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sábado, 29 de setembro de 2018

DO FUNDO DO BAÚ: FOOTBALL

 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá sai esta foto, recebida de um amigo, que mostra a equipe dos THEORICOS que, representando o Botafogo, venceu por 4x0 a equipe dos HYPOTHETICOS, do Fluminense, em 8 de agosto de 1915, às 8 ½ ante meridium.
Meu avô é o que está com uma marca vermelha no calção.
Fui procurar no “Correio da Manhã” se havia alguma notícia deste prélio amador. E qual não foi a minha surpresa em encontrar uma extensa reportagem.
O “Correio da Manhã” assim anunciava a partida: “O publico que nesta dorminhoca cidade consegue acordar cedo vae ter ensejo de assistir, no domingo vindouro, a uma partida de “football” destinada ao mais franco sucesso.
Trata-se de uma luta entre a “equipe” dos “Theoricos” do Botafogo, cuja estréa foi a mais auspiciosa possível ao encontrar-se com o “Quebra-canellas”, que a venceu por causa das más “theorias” do juiz, em desaccordo com a dos vencidos, e a dos “Hypotheticos” do Fluminense, que, pela primeira vez, pugnará nos campos cariocas.
Na primeira, como se deduz do titulo, os jogadores jogam “football” exclusivamente por princípios de “theoria”; na segunda, só disputam aquelles cuja competencia para as respectivas posições é uma “hypothese”, accionando em campo em lances “hypotheticos”.
O distincto “sportman” Sr. Salvador Fróes, nosso collega de imprensa, afim de prestigiar e animar um emprehendimento que tanto influirá no progresso do “football” entre nós, offerecerá uma delicada e artística “taça”, que servirá de premio aos encontros.
Aos encontros, dissemos nós, porque serão effectuados dois jogos: o primeiro no campo do Botafogo; o segundo no do Fluminense. Caso se dê um empate de victorias, o terceiro jogo de desempate será realizado no campo do club a que pertencer a “équipe” que haja obtido maior “score”.
O juiz será o Dr. Alvaro Zamith e a taça se denominará “Taça Salvador Fróes”.
Na foto vemos em pé, Antonio Soares Dutra, Bandeira, Adalberto Darcy, Paulo Azeredo, Oldemar Murtinho e Jorge da Gama e Abreu.
Sentados: Armando de Souza Ribeiro, Lauro Muller Filho e Antonio Ferreira Vianna Neto.”.
Outros clubes formaram também suas esquipes: a do Flamengo chamava-se “AQUATICOS”, a do América era a “UTOPISTAS” e a do Bangu  os “LOGICOS”.
Foto do acervo do Dr. Rivadavia Correa Meyer.

14 comentários:

  1. A família do meu avô era toda botafoguense. Morávamos naquela casa que a maioria conhece de fotos aqui publicadas, em Copacabana. Não sei explicar o que houve, mas meu irmão mais velho seguiu os passos do avô. Imagino o desgosto do meu pai. A seguir todos os irmãos fomos ser torcedores apaixonados pelo Flamengo.

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  2. Entre os que foram assistir à partida em General Severiano estavam o pranteado e saudoso General Miranda e seu irmão Eleutério, o Teco.

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    1. O futebol nessa época possuía características próprias e a sua "não manutenção" fez com que tomasse a dimensão gigantesca que possui atualmente. Esporte para ricos da elite letrada e exclusivamente para brancos.

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  3. "Bom dia".

    Jogo cedo só na TV, como agora, com os campeonatos lá de fora. Acredito que parte do clã D' tenha afinidades com o clube rubro-negro pela proximidade com o estádio.

    E hoje estreia o tapa-buraco.

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  4. Bom dia a todos. Hoje o fundo do baú é Botafogo. Vem das origens botafoguenses a prática do futebol com classe e elegância, tradição esta que se manteve até os anos 80 do século passado. É fácil entender porque os torcedores do Botafogo não se sentem representados pelo atual time de futebol, cujos seus jogadores sequer teriam vaga na formação do time de aspirante dos áureos tempos do Botafogo. Time que foi responsável pelas bases das Seleções Brasileiras que deu as maiores alegrias ao povo brasileiro e aos amantes do futebol.

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  5. O Flamengo deste ano estaria mais para hipotético com um time razoável no papel,mas que em campo não consegue aparecer.A postagem é muito interessante e os comentários da imprensa na sua forma,podem ser classificadas com médio espanto.

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  6. Como só havia futebol amador no Brasil daquela época, esses times citados apenas usavam o uniforme como preferência de seus jogadores e nada tinham a ver com os clubes ou eram aspirantes?

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    1. Eles usavam o uniforme e o emblema do clube. Não havia outra categoria, pois entende-se que o "aspirante" o era até ser profissional. Como a classe amadorística, não havia o que aspirar. Só que "os tempos eram outros" e apenas "os bem nascidos" tinham acesso. Vide o caso do Fluminense e do "pó de arroz"...

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  7. Eu, como um tricolor, sempre senti mais rivalidade de botafoguenses, do que de flamenguistas ou vascaínos. Não sei se é impressão minha, mas conversando com outros tricolores eles disseram ter a mesma impressão...

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  8. A alcunha racista, infelizmente empregada pelo nobre Joel, ao Fluminense vem apenas reverberando na cabeça daqueles que não procuram se informar.
    O caso do pó de arroz veio de um jogador chamado Carlos Alberto. Advindo do América, tinha a mania de passar pó de arroz antes de entrar em campo. E já fazia isso nos tempos do América. Corria o ano de 1913 e o Carlos Alberto veio jogar no Fluminense. No primeiro jogo contra o seu ex-time, o torcedores rubros passaram a gritar "pó de arroz" todas as vezes que o jogador pegava na bola. Se havia racismo aí, era dos torcedores rubros.
    Carlos Alberto não foi o primeiro jogador negro a jogar no Fluminense. Em 1910, já havia um jogador negro no Fluminense, por exemplo, fato comprovado em fotos da época.
    Enquanto isso, no Flamengo, os negros não podiam entrar pela porta social do clube, por exemplo. Os jogadores do Fluminense, quando foram formar o futebol da Gávea, também não podiam.
    O Vasco foi saber o que era ter um negro em 1923. Porém, eram jogadores contratados. Como o campeonato era amador, foram eliminados do certame, tendo que jogar a divisão de acesso no ano seguinte.
    Inclusive, Vasco e Flamengo só jogaram futebol porque o Fluminense emprestou gratuitamente o campo das Laranjeiras para eles jogarem, pois não tinham onde jogar. Mas isso é uma outra história.
    Em tempo: o primeiro time de futebol a ter um negro em seus quadros foi o Bangu.
    Somos Fluminense!

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  9. Descobri agora que o segundo jogo foi em 14/09/1915, 9:30 da manhã de domingo, nas Laranjeiras, com os THEORICOS venceram novamente, desta feita por 1x0.

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  10. A sociedade brasileira desde sempre possuiu contornos elitistas e mesmo racistas, e em um passado recente os exemplos são muitos, desde a proibição de empregados domésticos entrarem pela porta social, conduta hoje proibida por lei recente, até fatos gritantes como o ocorrido em 1969, quando a Rede Globo apresentou a novela "A cabana do Pai Tomás" da americana Harriet Beecher Stowe. Nela o ator Sergio Cardoso que interpretou o personagem titulo, teve o corpo pintado de negro para viver o "Pai Tomás", apesar de dezenas de atores negros em atividade, demonstrando com tal postura um imenso desprezo. Na filmografia, os diálogos existentes em filmes antigos são de uma crueza atroz. Vide o "Assalto ao trem pagador". Mesmo nos tempos atuais são muitas as expressões "politicamente incorretas".

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  11. Sou torcedor do Fluminense (de cabeça inchada) mas jogadores, com raríssimas exceções, foram obrigados por um bom tempo a usar a entrada de serviço da sede das Laranjeiras.

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