Em
março de 1970, às vésperas da estreia da peça “Tô cum grilo na cuca”, com Brigitte
Blair, Carvalhinho, R. Rocha e Carlos Nobre, além das “garotas mais lindas da
geração pão com cocada”, no Teatro Sergio Porto, as atrizes (como Marilene e
Clarisse Paiva) fizeram um evento de divulgação na Confeitaria Colombo, em
Copacabana, na esquina da Av. N.S. de Copacabana com Rua Barão de Ipanema, bem
pertinho do teatro.
Era
uma peça “pra-frentex”, com direção de Aldo Calvet. Tinha, além dos atores, um
time de vedetes e “até strip-tease”. As reservas podiam ser feitas pelo
telefone 236-6343 e o endereço do teatro era na Rua Miguel Lemos nº 51.
Ingressos a partir de Cr$ 6,00.
Entretanto,
conforme escreveu o “Correio da Manhã”, a estreia teve que ser adiada, pois
houve atraso no envio do texto desta peça de teatro de revista para a Censura,
em Brasília. A reportagem dava conta que “antigamente a liberação do texto e do
espetáculo resolvia-se no Rio; agora o processo é um pouco “egípcio”: os
censores da Guanabara liberam ou não o espetáculo; o texto deve ir a Brasília e
de lá virá a aprovação ou os cortes.
Situação absurda, pois o texto no papel não é o mesmo ao criar vida no
palco. As palavras, as intenções, o ritmo, as pausas podem configurar mil e uma
intenções. Por que a Censura de Brasília não delega poderes totais à sua filial
carioca?”.
Em
maio houve uma sessão extra para a classe teatral e para a Imprensa em
homenagem a Henriqueta Brieba (que na peça fazia um travesti e dançava Charleston),
pois a veterana artista completava, naquela ocasião, 65 anos de atividade
teatral. Após esta sessão o elenco ofereceu uma ceia no “Cabana” (este
restaurante ficava em Ipanema, na Rua Joana Angélica nº 116, quase esquina da
Rua Visconde de Pirajá e era do Leo Baptista, o locutor que até hoje narra “goals”
na TV Globo).
Para
não interromper as sessões no período da Copa de 70, Brigitte Blair mandou instalar
uma TV para o público assistir às partidas e, em seguida, ver a peça.
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A Censura Federal integrava a estrutura do Departamento de Policia Federal em Brasília. Nos estados ficava a cargo das respectivas superintendências regionais. Meu pai atuou bastante nos anos 70 aqui no Rio de Janeiro. As peças eram remetidas aos censores, que as liberavam ou não. Os censores iam então assistir aos ensaios para ver se condiziam com o que tinha sido enviado. Todas ad peças sem exceção eram submetidas ao crivo do D.P.F. Um caso curioso e engraçado ocorreu em 1975 quando meu pai foi ao Teatro Mesbla para assistir ao ensaio de uma peça e me levou com ele. Nessa época meus pais já eram separados e minha mãe recebeu um telefonema de uma colega de trabalho dizendo que me viu conversando "com um homem estranho" em plena Cinelândia às 22 horas, na porta de um local "suspeito". Minha mãe perguntou a descrição do "homem estranho". Após a resposta da colega meio sem graça, ela acabou rindo, dizendo que o tal homem era meu pai e que estava ali à trabalho. Quanto ao Sérgio Porto, a sua morte prematura em 1968 privou o meio jornalístico/teatral de uma mente brilhante. Irônico, mordaz, debochado e extremamente irreverente, suas declarações polêmicas causavam escândalo. Uma das mais célebres foi uma já mencionada por mim aqui no SDR e que não vou repetir, que afirmava que "cada um conhecia o seu lugar". Afinal eram "outros tempos"...
ResponderExcluirImagino que as vedetes devem ter parado o trânsito de Copacabana com esta performance na Colombo. E não deve ter sido pouco o espanto das senhoras que tomavam chá por ali.
ResponderExcluirCuriosa esta transgressão no auge da Censura do governo militar do Médici.
O teatro Sergio Porto acho que agora é no Humaitá e este mencionado acima chama-se agora teatro Brigitte Blair.
Em 1970 vivíamos o período "mais profícuo" do regime militar. Peças do "Teatro Rebolado", burlesco, ou de cunho popular, eram "toleradas mas a homossexualidade não era bem vista pelo governo. Travestis como Rogéria, Valeria, Jane Di Castro, Edy Star, etc, se apresentavam clandestinamente em clubes sociais, já que em "teatros formais" suas "exibições" eram frequentemente coibidas...
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirEssa é quase do meu tempo. A moeda tinha acabado de voltar a ser o cruzeiro e os telefones já tinham sete dígitos. Alguém lembra quando isso aconteceu?
PS- a mudança da moeda foi naquele ano. A dúvida é em relação aos telefones...
ExcluirHenriqueta Brieba fazendo um travesti deveria ser um espanto..Um bom alvoroço na Colombo Copacabana onde estive mai de uma vez,inclusive para almoçar. Muito bom.
ResponderExcluirNão sabia que o Leo Batista havia comandado um restaurante .Aliás ele é uma lenda viva da TV.
O gajo é muito mascarado mas resolve. É o melhor finalizador do futebol mundial.
ResponderExcluirE ainda tem gente que questiona o C.Ronaldo como o melhor do mundo...
ResponderExcluirO cara pode ser metrossexual, vedete, mascarado, viado, etc, mas mostra porquê é o melhor do mundo. Quanto ao Brasil, vou assistir "de camarote" o fiasco. Deixando de lado os motivos políticos e morais, ninguém acredita que jogadores do tipo "Fred", "Fernandinho", "Felipe Luís", "Firmino", e cia, possam levar o Brasil para algum lugar. Os "traficantes de prestigio" (leia-se empresários), formadores de opinião, e "operadores da mídia", vão amargar um imenso prejuízo. Com isso, só o Brasil tem a ganhar...
ResponderExcluirAh !... Os tempos do Teatro de Revista! Creio que o gênero extinguiu-se no Teatro Brigitte Blair, em Copacabana fazem poucos anos.
ResponderExcluirInfelizmente o gênero foi tragado pelo "Besteirol" de certo ator que monopoliza os teatros e as peças. Uma pena !!!
O Brasil sempre foi campeão com "caucasianos"...
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