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domingo, 13 de fevereiro de 2022

REVISTAS EM QUADRINHOS

Eis o anúncio de leilão de revistas em quadrinhos enviado pelo prezado GMA. Os interessados devem copiar o "link" para ter acesso.


Aproveitando o tema repito uma antiga postagem do tipo "Do Fundo do Baú":

Houve um tempo em que as revistas em quadrinhos nos encantavam, ali por 1950 e 1960. Inicialmente em P&B, depois, aos poucos, coloridas. A principal editora era a EBAL (Editora Brasil-América), de Adolfo Aizen. Outras eram a Rio Gráfica, a  Globo, a Disney.

Era uma época onde o faroeste dominava a cena. Cavalguei com Roy Rogers (namorado da Dale Evans e dono do cavalo Trigger), Hopalong Cassidy (meu conhecido por estar sempre presente nos filmes de 35mm que eram passados nas festas de aniversário pela Correia & Souza Filmes), Gene Autry, Rex Allen, Bill Elliott. Improvisei com cintos o chicote de Don Chicote (todo de negro, tinha um irmão, todo de branco, ambos habilidosos no manejo do chicote). Dei tiros com Rocky Lane, Tom Mix, Buck Jones, Tim Holt, Audie Murphy, Tex Ritter, Monte Hale.

Ao ver Bat Masterson, cantava "no velho Oeste ele nasceu, entre bravos se criou, seu nome em lenda se tornou, Bat Masterson, Bat Masterson". Desejei as longas pistolas, diferentes, de Wyatt Earp (Hugh O´Brien, na TV). Ansiava pelo toque de corneta anunciando a chegada da Cavalaria em Rin-Tin-Tin (com o Cabo Rusty e o tenente Rip Masters, no Forte Apache). Roubei lenços de minha mãe para fazer máscaras como a do Cavaleiro Negro (era o pacato Dr. Robledo na "vida civil") e Zorro (que só disparava balas de prata e montava Silver, enquanto seu fiel amigo Tonto montava Escoteiro). Me fantasiei de índio para imitar Flecha Ligeira e Apache Kid, e de caçador para imitar Daniel Boone, Davy Crockett, Kit Carson e Búfalo Bill.

Fiz expedições pela selva africana onde pontificavam Tarzan (Lord Greystoke), Jane e Korak. Aprendi a linguagem de Tarzan: tarmangani (homem branco), bolgani (gorila), bara (corça), horta (javali), numa (leão), histah (serpente), goro (lua). Tive admiração por seu leão dourado Jad-Bal-Ja. Sonhei com La, a imperatriz de Opar. Vibrei com Jim das Selvas e Lorna (a rainha das selvas).

Fiquei boquiaberto com as aventuras do mágico Mandrake, que morava em Xanadu, com sua eterna noiva Narda. Ajudado por Lotar (que, com o passar dos anos, para ser “politicamente correto”, foi se civilizando, abandonando o aspecto bronco inicial).

Entrei na Caverna da Caveira, do Fantasma - o “Espírito-Que-Anda” - na selva perto de Bengala. Vi Guran, o chefe dos pigmeus Bandar - que zelavam pela dinastia Walker. Me deslumbrei com a namorada Diana Palmer e com o quarto na casa de tio Dave, onde o Fantasma aparecia, sempre com o lobo Capeto. Isto após deixar seu cavalo, Herói, bem guardado nos limites da selva. Ou com o poço que acessava o túnel que levava ao interior da Patrulha da Selva, onde deixava mensagens num cofre de fundo falso. Improvisei um anel de caveira, que marcava os criminosos, e um anel que identificava os amigos. Sonhei em trabalhar naquele hospital que tinha o signo do "bem" na sua entrada. Fantasma e Mandrake, criações de Lee Falk.

 

Visitei o planeta Mongo com Flash Gordon, Dale Arden e o professor Zarkov. Criação de Alex Raymond. Fui detetive nas revistas X-9 e Nick Holmes (de óculos e cachimbo).

Voei com o Capitão Marvel, sua irmã Mary Marvel, e o Capitão Marvel Junior. Lutei contra o Dr. Silvana. Capitão Marvel cuja identidade secreta era o jornaleiro Billy Batson, que ao gritar “SHAZAM” incorporava os poderes mágicos. Cada letra de “Shazam” identificava um deus do Olimpo. Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio (o Capitão Marvel tinha as qualidades de cada um deles).

Tive visão Raios-X como o Super-Homem, que chegou a Metropolis a bordo de um foguete, enviado desde Krypton, antes deste planeta ser destruído. Foguete que caiu no jardim do casal Jonathan Kent. Sua identidade secreta era o jornalista Clark Kent. Super-Homem era vulnerável à “kriptonita” e vivia ameaçado por seu inimigo Luthor. Sua namorada era Lois Lane. Era filho de Jor-El e seu nome em Krypton era Kar-El.

Andei no Bat-Móvel, em Gotham City, com Batman (o milionário Bruce Wayne), Robin, e seu mordomo Alfred. "Viajei" com o Homem-Submarino, Homem-Borracha, Arqueiro Verde. Senti cada soco de Big Ben Bolt nas suas lutas fantásticas, orientado por seu técnico Aranha.

Passei ótimos momentos com as revistas da Disney, com Mickey, Minnie, Pateta, Pluto, Pato Donald, Margarida, Zezinho, Huguinho e Luizinho, os Irmãos Metralha (171-171 ou combinação destes números no peito), Horácio, Clarabela, Gastão, Tio Patinhas, João Bafo de Onça.

Tive o primeiro contato com os grandes clássicos através da revista Epopéia. Fui detetive com “Misterinho” (“para adultos”). Invejei o relógio de pulso do detetive Dick Tracy, de Chester Gould. Iniciei minha cultura de almanaque com "Seleções" de Reader´s Digest.

Por orientação dos padres do colégio, tive bons exemplos (?) na Série Sagrada, revista em quadrinhos com a história dos santos. 

Frequentei o "clube" do Bolinha, "onde menina não entra". Li Luluzinha, a “Turma do Pererê”, do Ziraldo (com o Saci, a Boneca de Piche, a onça Galileu, Tuiuiu, Tininim, Alan, Geraldinho), Recruta Zero (com o General Dureza e o Sargento Tainha), de Mort Walker. Fiquei com medo ao ler as revistas de  terror, com histórias do Drácula. Persegui assassinos com Charlie Chan (e seus filhos nº 1, nº 2, nº 3...).

Pilotei aviões de caça com o Falcão Negro e seu grupo de aviadores, sempre de preto. Lutei espada com o Falcão Negro e o Zorro (da TV). Cavalguei pelo Brasil com Jerônimo, o herói do sertão (e sua namorada Aninha e seu amigo o Moleque Saci). Investiguei crimes com o Anjo (o detetive), ambos da Rádio Nacional. Ri muito com as aventuras do Pafúncio, Marocas, Popeye, Reizinho, Os Sobrinhos do Capitão, Mutt e Jeff, Ferdinando e Violeta, da família Buscapé, com o Brucutu e a Ula.

 Enfim, vivi um mundo fantástico, com estes heróis da minha infância.

29 comentários:

  1. Li muitos gibis quando criança, colecionava, trocava, comprava e vendia. Com as diversas mudanças de casa, acabei perdendo tudo. Tenho vontade agora de readquirir os manuais dos escoteiros, do Tio Patinhas e do Prof. Pardal, que eu gostava muito.

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    1. Wagner, os manuais foram reeditados relativamente há pouco tempo pela Abril, antes de ela perder os direitos. Comprei vários.

      Comprei a série Pateta Faz História que me rendeu inúmeras gargalhadas na infância.

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  2. Tirando a ficção científica, que nunca curti, comprei quase todos os gibis do SDR de hoje. Era bom, muito bom, fingir que estudava com um Roy Rogers dentro da História Universal, acho que nunca fui pego... em compensação tirar nota 8 era uma raridade.
    Fui um inveterado comprador de Disney do tempo de Carl Barks e Paul Murry, quando as histórias eram roteiros cinematográficos prontos, ilustrados por cenas panorâmicas incríveis. Com o contraponto dos vilões João Bafodeonça, Irmãos Metralha (176-671, e não como está no impecável, ou quase, texto acima...). Ah, e Gastão, para mim, era vilão também.
    Naquele tempo, a gente não sabia o nome dos desenhistas, mas diferenciava as histórias boas das sem pé nem cabeça. Recentemente, os Almanaques Disney deram o merecido destaque àqueles craques do desenho e ficou fácil descobrir porque a gente gostava tanto, o nome disso é qualidade.
    Não dá para encerrar sem mencionar Em Busca do Rubi Listrado, uma historinha sobre status social; ou os ovos quadrados dos Andes, ou Mickey contra tudo que podia ser inventado, como sapatos de neve feitos de gelo - que desapareciam - ou bolas de borracha que simulavam rochas na estrada de ferro.
    Em tempo, Carl Barks fazia Donald e Paul Murry, o Mickey.

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    1. Dieckmann, a Abril há um bom tempo lançou uma coleção com As Obras Completas de Carl Barks. Só deixei de comprar um volume. Um seguidor dele foi Keno Don Rosa, que ampliou a mitologia dos personagens, introduzindo alguns dados como esquecidos como a irmã do Donald, mãe dos patinhos. A Abril também publicou muita coisa desse material.

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  3. Eis um dos porquês do "grau de excelência cultural e acadêmica" das gerações antigas: o hábito da leitura desde tenra idade. Esse hábito faz com que o indivíduo consiga ler, escrever, e redigir corretamente. Além disso desenvolve e amplia seu vocabulário, algo em franca decadência desde o "evento Paulo Freire", onde a excelência de um texto oriundo de um jovem estudante é tão comum como uma "nota de R$ 3,00.

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  4. Não vou polemizar, mas apenas registro que considero Paulo Freire um dos grandes da Educação brasileira, com influência, inclusive, em muitos países do mundo.

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    1. Essa pretérita postagem, junto com uma semelhante do blog do Derani foram as responsáveis por inúmeras discussões e resgates de outros heróis dos quadrinhos. Como curiosidade, muitos anos depois de conhecer o personagem me identifiquei com o Pafúncio após sofrer uma crise de gota, mal que o acometia regularmente.

      FF: É impressionante a insistência com que esse comentarista hostiliza a figura do intelectual Paulo Freire. Alguém precisa alertá-lo que o método propagado JAMAIS foi adotado neste país. A quem interessar: https://diplomatique.org.br/por-que-o-sistema-educacional-brasileiro-nunca-adotou-paulo-freire-na-pratica/

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  5. Bom Dia! Viajei de volta aos anos 40/50 com o texto acima. Muitos gibis que eu lia pertenciam a B.I.C.A. Biblioteca Infantil Carlos Alberto. Que fica na Rua Rio Grande do Sul,no Méier. Hoje a referida ainda existe,mas, mudou de nome quando passou a ser controlada pelo governo.

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  6. A necessidade de se politizar tudo é impressionante... Depois querem entender o porquê de muitos declinarem em expôr qualquer comentário...

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  7. Os gibis mais comuns lá em casa, sem contar os emprestados, eram os do Tio Patinhas, Batman e Capitão América. Eventualmente Pato Donald, Mickey, Super-Homem e Homem de Ferro.
    Uma vez, se não me engano em 1969, a Abril Cultural lançou figurinhas com fotos de F1 e de seus pilotos, encartadas em seus gibis da Disney. Comprei muitas revistinhas na sequência certa para completar o álbum, pois não era como as de envelope, que vinham com figurinhas repetidas e, descobri depois, as fotos originais eram aproveitadas da Revista Quatro Rodas, da mesma editora. Foi mais um incentivo para acompanhar o automobilismo.
    Quando lançaram no Rio a Mônica e o Cebolinha, comprei as primeiras edições, mas aí eu já estava na transição da infância para a pré-adolescência largando aos poucos o "vício" de ler gibis, até quando existiram nunca deixei de ler quadrinhos nos jornais.

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    1. Os quadrinhos nos jornais eram ótimos. Havia os que se resolviam num dia e outros cuja história se arrastava por semanas. Eu gostava muito. Hoje em dia os que restam n´O Globo são sem graça, na minha opinião.
      Tenho saudades dos "clássicos" e das tirinhas "As cobras", do Veríssimo, do Calvin, do Pimentinha e a de "Hagar, o horrível".

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  8. Senti falta do repórter Kerry Drake e seu parceiro Mike Nomad assim como o piloto naval Jim Gordon.

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  9. Olá, Dr. D'.

    Hoje eu vou precisar de um tempo maior para tentar lembrar ao máximo das revistas em quadrinhos que eu e meus irmãos líamos na infância e até recentemente.

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  10. Não sei onde arrumei nem que fim levou uma revista em quadrinhos da CCCP, proibida naquela época da ditadura, mas se ainda a tivesse acho que iria valer uma boa grana.

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  11. O texto dessa postagem é um autêntico poema, uma homenagem ao passado de que tantos de nós temos saudade e boas recordações.

    É incrível como, sem nos dar conta, dezenas e dezenas desses personagens de ficção povoaram e encantaram nossa infância.

    Parabéns efusivos ao Luiz pelo poema.

    Apenas um reparo: na palavra SHAZAM, só Zeus é do Olimpo. Mercúrio é o correspondente romano a Hermes, este sim do Olimpo. Hércules era um herói (filho de um Deus com uma mortal), Atlas era um Titã (precursor dos deuses). Salomão foi um rei, mortal. Aquiles era um personagem mítico.

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  12. Comecei com os quadrinhos ainda nos anos 70, na rebarba das revistas dos irmãos, primos e colegas de vizinhança.

    Meu irmão lia Flash Gordon, Marvel e quadrinização de filmes como Star Trek e Star Wars. Lia de vez em quando revista de terror ou Dracula. Minha irmã era mais de Disney e um pouco menos de Turma da Mônica.

    Além dessas, lia emprestado Recruta Zero, Bolinha, Luluzinha, Gasparzinho, Fantasma (e o uniforme com a cor errada) e Capitão Marvel (hoje Shazam). Dick Tracy eu lembro mais das tiras de jornal, assim como o Mandrake.

    Não éramos muito fãs da DC. Eu comecei a comprar as minhas revistas nos anos 80, quando meus irmãos já tinham parado. Continuei, preenchendo mais tarde algumas lacunas, a coleção Marvel do meu irmão e de vez em quando comprava alguma coisa de DC. Basicamente até recentemente ainda comprava Marvel, incluindo republicações de histórias antigas.

    Emprestado (e mais tarde comprado) conheci o Cavaleiro das Trevas nos anos 80 entre outras obras.

    Comprei esporadicamente alguma coleção da Disney que a Abril lançou antes de perder os direitos.

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  13. Em tempo, um personagem identificado como Zorro (o do Tonto e do Silver) era o Cavaleiro Solitário. Não sei de onde o batizaram assim aqui no Brasil por um bom tempo.

    Zorro era o Don Diego de La Vega da série que passava na TV e eu vi muitos anos depois, colorizada e redublada. A série do Cavaleiro Solitário também passou na TV mas não tenho muitas lembranças. Também era chamado de Zorro nela? Sinceramente não sei.

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    1. No tempo do faroeste era mesmo o Zorro (Cavaleiro Solitário, Lone Ranger no original), com o cavalo Silver. Seu amigo índio era o Tonto, que montava o Escoteiro.

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    2. Augusto, esse mesmo Zorro ainda passa na TV. Hoje mesmo, assisti, na Rede Brasil, canal 248 na VIVO.

      Um dos meus herois favoritos. O vingador mascarado que ajuava o povo sofrido e fazia justiça contra o colonialismo espanhol.

      O Episódio de hoje tinha Cesar Romero, o eterno coringa do Batman, da série protagonizada por Adam West.

      E Orlando Drummond como o dublador do Sargento Garcia.

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    3. O Zorro/ Don Diego era o Guy Williams, que depois fez o chefe da família Robinson em Perdidos no Espaço, outra série que eu só vi anos depois...

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  14. Outra HQ que eu li emprestada nos anos 80 foi o Casamento do Fantasma, lançada em edição especial em capa dura.

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    1. Augusto, hoje comentei na postagem de ontem achando que era aqui, no seu último comentário.

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  15. Li quadrinhos avidamente na minha infância, especialmente os gibis Disney e do Homem-Aranha, cuja leitura abandonei chocado e revoltado quando publicaram a morte da Gwen Stacy em 1973.
    Mencionaram nos comentários os manuais Disney, muito bons para aumentar a cultura em linguagem acessível para crianças. Jamais me desfiz deles. As histórias de Carl Barks eram realmente fantásticas e nos levavam a aventuras em todos os cantos do planeta. Muito boa foi a "Saga do Tio Patinhas", publicada pela Abril em 2003; escrita por Don Rosa, contava a história da sua vida baseada nos quadrinhos de Barks. Surpreendente foi eu ter visitado anos depois num cruzeiro a cidade de Skagway no Alasca, que aparece na "Saga" como o lugar onde o Tio Patinhas desembarcou para procurar ouro no Klondike e começar sua fortuna. Caso raro de cidade real que aparece nos quadrinhos Disney (outra é Timbuktu, da que os fãs antigos do Pato Donald certamente se lembram).

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  16. Um prazer colaborar com o SdR. Impressionantes os preços alcançados nós leilões .

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  17. E a Lassie, cujo nome significa "menina" no inglês falado na Escócia?

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  18. Aliás, "lassie" é uma palavra comum em canções escocesas. Só eu conheço duas: "Lassie with the golden hair" e " Will ye go lassie go".

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  19. Se for permitido, aqui vai artigo sobre caderno de leilões e ao final resenha sobre Gibis: https://www.publishnews.com.br/materias/2021/04/20/caderno-de-leiloes

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