Foto do quarteirão entre Constante Ramos e Santa Clara identificada pelo M. Zierer.
As fotos de hoje sempre foram
motivo para falarmos do Edifício Guarujá, ignorando o palacete da Av. Atlântica
que também aparece na foto.
Recentemente o prezado Maximiliano Zierer fez uma espetacular pesquisa, publicada no Facebook, sobre este palacete e descobriu uma história novelesca, resumida abaixo.
Tratava-se de propriedade do tenente do Exército Palmyro Serra Pulcherio
que morava com sua família no Leme, na Rua Gustavo Sampaio número 110. Entre
1913-14, mandou construir um novo palacete de três pavimentos em estilo
eclético na Av. Atlântica, localizado em um terreno adjacente ao lote de
esquina da Av. Atlântica com a Rua Constante Ramos, vizinho do Edifício Guarujá.
O tenente não chegou a morar no recém-construído palacete Pulcherio.
Logo depois da sua morte, que se deu de forma violenta, numa briga na Rua São
José, no Centro, na madrugada do dia 15/11/1914, uma série de denúncias veio à luz
nos jornais.
O primeiro tenente de Engenharia Palmyro Serra Pulcherio foi autor dos
projetos e engenheiro-chefe de diversas obras: a Villa Proletária Marechal
Hermes, em Deodoro, a Operária Villa D. Orsina da Fonseca, no Jardim Botânico
(em homenagem à primeira esposa do Marechal Hermes, falecida em 1912), a
estação de Marechal Hermes e a nova Imprensa Nacional. Era homem de confiança
do presidente Hermes da Fonseca, sendo encarregado de outros projetos, tais
como a construção de um quebra-mar na Av Atlântica (no Leme, onde residia),
obras de saneamento na Lagoa Rodrigo de Freitas, e mais tarde obras militares
no Estado de Mato Grosso.
Em janeiro de 1917,
houve a execução judicial contra os herdeiros do tenente (sua viúva e os três
filhos), com a penhora do palacete na Av. Atlântica em decorrência de supostos desvios
verificados na construção da Villa Marechal Hermes (A Rua - Semanário
Illustrado, 24-1-1917).
Porém, passados 17 anos da morte do tenente Pulcherio, o Supremo
Tribunal Federal rejeitou os embargos opostos pela Fazenda Nacional e anulou o
processo movido contra o espólio do tenente. Deste modo, o STF deu ganho de
causa à viúva e seus filhos, com a total restituição do dinheiro e dos bens
penhorados no ano de 1917 (A Noite, 27/8/1931).
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Estória interessante de um tempo que não volta mais. A engenharia e a arquitetura são uma ciência originalmente castrense e é essa a principal razão de no passado os militares serem os responsáveis pela maioria das obras. O desfecho da estória foi lógico e coerente. Se isso tivesse acontecido na atualidade certamente a decisão do STF seria diferente: a viúva nada receberia, seria obrigada a arcar com as custas do processo, o imóvel seria revertido para algum político, magistrado, ou mesmo um "laranja". FF: já que tratava-se de um imóvel "foreiro", o custo devia ser alto.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirVerdadeira aula para quem gosta do assunto. Denúncias de maus feitos vêm de longe. A justiça "célere" do país, como visto também nesta semana.
Hoje,de fato,dificilmente a familia ganharia a questão,pois vários interesses estariam em jogo. 3 palacetes na ultima foto e otimos locais para um templo diferenciado,com milagres diários,pensão inteira.
ResponderExcluirFF: Ontem pelo menos,o Flamengo foi mais efetivo.Diminuiu alguns espaços,marcou melhor e finalizou bem.Mas sem a bola ainda mostrou deficiencias e o goleirinho não passou confiança.Vamos ver se o Dome consegue equilibrar....
Já tinha uma Odebrecht desviando dinheiro público. E como até hoje o STF protegeu os corruptos. Nada mudou nesse 100 anos.
ResponderExcluirSe o processo estivesse ainda tramitando até os dias atuais, os herdeiros perderiam a demanda em 2.042, como na recente sentença na ação movida pela Princesa Isabel, com relação ao Palacio Guanabara, cujo processo perdurou por 125 anos, ou seja, no caso, de 1.917 + 125 anos = 2.042. Justiça brasileira !
ResponderExcluirO Tenente morreu no dia em que o Marechal passou a faixa para o Wenceslau Brás.
ResponderExcluirSe pelo menos tivessem mantido a distância da praia igual ao Edif. Guarujá para todos os prédios da Av. Atlântica.
Nada mudou nos últimos 100 anos? Não, nada mudou nos últimos 500 anos. Expressões como "sesmaria, Capitania hereditária, e feitoria", não encontram similar em países civiizados do continente americano (leia-se EUA e Canadá), e a razão é simples: lá não existem "amigos do rei". A formação dos grandes latifúndios se originou no citado modelo de colonização. E como o assunto é longo, espinhoso, e certamente há de causar "melindres", vou ficar por aqui.(por enquanto). FF: Witzel "perdeu por 14x1". Eduardo Paes lidera a pesquisa para a Prefeitura com 27%.
ResponderExcluirEdifico Guarujá foi um dos únicos a respeitar o plano Agache, para que não houvesse sombra na praia de Copacabana.
ResponderExcluirVenceu a especulação mudaram a lei e virou zona. Foi tão acintoso que o próprio jardim do Guarujá virou outro prédio nós anos 60.
Fui até a banca de jornais digitalizados da Biblioteca Nacional.
ResponderExcluirO fato citado, que resultou na morte do Tenente Pulcherio, foi uma verdadeira sequência de faroeste, no trecho da Rua S. José junto ao "finado" Hotel Avenida.
Segundo o Correio da Manhã, opositores ao governo foram atacados pelos defensores do Marechal Hermes, sendo estes liderados pelo tenente, que considerava como um dos seus aliados um tal Queiroz.
O Brasil daquele tempo era bastante politizado e essa parcela politicamente ativa era lúcida e escolarizada. Isso de certa forma tem explicações. Uma delas era que apesar de as eleições serem "à bico de pena", nem todo eleitor tinha direito a voto. Isso naturalmente selecionava e qualificação o voto". Analfabetos não votavam e às mulheres só foi possível votar após 1933. Nos EUA a seleção era ainda mais rigorosa e as restrições eram ainda maiores e certas minorias eram proibidas de votar. Até hoje lá o voto é vedado aos analfabetos, mas no Brasil tal excrescência foi criada após 1988. Atualmente o "código eleitoral brasileiro" possui elementos surreais. Não admira que o país chegou ao estado deplorável em que se encontra. Um país onde elementos bizarros como Tiririca, Benedita, Maria do Rosário, Jean Wyllis, e muitos outros, "possuem destaque" não pode ser levado a sério...
ExcluirTambém na questão da eleição municipal eu sou Do Contra.As viuvas vão ficar ruborizadas de raiva,mas vou fazer campanha para Eduardo Paes,que foi o melhor prefeito do Rio depois do grande Carlos Sampaio.Podem falar o que desejarem,mas o moço trabalhou como poucos e deve ser bem vindo o retorno.Quem estiver satisfeito que fique com o pastor de plantão.Eu sou Do Contra.
ResponderExcluirNessa eu estou "a favor" com o "do contra"...rsrs
ExcluirO Dudu foi o melhor governante do Rio desde Lacerda.
Balela. Se fosse tinha pelo menos botado o pupilo no segundo turno... Teve todos os fatores a favor, como verbas quase ilimitadas para obras (superfaturadas e podres). O segredo foi despejar milhões em verbas de publicidade para a Globo, coisa que aprendeu com o mentor maluquinho...
ExcluirO sucessor é tão ruim que o transformou em estadista... Mas a maioria nem pode reclamar.
Eduardo Paes é uma corruptela do Século XXI de Ademar de Barros, o "rouba mas faz". Esperto e ladino, não deixou rastros. Adepto dos "costumes de Tiberio", deixou o VLT como legado.
ExcluirBoa tarde a todos. Uma boa reportagem sobre o passado do palacete em questão. Falar em desonestidade no setor público do Brasil isso vem de muito, muito longe. Falar que o STF tem decisões nebulosas ou melhor dizendo suspeitas, também vem de muito, muito longe. Isso só comprova o que dizia um ilustre visitante e uma piada que também vem de já de muito longe. O ilustre visitante disse: "O Brasil não é um País sério". A piada é aquela que todos nós conhecemos, na qual o final é Deus respondendo a um de seus apóstolos: "Mas olha o povinho de m#### que eu vou colocar lá". Mas a verdadeira realidade é a seguinte, o nosso povo jamais se insurgiu contra políticos e o judiciário. Faço uma aposta, no dia que o povo invadir o congresso ou o supremo e pegar alguns deputados, senadores e juízes e matá-los de porrada, garanto que também pelos próximos 520 anos não teremos mais esses casos escabrosos se repetindo no País. É como sentar num formigueiro, sentir uma coceira na bunda, mais não se levantar do lugar por preguiça.
ResponderExcluirAlguém tem mais informações ou alguma fonte segura, ou detalhes sobre como foi a morte do engenheiro militar Palmyro Serra Pulcherio? Eu estou fazendo uma pesquisa e gostaria muito de saber qual era o contexto e o por quê da briga que levou a morte dele. Se foi assassinato, ou algo envolvendo alguma conspiração política. Quero escrever sobre isso e entender o que aconteceu.
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