Hoje
temos 4 fotos da Ilha do Governador em 1970, 3 do acervo do Correio da Manhã e
1 do acervo Fontes, mostrando a Praia da Bica, a Praia da Guanabara e a Igreja
de N.S. da Conceição, na Praça Jerusalém.
Nas proximidades
desta praça está localizada a Escola Municipal José de Anchieta. A origem desta
igreja foi uma modesta capelinha particular, pertencente a um dos sete engenhos
da Ilha do Governador. A primeira capela foi construída em 1580, reconstruída
em 1740 e em 1816 foi feita nova reforma. Em 1903 foi comprada pela Empresa
Lavoura e Colonização. Em 1936 foi tornada pública e, hoje, pertence à paróquia
de São José Operário, criada em 1957.É em requintado estilo barroco jesuítico,
com o altar em estilo rococó.
Vendo as
fotos fica a saudade de uma Ilha do Governador com baía limpa, com praias
deslumbrantes com água tão transparente que se podia ver os próprios pés mesmo
com água no peito.
De um
antigo morador da Ilha recebi um email: “Algumas informações sobre esta capela,
uma jóia naquela Ilha do Governador de 35 mil habitantes em 1950:- Não se sabe
quando surgiu a Capela de Nossa Senhora da Conceição, havendo registro, apenas,
de que em 1786 foi lavrada pelo capitão André Álvares Figueira de Barbosa
Ribeiro Cirne a escritura de doação da capelinha existente e do terreno para o
patrimônio da Igreja. - Em 1813, no quarteirão ao lado direito da capela, foi
construído um belíssimo, enorme e luxuoso palacete que os padres beneditinos
ofereceram a D. João VI para puxar o saco da realeza. Talvez a obra mais
magnífica da cidade naquela década, tornou-se ruínas em 1954 e foi demolido em
1962.
Dois
aspectos pitorescos e pouco conhecidos valem ser citados: Em 30/09/1928, a
inauguração da Ponte (cais) do Jardim Guanabara, 50 metros à esquerda da capela,
seria feita com a atracação da Barca Mocanguê (semelhante às da linha Praça XV
- Paquetá), trazendo a bordo o presidente Washington Luiz. Fanfarra tocando,
bandeirinhas tremulando, multidão aplaudindo, embarcação apitando, eis que o
comandante erra a aproximação e faz o barco colidir violentamente com o cais,
destruindo-o em grande parte. Ninguém morreu, alguns passageiros ficaram
feridos e a inauguração foi adiada por alguns meses para reconstrução do cais -
o maior mico.
Durante
parte das décadas de 1960 e 1970, trabalhava na capela um padre bem velhinho,
cujo nome esqueço e que, segundo se dizia, exercia a vidência. O confessionário
dele vivia cheio e, tivesse mesmo ou não o dom, a verdade é que a fama fazia
muita gente buscar - e encontrar - ajuda para viver melhor. A juventude e os
"hippies" não saíam dessa pracinha.
Finalizando,
um comentário pessoal: ao contrário de algumas igrejas que são tidas como
tristes ou “pesadas” (por exemplo, a de N. Sra. da Ajuda, na Freguesia, a
primeira da Ilha) a mimosa Capela de N. S. da Conceição sempre passou um astral
muito bom, alegre, e é muito querida e frequentada pelos insulanos. Eu diria
que ali tem algo de muito especial...”
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Boas fotos e através delas vejo que perdi ao não conhecer a Ilha.Lamento não ter ido na época das fotos,Pois parecia show de bola.
ResponderExcluirIr à Ilha do Governador era um programa obrigatório para os alunos do Fundão, e a minha turma de engenharia naval fazia incursões regulares aos bares da Ribeira, pois tínhamos grandes intervalos entre aulas. O porre era garantido, pois éramos garotos ricos, todos moradores com papai e mamãe e estagiários em estaleiros e escritórios de projeto. Grana não faltava. Inclusive convidávamos professores das matérias em que íamos mal, como Vibrações, para refrescar as notas, o que sempre dava certo. Professores ganhavam e ganham mal. Aluno tem mais é que ajudar...
ResponderExcluirVer fotos exatamente dos anos 70 acrescenta mais veracidade e nostalgia a esta narrativa. Nós íamos de Fusca, Jeep e Citroën 2 CV, o meu, único.
Conheço pouco da Ilha mas as fotos antigas mostram praias belíssimas e muito frequentadas. A poluição acabou com tudo isto. A igrejinha é muito simpática.
ResponderExcluirQuem é o antigo morador da Ilha? O Jaime Morais?
Eu a neta do dr Jesfferson da GUIRICEMA 27
ExcluirBom Dia! Nos anos 50/60 junto com a minha "patota" fui muitas vezes de bicicleta do Cachambi até a Praia da Bica,que começa na curva que contorna essa igrejinha, era toda branca com janelas e portas em azul. Ficávamos sempre em frente a uma nascente vinda do morro.Em 1984 estive lá e vi que a descida da água estava reduzida a um filete.
ResponderExcluirA Ilha do Governador tinha a sua "porta principal" na Ribeira, onde ficava o terminal da única linha de bondes e era o ancoradouro das barcas. Para além, em direção ao Galeão era o "Sertão". A região de Tubiacanga era de mata. A construção da ponte mudou o eixo viário e populacional da Ilha. Cercada de águas fétidas e de favelas "somalianas", a região precisa de um choque de ordem se não quiser sucumbir definitivamente a um "estado de sítio" nos moldes medievais, já que a única saída por terra desemboca num "inferno caucasiano"...
ExcluirMauro, a Praia da Bica foi a primeira praia que fui na vida. Tenho fotos desse dia com meu saudoso pai e por coincidência encontramos a minha professora da época do primário nos tempos da escola Medeiros e Albuquerque que fica no alto da R. Bolívia. Lembro que ganhei uma "medalha" do óleo que poluia as praias da região. Mas foi um dia divertido e inesquecível.
ExcluirNão sou eu não, Plinio... Embora resida na Ilha desde 1953.
ResponderExcluirConvém ressaltar que a Capela Imperial de NS da Conceição é um Bem ombado. No entanto, sofreu alguns acréscimos de extremo mal gosto, como a colocação de toldos, pintura com "Suvinil" e a união das três Naves em seu interior. Bem melhor guardar na lembrança o aspecto apresentado nas fotos.
Quanto ao Palacete Santa Cruz, existem controvérsias, uma vez que o palacete que foi oferecido a D. João VI foi construido em terras dos Beneditinos, no Galeão.
Olá Jaime Moraes, morei na Rua Carmem Miranda,nº 86 no Jardim Guanabara. Chegamos em 64, lembro que faltava água e nós pegávamos na biquinha em frente a praia. Tenho maravilhosas recordações inclusive do Restaurante Balneário. Bons tempos!
ExcluirOI VCS CONHECEM A MINHA FAMILIA?DR JEFFERSON BARBOSA D MORAES
ExcluirBom dia a todos. Hoje se o mestre Jaime Moraes aparecer no SDR, teremos uma aula sobre a Ilha e esta capela. Fui poucas vezes a Ilha, fui algumas vezes a Ilha no restaurante Taboão no final dos anos 70, também num restaurante de comida nordestina, acho que o nome era chapéu de couro ou coisa semelhante. Na minha opinião a Ilha tinha tudo para ser um bairro especial da cidade, mais infelizmente, a poluição, o trânsito de acesso e saída da Ilha e principalmente as favelas que a cercam no seu entorno, como a Maré, os estaleiros ajudaram a poluir as suas praias e bem como as obras públicas realizadas no bairro, contribuíram em muito para destruir o bairro.
ResponderExcluirMuito triste.
ExcluirEu frequentava um restaurante na Ribeira que preparava um filé fantástico. Fica praça, próximo ao terminal de barcas e como eu tinha uma namorada que morava no Zumbi, sempre jantava nesse restaurante. Uma madrugada, ao sair da ilha, sofri uma tentativa de roubo na saída da Ilha. Nada aconteceu comigo mas meu carro foi alvejado após reagir ao assalto. Dei o devido "troco", mas nunca mais voltei à Ilha após escurecer.
ResponderExcluirAo Lino e demais amigos:
ResponderExcluirUm dos primeiros relatos sobre a Capela Imperial de N.S. da Conceição, data de 1662, quando da realização do “Auto de Medição” das Sesmarias , onde consta “descendo pelo dito outeiro abaixo, atravessaram por onde esteve ermida que foi do Engenho Velho e logo desceram na Praia” . Desta forma, a atual Igreja de N.S. da Conceição teria como base aquela construída por Salvador Correia de Sá, no século XVI ou inicio do século XVII .
Em 1786 a Igreja é citada na petição em que os proprietários da Fazenda do Macedo fazem às autoridades eclesiásticas para “instituírem patrimônio da sua Capela por invocação a N.S. da Conceição, na sua fazenda da Freguesia de N.S. da Ajuda, na Ilha do Governador”. Com o transcorrer do tempo, é evidente que o prédio sofreu várias reformas, tal como aquela realizada em 1816 , ordenada por Dom João VI , e registrada na parte frontal , acima da entrada principal .
Após a urbanização do local, a Igreja, com o nome “Jardim Guanabara”, escrito com pedras brancas sobre o gramado, passou a ser o ponto principal da Praça Dr. Eduardo Cotching .
Com o tempo, ocorreram algumas reformas, como a que uniu as três naves sob uma laje de concreto armado e a descaraterização da forração em madeira, substituída por peças em plástico PVC. Embora tenha sido efetuado em 1966, o tombamento pela Prefeitura do Estado da Guanabara e posteriormente, através do patrimônio histórico do Rio de Janeiro, as modificações continuaram a ocorrer, tais como a instalação de grades, toldos e pintura de faixas, descaracterizando bastante o aspecto original do prédio.
Vale lembrar que a Capela de N.S. da Conceição era motivo de visita por todos aqueles que a partir do final da década de 1920, visitavam o Jardim Guanabara com a finalidade de adquirir um lote de terreno. O então presidente Washington Luiz, quando de sua visita à Ilha do Governador, em 1928, fazendo-se acompanhar de diversas autoridades, visitou a Capela Imperial, ocasião em que foi realizado um registro fotográfico, à disposição dos interessados.
Além de atender aos fieis, a Capela de N.S. da Conceição também foi utilizada pela comunidade local em outras atividades . Na década de 1930 funcionou na Sacristia uma das primeiras escolas particulares da Ilha do Governador, o Colégio Santa Cruz.
Mestre Jaime Moraes, obrigado pela aula e a sua devoção a divulgação da história da Ilha do Governador e a sua importância na história da nossa Cidade do Rio de Janeiro.
ExcluirBoa tarde a todos!
ResponderExcluirTambém não sou eu, Plínio.
A igrejinha é tão especial que eu me casei nela, há trinta e um anos. Linda, mas um tanto descaracterizada, inclusive com forro de PVC.
Vibrações! O professor seria o Ripper?
Não conheci o Ripper. Quem ficou amigo de todos os alunos foi o professor Waldyr, cuja simplicidade e simpatia era um contraste com a maioria dos mestres da COPPE.
ExcluirExcelentes contribuições do pessoal da Ilha.
ResponderExcluirA minha igreja também está toda descaracterizada.Tá parecendo a Reforma da Previdência:cheia de remendos.Recentemente com uma chuva mais intensa ficou alagada e tive que suspender os cultos.Culpa da tarja verde que com a crise voltou a mandar e os dizimista sumiram.Aí não dá para investir. É troca de cebola e na verdade um enorme espanto e sem verão para aliviar como ocorre na Calango....
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirFui poucas vezes na Ilha, duas delas no Centro de Pesquisas da Marinha com um intervalo de tempo entre elas. Fui algumas vezes no posto da PF no Aeroporto por causa da carteira de identidade da minha mãe.
Na segunda foto um ônibus da Paranapuã. Na primeira, pode ser dela ou da Ideal. Havia alguma outra empresa atendendo o bairro?
Os ônibus da Paranapuã tem numeração 10XXX, como o da foto 2; os da Ideal, 285XX, 286XX e acho que 287XX. A empresa Reginas mantém a linha para Vilar dos Teles.
ResponderExcluirGostei muito do texto, principalmente do final!
ResponderExcluirLembro que quando trabalhava na Shell, o ônibus ou a kombi sempre passavam por aí! E o texto resumiu perfeitamente o que eu sentia ao passar por ela, "um astral muito bom".
Blog muito bom!
ResponderExcluirMeu tio tenor tem 95 anos e fala muito da ilha
ResponderExcluirAquele matagal à esquerda na areia não é em frente à fonte ?
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