As fotos mostram aspectos da Casa Nordschild,
situada na Rua Tonelero nº 138, chamada de a "Casa Moderna", primeiro
trabalho do arquiteto Gregori Warchavchik no Rio de Janeiro. Foi construída
para o Sr. William Nordschild, no início dos anos 30 e demolida em 1954.
Segundo o colaborador João Passos, as fotos seriam
de Elfriede Ebert e pertencentes ao Acervo de Sylvia Coutinho.
Jornais da época publicaram que “o grande artista
architecto que é o Sr. Gregori Warchavchik, acaba de dotar o Rio de Janeiro de
uma das mais bellas affirmações de sua arte, na vivenda que planejou e que se
ergue linda e amável, na sua simplicidade graciosa, á rua Toneleros n.138. O
respectivo proprietário desejou mostrar aos jornalistas os encantos de sua nova
residência e convidou-os para uma recepção em que lhes offereceu um ‘cocktail’
cordial."
“A disposição interna do primeiro andar é composta
de amplas peças ligadas umas ás outras, formando um ambiente espaçoso. O hall,
o “fumoir” e o salão de refeições consistem num unico ambiente, pois são separados
por cortinas, adoptadas como elemento de construcção. A cobertura é um
terraço-jardim com logar destinado para sport. Os appartamentos são distinctos,
ligados por um grande hall. As características da construcção resumem-se á
direcção horizontal predominante. As aberturas são tambem horizontaes.”
O próprio arquiteto explicou que “o estylo que se
deve procurar é o do clima e dos costumes e, assim, a architectura européa,
sul-americana, americana, formando, juntas, um estylo universal, justificando
as exigencias da vida, pelo material identico usado na obra: o concreto, o
ferro, o vidro. Por isso o surto das tendencias modernistas, em architectura,
acompanhado, desde logo, por um desenvolvimento rapido e surprehendente de
espirito novo nas novas gerações, tem o valor de uma verdadeira renascença. A
vida deste seculo dynamico exige o progresso e a transformação da architectura,
e pelas necessidades que a excepcional situação produz, pouco a pouco tudo está
sendo modificado.”
Segundo o Lavra, o desaparecido Bispo Rolleiflex, um dos
consultores arquitetônicos do SDR, “Warchavchik tornou-se a sensação no Rio de
Janeiro. A arquitetura da Casa Moderna, segundo a filosofia do arquiteto, está
fundamentada nas linhas retas, mas não é só isso. Talvez mais importante seja a
escolha dos materiais, que eram encontrados com um preço conveniente, em grande
quantidade. As janelas basculantes e os balaústres feitos de material
hidráulico, barateavam em muito o resultado final. Um grande amigo meu, morava
em uma delas, na Rua Barão de Jaguaribe, 60. Hoje, infelizmente, já foi demolida.
Existiam várias em Ipanema e Copacabana, principalmente. A Escola Cocio
Barcelos, na Rua Barão de Ipanema, está inserida no estilo, embora não seja
típica. Warchavchik viveu no Brasil a vida toda, nunca mais voltando para a
Ucrânia, seu país de origem. Está enterrado em São Paulo no Cemitério
Israelita.”
A casa era muito simpática e construída aproveitando as peculiaridades do terreno. Lamentavelmente foi posta abaixo. Era a época em que não se tinha a idéia de preservação. E no local foi construído um monstrengo sem nada de especial.
ResponderExcluirO local não parece ajudar muito na instalação de um templo.Muita escada e local parece de difícil acesso.O pastor está meio cansado...
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirA casa durou menos de 25 anos...
Especulação a todo vapor em Copacabana. O mesmo que acontece em outras regiões até hoje.
Tia Nalu anda fazendo vários tipos de omeletes.
ResponderExcluirCorre na minha família a história que a casa foi construída com o dinheiro da herança da mulher dele, que foi abandonada pouco tempo depois. Ela teria morrido na miséria e amparada por parentes.
ResponderExcluirEssas informações estão incorretas e não corespondem à história da família Nordtschild à qual pertenço.
ExcluirEste comentário está incorreto e não corresponde à história da família Nordschild à qual pertenço. Para maiores informações ver minha dissertação de mestrado: “ Memória e Esquecimento: Casa Nordschild e a Formação da Arquitetura Moderna no Brasil “. Disponível para leitura na Internet.
ExcluirAgradeço a colaboração de Sylvia Coutinho no sentido de esclarecer o comentário do Gustavo. Endosso o convite da Sylvia Coutinho para todos lerem https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=4675@1 ou https://tinyurl.com/ycyxglwy
ExcluirSua inauguração, em 1931, aconteceu com uma festa em que foram expostas obras de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Cicero Dias, entre outros artistas.
ResponderExcluirMario de Andrade (1893-1945) definiu o estilo do arquiteto russo em uma frase que fez história: " Quando vejo uma casa neocolonial, tenho uma impressão de gostoso; quando vejo uma casa neoflorentina, tenho a impressão de chique; quando vejo uma casa de Gregori Warchavchik, tenho uma impressão de casa."
A demolição desta casa foi mais um dos crimes arquitetônicos cometidos no passado contra o nosso Rio de Janeiro.
Tenho visto construções novas em estilo parecido. Sendo que atualmente somente vidros temperados sem esquadrias de ferro.
ResponderExcluirO Decourt comentou que “a casa foi aberta com uma visitação pública que causou grande repercussão, desta vez positiva, ao contrário do que ocorreu em 1930 em São Paulo onde a tradicional imprensa da província achincalhou o novo estilo arquitetônico. Embora intelectuais ligados à Semana Moderna e outros arquitetos a tenham aplaudido, mas no cômputo geral ou deu-se o silêncio ou inflamados protestos que comparavam as modernas residências a túmulos.
ResponderExcluirA casa Nordschild foi revolucionária na época, pois o terreno muito inclinado permitiu ao arquiteto usar de formas e projeções de lajes até então inusitadas. Segundo consta, Frank Loyd Wright grande arquiteto americano, em estada no Rio, viu a casa e ficou impressionado, talvez sendo daí que em 1936 o americano buscou idéias e a sistemática para a famosa Casa da Cascata em Bear Run na Pensilvânia.
Warchavchik se associou com Lúcio Costa, para obras aqui no Rio, pois após seu sucesso na Capital Federal os paulistanos passaram encomendar obras do arquiteto apenas pouco mais de um ano depois de ter sido execrado na paulicéia, e as seguidas idas e vindas Rio-São Paulo o estavam desgastando.”