcarola, inaugurados em 1956.

Este terreno da Pedra do Inhangá foi duramente disputado por D. Mariazinha Guinle, proprietária do Copacabana Palace e o empresário polonês Henryk Alfred Spitzman Jordan, que pretendia construir quatro prédios no local. A briga foi feroz e o polonês levou a melhor. D. Mariazinha não se conformou e pretendia construir um muro na lateral do hotel para tirar a vista dos prédios. O empresário ameaçou colocar as cozinhas e áreas de serviço voltadas para o muro. Finalmente foi selada a paz e as partes chegaram a um acordo. Henryk construiu os prédios e foi morar na cobertura do Chopin, em companhia da sua mulher brasileira Josefina Jordan, definida por Ibrahim Sued como a grande locomotiva da nossa Alta Sociedade.



34 comentários:

  1. Bom dia, Dr. D'.

    Vou acompanhar os comentários porque, tirando um breve período de uns três anos, Copacabana foi sempre bairro de passagem para mim. Claro que não entra na conta as idas ao forte.

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  2. Mais uma aula sobre Copacabana. Antes do aterro era mesmo um risco o mar invadir a avenida Atlântica.
    A pedra do Inhangá era mesmo a fronteira entre o Leme e Copacabana. Li em algum lugar que depois a fronteira ficou sendo o Lido e só mais adiante ficou sendo a avenida Princesa Isabel.

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  3. O Morro do Inhangá e seus restos impediram a circulação de bondes em grande parte da Nossa Senhora de Copacabana até pelo menos 1940, pois até essa época os bondes ao saírem do Túnel Novo entravam à direita na Barata Ribeiro e seguiam por ela até à Rua Inhangá, quando a partir daí seguiam pela Nossa Senhora de Copacabana em direção ao Posto Seis. Removido o último obstáculo, os bondes ao saírem do Túnel Novo passaram a seguir pela Princesa Isabel até a esquina da Nossa Senhora de Copacabana, quando então entravam à direita e seguiam por ela até ao Posto Seis.

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    1. Joel, em algum momento os bondes teriam utilizado a Ministro Viveiros de Castro?

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    2. Não. Esse trajeto era conhecido como o "Ramal do Inhangá. Esse ramal foi "ressuscitado" para a utilização dos Trolley-buses entre 02 de Setembro de 1962 e 1°de Março de 1963, pois em razão do início das operações dos Trolley-buses, os bondes com destino à Copacabana e Ipanema deixaram de circular no Túnel Novo e passaram a seguir pela General Polidoro, Real Grandeza, e Túnel Velho, enquanto os ônibus elétricos seguiam pelo Túnel Novo, Barata Ribeiro, e Rua Inhangá, fazendo na esquina de Nossa Senhora de Copacabana um "terminal provisório". Com o fim da circulação de bondes em Copacabana e Ipanema 1° de Março de 1963, esse arranjo foi desfeito e os Trolley-buses com destino à Ipanema puderam seguir pela Barata Ribeiro, Túnel Sá Freire Alvim, e Raul Pompéia, e retornar pela Nossa Senhora de Copacabana até a Princesa Isabel.

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  4. Bom dia!
    Lembro de quando meu Pai era vivo (nasceu em 1918) e eu tinha oportunidade de comentar sobre as postagens do Saudades do Rio. Ele lembrava da Pedra do Inhangá. Uma pena que nunca quis acessar o fotoblog. Suas contribuições teriam sido riquíssimas.
    Na foto 1 podemos ver ao fundo a Igreja, onde futuramente foi construído o Forte de Copacabana.
    Desejo uma excelente semana a todos!

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  5. Ótimos registros! Vale a pena dar uma olhada no morro que restou. Entrada pela Barata Ribeiro e subida em espiral acentuada. Lembrando da postagem da Conceição Araujo fico imaginando a mão de obra e o fornecimento de material para as construções na época. Pelo jeito muitas importações e espera por navio, depois transporte por caminhões. Mas a velocidade do período de construções era relativamente rápida. Em uma década o perfil do bairro se modificava substancialmente. A Freire & Sodré devia empregar muita gente....

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  6. Bom dia.
    Ao lado do antigo Cinema Ricamar (atual Sala Baden Powell) existe uma escadaria que dá acesso à parte alta da rua General Lima Sobrinho, que sobe a partir da rua Barata Ribeiro em espiral, envolvendo o que sobrou da Pedra.
    Morei com meus pais (e minha irmã) de 1962 até me casar em 1986 no prédio de número 312 da Av. Copacabana, no sétimo andar de fundos, e a sala de jantar e dois dos quartos (um deles era o meu) são virados para a Pedra; não parecia que estávamos em Copacabana, muito menos na Avenida, com árvores, muito verde e passarinhos.
    Antes de construírem um grande edifício com 2 blocos na década de 70 na Barata Ribeiro, o que havia no local ao lado da pedra na parte baixa da General Lima Sobrinho era uma casa que abrigava o colégio Cirandinha, onde estudei no primário e existia uma ponte (!) para pedestres que chegou a fazer comunicação com uma descida nos fundos de prédio da rua Rodolfo Dantas.
    Apesar da construção do edifício da Barata Ribeiro, o local continuou ótimo, protegido pela Pedra e árvores.
    Meus pais moraram lá até falecerem, meu pai em 2010 aos 90 anos e minha mãe em 2016 aos 94 anos.
    Ótimas recordações e muita saudade.

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  7. Bom dia a todos!

    Pedindo permissão ao Dr. Luiz, o "Passeador Carioca" esteve na semana retrasada no local e descreveu o seguinte:


    "AMORAL DO INHANGÁ"

    "Pouco percebida na selva de concreto da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, esta escadaria colorida leva ao que restou do Inhangá, antigo morro que praticamente dividia a praia em duas. Na verdade, era um conjunto de três morrotes, sumariamente eliminados da paisagem e da memória cariocas entre os anos 1930 e 50. Um dos morros deu lugar ao que hoje é a piscina do Copacabana Palace; outro ficava onde foram construídos os edifícios Chopin, Balada e Prelúdio, reduto da elite carioca. O que restou deles é só isso aqui. Inhangá deriva de “anhangá”, palavra de origem tupi que significa algo como espírito mau, ou alma errante. Seja lá o que for que os indígenas achavam de maligno numa região tão bonita, o que vale é conhecer o lugar.

    O morro sobrevivente virou uma espécie de minibairro dentro de Copacabana, cujo acesso se dá pela aprazível Rua General Barbosa Lima. Todavia, legal mesmo é subir os 67 degraus da AMORal, nome dado à escadaria e registrado no mosaico de azulejos aos pés do Passeador Carioca. A revitalização do espaço é obra do artista plástico Julio Cesar Pedroso. Mineiro, ele se encantou pela Princesinha do Mar logo que chegou ao Rio, em 2013; contudo, ficou encafifado com aquela escada “trevosa”, segundo sua própria definição, bem ao lado da Sala Baden-Powell. Outrora reduto de boêmios, violeiros e casais apaixonados, o lugar acabou virando dormitório de pessoas em situação de rua e ponto de consumo de drogas.

    Pois o Pedroso buscou patrocínios e saiu catando azulejos, espelhos, pratos e cacos de cerâmica, até mesmo em lixões, para mudar a cara da subida. Vários moradores de Copacabana adoraram a ideia e ajudaram com mão de obra e material, enquanto um chapéu, no pé da escadaria, recolhia doações para o projeto. Segundo o artista, AMORal faz referência tanto ao passado romântico do espaço como aos usos pouco recomendáveis que já lhe foram dados. Fiel ao legado artístico do lugar, a decoração inclui trechos de canções da bossa nova e motivos musicais – e foi assim que AMORal deu a maior moral a um recanto antes degradado da cidade."


    Segue o link do Facebook, com a foto e os mais de 300 comentários sobre o local:

    https://www.facebook.com/share/p/QD62HBAs2dtYnjSU/?mibextid=oFDknk

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  8. Mário, se você ampliar a FOTO 6 poderá ver a ponte citada no seu comentário.

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  9. Na escola cantávamos uma música inspirada na cultura indígena que dizia na letra que Anhangá fugiu, acho que o nome era Canto do Pagé. Só hoje aprendi que o Anhangá tem alguma relação com o nome da pedra.

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    1. Eu também cantava essa música no I.de Educação. Essa música me parece que tem origem no folclore gaúcho. "Oh manhã de sol, o Anhangá fugiu, Anhangá hehe"... O resto eu não me lembro.

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    2. Fiz uma breve pesquisa que aponta Heitor Villa-Lobos como compositor e C. Paula Barros como letrista.
      Anamaria Fontenelle, também aluna do IERJ, traduz Anhangá como "uma alma que corre".
      Tomo a liberdade de colar o link da fonte:
      https://institutodeeducacao.blogspot.com/2006/04/o-canto-do-paj.html

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  10. Digamos então que Copacabana nasceu e desenvolveu-se no "braço" literalmente pois muitos eram os obstáculos naturais.

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  11. Joel 08:13h e 11:07h, e Anônimo 10:47h ==> tenho um mapa dos trilhos de bonde dessa área, ano de 1935, e ali consta que saídos do Túnel Novo os bondes entravam na Viveiros de Castro, Duvivier, Barata Ribeiro e Inhangá.

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    1. É verdade, Hélio. Vi o mapa que você me enviou e com efeito os bondes só entravam na Barata Ribeiro a partir da Rua Duvivier e daí até à Rua Inhangá. É meio sem lógica o trajeto não seguir diretamente pela Barata Ribeiro e ir até a Viveiros de Castro. Fico na dúvida se esse percurso no trecho da Duvivier era em linha dupla ou singela. Eu tenho uma foto bem antiga mostrando o bonde seguindo por uma Barata Ribeiro ainda "de terra e com mato em volta".

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  12. Joel: enviei para seu zap o mapa mostrando esse percurso.

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  13. Boa noite Saudosistas. Uma aula espetacular sobre Copacabana das suas origens aos dias atuais.
    De certa maneira Copacabana e a cidade do Rio de Janeiro, pode-se comparar a uma mulher, que embora bonita, fez uso de muitas cirurgias plásticas para consertar os pequenos defeitos.

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  14. Obrigado, Helio. Eu tinha essa lembrança.

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  15. Fora de Foco:
    Má notícia para quem gosta e consome muito azeite:
    (do g1.globo.com)
    “O calor e a seca que atingem a Europa continuam afetando o preço do azeite no Brasil, que encareceu quase 50% nos últimos 12 meses até maio, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
    Os principais países que cultivam azeitonas, matéria-prima para o azeite, estão na Europa. O ranking é liderado pela Espanha, responsável por 42% da produção mundial, seguida pela Itália (9,7%) e Grécia (8,2%), aponta o Conselho Oleícola Internacional (COI). Além disso, o azeite é fundamental para a economia de Portugal.
    No caso da Espanha, já é a 4° quebra de safra consecutiva das oliveiras.
    O Brasil importa a maior parte do azeite que consome. O principal fornecedor é Portugal, que envia 53% de gorduras e óleos vegetas ao Brasil. O segundo maior fornecedor para o Brasil é a Espanha (15%), seguida do Paraguai (9,7%), da Argentina (7,1%), da Itália (5,3%) e do Chile (5%)."

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    1. Para complicar, o maior produtor nacional acho que é o RS.

      Há um bom tempo tenho usado alternativas. Azeite extra virgem
      só em último caso.

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    2. ...segundo maior fornecedor para o Brasil é a Espanha (15%), seguida do Paraguai (9,7%) ... " => Paraguai ??? com preconceito, azeite paraguaio é no mínimo suspeito .

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    3. Mario, o Paraguai funciona apenas como entreposto dos azeites europeus. Em qualquer supermercado paraguaio vc encontra as mais variadas marcas espanholas, italianas, gregas, portuguesas, etc, ainda com preços interessantes. Daí, a "exportação" (?) para o Brasil.

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  16. FF: As três vias expressas do Rio estão fechadas em razão de operações policiais. O trânsito nas três vias está paralisado. Um PM do BOPE foi morto.

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  17. A pedra ao lado do Copacabana Palace seria um ótimo local para mirante.

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  18. Acho que o Bairro de Fátima já apareceu aqui no ONDE É.
    Apesar de pequeno, este sub-bairro do Centro tem história.
    Será que haveria material suficiente para uma postagem ?

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  19. Mário, uma das aparições foi esta: http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com.br/2017/09/bairro-de-fatima.html
    Joel, o "Onde é?" anda com falta de material inédito.

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