Total de visualizações de página

quinta-feira, 25 de março de 2021

PAVILHÃO DE REGATAS

Vemos o Pavilhão de Regatas, construído na época de Pereira Passos, nos primeiros anos do século XX, na Praia de Botafogo.  Como os orçamentos para a construção foram caríssimos, Passos importou a estrutura na Antuerpia, na Bélgica. Vieram no vapor “São Paulo”. A iluminação elétrica do Pavilhão de Regatas ficou a cargo da firma Siemens & Halske. Nesta época o remo era o esporte que atraía o maior público no Rio. 

Nosso comentarista Eleuterio Miranda, irmão do falecido General Miranda, assim comentou esta foto: " ROWING - Com extraordinaria concurrencia do que de mais distinto e elegante possue a sociedade carioca, realizou domingo ultimo, num dia de luminoso sol bafejado por uma viração benigna a vida sportiva do Rio de Janeiro, a Federação Brasileira das Sociedades do Remo a sua magnifica regata para a corrida do Campeonato do Rio de Janeiro. Como attesta a photogravura hoje estampada, estiveram repletas as archibancadas e o pavilhão destinados aos convidados e à direcção da regata. No mar feria-se o prelio das sociedades de remo e era grande tambem a animação e além das barcas "Mauá", com os sócios do Club de Regatas Boqueirão do Passeio, "Segunda", com os do Club de Natação e Regatas, "Quinta", com os do Club de Regatas de Icarahy, e "Sexta", com os do Grupo de Regatas Gragoatá, cruzaram-se com os rebocadores dos clubes de Regatas do Flamengo, Internacional, Vasco da Gama e S. Christovão, muitas lanchas com familias em toilettes alegres, escaleres remados por aspirantes, alumnos da Escola Militar e marinheiros de guerra e guigas guarnecidas de robustos amadores de regatas. Ao longo do caes da Avenida de Botafogo extendia-se longa fila de curiosos em um vae-vem incessante, logrando todos um espectaculo infinitamente bello favorecido pela amavel temperatura e pelo pittoresco do local a que a linda enseada proporciona um scenario imponente dotado pela natureza das mais ricas tonalidades" 

As pessoas ficavam aglomeradas diante da murada de pedra do cais de Botafogo durante um dia de regatas. Ao fundo, a igreja da Imaculada Conceição, projetada pelo Padre Clavelin e inaugurada em 1892. As regatas passaram a ser oficialmente disputadas a partir de 1851, transformando-se em ponto de encontro da população carioca no início do século XX. Inaugurado em 24 de setembro de 1905, teve o C.R. Vasco da Gama como o primeiro campeão.


Em 1931 o Pavilhão de Regatas foi demolido. Estava velho e necessitando de urgentes consertos, pois sua manutenção deixava a desejar. Outro motivo para a demolição é que consideraram que no local onde estava situado não correspondia às exigências do serviço para que fora designado. A Prefeitura estudava a construção de outro, em estilo moderno, num lugar mais apropriado, talvez à altura da Av. Pasteur. Mas este projeto não foi adiante. O novo Estádio de Remos só foi concluído na década de 50, na Lagoa.

O Pavilhão de Regatas também era utilizado em inúmeras ocasiões para festas com música. Seja em atividades políticas, festas de carnaval como "batalha de confetes", comemorações como a chegada do Dornier DOX ou procissões marítimas.


Aspecto da Av. Beira-Mar em dia de regata.


O público, elegantemente vestido, se debruçava sobre a amurada então existente na Praia de Botafogo. 
 

12 comentários:

  1. Muito diferente do que hoje. Confesso que mesmo não ter vivido essa época fico saudoso ao ver o estilo esmerado com que era tratado a enseada. Bons tempos, não?

    ResponderExcluir
  2. Bom Dia! Como disse faz poucos dias, a minha experiência com remos não passou dos barquinhos que existiram na Quinta da Boa Vista.Vou acompanhar os comentários por certo aprenderei muito. Faltam 40 dias.

    ResponderExcluir
  3. Olá, Dr. D'.

    Entre a demolição do pavilhão de Botafogo e a construção do Estádio de Remo da Lagoa, onde eram disputadas as regatas? Em Botafogo mesmo?

    Algumas rivalidades da época de remo foram absorvidas pelo futebol. Outras rivalidades no futebol têm origens diferentes.

    ResponderExcluir
  4. Em dias de regatas, a enseada de Botafogo era uma festa. Viver naqueles tempos era bem melhor. O Pavilhão era lindo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mauro Marcello, viver naqueles tempos não era melhor, era muito melhor, e isso é incontestável. Basta observar que as proles no passado eram grandes e isso se devia ao fato que o "custo de vida" permitia. À um chefe de familia era normal "sustentar condignamente" a mulher e uma prole numerosa. Ensino público de qualidade, hospitais públicos de boa qualidade, e um sistema judiciário composto de "pessoas encarnadas", tornavam a vida "boa de se viver".

      Excluir
    2. Joel, vou além, era normal sustentar condignamente a mulher, bem como a filial.

      Excluir
  5. Bom dia a todos. Meu tio avô contava quando eu era criança, que pela manhã ia assistir as regatas, falava que na plateia se apostava tudo que acontecia na prova, desde qual o barco venceria a prova, e diversas apostas de uma situação da prova, qual saltaria na frente na largada, quem estaria na frente no meio da prova, quantas remadas por minuto a equipe do barco daria nos últimos 100 ou 200 metros finais da prova. Depois de terminada todas as provas, ele e seus amigos inseparáveis, Madureira Velho e Baiano, pegavam o bonde e vinham almoçar na Praça XV para depois irem assistir ao jogo do Vasco onde quer que o time jogasse. Eu criança escutava essas histórias e ficava maravilhado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Igual ao Maracanã onde se apostava qual time entraria primeiro, quem teria o primeiro lateral ou corner, quem faria a primeira falta ou gol, etc.

      Excluir
    2. Eram os chamados "boleiros".Centroavantes como Silva,Roberto Miranda, Flávio Minuano,Roberto Dinamite,e Zico,pagavam menos.Não acontecia só Maracanã.Em dias de grandes jogos muitas bancas de jogo do bicho em subúrbios como Madureira,Bangu,Del Castilho,Pilares,Olaria e outros lugares,promoviam as apostas.

      Excluir
    3. Era chamado de bolo, normalmente 5 jogadores de cada time, naquela época se colocava o nome e o número da camisa, e fazia-se o mão no saco. Quem acertasse o jogador que fizesse o primeiro gol levava o dinheiro todo. As vezes acontecia do primeiro gol ser feito por um jogador que não estava entre os 5 escolhidos de cada time, aí ficava valendo para o segundo, quando terminava zero a zero ou não tinha um segundo gol, o dinheiro era devolvido.

      Excluir
  6. Estrutura de ferro e beira mar não são compatíveis.
    Na foto 6 parece ter mais gente atrás do pavilhão, talvez assistindo discurso de inauguração, por exemplo.

    ResponderExcluir
  7. Farra com dinheiro público vem de longe...trazer a estrutura da Bélgica não deve ter sido barato...imagina as propostas dos brasileiros então para a construção.E não durou nem 30 anos..Com certeza o metal foi para sucata,a preço de banana...Alguem ganhou mto $$

    ResponderExcluir