As
três fotos de hoje mostram a Igreja de São Francisco de Paula, no Largo de São
Francisco, no início do século XX. Na primeira, de Rodrigues, do Acervo de
George Ermakoff, podemos observar as roupas formais dos passantes, um deles de
cartola. Ao fundo, um bonde ainda puxado a burros. No prédio à direita,
aumentando-se a foto, é possível ler uma inscrição sob a janela: E. Samuel Hoffmann.
Era uma casa de penhores (com grande frequência anunciava no Correio da Manhã
que haveria leilões, alertando os mutuários que comparecessem com antecedência
caso desejassem resgatar o deixado em penhor).
A
segunda foto é um postal editado por volta de 1905, mostrando a Igreja de São
Francisco de Paula e o Largo de São Francisco de Paula, num dos extremos da Rua
do Ouvidor, tendo, ao centro, a estátua de José Bonifácio de Andrada e Silva. A
igreja era a mais "chic" das cariocas no século XIX. Gomes Freire,
Conde de Bobadela, o maior dos governadores que o Rio teve no tempo do
Brasil-Colônia, considerando que a Igreja de São Sebastião, no alto do Castelo,
não mais tinha condições de abrigar a Sé, decidiu dotar a capital de uma catedral
condigna. Sua pedra fundamental foi lançada em 1749. Com a morte de Gomes
Freire as obras ficaram paralisadas até 1796. Em 1797, nova interrupção, numa
repetição no Brasil do caso das de Santa Engrácia de Portugal - e eis por que
então, no Rio, se passou a dizer das coisas difíceis de terminar que elas eram
como as obras da Sé... A igreja foi concluída, finalmente, em 1865. Tem estilo
jesuítico francês ou rococó, com trabalhos em talha de Antonio Pádua e Castro e
de Mestre Valentim. Pinturas de Manuel da Cunha. Nela o culto aos mortos e o
amor à vida confundiam-se de um modo extraordinário, pois a poucos passos de
suas catacumbas, estava a Galeria dos Milagres, repleta de oferendas ao Santo
pelo que havia feito, salvando da morte devotos seus às centenas. (como conta
Brasil Gerson).
A
última foto, de 1961, mostra a igreja num tempo em a Sexta-Feira Santa era um
dia triste, com as rádios só tocando música clássica. Não havia nenhum evento
esportivo, os bares e restaurantes tinham frequência mínima, boa parte dos
cariocas praticava o jejum e a abstinência de carne. As igrejas católicas
cobriam todas as imagens com um pano roxo. Se bem me lembro os jornais não
circulavam e todo o comércio ficava fechado. Havia pouco movimento nas ruas e
era um dia em que as brincadeiras das crianças tinham que ser mais comedidas,
todos procurando falar baixo. Na TV a programação também era adaptada para o
dia de respeito pela morte de Jesus Cristo. Muitos já preparavam os
"Judas" que seriam malhados no dia seguinte. À tarde havia
solenidades nas igrejas, com muito incenso e um clima de tristeza. A seguir, a
"Via Sacra". E o dia terminava com a procissão. Os cinemas exibiam
sempre “A vida de Cristo”, com longas filas na entrada.
Hoje
em dia, de um modo geral, é mais um feriado para o lazer.
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Várias são as razões do brutal decréscimo da fé católica no Brasil. As igrejas evangélicas e o envolvimento de padres em atividades criminosas foram determinantes para que os "carolas" buscassem renovar a fé em outras realidades. Não são poucos os relatos de abusos sexuais em colégios católicos, embora a maioria fosse de forma velada. A partir dos anos 60, a face oculta "vermelha" dos padres ficou evidente. Se observarmos com atenção, os fantásticos e extraordinários milagres praticados por Jesus o foram por um ser de muita luz e de extrema simplicidade, não justificando em hipótese alguma o luxo e a opulência dos mercadores da fé, sejam eles católicos, evangélicos, ou espiritas.
ResponderExcluirBom Dia! Lembro que antigamente Quarta,Quinta,Sexta e Sábado até o meio dia as rádios suspendiam as programações normais. Tinha também um monte de proibições,não podia cortar as unhas,gritar,dizer palavrões,pentear os cabelos,usar roupas decotadas,comer carne,beber cerveja ou cachaça,varrer a casa.Hoje ninguém mais faz isso.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirAqui em casa sempre houve o hábito de não comer carne na quaresma, especialmente às sextas. Atualmente não somos tão radicais. Mas sexta-feira santa é sagrada... Tanto que muitas churrascarias nem abrem. Outras adaptam o cardápio.
Sobre o Largo de São Francisco, ainda peguei a época que era ponto final de várias linhas de ônibus, coisa impensável nos dias atuais.
Minha mãe por duas vezes me levou para assistir "A vida de Cristo" no cine Santo Afonso na rua Barão de Mesquita. Cinema "poeira" e sem ar condicionado, o filme era em preto e branco e mudo. Acho que foi em 62 e 63.
ResponderExcluirAcho esta igreja muito bonita e imponente. As fotos antigas são sensacionais e a moderna servirá para o biscoito se manifestar caso não esteja viajando neste feriadão.
ResponderExcluirAchei simpática a forma como a casa de penhores tinha a preocupação de publicar nos jornais os leilões avisando aos mutuários que as peças iriam ser leiloadas.
A maioria dos feriados católicos para a maioria das pessoas perdeu seu significado. Já a Vida de Cristo eram sucesso até os anos 60 no Pirajá e no Ipanema dois grandes poeiras da zona sul.
A agiotagem, oficial ou não, acabou com as Lojas de Penhores...
ResponderExcluirA igreja católica perdeu muito da sua força no Brasil; a lamentar que as evangélicas cresceram. O nosso povo gosta de religião, daí muitos políticos e outros espertalhões se aproveitarem desse "nicho" de mercado. Por isso é muito difícil nos tornarmos um dia um estado laico totalmente...
ResponderExcluirMuitas mudanças nos hábitos e costumes.A minha igreja não funciona e a liberação do que fazer depende do percentual do dízimo.Quanto maior,mais liberal.Gostava quando as rádios tocavam apenas musicas orquestradas e fui ver Paixão de Cristo ou similar umas 2 x.No final dos anos 60,perto da minha casa tinha um boteco que ficava lotado na sexta feira santa pois vendia um certo "Mil Homens" ou "Milome" que fechava o corpo.Uma raiz tipo cipó com cachaça e não deixava de ser um espanto!!!
ResponderExcluirNão se se conheço este templo da postagem,pois igreja convencional é muito parecida.
FF: O Augusto fez uma relação ontem de possíveis treinadores do Fla.Grande espanto!!Falaram em Felipão,espanto ainda maior.Penso que o problema deve estar nos jogadores e aí o Caetano é grande responsável.Parece que os caras não são o que se diz deles.
As histórias de Jesus Cristo já existiam muito antes dele nascer. Serviam como moldura. O que faziam eram pôr a celebridade do momento como personagem das histórias.
ResponderExcluirCausa-me espanto é como nos dias de tanta informação gente culta e inteligente ainda acredita nestas coisas.
Pois é, também acho. Fico impressionado quando vejo um engenheiro não acreditar que existiu dinossauros e acreditar em tudo do criacionismo.
ExcluirWagner Bahia, fica claro que o sujeito não pode estar em seu juízo perfeito ou deve ser ateu. Não tem coragem de mostrar a cara embora todos saibam quem é...
ExcluirO mundo evoluiu e as pessoas esclarecidas buscam a verdade e os verdadeiros ensinamentos do Cristo sem qualquer fundamentalismo. É sabido que as religiões foram criadas para submeter o homem menos esclarecidos através da fé, tanto é que as igrejas "nadam em dinheiro". FF. Leiam hoje em O Globo há 50 anos fatos graves ocorridos no tempo da ditadura e que não foram divulgados pela mídia, fatos esses que dão conta do espancamento de um capitão da Aeronáutica por parte de agitadores subversivos e que acontecerem no Calabouço.
ResponderExcluirHoje é dia de folga na Igreja do Pastor. Atendimento e aconselhamento só com tarja verde com direito a perdão garantido. Em tempo: Está parecendo que na ultima foto retrata a Igreja que fica esquina de São Francisco Xavier com Dr.Satamini na Tijuca. Será?
ResponderExcluirMenezes, não se trata da igreja de São Francisco Xavier do Engenho Velho. Repare que ao fundo não aparece o maciço da Tijuca. Em 1961,ano da foto, ainda que fosse a igreja que alega ser, o aspecto do local era bastante diferente.
ExcluirNão lembro de ter entrado nessa igreja, mas do Largo de São Francisco nunca esqueço da Casa Cruz, para a compra da volta às aulas em fevereiro.
ResponderExcluirHá poucos anos ouvi na Rádio Nacional uma antiga gravação da Paixão de Cristo, no estilo radio novela, mas na programação de hoje ela não aparece. Quando ouvi, a voz que reconheci imediatamente foi a do Rodolfo Mayer.
A terceira foto mostra um apetitoso furgão da Confeitaria Manon, servindo certamente a loja da Rua do Ouvidor. Havia outra no Largo da Carioca, mas esta acabou, enquanto a da Rua do Ouvidor continua firme e forte. Certamente não era sexta-feira, pois parece um dia útil. Chama a atenção, bem à direita, um Ford Taunus do pós-guerra; mais à esquerda, um enorme Cadillac e, continuando a volta, um Morris Oxford, um Cadillac 1941, um Citroën 1953 (parachoques retos, luzes nos paralamas e limpadores de parabrisa embaixo) e um Ford 1955, saia e blusa, que bem poderia ser o que estava na VALDA III. Ao lado dele, encoberto pelo furgão, parece um Opel dos anos 50.
ResponderExcluirSó uma coisa: a ocorrência com o militar há 50 anos foi em Botafogo, após o enterro do estudante assassinado pelo aspirante da PM, que nem foi indiciado pelo crime.
ResponderExcluirhttp://acervo.oglobo.globo.com/incoming/22519735-86f-bab/imagemHorizontalFotogaleria/Edson-Luis.jpg
Edson Luís nunca foi um estudante e sim um garçom, um "bucha" que nada sabia de "movimentos estudantis". Melhor dirá um antigo comentarista e profundo conhecedor daquela região, no momento ausente "deste sítio"...
ExcluirO Globo publicou a foto da carteira de estudante do curso supletivo que ele frequentava. Realmente trabalhava como garçom no próprio restaurante, mas uma coisa não invalida a outra.
ExcluirImpressiona como até hoje tentam repetir uma mentira mil vezes para que a transformem em verdade em algum momento...