São tantas as fotos do belíssimo Teatro Municipal que teríamos que fazer diversas postagens. Hoje veremos umas poucas fotos. Confesso que fui muito menos vezes do que deveria ao nosso teatro. A primeira vez foi inesquecível, por se tratar do dia de minha formatura na faculdade, há mais de 50 anos.
Em 02/01/1905 começou a construção do Teatro Municipal. Substituindo Pereira Passos como prefeito, Francisco Marcellino de Souza Aguiar não interrompeu as obras, que prosseguiram até a inauguração em 1909, já com Nilo Peçanha como presidente da República e Serzedello Corrêa como prefeito.
Em 1904 dois projetos obtiveram o 1º lugar no concurso para a construção do Teatro Municipal. Foi escolhido o "Aquilla", pseudônimo de Francisco de Oliveira Passos, filho do Prefeito. O outro, o "Isadora", era do francês Albert Guilbert. O custo total da construção foi de 10 mil contos de réis.
Projeto Isadora
O Municipal, projeto do arquiteto Oliveira Passos e inaugurado em 14/07/1909, é o grande marco da cultura de nossa cidade, manifestada na melhor música e melhor dança. O Prefeito Pereira Passos reformulou a cidade, transformando o Centro e, a princípio, pensou em reformular o teatro São Pedro de Alcântara. Como o proprietário do imóvel, o Banco do Brasil, não chegou a um acordo, foi resolvida a construção de um novo teatro.
O Teatro Municipal ocupa o quadrilátero limitado pela Av. Rio Branco, beco Manoel de Carvalho, Rua 13 de Maio e praça Marechal Floriano, com frente para esta, abrangendo uma área de 4220 metros quadrados. Tendo em vista a desigualdade de resistência do terreno e a existência de um lençol d´água subterrâneo, foi adotado o sistema de estacada para as fundações do edifício do teatro. Foram fincadas 1180 estacas de madeira de lei, cujos comprimentos variam entre 4 e 11 metros.
O Teatro Municipal, em estilo eclético, era o sonho de Arthur Azevedo que, infelizmente, não o viu pronto, por ter falecido em 1908.
Foi inaugurado com um discurso do poeta Olavo Bilac, entregando à cidade do Rio de Janeiro "o seu mais belo edifício, com um esplendor de mármore e bronzes". Além do discurso do poeta, a elite da capital brasileira, o presidente Nilo Peçanha à frente, pôde assistir à apresentação de duas óperas nacionais -"Moema", de Delgado de Carvalho, e "Insônia", de Francisco Braga - e da comédia "Bonança", de Coelho Neto.
Os primeiros tempos do Teatro Municipal, marcados por intensa programação internacional, receberam companhias italianas, portuguesas, alemãs, inglesas, latino-americanas e, o ponto alto, francesas.
Durante as temporadas francesas, as senhoras, já naturalmente exigentes, chegavam ao requinte de encomendar um traje para cada noite. Os convites se acompanhavam, invariavelmente de brindes. Uma amostra de perfume francês, um saquinho de pó-de-arroz, um lencinho cuidadosamente dobrado.
O Teatro Municipal destaca-se com a fachada principal para o mar. Ao se caminhar desde o mar tem-se, aos poucos, a sensação de pompa do edifício. A escadaria leva o olhar até ao primeiro lance do edifício. O corpo principal e os dois laterais da fachada são, na parte inferior, de granito. Os pedestais sobre os quais assentam as 14 grandes colunas do corpo principal são de granito da Candelaria. Três portões de bronze dão acesso ao interior.
Sobre as portas, os balcões de mármore indicam o 2º pavimento. As colunatas são de mármore italiano e belga. As catorze, do corpo principal, em estilo coríntio, lavradas em mármore de Carrara.
No friso, ladeando as letras douradas da inscrição "Theatro Municipal", nomes de grandes mestres da música e da dramaturgia e, ao alto, entre as duas cúpulas encimadas por globos luminosos, a parte central do edifício tem de um lado a Música e do outro a Poesia, belas esculturas de Bernardelli. Sobre a imensa esfera de vidro a águia real, que coroa o edifício.
Esta foto foi a primeira colaboração do Nickolas para o "Saudades do Rio", em 2010. Estava apenas iniciando seus trabalhos de colorizar fotos que, pouco a pouco, levou à perfeição.
Esta foto é uma homenagem ao nosso prezado Menezes, CEO da Calango Air.
O sistema de refrigeração do teatro foi objeto da seguinte explicação: "A fim de renovar o ar e abaixar a temperatura na sala de espectaculos, dispoe o Theatro Municipal de uma possante installação de ventilação e refrigeração artificial, installada no porão sob o vestibulo de entrada.
O funccionamento d´esta installação, cuja capacidade de ventilação é 100.000 metros cubicos, exige a força motriz de 100 cavallos e pode reduzir a temperatura do interior até 10º abaixo da temperatura do ar captado no exterior.
A captação é feita em local situado distante do Theatro, para onde o ar é conduzido por um canal subterraneo duplo, com cinco metros quadrados de secção e noventa e seis metros de comprimento. Depois de purificado, pela passagem atravéz de filtros de lã e de refrigerado em camaras frigorificas, é o ar puro insufflado nas diversas dependencias pela parte superior das mesmas, sendo feita a sahida do ar viciado pela parte inferior.
A ventilação do palco scenico é feita independentemente da da sala de espectaculos, de fórma que a temperatura n´estas duas partes do theatro é sempre igual."
A antiga usina elétrica, da Siemens-Schuckertwerke, era acionada por três motores a petróleo, sistema Diesel, perto do beco Manoel de Carvalho, destinada à iluminação do teatro e à movimentação de seus mecanismos.
Esta é uma foto noturna colorizada pelo Nickolas. É uma amostra da evolução da técnica. O nosso prezado obiscoitomolhado certamente identificará os automóveis.
Esta outra foto foi garimpada pelo Nickolas. Foi publicada no "Saudades do Rio" em 2015, quando estava no provedor UOL.
Na época alguns especialistas, cujos nomes não anotei, comentaram:
"Entre os carros americanos, a maioria é da década de 40 e há o Dodge e o Chevrolet 51. o Buick é 1950. O Fusca parece ser de janela bem pequena, pela escuridão que aparece na janela traseira, talvez seja um split-window que já apareciam aqui em 1951. O Jeep é indefinido, pois o corte redondo do para-lama traseiro é assim desde a guerra. O furgãozão parece um International, mas é difícil garantir."
"Entre os `busólogos´a maioria concordou que não é um MOSA. Então, Mauá-Fátima ou Mauá-Aeroporto não deve ser.
Durante muito tempo a primeira placa (parada de ônibus) em todas as paradas da Rio Branco era para os coletivos destinados à Zona Sul. Como o sinal está fechado, ele já saiu do ponto. Quem está lá agora é o "Camões" que está logo atrás.
Para o Castelo, Praça XV, Fátima, Lapa, a parada era na segunda placa. Logo se ele estivesse fazendo alguma linha com terminal no Centro ao parar no sinal estaria na segunda faixa da pista. Mesmo não sendo Magirus este MB321/Metropolitana deve ser um Leopoldina-Leblon."
Bom Dia! O micro-ônibus MB carroceria Metropolitana de 29 lugares sentados, pode realmente estar operando na Leopoldina - Leblon.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirUma aula sobre o Theatro Municipal (sob a "responsabilidade" do estado), que, infelizmente, não tive a sorte de frequentar.
Por isso, ficarei acompanhando os comentários.
FF: finalmente o Vasco voltou a vencer depois de mais de dez rodadas, ganhando uma posição. O próximo jogo, domingo, é "só" contra o Botafogo, no Nilton Santos. Com transmissão da TV aberta.
Acompanhei, de perto, as obras de restauração, incluindo a águia, que ficou um bom tempo ao nível do solo, em exposição, antes de ser recolocada no alto.
ResponderExcluirMais uma bela pesquisa do SDR.
ResponderExcluirCom que então que o prefeito deu uma ajudinha para o filho, embora seja importante dizer que o projeto é muito bonito.
Não sei se ainda existem aqueles espetáculos populares aos domingos. Mas eram muito importantes.
A Cultura, tão atacada nos últimos anos, é primordial para a evolução de todos. Abre as cabeças. Faz pensar.
E há muito público interessado haja vista as descomunais filas em locais como o CCBB quando há exposições lá.
E as multidões que compareciam aos espetáculos do Projeto Aquarius no Aterro ou na Quinta da Boa Vista.
Só os de visão curta e adeptos da Censura são contra.
A criatividade de nossos artistas, em todas as áreas, é reconhecida mundo afora. Esta semana mesmo, em extensa entrevista, o famoso designer Starck, falou da sua admiração pelos brasileiros.
Sugiro fazer uma postagem sobre o interior do teatro que também é muito bonito.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Hoje é dia de acompanhar os comentários. Só fui ao Municipal 1 vez assistir uma peça de Natal.
ResponderExcluirAcho o Municipal uma beleza. com aquela águia dourada que só fui perceber já bem velhinho. Como tiram fotografias dela!
ResponderExcluirNa foto noturna, o nosso E.G.R.E.G.I.O. (Ente Gerencial Retumbante E Incentivador Onimaterial, aqui vai uma pequena homenagem ao Manual dos Escoteiros-Mirins) solicitou o pitaco antigomobilístico deste farináceo. Em primeiro plano, um Ford 51 conversível, depois um Chrysler Windsor e um Chevrolet, ambos, ou melhor, os três, de de 51. Atrás, o Citroën 11, cujo ano não é possível precisar, mas que bem pode ser 51 também.
Na fotografia seguinte, não sei porque eu não identifiquei os dois Oldsmobile bem à esquerda e o Hudson azul-claro; tenho uma tênue certeza absoluta de que o texto da escuridão interna do Fusca é deste comentarista. Uma bela foto.
Conheço razoavelmente bem o TM. Ajudei a associação de amigos na gestão de Dalal Achcar e na atual. O Estado considera que a verba paga aos funcionários (cerca de 400; 100 orquestra, 100 corpo de baile e 100 coro, mais técnicos e administrativos), mais contas de luz e água, alta. Então parecerias financiam as produções (óperas, concertos, com ensaios, roupas, cenários etc). A visita guiada é um sucesso. Já estive no fosso (com peças de1909 do palco) e na águia. Ainda há vitrais, e os mais charmosos banheiros do Rio. Uma pérola. Por ali já passou a nata da musica e balé do mundo. Um crime o baile de carnaval. Se o gerente aceitar mando fotos.
ResponderExcluirA última ida minha ao Municipal aconteceu em 2011 (!) para assistir audição do pianista Keith Jarret, que foi espetacular.
ResponderExcluirDepois, a preguiça, a insegurança e também a falta de grandes espetáculos tomaram conta e lá se vão 12 anos sem ir ao teatro.
Participei em uma das reformas do Theatro Municipal que não me lembro agora. Foi proveitoso duplamente para mim que era um engenheiro iniciante na atividade de ar condicionado. Nesse período descobri inúmeras raridades do sistema original de AC e dai poder avaliar como evoluímos nessa matéria. Para não me estender, cito por exemplo que os dutos de condução do ar condicionado aos ambientes tinham um revestimento externo em cortiça que era colado a superfície dos dutos com betume derretido no fogo e desta forma se fazia o isolamento térmico. Na atualidade esse isolamento e feito com com lã de vidro com película de alumínio , material este que não propaga fogo e a aderência a chapa é feita com cola de alto contato. É a modernidade...
ResponderExcluirIsolamento de tubulação de água gelada com calhas de poliuretano ou com manta de lã de rocha, acabamento em alumínio.
ExcluirDutos de ar condicionado (chapa galvanizada, diversas bitolas em função das dimensões das seções) com isolamento em placas de isopor coladas e acabamento das arestas com fita.
Era o mais comum que eu conheci nas décadas de 70 e 80.
Anônimo. É isso ai meu caro. Parece que vc.trabalhou nessa área. Capiche?
ExcluirAo que me lembre, estive no Teatro Municipal apenas duas vezes, e ambas para assistir ao balé "O Quebra-nozes". A primeira vez, com minha filha e esposa da época, por volta de 1995; a segunda vez, com minhas enteadas e esposa atual, por volta de 2003. Mas tenho vaga lembrança de uma outra vez, se não me engano para ver o balé "O Lago dos Cisnes", talvez pelos anos 1970.
ResponderExcluirNão sou fã de bailados nem de óperas, embora conheça trechos de muitos deles/delas, especialmente graças ao excelente Coral Fischer, alemão, que publicou um LP de nome "Opernmelodien", obviamente com trechos de ópera em que atuavam corais. Também possuo dois LP's do Ray Conniff, "'S Concert I" e "'S Concert II", com vários trechos de bailados e outras obras clássicas.
ResponderExcluirEu sou mais fã de valsas vienenses, do Strauss.
Gosto mesmo é de músicas e danças folclóricas. A primeira exibição que vi desse tipo de dança foi do Balé Moisseiev, russo, no Maracanãzinho, na década de 1970. Fiquei deslumbrado não só com as danças como com as músicas. Daí para a frente, foi um pulo para me apaixonar por esse tipo de música russa. Isso foi estendido para danças e músicas folclóricas alemãs, tchecas, portuguesas, mexicanas, paraguaias, etc.
ResponderExcluirEsqueci as danças e músicas gaúchas ou dos pampas, como o "chamamé". E por incrível que pareça tenho duas músicas cantadas em guarani: "Panambi Hovy" ("Borboleta Azul") e "Barcino Koli". É muito difícil acompanhar as letras, por haver sinais gráficos diferentes, além de os intérpretes cantarem com muita velocidade.
ResponderExcluirSempre bom ver postagem do Teatro Municipal e seus arredores. Com fatos e fotos.
ResponderExcluirMelhor ainda com foto noturna que é sempre um destaque. Talvez por serem raras.
O teatro municipal deveria ficar na orla, tipo em uma ponta, algo parecido com a opera de Sidney. Seria bem mais impactante.
ResponderExcluirMas quando foi inaugurado estava perto da baía, somente com o Monroe entre eles. O problema foi a quantidade absurda de aterros durante o século XX, que o deixou longe da orla...
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