Quando era criança, da
varanda de casa via passarem inúmeros ônibus e lotações. Um que sempre me
intrigou era o ônibus da linha 109: Malvino Reis-Ipanema. Onde seria Malvino Reis?
Demorei anos em descobrir. De outra feita, indo visitar primos na Tijuca, li em
algum lugar “Fábrica das Chitas”. Outro local que me intrigou por anos.
Hoje vamos ver alguns
bondes que faziam a linha “Coqueiros”, que nunca soube ser um local no Catumbi.
Um dos trajetos do bonde
42, segundo o Helio Ribeiro, era Largo de São Francisco - Andradas - Buenos
Aires - Praça da República (igreja de SãoJorge) - Presidente Vargas (lado
ímpar) - Marquês de Sapucaí - Catumbi - Itapiru - Dr. Agra – Coqueiros, mas
variava conforme a época.
O Helio me enviou essa excelente fotografia, de 05/10/1952. Vemos a Avenida Presidente Vargas durante as obras de integração das velhas vias do Mangue com a nova Avenida Presidente Vargas. As pistas junto ao canal deixavam de ser uma via auxiliar e eram alargadas para virarem as principais. Bem no centro da foto vemos uma caixa telefônica da CTB. Vemos um bonde da linha 42, "COQUEIROS", e um ônibus da linha Praça Mauá – Gramacho. A Rua dos Coqueiros ficava no Catumbi e desapareceu com a construção do Túnel Santa Bárbara.
Por onde está trafegando o bonde 42 - Coqueiros?
Consta na legenda que o bonde Coqueiros estaria na Rua Frei Caneca, em 1960. Concordam?
O bonde Coqueiros imobilizado durante uma greve em 1956.
Vemos, na Av. Presidente Vargas, o bonde 42 - Coqueiros logo atrás do 31 - Lapa-Leopoldina.
Aguardemos os comentários do papa no assunto, o Helio.
ResponderExcluirA linha era curta, do Centro ao Catumbi. Qual seria a mais curta de todas?
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirSalvo engano da minha parte, a rua dos Coqueiros foi arrasada com as obras do túnel Santa Bárbara e se algum trecho sobreviveu foi exterminado com a obra do elevado 31 de Março. Mas posso estar errado.
Passei muito por essa região, bem depois dos bondes, quando trabalhei na rua Itapiru.
Não arrisco palpite no "Onde É?" de hoje.
Claro que se eu tivesse prestado mais atenção no texto teria visto que a rua desapareceu mesmo com as obras do túnel...
ExcluirA foto 2 mostra o bonde 42 na rua Catumbi indo em direção à Rua dos Coqueiros. Essa linha foi a primeira a ser erradicada em razão do início das obras para a abertura do Túnel Santa Bárbara. O túnel foi inaugurado em Abril de 1964, mas as obras foram iniciadas bem antes.
ResponderExcluirA linha mais curta era a 25 - André Cavalcanti, que ia dessa rua até a Praça Tiradentes. Depois era a 87 - Boca do Mato, que ia da estação do Méier até a rua Maranhão. A mais longa era a 78 - Cascadura, que ia do Largo de São Francisco até Madureira, na avenida Edgar Romero com Carolina Machado. Outras linhas longas eram as duas da Penha, a 93 - Penha x Mauá e 94 - Penha x Largo de São Francisco.
ResponderExcluirMas embora não estivessem no contexto da Cidade do Rio de Janeiro, as linhas de bonde mais extensas foram as da Santo Amaro em São Paulo e a de Neves na "Grande Niterói."
ExcluirNa primeira foto, um carro de meados dos anos 30 que me parece Hudson 1934, mas achei os farois meio baixos. Tomara que alguém decifre.
ResponderExcluirNa foto das pinguelas, uma picape Marta Rocha, até hoje um belo carro.
E na segunda foto aquática, um conversível Mercury 1949 e um Jeep de 55 em diante. Simpático esse nome Coqueiros... merecia sobreviver.
Talvez um Ford.
ExcluirNão me parece nem Ford e nem GM.
ExcluirA grade não bate com o Hudson 34...parece um Chrysler...foi o mais parecido que achei...
ExcluirAvalio a possibilidade de ser um Studbaker 1934
ExcluirFalando em linhas de ônibus, eu tinha um sonho antigo de conseguir descobrir os números e nomes das linhas, na década de 1950. E aí descobri que o site do Marcelo Almirante tem isso detalhado por ano e companhia, desde 1940 até 1965. Maravilha pura. Imprimi tudo e arquivei.
ResponderExcluirSegue o link do site mencionado:
Excluirhttps://memoria7311.blogspot.com/
Eu tenho um guia de ruas "ZAZ", do final dos anos 60 ou início dos 70, com várias linhas da época, convencionais e trólebus, mas sem itinerário, somente os pontos finais ou reguladores.
ExcluirBom dia Saudosistas. O local da foto já foi identificado pelo mestre Joel, a outra é R. Frei Caneca mesmo. Hoje é dia de acompanhar os comentários do Hélio e do Joel, catedráticos em bondes do RJ.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou na rua. Depois vou investigar essa foto 3.
ResponderExcluirEssa foto 3 está misteriosa: atrás do Coqueiros vem um Itapiru - Barcas e o itinerário de ambas as linhas só coincidia nas ruas Catumbi e um trecho da Itapiru. Porém a foto mostra só um par de trilhos e nessas duas ruas havia dois pares. Além disso, dá para ver uma curva acentuada no fundo da foto, e nenhuma daquelas ruas possuía algo assim no trecho em comum entre as duas linhas. Pode ser Frei Caneca, mas curva fechada assim à direita só no trecho entre Catumbi e Salvador de Sá, implicando que a Catumbi estaria com um trecho fechado.
ResponderExcluirOs modelos de bonde das fotos 1, 4 e 5 se chamavam Narragansett. Havia o tipo pequeno (fotos 1, 4 e 5), com capacidade para 50 passageiros sentados, e o tipo médio (foto 3, atrás do Coqueiros), com capacidade para 65 passageiros sentados. Foram fabricados a partir de 1911/12.
ResponderExcluirJá os bataclãzinhos (fotos 2 e 3) apareceram muito depois, já em fins da década de 1940. Eram chamados de Aníbal, em homenagem ao funcionário da Light que os projetou. A meu ver, foram adaptações feitas em cima dos antigos modelos ingleses da United Electric, que abundavam nas linhas do centro da cidade desde a década de 1910. Aliás, em matéria de modelos pequenos, esses United Electric sempre foram em número muito maior que os Narragansett. Há algumas fotos mostrando, entretanto, reformas de Narragansett transformando-os em bataclãzinhos. Foi o caso do 296, por exemplo. Mas eram exceções.
Na Zona Oeste existe a "Estrada dos Coqueiros", que vai de Senador Camará até Campo Grande, hoje perigosíssima pois corta a comunidade da Coréia.
ResponderExcluirDessas linhas de bondes mais longas citadas pelo Hélio eu tenho a curiosidade de saber o tempo que se demorava para ir de Cascadura ao Lgo de São Francisco na época. Acho que se utilizando o transporte público de hoje em dia não há muita diferença no tempo...
Prezado Wagner, não sei dizer esse tempo. De qualquer forma, a linha Cascadura existe desde 1911 e naturalmente esse tempo foi se tornando cada vez maior quanto mais pesado foi ficando o trânsito ao longo dos anos.
ExcluirMeu sogro, nascido e criado na Penha, disse-me numa ocasião que o bonde da Penha pra cidade (era assim que se falava) demorava em torno de uma hora. Atualmente o ônibus da linha 313 demora este tempo ou até mais...
ExcluirDependendo do ponto onde se queria ir, às vezes poderia até ser mais vantagem andar até a Central e pegar um trem. Hoje, do jeito que está a SuperVia, não sei qual é o pior jeito de fazer o percurso...
ExcluirGostaria de deixar claro que muito do que escrevo aqui e no meu site é fruto de comparações, deduções e inferências, já que os arquivos da Light foram levados para a CTC e posteriormente queimados com entusiasmo febril. E há uma tremenda má vontade instalada no Centro Cultural da Light quando se procura informações sobre bondes. Parece que essa palavra é maldita por lá.
ResponderExcluirQuanto à má vontade do Centro Cultural da Light (CCL), já fui vítima dela. E para não dizer que a pessoa não foi com a minha cara e por isso não me atendeu bem, vou relatar outro fato que comprova o que escrevi.
ResponderExcluirUm visitante do meu site teve a tremenda paciência de construir várias maquetes de bondes, de todos os tipos: de passageiros, de serviço, carros-motor e reboques, e até abrigos para passageiros. Inclusive estendeu as linhas aéreas usando arame. Tudo isso numa plataforma bem grande, de uns 2 x 2,5 metros. Obra de arte.
Aí perguntou ao CCL se interessaria a eles colocar a plataforma em exibição lá, numa sala exclusiva. Concordaram. Ele levou o material e inclusive um livro de assinaturas para os visitantes. Só pediu que na hora em que ele fosse almoçar o CCL designasse alguém para tomar conta da sala e evitar danos ao material. Ele foi almoçar e na volta não havia ninguém. Por sorte, se visitantes houve, nenhum danificou o material. Ele reclamou.
Um belo dia, havia chovido muito na véspera e quando ele chegou lá havia goteiras em cima da plataforma. Aí ele desmontou tudo.
Na foto identificada como sendo da Frei Caneca tem um sobrado com letreiro aparecendo acima do primeiro bonde. Parece que está escrito "escola".
ResponderExcluirCom certeza aconteceram muitas demolições no trecho da Frei Caneca entre o batalhão da PM e o antigo presídio.
ResponderExcluirNaquela área, no século XIX, havia uma fábrica de carruagens e bondes a burro, chamada Röhe & Irmãos. Ia da Visconde de Itaúna até a Frei Caneca. O batalhão foi construido em parte dessa área. O restante ficou entre a Salvador de Sá (que não existia na época) e a Frei Caneca. Um resquício dessa fábrica era um depósito de reboques da Light que ali se instalou e era chamado de Bom Jardim, não sei por que.
ExcluirA área da Röhe & Irmãos era delimitada pela Visconde de Itaúna, Marquês de Sapucaí e Frei Caneca, numa forma aproximada de triângulo.
ExcluirHá dois anúncios da Röhe & Irmãos, com endereços ligeiramente diferentes: num é rua do Conde d'Eu, número 132 e no outro o número é 150. Conde d'Eu é o antigo nome da Frei Caneca. Interessante nesses endereços antigos era o uso da preposição "de/da/do" para ligar a palavra "rua" ao nome dela. Isso caiu em desuso praticamente em todos os casos. Exemplos: rua do Uruguai, rua do Barão de Mesquita.
ExcluirNa foto 3 o letreiro deve ser a Escola Visconde de Ouro Preto. Na hemeroteca internética da Biblioteca Nacional achei numa edição do Jornal do Brasil de 1969 o endereço como sendo Rua Frei Caneca, 200.
ResponderExcluirSe a numeração não mudou, hoje temos a Academia da Polícia Civil constando como nº. 162, depois o batalhão da PM e após vem a área "desertificada", na construção do viaduto e do sambódromo, até o nº. 302 de um prédio que recebeu o nome do Dominguinhos do Estácio.
Ou seja, tudo indica que esse trecho da foto 3 foi arrasado há uns 50 e poucos anos.
Muito bem levantado, Paulo. Se o número era 200, então fica no trecho arrasado e a curva pode ser a que citei no meu comentário das 11:12h. Mas sendo isso verdade, os bondes estão fora do seu itinerário normal, talvez por algum impedimento no trecho da rua Catumbi entre a Salvador de Sá e a Frei Caneca.
ExcluirEmbora eu sempre tenha achado horrorosos os bairros do Estácio e Catumbi, ao menos na década de 1950, eles não me eram totalmente estranhos: uma tia-avó morava numa casa medonha na tétrica rua Viscondessa de Pirassununga; meu pediatra morava e consultava na sua residência na rua Carolina Reidner, quase esquina com Frei Caneca; minha tia trabalhava como manicure no Salão Antonieta, famoso na época, situado na esquina da Frei Caneca com Catumbi; meu tio-avô morava numa casa de cômodos na Frei Caneca número 380, quase em frente à sub-estação da Light Campo de Marte, ainda existente no local.
ResponderExcluirDa em razão da interdição das ruas Catumbi e dos Coqueiros para as obras de construção do Túnel Santa Bárbara, os itinerários das linhas de bonde que circulavam pela rua Itapiru sofreram alterações. Os bondes oriundos do centro da cidade em direção ao Catumbi e Rio Comprido ao invés de entrarem à esquerda na Rua Catumbi, seguiam pela Salvador de Sá, Haddock Lobo, entravam à esquerda na Aristides Lobo, "Largo do Rio Comprido", Rua da Estrela, Rua Itapiru, e Dr. Agra, onde foi improvisado um "rodo"" para o retorno dos bondes pela Rua Itapiru. Esse "arranjo" acabou sendo definitivo, pois pouco depois da inauguração do Túnel as linhas de bonde foram erradicadas em definitivo. Além disso, em 1962 houve um grande desmoronamento no Morro do Querosene que interrompeu a circulação de bondes na Rua Itapiru por um bom tempo.
ResponderExcluirPor conta dos comentários sobre o Rio o “Saudades do Rio” poderia ser uma ótima fonte de pesquisa.
ResponderExcluirÉ a história da cidade sendo contada por seus habitantes e não por historiadores formais.
Eu já encontrei erros graves escritos por historiadores "formais"
ExcluirA Frei Caneca fazia uma curva para a esquerda e desembocava em frente ao Batalhão de Choque. Não havia o túnel e o casario existia em ambos os lados. A foto 3 parece que é nesse trecho.
ResponderExcluir