As fotos, enviadas pelo prezado
Carlos P. L. Paiva, têm como tema a Aviação Naval Brasileira, que começou em 1916 com a criação da
Escola de Aviação Naval (1. Curtiss, 2.Ilha das Cobras, 3. Ilha das Enxadas, 4. Galeão, 5. Galeão).
Os
apreciadores do Rio antigo nos beneficiamos do excepcional trabalho do
fotógrafo Jorge Kfuri (1893 – 1965), autor das primeiras fotografias aéreas do
Rio de Janeiro, feitas a partir dos aviões da Aviação Naval.
O
primeiro avião adquirido foi um Curtiss de 1916, usado pelo Ten. Kfuri. A ilha
das Enxadas foi a primeira Base da Força Naval.
O
Galeão passou, na década seguinte, a sediar a base da Aviação Naval. Uma das fotos
mostra panorama da Ponta do Galeão, praticamente virgem de construções (nesta
área foi construído o aeroporto).
Em
frente ao píer, está a capela de Nossa Senhora dos Navegantes. A partir de 1924
a região ganharia hangares, campos de pouso e rampas para os hidroaviões,
reunindo a infraestrutura necessária para a instalação do Centro de Aviação
Naval e da Escola de Aviação Naval do Rio de Janeiro.
Em
1941 surgiria a Base Aérea do Galeão, usada a partir de 1946, também como
aeroporto, recebendo voos nacionais e internacionais até 1977. Neste ano foi
inaugurado o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, hoje chamado Antonio
Carlos Jobim.
O
nome Galeão vem do século XVII, quando na ponta da ilha, num primitivo
estaleiro, foi construído o enorme navio Padre Eterno, lançado ao mar no Natal
de 1663. A ilha, que já fora do Gato e dos Sete Engenhos, se tornou do
Governador em 1573, quando passou a ter como morador o governador Salvador Correia
de Sá, dono do primeiro engenho de cana da região.
O
Celsão complementa que, na quarta foto, “vemos uma parte da metade da Ilha do
Governador que pertencia aos padres de São Bento (padres bentos?), os quais
tinham um enorme engenho de cana logo à direita (fora da foto).
Observando
no lado direito, de baixo para cima, as casas e árvores vão até um certo limite
e depois é um areal semideserto, até o mar: este limite era um rio que descia
do Morro de Tubiacanga e abasteceu índios, franceses e o próprio engenho
durante séculos. Nunca soube o nome dele, embora conste em vários mapas
antigos. Com a terraplanagem para a construção dos aeroportos, deixou de
existir. A faixa de terra quase nua, do lado de lá do rio, pertencia à Fazenda
de São Bento, sucessora do engenho.
O
cais recebia embarcações regulares do Porto da Penha, do Cais dos Mineiros
(atrás da Candelária), da Prainha (Praça Mauá), de São Cristóvão, de São
Gonçalo e do Porto de Mauá. Ele ainda existe, reformado, ao lado do cartaz do
Ilha Autocine, bem pertinho da Churrascaria Porcão, que estaria exatamente no
canto inferior direito da foto.
A
Ponta do Galeão e toda orla à direita foram expandidas em muitos quilômetros
quadrados. O arquipélago à esquerda também sofreu grande aterramento, reunindo
todas as ilhas em uma só, hoje denominada de Ilha do Fundão. Com a construção
da Linha Vermelha, novo aterramento uniu outras ilhas à do Governador (por exemplo,
na parte superior direita da foto, aquela faixa de água foi toda aterrada).
E
assim, talvez se tenha perdido para sempre o inestimável tesouro que os antigos
diziam estar enterrado numa daquelas três ilhotas, duas das quais ainda podem ser
vistas trafegando pela via expressa em direção a Caxias.
Porém,
de tudo o que foi dito e do muito mais que poderia dizer, nada supera um fato
histórico que é o que torna essa foto de uma preciosidade ímpar: a imagem
mostra exatamente o sítio onde se deu a grande batalha entre portugueses e
franceses que consolidou a colonização lusitana no Brasil. Foi ali, na parte
desabitada, que milhares morreram no combate que durou três dias e duas noites.
Os
franceses, com ajuda dos índio tamoios, construíram um forte exatamente naquele
areal semideserto na parte superior/direita da imagem acima (do lado "de
cima" do rio), com paliçadas estendidas até a Ponta das Flecheiras, mas
foram massacrados pelo ataque organizado por Mem de Sá. Antes da chegada dos
franceses e tamoios, a Ilha do Governador era habitada pelos índios temiminós,
que tiveram em Araribóia seu chefe mais famoso."
Material maravilhoso, assim como os comentários. Chamo atenção para a "ponte" que ligava a Ilha das Cobras ao continente, na foto 2. Ela tinha um vagão suspenso que se deslocava ao longo da estrutura e as pessoas e materiais cruzavam o canal dentro dele. No filme "Duas Garotas Românticas" de 1966 há uma ponte exatamente como esta.
ResponderExcluirÉ um musical interessante e um trecho pode ser visto aqui, só que os caminhões ja haviam cruzado a ponte:
https://www.youtube.com/watch?v=TwC5l35NLgs
Achei a cena, é a da abertura, muito bem fotografada: https://www.youtube.com/watch?v=1hvjhyL04c4
ResponderExcluirNesta parte do filme os primeiros acordes lembram uma música brasileira de grande sucesso na mesma época:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=WGlfkX3886Q
Ótimas informações. Gostei do Padre Eterno...
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirForam editados nos últimos anos pelo menos três livros com parte do acervo da Aviação Naval. Parte do acervo também está na Brasiliana Fotográfica.
A Igreja defronte a antiga ponte de atracação era a Capela de Nossa Senhora do Rosário e Pompeia, demolida por volta de 1950 para permitir a construção da pista de rolamento junto a praia.
ResponderExcluirJá a ponte, que foi reformada, junto a Peixaria ( e do Siri do Galeão),chamada de Ministro Lira e Castro, era destinada ao escoamento de gado, que permaneciam no "Lazareto Veterinário" por um periodo de quarentena. A ponte de atracação das barcas de passageiros ficava defronte a Igreja de NS da Pompéia e seus ultimos vestígios foram soterrados pouco depois da construção do Viaduto do Aeroporto.
A ponte de transbordo que aparece no filme indicado pelo Biscoito ainda está lá, em Rochefort, França. Pelas fotos atualmente deve ser só uma atração turística.
ResponderExcluirMoro nos Estados Unidos. Estou escrevendo o 3o livro de uma série (em inglês, ficção). Pesquisando a Net sobre hidroaviões no Rio de Janeiro na década de 30, encontrei teu blog. A pesquisa é para o livro. Minha estória se passa em 1933 em Bagé (os dois primeiros, no Rio). Um personagem toma um hidroavião em Porto Alegre e viaja para o Rio. Onde pousaria esse hidroavião? No Galeão (Ilha do Governador)? E como os passageiros se transladavam para o Rio? (Minha personagem mora em Copacabana, próxima do Copa!) Se não pudrem me informar, poderiam me dirigir para onde possa obter mais informações? Muito grata pela ajuda.
ResponderExcluirNão sou especialista no assunto, mas acho que os hidroaviões da Condor nesta data chegavam na Ponta do Caju, perto do Centro.
ResponderExcluirPara Copacabana na década de 30 suponho que iria de táxi.
Acho que o terminal de hidros da Panair perto do Santos Dumont é de 1938.
Sugiro pesquisar no jornal Correio da Manhã, disponivel na Internet.
No Google acesse a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e terá as notícias dos hidroaviões que chegavam.
Atenciosamente,
luizd.rio@uol.com.br
Busquei na Hemeroteca; por "newspaper," impossível: "period" e "search" não abrem. Funcionou como período, mas mais de 250 citações para Condor. Sei que, de POA, saiam hidroaviões da Air France. Vou usar a Ponta do Cajú (*) no meu livro.
Excluir(*) não tem mais acento?
Em um site sobre o Caju: "Os hidroaviões eram içados da Baía de Guanabara para a Base do Caju, onde passavam por manutenção. Alguns Junkers da Varig e da Vasp também eram reparados na Ponta do Caju.
ExcluirA Base do Caju era avançada para a época, e contava com oficinas bem instaladas, um sistema de radiocomunicação de última geração, além de possuir área de embarque de passageiros.
O Curupira foi vendido em 1946 para a Argentina.
O Sindicato Condor ficava na Rua Praia do Caju, nº 10, onde atualmente está instalada a empresa Triunfo Logística, e funcionou de 1927 a 1943, quando passou a se chamar oficialmente de Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, que operou no mesmo endereço por um curto período."