Fotografia de J. Gutierrez, de 1893, mostrando o prédio da Imprensa Nacional. Foi mandado construir pelo Visconde do Rio Branco, no nº 2 da Rua da Guarda Velha (atual Rua 13 de Maio), o prédio da Imprensa Nacional foi demolido para a urbanização do Largo da Carioca, depois de ter sido vitimado por um incêndio.
O prédio da Imprensa
Nacional se ainda estivesse de pé, estaria em frente ao prédio no BNDES e em
cima da estação do metrô Carioca. Ao fundo, vê-se a fachada do Teatro Lírico, o
mais importante da cidade no Segundo Reinado, posto abaixo na década de 1930.
Neste prédio trabalhou
meu avô paterno, que exerceu durante anos o cargo de linotipista-chefe. O
prédio foi projetado por Paula Freitas e filiava-se ao estilo gótico inglês,
que era o preponderante na Europa no tempo em que o alemão Gutemberg inventou
os tipos e o prelo de imprimir.
Neste prédio também
trabalhou meu pai, como "free-lancer", para pagar seus estudos. Também
como linotipista. Para receber sua diária, tinha que completar 381 linhas na
jornada (não tenho a menor idéia da razão deste número).
A Imprensa Nacional,
depois, funcionou no prédio “art-déco” da Praça Mauá, onde hoje se instala a
Polícia Federal, até sua mudança para Brasília no início dos anos 60.
A fotografia, de um
livro em inglês, mostra a sede da Imprensa Nacional no Largo da Carioca. Esta bela
foto tem a seguinte legenda: "As ruas do Rio de Janeiro não impressionam
favoravelmente ao viajante. Elas são extremamente estreitas e as construções de
modo algum são bonitas. Na zona sul da cidade as ruas são muito mais abertas e
atrativas. Esta é a zona elegante, e contém muitas residências agradáveis.
A cidade, durante as
horas de trabalho, tem muita atividade. Um número imenso de negros, para cima e
para baixo, com pesados sacos e fardos.
O governo do Brasil está
fazendo grandes esforços para melhorar as condições das ruas e um bom progresso
tem sido feito".
A Imprensa Nacional começa com a vinda de D. João, em 1808. Até então, a Coroa portuguesa impedia qualquer tentativa de estabelecimento de uma Imprensa no Brasil.
Um
incêndio ocorreu em 1911, mas o prédio foi reformado e se manteve neste local até os anos 40
quando, conforme conta P. Paccini, "os geniais reformadores urbanos de
então o demoliram".
A Imprensa Nacional
continuou suas atividades no Rio até o início dos anos 60 (quando foi para
Brasília). Funcionou na Avenida Rodrigo Alves, onde hoje é a Polícia Federal.
Neste prédio também existiu a EAGIN (Escola de Aprendizes Gráficos da Imprensa Nacional). Todos que ali
trabalhavam usufruíam de um excelente departamento médico/dentário, com
atendimento 24 horas por dia.
Este prédio da Imprensa
Nacional era um exemplo de
influência medieval proveniente da Inglaterra e da Alemanha da época.
Aqui o estilo foi
adotado, principalmente, em quartéis do Exército e da Polícia Militar, como
podemos ver no quartel da PM próximo à Francisco Bicalho e naquele outro da Praça
da Harmonia.
Uma variação dele, o
gótico provençal, aparece na Ilha Fiscal. No Centro, o que mais se assemelhava
à Imprensa era o antigo Conselho Municipal, atualmente Câmara Municipal.
A foto mostra o prédio em processo de demolição.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirNão canso de afirmar que o Largo da Carioca foi o logradouro do Rio mais alterado no decorrer do século XX.
Quando li no segundo parágrafo a referência ao prédio do BNDES, pensei que o gerente havia confundido com o da Caixa.
O prédio da Imprensa era muito bonito, mas foi embora em nome do “progresso”.
ResponderExcluirAliás, nem vale a pena falar de novo no que fizeram em todo o Centro, principalmente na avenida Rio Branco.
A rua da Guarda Velha tinha seus encantos e a Imprensa era um deles. A demolição dela mostra a transformação do Largo da Carioca no que é hoje: um espaço vazio, estranho, mal-aproveitado.
ResponderExcluirAcho que com a mudança do alinhamento dos prédios do Largo da Carioca, quando este tomou o lugar da 13 de Maio, parte da Imprensa Nacional estaria engolida pelo Avenida Central e outra parte no meio do Largo.
ResponderExcluirBom Dia ! Estou de volta ! Desde o tempo dos bondes o largo da Carioca sofre com mudanças.
ResponderExcluirBem-vindo.
ExcluirAs grandes demolições e arrasamentos de regiões inteiras tem como motivação precípua o fator financeiro. O Morro do Castelo foi literalmente arrasado por pura especulação imobiliária, uma expectativa adquirida após as reformas de Pereira Passos, já que o arrasamento era o único caminho para a obtenção de terrenos valorizados. O Largo da Carioca sofreu grandes mudanças principalmente em razão da existência do Morro de Santo Antônio, e mais tarde pela inexistência dele. Já a demolição da Lapa se deu por pura incompetência do Poder Público, sendo que se houve algum interesse imobiliário, este não não ficou claro até hoje.
ResponderExcluirFF: morreu, aos 62 anos, a ex-jogadora de vôlei Isabel. Estava com uma rara doença respiratória.
ResponderExcluirIsabel havia sido escolhida para fazer parte, no Grupo de Esportes, da "equipe de transição."
Excluir"’Tis dangerous when the baser nature comes
Between the pass and fell incensèd points
Of mighty opposites." Hamlet, ato V, cena ii.
Sou assumidamente uma "Viúva de Antanho", apesar de não ter vivido nessa época. Mas fato é que no Rio a devastação foi total ou quase. O que sobrou está em alguns casos estão sujeitos a própria sorte como é o caso de um belíssimo imóvel existente nas imediações do Campo de Sant'Ana. A cúpula desse prédio está aos pouco acabando. Pobre Rio Antigo...
ResponderExcluirO centro da cidade terá um novo "boom", agora ali na região da rodoviária, com a construção do terminal BRT Gentileza e do novo estádio do Flamengo, caso se concretize. A ver...
ResponderExcluirPaís desprovido de sensibilidade com nossa memória arquitetônica. Em país nenhum do mundo essa beleza teria sido demolida. Por este motivo que respeito a Argentina, arquitetônicamente falando.
ResponderExcluirWagner, havia um fantástico estudo de revitalização da área do Porto e nisso envolvia o transporte hidroviário pela Baia, integrando diversas estações sendo as principais: a da Rodoviária, Botafogo, Flamengo, Urca. As demais dependeriam do tipo de embarcações a serem usadas pois já navegariam em mar aberto, como Copa, Ipanema, Leblon, etc. A estação Rodoviária ficaria ao Lado do Ultimo Armazém e em frente ao Terminal. O Projeto seria do Niemeyer. Para mim um belo projeto urbanistico e era uma questão de executar com vontade política de fazer. Uma barca que estivesse vindo da Ribeira por exemplo com destino a Praça XV, teria uma escala na Rodoviária. O publico desembarcaria em passarelas até o Terminal. Dali para outros locais uma malha de BRT completaria. Com Isso ônibus na Av.Brasil diminuiriam drasticamente e com isso os engarrafamentos. Isso tudo já era para as Olimpíadas. Foi só um sonho de verão. Obs: Isso tudo sem derrubar um poste sequer.
ResponderExcluirFazendo Praça XV - São Gonçalo, já ficaria espantado.
ExcluirO resto....
Boa noite Saudosistas. Acho que não vale mais a pena comentar sobre a destruição da cidade do Rio de Janeiro, seja o Centro ou qualquer outro bairro, mas tenham certeza que toda cidade acabará sendo destruída pelo seu próprio abandono.
ResponderExcluirQuando as suas principais áreas comerciais e residenciais estão sendo abandonadas sem que haja qualquer providência do poder público para modificar esta situação, onde o poder paralelo das milicias e do tráfico se apropriando destas áreas, o fim está perto.
Venho dizendo isso há muito tempo. "Tartarugas não sobem em árvores e se estão nelas alguém as colocou lá". Áreas inteiras são dominadas pelo crime com aquiescência do Poder Público". No centro do Rio o abandono é total e por qual motivo? O golpe de misericórdia foi desfechado há cerca de dez dias quando em decisão do Ministro Luís Barroso do STF (sempre ele) ficou estabelecido que as decisões judiciais em ações de reintegração de posse deverão ser submetidas a uma "comissão) que irá avaliar se o imóvel ou terreno invadido poderá ser devolvido ao seu proprietário, em um flagrante ataque à propriedade privada. "Quer que explique ou precisa desenhar?"
ExcluirARREPENDEI-VOS!!!!!!!!!
ResponderExcluirO FIM ESTÁ PRÓXIMO!!!!
"When sorrows come, they come not single spies, but in battalions"
ExcluirGrande Eusebius, quem é vivo sempre aparece.
ResponderExcluir