Total de visualizações de página

quarta-feira, 30 de março de 2022

FREGUESIA DA GÁVEA

Este era o aspecto da região da área da Freguesia da Gávea no final dos anos 60, vendo-se a Lagoa, Leblon e Ipanema.

A Rua Mario Ribeiro havia sido aberta separando o Jóquei Clube do Flamengo, fazendo a ligação da Lagoa com o Leblon. A favela da Praia do Pinto estava para ser removida e a Borges de Medeiros finalmente contornaria a lagoa, unindo Ipanema/Leblon ao Jardim Botânico.

A política de remoção das favelas estava a pleno vapor.



A população do Leblon ansiava, quase em sua totalidade, pela remoção da favela.



Nesta foto (todas são do acervo do Correio da Manhã) vemos a Rua Fadel Fadel em 1972, com os blocos de apartamentos já construídos, mas ainda com muito lixo na vizinhança. É a rua onde ficaria a Cobal e seriam construídas duas praças (a Claudio Coutinho e a Ministro Romeiro Neto).

A grande maioria dos prédios da Selva de Pedra foi concluída até o final de 1973, sendo que talvez o último, nesta Rua Fadel Fadel foi terminado em 1976. Foram várias as construtoras que atuaram neste local como a Gomes de Almeida, Hindi e João Fortes.

OBS: Há diversos relatos sobre a remoção da favela da Praia do Pinto, com números divergentes. Seguem alguns desses relatos que encontrei na Internet:

Conta Mario S. Brum que “com a instauração da Ditadura Civil-Militar, em abril de 1964, foi implementada uma política sistemática de erradicação das favelas. Este período pode ser caracterizado como a ‘era das remoções’, quando a política de segregação espacial da cidade tomou proporções inéditas com a remoção de favelados das áreas centrais da cidade e sua transferência para terrenos vazios na periferia, a algumas dezenas de quilômetros do centro da cidade e de seus antigos empregos. Mais do que simplesmente acabar com as favelas na Zona Sul da cidade, o programa “remocionista” estava inserido numa lógica de planejamento urbano que vinha sendo debatida desde a década de 1950. No entanto, foi a partir de 1968 que o programa “remocionista” ganhou ímpeto com a criação da CHISAM (Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana) através do Decreto Federal n.º 62. 654, em 03/05/1968, vinculada ao Ministério do Interior, juntamente com o BNH, com a autarquia assumindo o controle direto de vários órgãos do governo do Estado da Guanabara.”

Janice Pearlman assim fala sobre a favela da Praia do Pinto: “Uma das mais famosas favelas da Guanabara. Situada em área do Estado, em um dos locais mais valorizados da Zona Sul, apresenta chocante contraste com as construções do bairro. Deverá ser totalmente erradicada e seus moradores irão para o Conjunto de Cordovil, Cidade de Deus e outras habitações existentes, cedendo a área para a abertura de ruas e avenidas, reservando-se os quarteirões que se formarem para a comercialização com entidades privadas, aplicando-se os recursos em novas habitações para os próprios favelados."

Todavia, os 7.000 moradores da Praia do Pinto recusaram-se, espontaneamente, a sair da favela e ser transferidos. Durante uma noite, um incêndio "acidental" alastrou-se pela favela: apesar de muitos moradores e vizinhos alarmados terem chamado os bombeiros, estes, evidentemente cumprindo ordens, não apareceram. Pela manhã, quase tudo tinha sido arrasado. Muitas famílias não conseguiram salvar nem seus parcos haveres, e os líderes da "resistência passiva" desapareceram completamente, deixando suas famílias em desespero. No local, construíram-se prédios de apartamentos.

Licio Valladares comenta que “a Praia do Pinto era uma favela bem maior, contando com cerca de 15.000 habitantes em 1969. Os preparativos de sua remoção tiveram início algumas semanas após a operação de remoção da favela da Ilha das Dragas. A resistência aí manifestada não teve a mesma forma organizada da Ilha, desde que a Associação de Moradores não assumiu, oficialmente, posição hostil à ação governamental e nenhuma palavra de ordem foi dada. Ao se iniciarem os preparativos da remoção veio o "aviso" de que não se toleraria qualquer mobilização: um incêndio, cuja origem nunca foi devidamente esclarecida, tomou de surpresa os próprios favelados, deixando perto de 5.000 ao desabrigo e destruindo 1.000 barracos de famílias que ainda esperavam a data da remoção. Esta teve que se antecipar, não seguindo o plano previsto, e as famílias foram removidas para vários conjuntos (em particular, Cidade Alta e Cidade de Deus) e, em caráter provisório, para os vários abrigos da fundação Leão XIII.


12 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    O tema sobre remoções geralmente bomba, por ser polêmico. O Sr. Brum pode ter ido fazer uma visita aos órgãos oficiais após aquela declaração...

    Ainda peguei a Mario Ribeiro incompleta. Salvo engano, o último trecho só foi aberto em um dos mandatos do Cesar Maia, mas posso estar errado.

    ResponderExcluir
  2. Muitas inverdades envolvem os fatos que marcaram a política de remoção de favelas praticada por Lacerda e Negrão de Lima e que ocorreu no período do Governo Militar, principalmente por parte de indivíduos que não simpatizam com os militares e/ou tiveram "algum tipo de problema" com eles naquele tempo e guardam algum tipo de ressentimento. O fato é que os militares nunca se envolveram com questões administrativas do Estado da Guanabara e mais tarde do Estado do Rio de Janeiro. A remoção da favela da Praia do Pinto já estava em andamento e grande parte dos moradores já havia sido removida quando no dia 11 de Maio de 1969 ocorreu um grande incêndio que destruiu o que restava dos barracos. Os relatos dando conta de que "a Polícia cercou a favela, ateou fogo, e impediu que o Corpo de Bombeiros interviesse" são completamente fantasiosos e irreais. Em Janeiro de 1964 ocorreu um grande incêndio ocorreu na favela do Pasmado e mais uma vez relatos fantasiosos descreveram que o incêndio foi provocado por integrantes do próprio Corpo de Bombeiros. Uma única exceção ocorreu em 1965 na questão da Ilha das Dragas na Lagoa quando militares da Marinha de Guerra convocaram os líderes daquela favela para uma reunião para discutirem um plano de remoção da mesma, já que a tratava-se de terreno da Marinha. Os líderes não compareceram à primeira reunião e foi marcada uma segunda reunião, a qual os líderes comunitários também não compareceram. Não houve uma terceira convocação, já que os líderes comunitários desapareceram e nunca mais foram vistos.

    ResponderExcluir
  3. Os incêndios eram comuns nas favelas do passado e o ocorrido na favela Macedo Sobrinho no Humaitá não fugiu à regra. Em 1948 um Decreto da Prefeitura do D.Federal determinava a proibição de construções em alvenaria nas favelas da cidade. O motivo era que em caso de remoção a tarefa seria facilitada. Isso explica a motivo de tantos desabamentos ocorridos nos temporais de 1966 e 1967. Atualmente as construções existentes nas favelas são de alvenaria e muitas delas possuem "vários andares". As favelas atualmente em sua maioria são fortalezas do tráfico ou "currais narco-eleitorais ou controladas pela milícia. O que Lacerda e Negrão de Lima estão achando de tudo isso lá no plano espiritual?

    ResponderExcluir
  4. Muita polêmica essa questão. Hoje em SP é sabido que os incêndios são previamente combinados com lideranças comunitárias , que já recebem área para morar. No Rio tempos de favelas românticas, da série Coisa Mais Linda e dia filmes dos anos 60. As construtoras racharam de ganhar dinheiro na época. Tempos de Lata d'água e trouxa de roupa para lavar na cabeça.

    ResponderExcluir
  5. Remoção de favela da forma como foi feita nada mais foi que varrer a sujeira para debaixo do tapete - além de liberar terrenos numa área valorizadíssima para a "nata". Negar que aqueles incêndios foram propositais é de uma ingenuidade atroz, ou passada de pano mesmo...
    Fico me perguntando: por que favelas já gigantescas na época, como a Rocinha, Maré e Alemão não tiveram incêndios na mesma proporção???

    ResponderExcluir
  6. Bom Dia! Conheço um jovem que ainda não era nascido no período dos governos militares,mas está "certíssimo" que foi a pior época para o Brasil (segundo alguns professores lhe afirmaram).

    ResponderExcluir
  7. Alguns problemas brasileiros são como câncer: não foram extirpados no nascedouro. Agora viraram metástase e não têm mais cura. Falar sobre eles é perda de tempo e consumo de neurônios e de paciência. Eleno nessa categoria o tráfico de drogas e de armas, a corrupção e a criminalidade em geral. No caso da Cidade Pavorosa e outras capitais, acrescentemos as milícias e as favelas.

    E viraram metástase por um ou mais motivos: falta de coragem para resolver o problema, dificuldades inerentes ao caso, desinteresse político-eleitoral, visão ideológica torta, e last but not least porque tem muita gente graúda faturando alto com o problema.

    De minha parte, ja gastei muitos neurônios e consumi parcela de minha paciência e do meu tempo escrevendo este texto. Chega por hoje.

    ResponderExcluir
  8. Bom dia Saudosistas. Favelas, tráfico de drogas, de armas e todas as demais irregularidades criminosas (gato NET, gato Luz, gato Água, comércio de botijões de Gás) que assolam as principais cidades do Brasil, são de interesses de grupos criminosos onde políticos na maioria dos casos são os seus principais beneficiados, são de qualquer tendência ideológica, seja de direita, centro ou esquerda. Sem a eliminação destes grandes comandantes, nada irá mudar.
    O problema das Favelas ele é problema tanto para a cidade, quanto para o próprio morador da favela. Após a eliminação destes grupos de comando citado acima, o Gov. Federal deveria criar um plano para a aquisição de moradias da população de baixa renda, com regras fixas e imutáveis, seja quem for o Presidente ou Partido Político de momento, dentro da realidade econômica desta parcela da população, sem nomes pomposos com a apelação eleitoreira, minha casa minha vida, favela bairro e outros já vistos pelo Brasil afora, e que não resolveram a situação. Desta forma e com a opção de escolha do próprio favelado onde pode e deseja morar, poderemos sanar tal problema ao longo de algumas décadas. Fora isso é chover no molhado, e ver o crescimento das favelas ao longo dos anos.

    ResponderExcluir
  9. Os filmes Rio 40° e Assalto ao trem pagador retratam o cotidiano no Rio de Janeiro em 1955 e 1962 e neles "está documentado o modus vivendi" daquele tempo. Tais filmes deveriam ser vistos por quem não era nascido naquela época para servirem de parâmetro para mensurar o tamanho da desgraça em que a sociedade brasileira está "chafurdada". Acredito que quase todos "neste sítio" adentraram em algum momento no passado alguma favela. O próprio Luiz comentou aqui sobre ter entrado várias vezes na favela da Praia do Pinto, e nada de anormal acontecia apesar da penúria vivida por seus moradores, pessoas humildes e trabalhadoras em sua totalidade. Mulheres residentes em favelas "batiam à porta das casas oferecendo-se para o serviço doméstico". Minha avó teve várias serviçais domésticas que moravam em favelas como a do Esqueleto, do Turano, e da Cachoeirinha, todas eram "de confiança", e algumas delas trabalharam com minha avó por "anos a fio". Atualmente e impossível que a rotina mencionada nesse relato aconteça e os motivos são bem conhecidos. E por que tudo mudou? Alguém em sã consciência teria coragem em adentrar alguma das atuais favelas? O que mais "choca" é que é diversos setores da sociedade e por interesses inconfessáveis querem "vender uma imagem fantasiosa das favelas" e para isso usam de todos os expedientes possíveis, ainda que pouco éticos. O fato é que as favelas atualmente são grandes redutos de criminosos e locais de altíssimo risco mas os "críticos desses locais são taxados "fascistas, racistas, ou homofóbicos". Mas onde está a verdadeira hipocrisia? Acho difícil que que indivíduos "em tese conservadores" possam "mudar de opinião sem mais nem menos". Seria temor de parecer "politicamente incorreto"ou perda de memória?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma medida de fundamental importância é o "controle de natalidade" e que tem sido postergada por anos a fio, e na qual os segmentos religiosos (leia-se igrejas) são os maiores interessados. Nunca foi tão real a máxima "sem educação não há futuro". Não há lógica em gastar bilhões de Reais com "bolsa família" ou "Renda Brasil" para sustentar legiões de miseráveis que aumentarão de forma geométrica, ao invés de implantar um rigoroso controle de natalidade e limitar a geração irresponsável de proles, que em um futuro próximo sem horizonte, sem controle, e sem educação, poderão ser a causa de enorme convulsão social que irá gerar multidões incontroláveis que arremeterão sobre a sociedade civilizada à moda de Tamerlão ou da "Horda de Ouro" e que não deixarão "pedra sobre pedra". Além disso implantar um ensino nos moldes da Coréia do Sul ou Singapura seria obrigatório.

      Excluir
  10. Não interessa financiar moradia para baixa renda. No máximo para classe média. E, mesmo assim, sabemos em quais condições...

    Vários imóveis desocupados na área central que podem ser transformados em moradia esperam por alguma atitude ou providência das "autoridades competentes".

    ResponderExcluir
  11. Não adianta pessoal nada vai mudar. Tudo vai continuar na mesma, o problema favela no Brasil é muito complexo. Àlias o problema fundiário no Brasil é enorme. Sem contar que muitas pessoas carentes pagam aluguéis , temos o latifundiário da favela, politicos, milícia e tudo que existe de ruim que nada quer mudar.
    Vejam a festa do nosso gov. como vivem nossos politicos, funcionários publicos da elite (mp, juízes...), por fim oficiais militates que tem tb um milhão de vantagens.
    Até o povão cobrar os impostos que pagam essa galera vai continuar rindo.
    Agora cada vez está pior, condôminios fechados, carro blindado, clube de luxo mas no fim a realidade dessa miséria chega pela violência. A violência no Brasil e o equilíbrio social.

    ResponderExcluir