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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

HOTEL VILLA MOREAU - capítulo 2

 

Continuação do “post” de ontem, da bela pesquisa que o prezado Helio Ribeiro fez sobre o Hotel Villa Moreau. O "Saudades do Rio" agradece pela estupenda colaboração.

Em 10/06/1892 o senhor Moreau passou o hotel para um certo senhor Barandier. Aparentemente, é só a administração do hotel e não a propriedade do mesmo.

Dois dias depois aparece o anúncio do hotel já com o novo administrador.


Em 01/07/1893 o senhor Barandier reafirma ser o único administrador do hotel. Não sei o motivo desse esclarecimento.


Complicou tudo: em 27/10/1894 um anúncio indica que senhor Moreau ainda é o dono do hotel. Parece estar havendo uma confusão entre o proprietário e o administrador.


Em 21/07/1895 o novo administrador é um tal de L. Laforgue.


Em 12/07/1896 o número do hotel passa a ser 201. Mas em alguns anúncios consta como 204.

Em 04/08/1899 é posta à venda a adega do hotel, cujo nome é Adega Alexis Moreau. 

Em 09/02/1901 anúncio indica que a proprietária é a viúva do senhor Moreau, mas o administrador volta a ser o senhor Barandier. O senhor Moreau se casou com Maria Spesia no dia 22/12/1871. Nâo descobri a data de falecimento dele. Foto parcial do anúncio, abaixo.


Em 14/09/1902 um anúncio indica que a viúva Moreau (o nome é Maria Moreau) é proprietária e dona do hotel.


A edição de 1905 do Almanak Laemmert Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro indica que a viúva do senhor Moreau reside no hotel. 

---------------------   FIM DAS VICISSITUDES DO HOTEL  ------------------

Em 11/05/1908 chegou ao Brasil a madre fundadora do Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, a senhora Francisca Xavier Cabrini. A pedido do cardeal Arcoverde, ela concordou em abrir aqui no Brasil um colégio, como já havia feito em outros países. Em 24/05 encontrou na praia do Flamengo uma casa apropriada, fundando o externato Nossa Senhora da Aparecida. Mas a cidade estava sendo assolada por uma epidemia de varíola, que matou uma das irmãs.  A madre então procurou um outro local mais retirado e salubre, e agradou-se do hotel Villa Moreau. Mas a viúva pediu um preço muito acima das posses das religiosas. Entretanto, elas contaram com doações de benfeitores e conseguiram comprar o hotel, em 25/11/1908, fundando então o Colégio Regina Coeli.

No dia 29/11/1908 é anunciada a venda do hotel.


A publicação "Brazilian Review", de 01/12/1908, noticia a venda do hotel e diz a importância aproximada da venda. A real foi 120 contos de réis.

                                            Colégio Regina Coeli


Madre Cabrini faleceu de disenteria num hospital em Chicago, em 22/12/1917, e seus restos estão enterrados na Mother Cabrini High School, em Manhattan. Ela foi beatificada em 13/11/1938 e canonizada 07/07/1946 pelo papa Pio XII. Hoje é a Santa Francisca Xavier Cabrini. Ao longo da vida, fundou 67 instituições mundo afora. É considerada a padroeira dos imigrantes.


Posteriormente o colégio foi rebatizado como Centro de Formação e Espiritualidade Cabriniana (CEFEC). Não consegui descobrir quando houve a mudança de nome. Parece que foi entre 2012 e 2014. Abaixo se vê uma foto da entrada do CEFEC, ao nível da rua.









16 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Mais um dia acompanhando os comentários.

    O estabelecimento teve uma verdadeira saga administrativa.

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  2. A região da Tijuca ainda guarda algum resquício do esplendor do passado, mas ainda é belíssima. Meu bisavô José Carlos Pereira de Almeida, um importador e comerciante de "secos e molhados" da região da Rua do Acre, era proprietário de uma magnífica chácara localizada na altura do atual número 1033 da Rua Conde de Bonfim. Entre 1903 e 1905 vendeu a Chácara para a Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que construiu o Hospital do mesmo e foi inaugurado em 1909. Conheço bastante o terreno de mata desse hospital, que é próximo ao da antiga Vila Moreau, e até pouco tempo atrás ainda guardava um pouco da a exuberância do passado. Eu nasci nesse hospital, meus avós paternos eram Ministros da antiga irmandade, e meu pai foi advogado da Ordem no início de sua carreira. Daí a minha familiaridade com o local e com a região que conheço desde tenra idade. Subindo a Conde de Bonfim pela mata chega-se aos terrenos do Colégio Marista São José, que possui excelentes instalações vê até um pequeno parque aquático. Mais adiante chega-se ao terreno antiga Fábrica de Cigarros Souza Cruz, vendido para a rede Carrefour, cujas instalações eram objeto de seguidos roubos praticados por bandidos da favela do Borel. O Supermercado acabou fechando e as instalações sendo invadidas. Mais adiante, na curva da Conde de Bonfim, funcionava a Fábrica de Tecidos Maracanã na altura do número 1271, onde hoje funciona uma Concessionária Renault. Por fim chama-se ao Colégio Regina Coeli. Como se pode perceber na Tijuca era possível se sentir em um "paraíso", bem diferente do "Soweto" em que se transformou...

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    1. A citação do Colégio Marista São José deu saudades do AG, ex-aluno de lá e que comparava o colégio, certamente com exagero, com um campo de concentração.

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  3. FF: ontem no final da tarde e começo da noite vi a reedição dos "Trapalhões", com direito a execução da música tema, direto de Quito, no SporTV.

    O goleiro brasileiro conseguiu ser expulso duas vezes e terminar a partida normalmente... As duas expulsões foram revertidas pelo VAR, assim como duas marcações de penalidades máximas contra o Brasil.

    Se eu fosse equatoriano estaria bem "desapontado" com a arbitragem...

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    1. Goleiro bastante inseguro e inconstante (acompanho o campeonato inglês de perto, o titular da seleção para mim seria o Ederson do Manchester City).
      A defesa, com destaque para o tal do Emerson Royal e Militão, um desastre.
      O impressionante é que até hoje o Tite não conseguiu implantar um padrão básico de jogo para a seleção, cada atuação é sempre uma surpresa, infelizmente - na maioria - ruim.

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    2. Acho que só um comentarista especializado para explicar, na primeira vez ele anulou muito bem o cartão vermelho do goleiro brasileiro, mas mostrou o amarelo e marcou falta a favor do Equador. Na segunda vez ele anulou a falta (pênalti por ser dentro da área) anulando também o cartão amarelo, que seria o segundo, ou seja, expulsão. Tudo após chamadas dos árbitros de vídeo.
      Como o Brasil já tinha a vaga da Copa garantida, e a Argentina idem, fica a desconfiança que outras seleções que ainda disputam as demais vagas foram favorecidas.

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    3. Não sou pago para isso, mas minhas decisões seriam completamente diferentes. Tiraria o goleiro na pior das hipóteses no intervalo. Mal começou o segundo tempo já fazia cera.

      Não tiraria o Coutinho, pelo menos não antes do intervalo. Recuaria o Casemiro para a zaga e deslocaria o Militão, mesmo com cartão, para a lateral direita. Nada de Daniel Alves. Tiraria até o Raphinha, que também já tinha cartão...

      No intervalo tentaria uma rearrumação.

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  4. Bom Dia! Muito bom o trabalho do Hélio.

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  5. Entre os hotéis de bairros mais fastados do Centro, no final do século XIX e início do século XX, se destacavam além do Villa Moreau, o Internacional, o Santa Teresa, o Vista Alegre, o Lisboa (depois Bellavue), o dos Estrangeiros, o Metrópole, o Jourdain e o Seaton´s.

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  6. A Tijuca atraía muitos visitantes perto do final do século XIX. O Jornal do Commercio assim falava da região:
    "PASSEIOS À TIJUCA - As pessoas que quiserem ir passear a Tijuca, e que não queirão ficar em hotéis,podem utilizar-se da chácara da água férrea do Amorim, onde encontrarão quartos decentes, banheiros, água férrea, jogo de bola, bacatella, malha, damas, xadrez e outros jogos inocentes; podem também levar farnéis ou encomendar de véspera o que precisarem, que serão servidos com a melhor boa vontade. O primeiro bonde parte para aquelle logar às 4 horas e 13 minutos da manhã".

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  7. A Tijuca era "o clima de montanha" sem sair da cidade.

    Com a expansão das rodovias, quem podia passou a ir a Petrópolis ou Teresópolis.

    Até recentemente as temperaturas mais "amenas" da cidade eram registradas no Alto da Boa Vista.

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  8. Dei-me ao trabalho de tentar fazer uma conversão do valor que o hotel foi vendido em 1908 para o Real de hoje. Daria algo em torno de 15 milhões.
    Utilizei como base o livro 1808, de Laurentino Gomes, que faz uma conversão de réis em Real. Lembrando que a conversão, mesmo próxima, não é exata. O valor aproximado é o seguinte:

    1 Real (Réis) - R$ 0,123
    1 Mirréis (Mil Réis) - R$ 123,00
    1 Conto de Réis (Mil mirréis) - R$ 123.000,00

    Bem, de qualquer forma 15 milhões de hoje seria um valor bem modesto para um hotel com esse glamour...

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  9. Muito boa a historia do Hotel Villa Moreau, narrada em dois capítulos. Parabéns pela pesquisa.

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  10. Em determinado período aconteceu um verdadeiro "ping-pong" entre proprietário e administrador(es), numa aparente disputa pelo gerenciamento do hotel.
    Os pavilhões cobertos por telhas de barro (francesas quase com certeza), que podemos ver em foto de satélite na Maps, são os que aparecem da ante-penúltima ilustração de hoje.
    Sobre a última foto: no prédio de fachada azul tem placa informando que lá funciona a obra social Santa Cabrini" na placa vermelha ao lado está escrito CEFEC, citado no texto, mas abaixo tem faixas azuis onde se lê "Oga Mitá Escola", informando que tem os ensinos infantil, fundamental e médio.
    O projeto pedagógico Ecobé Ciência com Vida, que citei ontem, parece que é associado a essas e a outras instituições de ensino.

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  11. Ótima pesquisa, transmitida com o charme e conhecimento do nosso cronista LDarcy. Meu bisavô materno veio de Liverpool e foi morar na Tijuca. Aqui no Brasil foi representante de firmas inglesas e um dos fundadores do Rio Cricket em Niterói. Ainda ajudou na fundação do Fluminense e Gave a Golf. Foi jogador e arbitro de futebol. Era o Reginald Arthur Brooking. A comunidade inglesa, não tão grande como a francesa , era numerosa no Rio. E em relação a hotéis, mandei uma vez, e saiu aqui, pesquisa sobre o Hotel Allen, no Humaitá, creio que Largo dos Leões, que não teve disputas pela propriedade, mas era muito movimentado. No fim do séc. XIX começava o processo de verticalização do Rio e na praia do Flamengo começava o processo de desmembramento de terrenos de grandes chácaras, que se tornariam edifícios. Conheço pouco a Tijuca, mas parece que os europeus curtiam as franjas dos morros, mais frescas. Muito boa postagem.
    E vida longa ao SdR!!!

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  12. Por causa da erupção do vulcão em Tonga o amanhecer de hoje no Rio ganhou um tom diferente.

    Eu olhei pela janela do quarto e não estava entendendo...

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