Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de junho de 2020

AVENIDA ATLÂNTICA


O “post” de hoje é de uma estupenda pesquisa feita pelo prezado Maximiliano Zierer, um grande especialista em Avenida Atlântica.

Vemos o Palacete da família Dias de Castro, em Copacabana, na Avenida Atlântica com esquina de Rua Hilário de Gouveia, em foto de autor desconhecido, 1971.

O palacete de nº 2172 da Av. Atlântica pertencia ao engenheiro paulista Ernesto Dias de Castro, que também era proprietário do prédio de 12 andares e 23 apartamentos vizinho à sua casa, o edifício Dias de Castro. O casarão foi construído em 1922, em um projeto do professor, arquiteto e engenheiro Gastão da Cunha Bahiana, que projetou várias outras casas em Copacabana, além da Igreja Matriz Nossa Senhora da Paz em Ipanema.

Após a morte em 1978 da única herdeira, a filha Laura de Azevedo Castro Martins, a casa foi adquirida em fevereiro de 1981 pela imobiliária Sérgio Dourado por 640 milhões de cruzeiros, valor que incluiu o vizinho edifício Dias de Castro, sendo a casa finalmente demolida ainda no ano de 1981.

Até falecer, Dona Laura de Azevedo Castro Martins morava na casa com 5 empregados, mas depois de sua morte a conservação passou a ser feita por apenas um. Sem herdeiros, Dona Laura deixou a casa e o vizinho edifício Dias de Castro para três entidades filantrópicas: a Santa Casa de Misericórdia de SP, a Fundação Antônio Prudente (câncer) e a Cruzada Pró-Infância. O resultado da venda foi para elas.

Para uma cidade violenta como o Rio de Janeiro, no início dos anos 80 a casa já era bastante devassável e insegura. Da calçada era possível observar o que acontecia na grande varanda através de uma vulnerável cerca de madeira. O imóvel, que até a sua demolição estava muito bem conservado, era uma casa para o Rio de Janeiro de tempos atrás, quando a sua varanda era utilizada para saraus e bate-papos.

No lugar da casa foi construído o enorme e moderno edifício Avenida Atlântica que, com sua fachada toda em vidro fumê, possui apartamentos de 650 m2, sendo uma unidade por andar. Cada apartamento conta com uma piscina privativa, situada na varanda de frente para a Av. Atlântica.

Vale lembrar que até o início da década de 80, restavam apenas seis casas residenciais na Av. Atlântica: o palacete da família Dias de Castro, na esquina com a rua Hilário de Gouveia; a casa da família Dias Garcia (castelinho da Veplan), entre as ruas Santa Clara e Figueiredo de Magalhães; a casa da Zilda Azambuja Canavarro, mais conhecida como casa de pedras da Santa Clara; a “casa do Papa” na esquina com a rua Djalma Ulrich (ex-boate Help e atual local do inacabado Museu da Imagem e do Som), e no Posto 6 a casa rosa do Consulado da Áustria (entre as ruas Francisco Sá e Sousa Lima) e uma casa geminada que pertencia a Humberto Milano Junior, que ficava bem na esquina da rua Joaquim Nabuco.

Já no final da década de 80, restavam somente duas casas de pé na Av. Atlântica: a casa rosa do Consulado da Áustria e casa de pedras da Santa Clara. Finamente, no início do século XXI, ambas as casas foram demolidas (2013), e agora já não resta mais nada da gloriosa época dos elegantes palacetes da orla de Copacabana.

Texto e pesquisa: Maximiliano Zierer - fonte: Jornal do Brasil


Adicionei esta foto, do acervo do Tumminelli, para comentar sobre a data da foto principal. Vemos a região do Posto 6, talvez em 1971, com a pista antiga funcionando junto à pista nova perto da areia. Não sei informar por quanto tempo funcionaram juntas.

18 comentários:

  1. Muitos se lembrarão de uma ação cinematográfica da Polícia neste prédio, na tentativa de prender um de seus moradores.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ...AAD... com o pássaro no fundo da piscina...

      Excluir
  2. Bom dia, Dr. D'.

    Mais uma aula sobre Copacabana. A obra do futuro MIS não ata nem desata. Tinham aprovado a continuação da obra, mas aí veio março e o resto da história nós conhecemos.

    ResponderExcluir
  3. Se a foto é de 1971, neste ano as obras na orla para a construção das duas pistas já estava concluída.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mauro, adicionei uma foto da mesma época para comentar que as duas pistas chegaram a funcionar concomitantemente. Mas não sei por quanto tempo.

      Excluir
    2. Ah, tá. Não me recordava que ambas funcionaram juntas.

      Excluir
  4. Esse texto contém muitas informações importantes, e as considerações são inevitáveis. É de conhecimento geral que meu viés político é de cunho conservador, mas a desigualdade social no Brasil é aviltante. Não é de se admirar que isso vem crescendo desde a abolição da escravatura. No tempo em que a Avenida Atlântica ainda possuía muitas casas isso não era tão visível, já que a convulsão social era ainda tímida, as leis eram mais duras, e "todos conheciam seus lugares". Mas já na década de 80 como bem disse o Zierer, a violência já assustava. Um apartamento com as dimensões relatadas coexistindo com moradores de rua é um escárnio para o país. A ação policial mencionada pelo gerente ocorreu na cobertura do bicheiro Aniz Abraão David teve até descida de rapel e foram encontradas malas com milhões de Reais. Mas como no Brasil as grandes ações terminam em pizza, ninguém ficou preso e as atividades contravencionais "vão bem obrigado". FF: "Falando" de polícia, hoje a DH prendeu mais um envolvido na morte de Marielle. Trata-se de um praça graduado C.Bombeiros que teve uma participação indireta. Mas o mandante do crime, que é conhecido pela mídia, pela P.F, e até pela PGR, mas a DH "ainda não conseguiu descobrir o mandante". Em 2038, após a prescrição do crime, talvez o mandante seja descoberto...

    ResponderExcluir
  5. O Covid,o isolamento e a falta de fiéis estão me deixando zureta..Não entendi bem:a casa e o edificio foram adquiridos pelo Sergio Dourado da herdeira ou já das entidades filantrópicas agraciadas?Deve ter sido nomeado um inventariante...A Dona Laura bem que poderia ter pensado em deixar a casa para a instalação de um templo da minha igreja ,que ficaria muito bonita e estaria até hoje embelezando a avenida...
    Hoje o Biscoito pode ficar na lata:tudo figurinha bem fácil com estampa verde amarela.




    ResponderExcluir
  6. Bom dia a todos. A violência na cidade, tornou qualquer casa de frente de rua inviável, pode ser de muro baixo ou alto, na Av. Atlântica ou em qualquer rua de qualquer bairro da cidade. Já no caso específico da Av. Atlântica, o crescimento populacional no bairro, bem como a demanda por imóveis neste bairro, levou a construção civil a buscar comprar essas grandes casas com área suficiente para a construção de edifícios, visando atender a demanda de pessoas querendo vir a morar no bairro. Isto aconteceu incialmente em Copacabana e depois se estendeu por Ipanema e Leblon. Já na Barra da Tijuca, também veio acontecer inicialmente com a compra de alguns Clubes que tinham sua localização em áreas frontais ou próximas a praia, provavelmente no futuro deverá ocorrer também com casas residenciais.

    ResponderExcluir
  7. O cara de pau daquela Variant estacionou o carro em cima da calçada pois sabia da impunidade que ocorria "naqueles tempos".Duvido repetição da cena hoje em dia pois a era da carteirada ficou fora de moda felizmente.Sou Do Contra.

    ResponderExcluir
  8. No tempo do "esplendor", imobiliárias fizeram uma massiva propaganda para trazer para Copacabana famílias de "subúrbios distantes" como Meier, Penha, e até de bairros como Tijuca e Vila Isabel. Com anúncios do tipo "venha para perto da praia", venderam milhares de apartamtos conjugados com metragens ridículas de 20 M2. Eu tenho o folder de propaganda do edifício Alaska onde são anunciados apartamentos de 18 e 28 M2. Isso foi fatal para a longo prazo ajudar transformar o bairro em uma babel. Atualmente tais imóveis abrigam redutos de prostitutas, anormais, pederastas, famílias de baixa renda, consultórios, etc. Atualmente 90 % dos imóveis do bairro tem mais de 65 anos e a grande maioria não possui vaga de garagem. Acredito que em 20 anos Copacabana conhecerá tamanha decadência que será preciso uma grande reformulação. Mas residir em casas é inviável não só no Rio como no Brasil. Com leis ridículas que só beneficiam marginais, só um louco teria coragem pata tal. A moradia é sagrada em países civilizados, mas nessa "Somália" conhecida como Brasil, é uma decisão de alto risco. Se fosse permitido executar invasores sumariamente como ocorre nos EUA, teríamos uma grande tranquilidade para residir em casas.

    ResponderExcluir
  9. A "nova foto" é realmente de 1971. Nessa época eu morava exatamente nesse prédio que aparece à direita, o Edifício Egalité. A foto é do segundo semestre de 1971 e já aparece a segunda pista. Em Setembro de 1971 essa obra já estava concluída.

    ResponderExcluir
  10. Variante, Fusca, Opala, Kombi e Aero Willys ?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E um pedaço muito pequeno do para-choque e da traseira de Gordini, bem à direita. Acertei?

      Excluir
  11. A Variant foi lançada em Novembro de 1969.

    ResponderExcluir
  12. Tentei comentar de novo mais cedo mas o wi-fi deu problema na hora de enviar...


    Passei várias vezes pela casa rosa do consulado. A "casa de pedras" salvo engano foi cenário de uma novela global de 1987 (O Outro).

    ResponderExcluir
  13. Não consigo precisar o ponto que era, mas havia uma "sede recreativa" da Standard Oi na Avenida Atlântica. Estive nela umas duas vezes, mas como eu era muito criança na época não lembro de maiores detalhes. FF: Ontem a Policia Civil desbaratou uma central clandestina de TV a cabo cuja sede ficava no Estácio e desativou mais de 300000 pontos em diversos locais nas zonas norte, sul, e oeste, gerando um prejuízo de dois milhões de Reais. Muitas conexões perderam a estabilidade e a segurança. A rede "cai toda hora". FF2: um homem invadiu a sede da Rede Globo hoje à tarde e tomou a repórter Marina Araújo como refém encostando-lhe uma faca no pescoço. O homem foi preso mas a Globo nada divulgou. Imprensa suja e marrom é assim mesmo.

    ResponderExcluir