Hoje
são várias fotos e um texto longo, mas saboroso. Frequentei muito, desde os
anos 50, a casa de meu amigo Fernando Luiz, na Av. Lineu de Paula Machado, no
Jardim Botânico/Lagoa. É um local de inúmeras boas recordações, até mesmo das
aulas de Matemática que recebíamos da mãe dele.
Assim
o Fernando descrevia a casa: "Excelente propriedade na zona sul do Rio de
Janeiro, bairro tranquilo espremido entre as montanhas e a Lagoa Rodrigo de
Freitas. Residência com 2 andares, 6 amplos quartos, varandas em 4 quartos,
salas de jantar e de visitas, hall de entrada, escritório em cima da garagem
com entrada externa, dependências de empregados separada da casa (ótimas para
namoros fortuitos), cozinha, copa, despensa, área de serviço enorme com 2
tanques e mesa de mármore, compartimento próprio para a guarda de lixo, terraço
térreo com canteiro de cristal, garagem para 1 veículo, sótão para a guarda de
materiais diversos. Ambiente extremamente familiar, tranquilidade, tratamento
carinhoso, porém com disciplina rigorosa, aprendizado prático para a vida. Permitida
a presença de cães (por vezes escondido do proprietário).
Vantagens:
canal na frente repleto de rãs (podendo ser construída até uma passagem
privativa), cinema na quadra ao lado, estacionamento para jipes na frente da
casa, clubes nas imediações. Escritório com coleção completa da Playboy
americana cujas melhores fotos estão afixadas nas portas dos armários para
deleite dos moradores, entregas em domicílio de leite, pães fresquinhos,
manteiga etc…
Escola
abandonada ideal para brincadeiras na vizinhança. Aulas particulares de
matemática, celebrações inesquecíveis de aniversários, Natais e muitas outras
atrações e facilidades.
Avisos:
- Necessário manutenção constante do telhado que, em dias de chuva, apresenta
centenas de goteiras, o que acarreta a necessita de esvaziamento manual com
baldes a qualquer hora do dia ou da noite.
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Pinturas internas são feitas pelos próprios moradores independente de idade ou
sexo com supervisão e participação da proprietária.
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A manutenção dos automóveis e até pintura são realizados pelos inquilinos com
gerenciamento do proprietário.
Regulamentos:
- Proibida a permanência sem camisa na mesa de refeições.
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Bermudas são toleradas dependendo do evento.
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Horários das refeições deverão ser rigorosamente observados.
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Após as refeições é obrigatório descanso de 1 hora.
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Alvorada às 6.00 hs.
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Em dias de semana a entrada à noite será permitida até às 19.00 hs e, nos
finais de semana até 22.00 hs.
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Não é permitido adormecer na sala da única televisão.
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O canal de TV será sempre aquele escolhido pelos proprietários.
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Quando subir a escada interna, de madeira, evitar ruídos desnecessários.
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Permitida a conversa por telefone no máximo durante 3 minutos por dia.
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Não é recomendável participar das frequentes brigas internas.
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Totalmente proibido receber ligações externas de namoradas/os.
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Não é permitido namoricos no portão.
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Proibido pular o muro para a casa dos vizinhos.
OBS:
as regras poderão sofrer modificações frequentes (e costumam sofrer…)
dependendo do humor dos proprietários.
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Isto é que é saudade do Rio que não existe mais. Uma rua tranquila do Jardim Botânico, uma casa muito simpática com ordens claras para a meninada, brincadeiras na rua, nada de iPad, iPhone, fones de ouvidos, muita conversa jogada fora com os amigos. Hoje o trânsito por aí é infernal e a maioria dessas casas foi substituída por prédios altos.
ResponderExcluirNaquela época imagino que se jogava futebol na rua, se andava de bicicleta sem riscos, o silêncio noturno era total. Outros tempos.
Santa Teresa era também assim, hoje é um comprido estacionamento entremeado de bares e pousadas. E isopores de cerveja para a juventude. Faço uma restrição ao termo bermudas - no meu tempo de criança usava-se calca curta.
ResponderExcluirNa foto da pinguela um majestoso Buck 1947, com sua doce suspensão por molas helicoidais - só o Citroën DS/ID iria ganhar dos Buick.
Depois um Henry J, carro de aventuras inconfessáveis, visto que seu uso envolvia alguns crimes previstos em Lei.
Uma Rural-Willys na foto do ônibus e a saudade dessa paz.
Ao ler essas "regras", eu me questiono se elas vigiam em algum país europeu, já que certas praticas soam "estranhas", pois tais práticas denotan educação e civilidade, algo raro nos tempos atuais. Sentar-se à mesa sem camisa é inadmissível para mim e outros "neste sítio", acredito eu, mas para a grande maioria é um "costume natural". A educação deveria ser o cerne de qualquer projeto para um país que pretende algum dia ser civilizado. As fotos lembram condomínios europeus ou Norte Americanos. A grande maioria dessas casas "veio abaixo" mas sua manutenção hoje em dia custosa e perigosa nesses "tempos africanos". FF. Depois dos incidentes violentos ocorridos na Praia Vermelha e adjacências, sete corpos apareceram naquele "costão" com marcas de execução. Os mortos, "caucasianos" como de hábito, seriam traficantes oriundos de favelas do Leme. Como sempre e com o apoio da mídia, parentes(comparsas)acusam a polícia. Que injustiça!
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirUma das fotos mostra um ônibus, pelo número de ordem, da Viação Acari. Os especialistas podem esclarecer qual linha da empresa passava pela região.
Falando em empresas de ônibus, várias estão paradas hoje e a tendência é piorar. A Ilha do Governador está, perdoem a redundância, ilhada sem suas duas empresas. O BRT está com horários irregulares. Vários ônibus abandonados nas ruas sem chaves.
Gostei muito das normas estabelecidas.Algumas hilárias:Não recomendável participar das frequentes brigas internas;namoricos no portão;canal de tv sempre escolhido pelos proprietários e assim por diante.Vários espantos...
ResponderExcluirPelo que se vê,podemos constatar que não apenas o local mudou,mas também os hábitos e costumes.
O Jardim Botânico é um bairro com ilhas de tranquilidade, mesmo neste estado onde a violência impera. Ainda hoje existem ruas cuja a visão delas em um dia de semana, se parece com cidades do interior nos finais de semana. Existem residências de altíssimo luxo, obviamente cercadas de toda a tecnologia de segurança, é um bairro que possui toda a infraestrutura porém nem sempre próximo a estas residências.
ResponderExcluirO prédio da segunda foto, a primeira em preto e branco, ainda existe, já os casarões ao lado não. Só o da esquina, bastante modificado, que hoje é o Belmonte.
ResponderExcluirVendo os dois meninos naquela pontinha me lembro quando eu, meu irmão e os colegas de rua usávamos o canal à direita para brincar com barquinhos. Regularmente o Hospital da Lagoa vomitava suas entranhas e as águas que saíam de lá e passavam pelo canal ficavam completamente vermelhas e seguiam seu curso charmoso para a Lagoa...
A terceira foto, a segundo em preto e branco, é no sentido de quem está olhando do Jóquei Clube para o Hospital da Lagoa. Se for isto mesmo, do lado direito só um casarão sobrou e é hoje uma escola. Do lado esquerdo não me lembro desta fachada. Seria onde depois foi construído o Teatro Fenix depois demolido para a construção de um conjunto de edifícios?
A última foto é tirada no sentido Hospital da Lagoa para o Jóquei Clube. Na esquerda, o grande muro, até hoje é um colégio. Estudei lá, o Thales de Mello Carvalho, por 6 anos. Também funciona o Colégio de Aplicação. Do mesmo lado, o muro seguinte é onde fica o Patronato da Gávea e o Teatro Maria Clara Machado, com uma pracinha entre as duas construções.
Realmente fotos e histórias que deixaram saudades do Rio.
ResponderExcluirA terceira foto é um mistério. O registro 42502 é da Viação Acari, que na época operava as linhas 299 (Castelo/Acari), 687 e 688 (Méier/Pavuna). Futuramente, ela operou a linha 455 (Méier/Copacabana). Não tenho conhecimento da empresa operar no Jardim Botânico. Será que era um especial?
ResponderExcluirBaseado no blog https://memoria7311.blogspot.com/, a 18 seria a precursora da linha de lotações 557 (Horto/Forte), criada na reorganização promovida durante o governo Lacerda, operada pela Viação Leme Leblon.
Essa viação foi cassada e a linha extinta, substituída pela 558 (Horto/Lido), operada pela Transportes Acre. A Acre foi cassada em 1973 e a Transportes Amigos Unidos assumiu a linha, até que em 1992 (?) foi vendida para a Viação Verdun, que a encurtou na Praça General Osório.
Ainda nos anos 70, a Viação Verdun, que operava a linha 409 (Saens Peña/Jardim Botânico), tinha uma seção tarifária entre o Horto e a Ponte das Tábuas. Houve uma tentativa de extinguir as seções, que transformada na linha 500 e não deu certo. Assim, a 500 acabou e a seção voltou.
Em 1996, a Viação Verdun passa a ser controlada pelo Grupo Guanabara, de Jacob Barata. A viação é desmembrada e a operação da linha é repassada para a Viação Saens Peña em 1997, que substituiu a frota por quatro micro-ônibus.
Entre 1999 e 2000, surge o serviço especial da linha 125 entre a Central e o Horto via Copacabana, da mesma viação Saens Peña, e a linha 558 foi extinta.
Depois da escabrosa licitação das linhas de ônibus, em 2010 durante o primeiro mandato do Eduardo Paes, o serviço especial se torna a linha 124. A Viação Saens Peña passa por uma reorganização e deixa o Rio de Janeiro em 2012, substituída pela Viação Nossa Senhora, tendo sua administração assumida por David Barata, que já administrava as viações Verdun e Transurb.
Devido à infame racionalização das linhas de ônibus na zona sul, a linha 124 é extinta em outubro de 2015 e é substituída pela linha 509 (Horto/Jardim de Alá), que é a mesma 558 e por motivos que ninguém sabe voltou com outro número (o número 558 foi atribuído a uma linha entre Jacarepaguá e Ipanema (??!!)). A 509 é estendida até a Praça General Osório em 2016. As queixas sobre a linha são frequentes e ela é extinta sem registro da data, em mais uma demonstração de subserviência da prefeitura de Eduardo Paes aos interesses das empresas de ônibus.
Comentário muito esclarecedor.
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