O “post” de hoje é sobre a Rua
Dias da Rocha, em Copacabana. Começa na Av. N.S. de Copacabana e termina na Rua
Cinco de Julho. Até os meus 15 anos de idade, o trecho entre Barata Ribeiro e
Copacabana foi local de passagem diário, já que era caminho obrigatório para o
colégio, seja de carro ou de bonde, para a praia ou para os cinemas do bairro. Neste trecho, no lado ímpar, ficava o
enorme terreno que abrigava a casa das fotos de hoje, na Rua Dias da Rocha nº
45.
A rua foi aberta pelos Srs.
Fernando Gardone Ramos, Carlos Gardone Ramos e Abelardo Gardone Ramos, tendo
sido aceita em 01/11/1915.
Conta o prezado Maximiliano
Zierer:
“O casarão neocolonial
localizado na Rua Dias da Rocha nº45 possuía dois pavimentos e foi edificado no
centro de um amplo terreno. Algumas fotos foram publicadas na revista
Architectura no Brasil, do ano de 1923. Pertencia ao comerciante Raul Fausto
Barreto, filho do professor Fausto Barreto e irmão do Professor Mário Barreto.
No local há atualmente o edifício Marbella, que possui uma loja de Hortifruti e
uma agência dos Correios no térreo.
O casarão possuía no térreo um
salão de visitas, um salão de jantar, um salão de música e uma saleta de
espera, além de copa, cozinha, dispensa, um banheiro e um quarto de empregada
nos fundos. No pavimento superior havia cinco quartos e um banheiro. Nos fundos
do terreno havia um anexo com dois quartos, banheiro, tanque de lavagem e
garagem. O terreno possuía árvores frutíferas e um jardim.
O Sr. Raul Fausto Barreto
faleceu na Rua Almirante Alexandrino número 778, em Santa Teresa, às 22 horas
do dia 29 de abril de 1931. Tinha apenas 46 anos de idade e foi vítima de uma
polinevrite. Deixou viúva D. Maria José Thedim Barreto (irmã do almirante Henrique
Thedim Costa) e oito filhos. O enterro ocorreu no cemitério São João Baptista
no dia 30/4/31.
Poucos meses após a morte do
proprietário, em setembro de 1931 foi anunciado o edital de venda e penhora dos
bens do Sr. Raul Fausto Barreto e sua esposa, em benefício de Rocha Miranda,
Filhos e Cia Ltda. Foi informado que a construção era sólida, de pedra, cal e
tijolos, porém precisava de reparos. O casarão, com o seu terreno e
benfeitorias, foi avaliado em 400 contos de réis (Jornal do Commercio, 21/9/1931).
Segundo Bruno Diniz (2020), 1 Conto de Réis (Mil mirréis) = R$ 123.000,00
atuais. Portanto, em uma estimativa de hoje, a casa e o seu terreno valeriam
cerca de R$ 49.200.000,00.
Anteriormente, conforme conta o Anddre Decourt, a casa era dos Gardone Constante Ramos (o Abelardo, citado no início, era filho de Constante Ramos). Deve
ter sido vendida nos anos 20.
Segundo ele, "Vemos a Rua Dias da Rocha em uma foto tirada de uma das casas da rua no início dos anos 20. A foto mostra detalhes dos jardins e de parte da fachada da melhor casa da rua, projetada pelo arquiteto Paulo Thedim Barreto e de propriedade da família Constante Ramos, dona da antiga chácara que havia no local e que loteava toda a região.
Ao fundo vemos o Morro dos Cabritos, com marcas de extração de granito, usado
para a feitura de meios-fios e paralelepípedos para o bairro, mas na época essa
pedreira já estava desativada e no seu sopé era aberta a Rua Hermesília, atual
5 de Julho, inicialmente aberta da Rua Constante Ramos até a Rua Raimundo
Correia."
Cresci na casa de meu avô, na Barata Ribeiro (casa já mostrada aqui no "Saudades do Rio"). Ele morava quase na esquina da Dias da Rocha desde 1919.
A casa mostrada nas fotos de hoje permaneceu de pé pelo menos até os anos 60, com o mesmo
tipo de muro. Lembro-me do belo jardim já com árvores crescidas e bem cuidado.
Junto ao muro ficava "acampado" um simpático mendigo, "adotado" pelos vizinhos. Também E pouco distante ficava, também junto ao muro, o João, um soldador boa-praça que consertava panelas. Sempre ajudava a nós,
crianças, de graça, no conserto de algum brinquedo.
Em frente a esta casa, no 1º andar de um edifício, moravam a D. Dulce e a filha Leticia, duas das melhores doceiras
da cidade nos anos 50 e 60.
Conceição Araujo já comentou que, baseado num artigo da Revista Architectura no Brasil nº 24, de setembro de 1923, segundo Diego Dias, esta casa da Rua Dias da Rocha foi projetada pelos arquitetos Archimedes Memória e Francisque Cuchet.
Fica esta dúvida para ser esclarecida.
Não me lembro dos detalhes da casa. A lembrança que tenho é que a casa ficava meio escondida atrás de árvores do jardim.
Nos anos 60 nesta calçada, junto
à N. S. Copacabana havia a sapataria Polar, acho que a Casa Canadá e uma
agência d’O Globo. Nesta, a atração eram as inúmeras fotos do jogo de domingo
no Maracanã expostas na vitrine. Logo depois, no primeiro edifício, havia nos
fundos a oficina do Sebastião “da luz”, eficiente eletricista com grande
clientela nas redondezas.
Um aspecto do interior da casa da Rua Dias da Rocha.
Nada mais distante das fotos de hoje que a atual rua Dias da Rocha.
ResponderExcluirEm vez de bonitas casas só há edifícios sem graça.
Há alguns anos resolveram fechar a saída para a avenida Copacabana e construíram um espaço com bancos para os idosos e a rua ficou sem saída, com mão-dupla entre Barata Ribeiro e Copacabana.
O trânsito ficou ruim pois os carros estacionam dos dois lados.
Para piorar inauguraram uma loja do Hortifruti e outra do supermercado Zona Sul no meio do quarteirão transformando o trecho num caos com os caminhões de entrega.
Como se não bastasse os catadores de papel resolveram se reunir no tal espaço perto da Copacabana à noite.
E fica um tumulto com muito barulho e muito lixo.
Tudo isso sob o olhar indiferente das autoridades.
Morar neste trecho da Dias da Rocha é um inferno.
Sensacional. Ontem passei em frente a ela, pois fui fazer exame de rotina numa clínica na Av. N S Copacabana. Faltou mencionar o Mercadinho Azul, que ficava ali e onde eram comprados ingressos para jogos no Maracanã. Comprei muito sapato na Polar e andei muito pelas imediações. A 5 de Julho, rua que, segundo o JB da época, por ter pouco tráfego, tinha muito tráfico hoje não tem movimento nenhum, faz tempo que por lá não passo. Essas ruas todas fizeram parte da minha infância, da Djalma Ullrich até Figueiredo de Magalhães. Ontem fotografei a fachada da agência "Colombo" do Banco do Brasil, funcionando no local da saudosa Confeitaria. Ótimo post, como de hábito.
ResponderExcluirDe se notar a pouca quantidade de banheiros numa casa tão grande. Sei que era costume da época mas não sei como os moradores resolviam o problema.
ResponderExcluirAté os anos 70 o outro trecho da Dias da Rocha, entre Barata e 5 de Julho, era só de casas, com exceção do grande edifício de esquina da Barata construído nos anos 50.
Muito boa pesquisa.
A quantidade de banheiros sempre foi insuficiente no passado. Casas com vários cômodos possuíam apenas um banheiro e isso no meu entendimento é um problema. Uma ida ao banheiro no passado por uma mulher demorava pelo menos uma hora. A quantidade de saias, anáguas, ligas, etc, a ser retirada antes de "obrar" era tal que se houvesse alguma urgência a situação poderia refundar em uma "tragédia". Imagine-se uma família com várias mulheres em uma casa com apenas um banheiro...
ResponderExcluirredundar
ExcluirJoel nesta época todas as casas tinham uma boa quantidade de pinicos. rs,rs,rs....
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirFicarei acompanhando os comentários. Dia corrido.
Bom dia Saudosistas. A casa era realmente muito bonita, porém com os defeitos comuns a época, conforme já citados. Porém uma coisa que para mim me desagrada, é a mobília e decoração dessas casas, são sempre de móveis muito grandes, pesados e escuros, além de deixarem a casa com espaços de circulação apertados.
ResponderExcluirBem observado; era característico até meados do século passado a utilização de móveis de madeira escura e grande volume, além da quantidade de mesas, mesinhas, cadeiras, cristaleiras, cômodas, escrivaninhas e porta trecos que entulhavam os ambientes, sem falar nos candelabros e adereços diversos e para completar, as vezes com paredes forradas de tecido ou mais madeira, sempre escuros.
ExcluirAspecto sufocante.
A Dias da Rocha faz parte da minha vida. De início, quando criança, o trecho entre a 5 de julho e a av Copacabana era o nosso campo de futebol de rua, pois quase não havia trânsito. Muito mais tarde, noivei com a minha 1a mulher que lá morava. Como ela era uma eterna atrasada, cansava de esperá-la na frente do seu prédio. Certa vez, em uma dessas longas esperas, saquei um cara do outro lado da rua que não tirava o olho do local onde eu estava. Fiquei muito desconfiado de ser assaltado. Estupidamente, à época , eu andava com a minha Beretta na capanga. O cara rodava de lá prá cá, passava atrás do meu carro, voltava para o outro lado da rua, etc... Já com a Beretta na mão, decidi: se o cara chegar na janela do meu carro, ia dar um tiro na cara dele. Ocorre que, após um tempo, uma moça saiu do prédio da minha noiva, deram-se as mãos e sairam andando. Fiquei muito mal com isso e nunca mais saí armado de casa. Vai que o cara viesse me pedir uma informação.
ResponderExcluirDesde este dia, tornei-me um feroz defensor do desarmamento.
Minha então noiva ainda demorou uns 20 minutos para descer.
Em tempo: Dias da Rocha foi reconhecido pesquisador da fauna e flora cearense e um dos fundadores da Faculdade de Farmácia e da Escola de Agronomia, da Universidade Federal do Ceará.
ah, essas histórias ...
ExcluirEm que planeta vives Conde di Lido? Fala sério! Desarmamento? Aqui em "Angola do sul"? Imagino que sua "Beretta" era uma minúscula 6,35. Se for apanhado com uma dessas atualmente vai matar todo mundo de rir.
Excluirtens razão. Era uma Beretta 950B calibre 22. Era pequena, mas matava.
ExcluirMeu tio tinha uma dessas e baleou o próprio dedo. É um modelo canhestro e de "ação simples". A pistola Beretta M 99 cal. 9 mm é uma das melhores do mundo, sendo inclusive adotada pelas Forças Armadas dos EUA e do Brasil.
ExcluirPaulo Berger discorda do Conde di Lido: Diz ele que "Joaquim Dias da Rocha Filho nasceu em Curitiba, em 18/08/1862, e faleceu em Paraíba do Sul, no RJ, em 31/01/1895. Bacharel em Direito pela Faculdade de São Paulo (1886). Foi delegado de polícia da antiga capital federal. Dedicou-se às letras, colaborando em periódicos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Revelou-se poeta, desde muito jovem, publicando as suas poesias em vários jornais do Rio de Janeiro."
ResponderExcluirSe o Conde jogava futebol no trecho da 5 de Julho e a Av. Copacabana o meio do campo devia ser a Barata Ribeiro. Como esta tinha trânsito pesado desde sempre devia ser um problema passar do ataque para a defesa...
ResponderExcluirtem razão .era entre a 5 e a barata. quanto à homenagem, há discordâncias. Vou tenter esclarecer ou deixar a palavra final com o Luiz que dará a palavra final.
ResponderExcluirExiste a rua Professor Dias da Rocha em Fortaleza, homenagem ao pesquisador e professor cearense Francisco Dias da Rocha.
ExcluirA rua do Copacabana é mais provável ser nomeada em homenagem ao Joaquim Dias da Rocha Filho, poeta
Neste trecho citado pelo Conde ficavam as casas da família Falcão (Joaquim hoje é da ABL) e do Dr. Otelo, meu colega de colégio e ilustre médico carioca. O trecho realmente tinha pouco movimento nos anos 50, assim como a 5 de Julho.
ResponderExcluire na 5 de julho, bem em frante à Dias, tinha a casa de um grande amigo e colega de escola, o Canalle. Depois da pelada íamos nos hidratar na casa dele.
ResponderExcluirEntão era vizinho da casa do Almirante Henning.
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