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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

CENTRO


Em mais uma estupenda colorização do Nickolas Nogueira, vemos a região da Avenida Beira-Mar no centro da cidade. O Palácio Monroe, os edifícios Brasília e Standard, numa paisagem clássica, que mudou após o Aterro do Flamengo na década de 50.

Conta P. Berger que foi ideia do engenheiro André Rebouças construir uma avenida monumental à beira-mar desde o Passeio Público até a antiga Praia da Saudade, por volta de 1870. Porém, somente em 1894, na administração do Prefeito Henrique Valadares, foi iniciada a construção da Avenida Beira-Mar. Poucos meses depois, ao se encerrar a administração do Prefeito, os trabalhos foram interrompidos e reiniciados somente em 1904, na administração Pereira Passos.

Foi finalmente inaugurada solenemente em 12/11/1906, conforme já nos contou o prezado Eleuterio Miranda, o Teco, habitual colaborador do "Saudades do Rio": 

"O effeito surprehendente e o deslumbramento que a todos causavam as duas esplendidas ruas de que se compoe a Avenida, contornando toda a bahia, desde o Morro da Viuva, até a juncção com a Avenida Central, foi dos mais enthusiasticos. À noite uma illuminação profusa. Nice em ponto grande. Bello aspecto apresentava a essa hora a via, inaugurada, com seus grandes serpeios luminosos, quasi venezianos. Cruzavam-se celeres os carros elegantes; faiscavam poderosamente os pharoletes dos automoveis, fonfonando alegremente, no vae-vem frenetico de um passeio rapido pela nova extensa pista. Movimento desusado de pedestres, dos que não podem andar de carro nem de automovel; iam e vinham, gostosamente, festivamente, gozando a delicia da estrea do passeio mais pittoresco e mais salutar da America do Sul. Senhoras e senhoritas, de toilettes leves, garrulavam, pelo caminho, sentindo a communicação da alegria geral. Crianças corriam, aos bandos, aos saltos, num folgar desabrido, de provocar inveja a gente grande. Cyclistas pedalavam galhardos, em todas as direcções, em sinuosas gracis, cavalheiros appareciam com garbo, tesos e elegantes, e para dar um cunho especialmente nosso, nosso do tempo que se vae, tambem o tilbury, o trefego e o popular tilbury, se emmaranhou naquella brouhaha de luz e movimento. E era, sobre tudo isso, bello de ver-se a perspectiva das luzes, ao longo desde o Pavilhão com seu caes em gambiarra, até a elegante columnata do largo da Lapa, prodigamente brilhante."

Vemos uma pontinha do edifício São Miguel (Av. Beira Mar, 406), onde moraram, entre outros famosos, Cândido Portinari e o poeta e acadêmico Manoel Bandeira. A seguir o Iguassú (ou Iguaçú), do IBGE, o Beira-Mar (considerado o melhor residencial da área) e o Panamerica, também residencial e que, por curiosidade, fica sobre o famoso Bar Vilariño, do lado da Av. Pres. Wilson.

Atravessando a rua temos o edifício Novo Mundo, que foi a primeira sede do BNH. A seguir, e apesar de estar na foto entre o Novo Mundo e o prédio que foi sede do consulado do Canadá, vemos outro prédio residencial, o Embaixador Raul Fernandes (Av. Calógeras, 12). Depois os famosos Standard (Esso), o Brasília, de tantas histórias, o São Borja, e demais, inclusive o do Clube Militar. Isto sem mencionar os Ministérios e outras edificações.

21 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Dia de acompanhar os comentários e antecipar algumas tarefas esperando os jogos da tarde.

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  2. De quando é a foto? Parece fins dos anos 1940. A Beira-Mar da foto sempre foi para mim a mais bela obra do Rio. Sem rival, até hoje.

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  3. Já não se fazem prefeitos como antigamente. E é melhor eu parar por aqui, antes de dizer o que penso.

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  4. O Andre Decourt sugere um passeio por esta região: "Depois de passar na Mesbla para pagar o carnet do Chevrolet De Luxe que faz a alegria da família, nada melhor que tomar uma laranjada na Laranjada Brasil, ali na Cruzeiro, antes de encarar os comércios da Uruguaiana e Ouvidor a fim de resolver alguns breves contratempos de vestuário, além de aviar encomendas da patroa e verificar qual seria um bom presente para o Juninho cujo aniversário se aproxima.
    Uma passada rápida no ministério, na Graça Aranha, para ver o encaminhamento dos expedientes de sexta última, embora tenha certeza que o contínuo não apareceu hoje, bem como D. Lurdes a quem dei abono para mesma aproveitar o meio feriado e ver a mãe em Juiz de Fora, afinal ela merece por ser uma boa secretária.
    Verificado tudo é hora de se reunir com a turma a fim de um bom almoço, na Leiteria ou no Monteiro, certamente o Ribas quererá ir na Colombo, sob protestos dos outros que consideram muito formal e caro. Após o almoço uma rápida passada na Casa Persa para pegar aquela caixa de charutos cubanos já encomendados. Depois, na hora do jogo, se estiver quente, uma afrouxada na gravata (por que vir com ela hoje???) e tomar um frapê no Simpatia, aproveitar para fazer uma fezinha, enquanto os colegas fazem uma resenha do jogo, vendo o “movimento” na calçada da Avenida.
    A tarde começa a se avizinhar, já serão quase 4, é hora de procurar um telefone público e avisar “em casa” que os colegas resolveram fazer uma confraternização, que chegará mais tarde. O Vilarino é uma boa opção, podemos encontrar amigos de outros órgãos, inclusive um boêmio membro do Itamarati que ali sorve seu scotch, passamos e aproveitamos para ver as obras do novíssimo prédio da embaixada americana, moderníssimo e que sobe em uma velocidade impressionante, afinal dinheiro não falta e ninguém está levando “o seu”.
    Depois de um dia de rei destes, não há quem dos colegas que não fique animado para dar uma flanada no Night and Day, no Serrador. Talvez só o Felix, que se mande com a desculpa que mora no Leblon e que tem que pegar o bonde, mas na realidade ele tem medo da “patroa”, uma carola maior do que ele.
    Quem sabe hoje as pequenas estejam mais disponíveis sem os Senadores, que voltaram para seus estados a fim de fazer alguma politicagem nos redutos, os que ficaram ou estão no Filet de Ouro do Copa com suas esposas ou subiram para Petrópolis, o certo é que o Monroe está apagado e o estacionamento vazio.
    Caso não se logre êxito, a Lapa é sempre uma opção. Lá para as duas da madrugada é hora de pegar o Chevy na garagem aos pés do Santo Antônio e rumar para casa torcendo para ninguém estar esperando, a fim de deslizar silenciosamente para os lençóis na mais perfeita candura.

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  5. Bom dia.
    A avenida é muito bonita, toda ela.
    Houvesse segurança e conservação, seria um lugar fantástico para lazer.
    Como está hoje, é área perigosa a ser evitada por pedestres.
    Pobre Rio.

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  6. Nas primeiras décadas do Século XX essa região era a "vitrine" do Rio. Há uma foto de 1906 que mostra um desfile militar de uma tropa de fuzileiros navais na presença de um grande público. A afluência da população nesses eventos era grande. Também essa área foi palco da chegada triunfal de Getúlio Vargas em 1930. Atualmente a única coisa coisa que preste nessa região é a circulação do VLT. A frequência da região se comparada àquela do Século passado provoca nas pessoas de sensibilidade um "copioso pranto". Enquanto no passado famílias faziam ali o "footing" dominical, a realidade atual é bem diferente: crackudos, marginais, e desocupados, são uma presença obrigatória.

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  7. Bela colorização. Sou fã do edifício Standard.muito boa a sugestão do Decourt e muito bom o comentário do irmão do saudoso general.

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    1. Cesar, como é praxe acompanhar os comentários do Blog do Luiz, percebi que você iniciou a frase "muito boa a sugestão do Decourt" sem dar o devido espaço após o fim da oração anterior, sem contar que utilizou uma letra minúscula para inicia-la. Seria resultado da convivência com o Conde di Lido?

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    2. corretor, vc é um chato de galochas. O texto do André é um primor! Conviver comigo, coisa que poucos conseguem, é uma dádiva. As pessoas que têm a oportunidade de dividir comigo algum espaço, só ganham em cultura, civilidade, educação, vernáculo e outras coisas.

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  8. Tenho uma amiga moradora da região. Ela diz que à noite o local é perigoso, não muito diferente de muitos outros tantos da cidade. Mas de dia passeia tranquilamente pela praça Paris e adjacências sem nenhum problema.

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  9. Magnânimo Luminar das Terras Ipanemenses, Defensor Incansável da Cultura Guanabarina, Ilibado Curador do Conhecimento Iconográfico Sebastiano, Douto, Culto e Ortopédico Dr. D´, apesar de afastado do salutar convívio com este egrégio fórum de notáveis, que lutam com denodo pela preservação da cultura e do saber cidadão, abro um pequeno interlúdio em meus estudos dos clássicos greco-romanos e das minhas traduções de textos em sânscrito para aceder ao seu notório e glorioso sítio de convívio internético, farol que ilumina as massas ignaras e lhes mostra o caminho do conhecimento.
    Rogo vênia ao sagaz discípulo de Hipócrates, se incorrer em alguma incorreção no texto, mas minhas provectas mãos já não dedilham o teclado de meu equipamento de processamento computacional com a habilidade de outrora. A idade pesa e meus dias neste plano da criação do Senhor podem estar nos seus derradeiros momentos.
    A casa dia continuo em minha luta em prol do saber. O texto de meu muy estimado amigo Eleutério Miranda, irmão do pranteado General Miranda, encheu-me de gáudio e júbilo e a energia retornou milagrosamente ao meu já encanecido corpo. Senti-me novamente jovem. Minha energética assistente, a intrépida Mme Simmons teve que acudir-me tal o meu estado de euforia.
    Rogo ao sábio amigo que transmita ao Teco as minhas saudações e diga-lhe que pretendo convidá-lo para um chá em minha humilde residência na Pedreira da Candelária. Enviarei um bilhete ao Teco por meio de um estafeta e mandarei o fiel Álvaro buscá-lo com a caleça, que ele não se preocupe com o transporte.
    Despeço-me agora do ilustre e douto confrade. Mme. Simmons reclama de minha presença à mesa do almoço. Hoje teremos um caldo de legumes e pescado assado com arroz e verduras de nossa pequena horta. Para acompanhar um cálice de vinho Rioja, presente do bom amigo, o Conde de Madrid.
    Despeço-me Amurado, Aterrado e Colorizado.
    Seu Criado,
    Hermelindo Pintáfona.

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    1. Grande Hermelindo! Já estava saudoso dos seus textos, apesar de usar um português vulgar. Abraços apertados!!

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  10. Minha melhor Saudade do Rio era exatamente o Frapê de Coco sentado com meu avô, o pajé dos Menezes, nas suas visitas ao Rio, lá nas mesas externas do Simpatia. As 15 horas reunia a turma "políticos" de meu avô para discutir assuntos variados. Todos sentados de ternos de linho branco de S-120 acetinado olhando as belas que passavam pela calçada. Eita...o Rio era muito gostoso! As17 horas pegávamos o Bonde 66 - Tijuca- na rua da Assembleia rumo a nosso casa. Tardes inesquecíveis.

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  11. Esse professor é um pândego.

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  12. Em agosto circulei aí por perto, Rua Santa Luzia, Cinelândia e Rua do Passeio, e pelo menos pela manhã tudo muito calmo, inclusive com PM na praça. Só achei pouca gente circulando pelas ruas, exceto a calçada do consulado americano. As cafeterias e as lanchonetes tinham um certo movimento do pessoal dos escritórios.
    Para passar o tempo visitei a Biblioteca Nacional, cheia de restrições e vigilantes marrentos, coisa comum em instituições públicas, bem diferente do setor privado, cujo pessoal de segurança costuma ser gentil.

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    1. Última vez que fui pesquisar um livro na BN foi um tormento. Preencher formulários com o que estava usando, lápis, cabo do computador.....
      Não era um livro raro ou coisa parecida, tudo para afastar o usuário.

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  13. Grande parte dos comentarista e conheceu essa região em um passado mais ou menos remoto, mas duvido muito que tenha ciência das profundas transformações que ocorreram nos últimos anos, e a reconheça atualmente. Entre a região do Santos Dumont e a Glória a região não é nem sombra do que foi um dia. Nem mesmo um Shopping de bom nível onde existem ótimas opções gastronômicas e servido pela VLT é capaz de restabelecer para a região o brilho de outrora. Na região contígua próximo ao Ministério Público o número de crackudos é bastante expressivo, e oferece um alto risco. Além disso o local é ponto de prostituição masculina, também conhecido como "feira do c." Advogados, membros do MP, e da magistratura, costumam ali "dar bordejos noturnos". Fazem parte de uma "orquestra" onde são tocados tuba, oboé, flauta, "trombone de vara", e outros tipos instrumentos semelhantes.

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  14. Mais um comentário chulo e preconceituoso. O Luiz não deveria publicá-lo.

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  15. Nas memórias do meu avô o eixo Rio Branco - Passeio Público era o bicho. A tal Sorveteria Alvear bombava. Hoje o Centro micado e só com as moradias vai mudar um pouco. O Foro Central ficou super dimensionado fisicamente, embora abarrotado com o volume de processos.

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    1. Agora tudo está digitalizado, sonho dos funcionários e magistrados. Bom foi no Covid, petição pela manhã, despacho na parte da tarde.

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  16. Hoje foi seleção brasileira do Tite do Curíntia, jogando só pelo 1 x 0, mas se ficasse 0 x 0 estaria bom também.
    Vinícius Jr. pode ser uma nova alegria do povo?

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