Paulino Botelho (1879-1948) foi um fotógrafo que iniciou a carreira no “Jornal do Brasil” no início do século XX. Atuou também na “Revista da Semana”, na “Gazeta de Notícias”, na “Fon-Fon” e na “Careta”. Foi um pioneiro em fotos aéreas no Rio de Janeiro.
Contava ele que no início
da carreira apenas as revistas apresentavam gravuras, sendo o processo da
zincogravura de fotografias de pessoas, paisagens, etc. O que se fazia era o seguinte:
um desenhista colocava sobre a prova fotográfica um papel transparente e, a tinta
Nankim, copiava os contornos do que via, fazendo a reprodução, a traço da
figura. Depois o desenho era, então, gravado.
Em 1910 abandonou os
trabalhos de jornal e, com seu irmão Alberto, organizou uma sociedade para o
preparo de filmes-jornal, chamada "Cine-Jornal Brasil". Nessa ocasião filmaram a chegada ao Rio dos
encouraçados “Minas Gerais” e “São Paulo”.
Em maio de 1905 Paulino Botelho realizou a primeira tomada de fotos a partir de um balão, no Rio de Janeiro.
Segundo
a “Revista da Semana”: “A população carioca extasiou-se com o inolvidavel
espectaculo de uma aeronave pairando sob o céo azul d´esta cidade, em um dia
encantador, de luz amena e clara. O audaz capitão portuguez Magalhães Costa, em
companhia do Sr. Paulino Botelho, photographo, realizou a ascensão do balão “Portugal”
o qual, por mais de uma hora, adejou triumphalmente no espaço, indo, finalmente,
após um trajecto brilhante, descer em um logar do districto de Inhaúma. A
ascensão iniciou-se no Campo de Sant´Anna.” A atracação, após a última foto
batida a 1160 metros de altura, foi na Fazenda Capão do Bispo, na Estrada Real de
Santa Cruz.
Uma segunda ascensão no
Rio transcorreu cheia de incidentes. A certa altura Paulino lançou 3000
exemplares da “Gazeta de Notícias” sobre a cidade e logo após a coisa piorou. Segundo narrativa do próprio Paulino, "O comandante
dava ordens e mais ordens de manobras, amarração de cordas, desprendimento de
cabos e âncora, e outras mais. Deixei de ser fotógrafo de jornal para me transformar em ajudante de aeronauta. Em poucos minutos o balão foi do Largo do
Machado ao Morro da Viúva e caiu no mar. O povo que acompanhava o voo
providenciou socorros imediatos e evitou que o balão voltasse para os ares,
para uma jornada fatal."
Esta foto do Palácio Monroe consta como de autoria de Paulino Botelho. Nossos especialistas, pelo ano de fabricação dos automóveis, poderão confirmar se é anterior a 1948.
Em 1929 a “Gazeta de Notícias” noticiou um “grande incêndio na residência e atelier photographico do photographo Paulino Botelho, às 4 horas da tarde, no predio n. 7, da Ladeira Senador Dantas. O fogo manifestou-se com tal violencia que em poucos minutos havia devorado completamente o predio, só deixando em pé as paredes lateraes”.
Neste incêndio, segundo Paulino, perdeu-se o arquivo com negativos preciosos, como o da Revolta da Armada, capitaneada por João Candido. Este filme a censura da polícia impediu que fosse passado nos cinemas, mas os negativos continuavam com Paulino. Também os negativos que retratavam a revolta da Ilha das Cobras se perderam.
A seguir, quatro fotos do acervo familiar de Paulino Botelho.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirSempre aprendendo alguma coisa nas postagens. Hoje, o processo artesanal de passagem das fotos para os jornais.
O método do balão para conseguir "fotos aéreas" era o que se tinha sem ser os aviões militares.
Volto mais tarde.
Um pioneiro, desconhecido para mim.
ResponderExcluirMe lembrei daquele padre louco que morreu ao subir ao céu segurando uma porção de balões de gás.
Botelho teve o bom senso em subir com um especialista.
Resgate interessante.
Os fatos narrados ocorreram na "República Velha", uma época em fatos bastante "curiosos" ocorriam. A proibição da exibição do filme mostrando navios de guerra da Marinha Brasileira comandados pelo "Almirante Negro" e o incêndio ocorrido na residência de Paulino Botelho, são exemplos claros de que "tinha caroço naquele angu". Todos os fatos que dizem respeito à Revolta da Chibata e a João Cândido Felisberto ainda carecem de explicações "mais convincentes".
ResponderExcluirBom Dia ! Mais uma aula.
ResponderExcluirTambém não conhecia essa interessante técnica de nanquim sobre foto. Coisa de artista mesmo.
ResponderExcluirSe até hoje um balão tripulado chama a atenção, imaginem em 1905.
Vou chutar que o carro mais novo em frente ao saudoso Palácio Monroe é modelo 1942, fabricação de 1941, ou seja, antes dos EUA entrar em guerra.
Do acervo da família Botelho: Jd. Botânico; Corcovado; topo do Morro da Urca e o, aqui famoso, restaurante numa das curvas da Estrada do Joá.
Vale uma mariola?
Só uma correção, o pouso foi na fazendo do Capão do Bispo e não, Capão Bonito.
ResponderExcluirInfelizmente, a casa do bispo está largado na Av. dom Helder Câmara. Uma pena!
Capão do Bispo era uma antiga estação ferroviária da E.F. Rio D'Ouro e que fazia parte do traçado original erradicado em 1928.
ExcluirSempre aprendendo por aqui.
ResponderExcluirSim, Joel!
ResponderExcluirInclusive, esse post do Luiz https://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2020/10/avenida-suburbana.html?m=1
É dessa época.
Acredito que o galpão é da antiga Fábrica São Lázaro.
O prefeito escolheu a Radial Oeste para homenagear o Pelé.
ResponderExcluirErrei "por pouco" já que achava que poderia ser a Avenida Maracanã. Mas o prefeito pode ganhar uma dor de cabeça mexendo com o brio de militares.
ExcluirMias de uma vez digito e esqueço do "PUBLICAR", desperdiçando comentário. Ótimo post. Foto da Rua Jardim Botânico excepcional e inédita para mim.Grande lance do futuro é redescobrir o passado. , FF recomendo o livro do Ruy Castro "Os perigos do Imperador ". ótima documentação histórica, muito bem alinhavada.
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