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sexta-feira, 11 de junho de 2021

OUTEIRO E IGREJA DA GLÓRIA

As duas primeiras fotos, ambas do AGCRJ, mostram o Outeiro da Glória e Igreja de Nossa Senhora da Glória. É curioso observar o Outeiro liso na pedra.

Este prédio eu acho que já não existe. Deve ter sido demolido quando da construção do novo acesso à igreja. 

Nesta colorização do Nickolas vemos o coreto e a igreja da Glória. Segundo M. Teixeira, a igreja é em estilo barroco borromínico, calcada na Igreja de São Pedro dos Clérigos, do Porto, em Portugal. O início das obras deu-se em 1714 e o término em 1738. A igreja foi descaracterizada no século XIX e restaurada em 1938, tendo os arquitetos Lucio Costa e José da Souza Reis desenhado a atual rampa de acesso em pedra. O ascensor elétrico e o museu da irmandade são obras de 1939.

Antonio Caminha esculpiu em madeira uma impressionante imagem de N.S. da Glória, quase em tamanho natural, e, para abrigá-la, ergueu uma ermida no alto do morro. A tradicional igreja de N.S. da Glória do Outeiro, além da devoção popular dos cariocas, teve a assídua frequência da família imperial desde os tempos de D. Pedro I. Ali o futuro Dom Pedro II recebeu o batismo, com todas as devidas honras. Mais tarde, ele mesmo conferiu à igreja o título de Imperial.

O Outeiro da Glória foi propriedade de Julião Rangel de Macedo, que recebeu as terras em virtude de sesmaria. Com o seu falecimento as terras f oram adquiridas pela família Rocha Freire que posteriormente as vendeu ao Dr. Cláudio Gurgel do Amaral, este por escritura datada de 20 de janeiro de 1699 fez doação à Irmandade de Nossa Senhora da Glória, constando a seguinte condição : “Para nele edificar-se uma ermida que fosse permanente e não sendo assim ficaria revogada a doação e c om a condição de que na referida ermida lhe daria sepultura a ele doador e a todos os seus descendentes e a quem lhes parecesse".

No dia 5 de agosto realiza-se a mudança das vestes de Nossa Senhora da Glória. A imagem é retirada do trono e do altar-mór por irmãos graduados e numa sala contígua às tribunas, a porta fechada, é feita a troca das vestes num silêncio respeitoso. Nessa ocasião, troca-se a roupa da Santa. O templo foi tombado pelo SPHAN em 1938 e cuidadosamente restaurado, removendo-se as pinturas modernas dos altares e sendo construído atrás o Museu da Imperial Irmandade, em prédio estilo neocolonial adaptado. É o museu muito rico e possui joias, imagens, móveis e pinturas de grande valor. Quando da festa da padroeira, a 15 de agosto, ganha iluminação especial. 

 

8 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Minha irmã e minha mãe já foram na igreja. Eu, não.

    Interessante a propaganda do Cinzano na segunda foto. Hoje só tem caminhão para o biscoito identificar.

    Ainda sobre a postagem de ontem, os ritos de sepultamento seguem as tradições religiosas de cada país, no caso daqui muito influenciados pelo catolicismo, até pouco tempo a religião oficial do país, inclusive explicitado em constituições passadas. Sobre cremação, acredito ser um fenômeno relativamente recente, ligado especialmente a famílias mais abastadas.

    Vemos em outros países tradições "estranhas" aos nossos olhos, como a mexicana, onde os mortos são festejados. Nem falo do que acontece na Índia, por exemplo...

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  2. O nosso "comentarista olímpico" em parte tem razão, as tradições variam de acordo com a cultura de cada povo e vão desde as piras incendiarias em barcos Vikings até ao espancamento que era praticado pelos judeus. Quanto à cremação, apesar de ser espírita, eu não desejo ser cremado, e as razões para isso são muitas e que não cabem aqui. Mas para quem crê na doutrina espírita a cremação é uma tendência natural. Sei que muitos aqui são atrelados ao dogma católico, mas sem qualquer intenção de proselitismo, vale a pena ver a reprise da novela A Viagem no canal Viva. Retrata em linhas gerais o que ocorreu "do outro lado". Muita gente vai se espantar.

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  3. Chamou-me a atenção o tombamento pelo SPHAN, em 1938. Esse órgão era o antigo IPHAN?
    Sempre que se fala na Glória eu me pergunto o porquê de este bairro ter se tornado o primo-pobre da ZS.

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  4. Em tempos de outrora, casar no Outeiro da Glória era sinal de poderio econômico e glamour. Hoje isto acabou por conta do número cada vez maior de casais que adotam a relação estável como estado civil, bem como a perda do poderio econômico de grande parte da população, que não mais dispõe de recursos com os custos de ornamentação de igrejas, bem como de bancar aos convidados uma recepção regada de caras bebidas. Como sempre pontuo aqui: o Brasil é um país em empobrecimento acelerado, levando a reboque a sua combalida população, com raríssimas exceções.

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    1. O empobrecimento do país é material e principalmente moral. Ninguém mais está interessado em bancar "comes e bebes" para um bando de gente e pagar "os tubos" em uma cerimônia religiosa quando basta uma reunião de adesão em um barzinho. E o que está acontecendo se deve ao afrouxamento de regras morais e sua consequente tolerância, a inépcia de leis penais promulgadas para beneficiar grupos políticos que atuam há mais de 400 anos, e sobretudo a a falta de capacidade intelectual de uma população incapaz de perceber qualquer coisa que não seja uma pedra caindo em sua cabeça.

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  5. Adoro essa Igreja, mas realmente o conceito de status mudou. hoje a piscina encheu pra todos. só se vê a cabeça. vc não sabe quem está nu. e nós, cariocas, tiramos onda muitas vezes duros feito um coco. Casamentos nababescos com dias contados, garotada fazendo test drive antes.

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  6. Fui padrinho de casamento de um amigo nessa igreja.

    Acho que um braço do rio Carioca desaguava nesse ponto.

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  7. Tanto a Gloria como Catete sofreram as consequências da mudança pra Capital para Brasília. Até hoje podemos ver boas casas, apartamentos e muitos Hotéis que antes de 1960 deviam ser bem frequentados. Agora...

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