A foto, do acervo
do Correio da Manhã, de 1955, mostra a Escola República do Peru, na Rua Coração de Maria, no Méier. Ficava num prédio de linhas modernas, com 17 salas de aula, além de outras
dependências, em que se instalaram a biblioteca, o refeitório, o auditório, a
sala de trabalhos manuais, a cozinha, etc. No edifício da escola funcionavam,
ainda, o Posto Médico Pedagógico e a sede do 9º Distrito Educacional.
No início dos anos 50 tinha 1635 alunos, que se
distribuíam por três turnos, da 1ª série ao Curso de Admissão.
Reportagem do “Correio da Manhã” de 1951,
parcialmente transcrita abaixo, mostra como caminhamos para trás...
“Desde 1945 a diretora teve a iniciativa de
substituir a merenda servida aos alunos por nutritiva refeição que tomou a
denominação de “pequeno almoço”. Foi a Escola República do Peru a pioneira no
movimento em prol da melhoria das refeições fornecidas aos alunos das escolas
primárias. Do menu constava: bife, arroz, leite e bananas. Também a escola, no
sentido de proporcionar maior conforto aos alunos, adquiriu uma geladeira
elétrica, um mimeógrafo e um projetor cinematográfico sonoro para exibição de
filmes educativos.
A Caixa Escolar, o Serviço de Merenda, o Clube
Literário, a Biblioteca, o Centro de Civismo, o Clube Agrícola, o Clube de
Saúde, o Cinema Educativo, o Museu, o Centro de trabalho, o Círculo de Pais e
Professores, a Cooperativa e a Associação de Ex-Alunos, dão vida à escola e
contribuem para o desenvolvimento harmonioso da personalidade do aluno no seu
tríplice aspecto: físico, intelectual e moral.
A diretora é a Professora Joana da Silveira
Carvalho, auxiliada pela Professora Carolina de Matos Novaes.”
Nos anos 50, os alunos da Escola República do Peru
tinham também um jornalzinho chamado “Nosso Brasil”. Nele havia de tudo quanto
possa interessar a seus inúmeros pequeninos leitores. Segundo o “Correio da
Manhã”, “seu atraente jornal exercerá benéfica influência à formação dos que o
redigem como dos que o leem.”
Conforme nosso consultor especializado, obiscoitomolhado, vemos um modelo
1946-1947 de um Packard Clipper.
Segundo o Luiz Antonio, ex-aluno desta escola, na época dele a diretora era a Dona Gerry. "Tinha até aula de francês e música. Na aula de música, construí um reco-reco. A merenda era boa: o dia que tinha arroz com peixe era o mais concorrido, refeitório cheio. A basílica em estilo mouro está alguns metros atrás de quem tirou a foto. Exatamente em frente a este portão de onde saem os alunos, caí na porrada duas vezes com colegas (sim, a gente era colega, mas brigava; ou, a gente brigava, mas era colega). Numa dessas brigas um senhor tentou nos apartar, enfiou os braços no meio do bololô com o intuito de fazer uma alavanca e, com sua força de adulto, separar os dois frangos metidos a garnisé. Ao notar que havia ali mais braços do que de costume, meu oponente reclamou: "Dois contra um não vale!"."
Esta foto, enviada pelo ilustre Francisco Patricio, tem a seguinte
dedicatória: "À querida Tia Lúcia, oferecem os alunos da Escola República
do Perú, encantados com a aula brilhante que ouvem, através do Rádio, da
estimadíssima professora da Escola-Rádio Municipal Orientação na Escola:
Prof.a Emiliana dos Santos. Em 26/9/938."
Esta foto tem um registro
interessante. Em plena vigência do Estado Novo, 1938, lá estão as fotos do
Getúlio para confirmar, uma escola com uma distribuição mais, digamos, "democrática"
dos alunos, em grupos e em pequenas mesas, de maneira mais informal. A escola
daqueles tempos costumava ser bem mais rígida, todo mundo de frente, levantando
à entrada do professor, bancos que não podiam ser mudados de lugar, etc.
Segundo Mme. Frusca, a foto permite várias leituras. A mais superficial mostra a beleza de uma arquitetura rica de uma sala de aula antiga. Que riqueza este lustre, o forro, as gregas do rodateto, os reposteiros e as amplas portas-janelas e o mobiliário leve e confortável.
Mas, infelizmente, há a leitura mais profunda. Nesta imagem se vê também a escola
conceitual, na aplicação visível dos conceitos pedagógicos do Estado Novo. A
visão instrumental da Educação como aparelho ideológico do Estado era endossada
no âmbito nacional, pelo então Ministro da Educação Gustavo Capanema. O ideário
da época podia ser simplificado na afirmação de que a guarda e o controle sobre
a Educação seriam função do Estado e a Escola não poderia ser neutra, mas
deveria tomar partido: seguir a filosofia do Estado Novo e apontar esta direção
a seus educandos.
A uniformização do ensino, em prol das diretrizes do Governo de Getúlio, está
implícita na imagem, na menção ao programa de rádio que veiculava os valores
impostos (aos professores sob pena de demissão na melhor das hipóteses)
transmitidos ao alunado em cadeia nacional. A opção de trabalhar em grupos
evidenciava o objetivo da uniformização de conceitos e resultados, explicitada em
Seminário envolvendo todo o contingente de professores brasileiros, entre 1935
e 1937.
Por outro lado, se o modelo educacional ficou preso a uma estrutura política,
serviu a alguns propósitos fundamentais da Educação: educar e formar cidadãos,
ao mesmo tempo em que os instrui para a vida profissional.
São dois retratos de Vargas, a foto oficial, à
direita e, à esquerda, um dos desenhos fascistas que eram feitos, no melhor
estilo Mussolini.
A segunda foto parece ter sido feita para propaganda do governo Vargas. Está tudo muito organizado.
ResponderExcluirPena que a Educação nunca tenha sido prioridade no Brasil. Fora umas iniciativas esporádicas o interesse foi sempre de manter o povo sem instrução e sem capacidade de pensar a fim de ser mais facilmente manobrado.
O que é o sonho de todos os populistas, de direita à esquerda, que facilmente enrolam o povão.
Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirSempre estudei em estabelecimento público. Em 1978, na Escola Paraná, na Ernani Cardoso, por falta de vagas na primeira série (ou C.A.) na Rugendas, onde já estudavam meus irmãos. Estava tão adiantado que acabei o ano na segunda série. No ano seguinte, consegui vaga na terceira série da Rugendas, onde fiquei até 1984.
De 1985 a 1987 estudei no Visconde de Mauá, fazendo Eletrônica. Em 1990, passei no vestibular da UFF para Engenharia.
A descrição dessa escola nos anos 50 é bastante animadora. Será que continua assim?
ResponderExcluirEstudei o Primário na Cocio Barcelos em Copacabana. Não tive dificuldade em acompanhar o curso a partir do Admissão no Santo Inácio onde fiquei até meados dos anos 70. A seguir fui para o Fundão.
Digitei errado. Anos 60.
ResponderExcluirA "Escola Pública" no passado sempre foi dotada de uma estrutura física de excelente qualidade, assim como o conteúdo pedagógico de seus programas era excelente e é inegável que foi responsável por formar com sucesso gerações de pessoas aptas para a vida adulta em todos os seus aspectos. Apesar das críticas obviamente de cunho ideológico, deve-se considerar a superioridade do sistema educacional vigente no passado em comparação com o caos existente atualmente que é baseado em "métodos e teorias" de cunho ideológico, onde a idiotização do corpo discente é uma regra, a quantidade de analfabetos funcionais é um fato, o consumo de drogas é "coisa comum", e o incentivo à ideologia de gênero é uma realidade que precisa ser combatida.## FF: Luiz, mantive contato telefônico com o "Irajá" ontem e conversamos por mais de duas horas. Falou-me do seu novo livro "Estação de Irajá", e disse que "vai aparecer por aqui" para divulga-lo. Ele possui um vasto arquivo cujo conteúdo tem um valor histórico precioso.
ResponderExcluirAguardemos o livro.
ExcluirAcho que há escolas públicas e particulares boas e ruins. Mas é certo que antigamente os professores primários das escolas públicas eram mais bem preparados e recebiam salários bem melhores que os atuais. Dizia-se que equivaliam aos de um coronel do Exército.
ResponderExcluirLembro do famoso trem dos militares e professoras que iam para o subúrbio e quantos namoros, noivados e casamentos tiveram origem nessas viagens.
Coisa boa foi a aprovação recente desta lei que proíbe alimentos ultraprocessados nas escolas.
Infelizmente em muitas escolas nem o ultraprocessado tem...
ExcluirTenho certeza que os comentaristas do SDR não tem contato com alunos de escolas públicas atualmente ou mesmo observem a entrada e a saída dessas escolas. Se tivessem ficariam horrorizados em razão de tudo o que foi dito no meu comentário anterior.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Falar de Educação no Brasil é sempre um tema polêmico, sem qualquer dúvida o ensino público antigamente era infinitamente melhor do que nos dias de hoje. Na minha opinião não só a melhoria da qualidade de ensino será responsável por mudar a situação atual, as escolas precisam atrair o aluno, e a maneira melhor de fazer isso é através dos esportes. Todas as escolas deveriam ter quadras esportivas, para além da aula de educação física curricular, elaborar torneios de esportes como: futsal, voley, handball, basquete e de atletismo, que atraia o aluno a praticar o esporte que melhor lhe agrade. O estado deveria promover torneios interescolares, tanto por regiões da cidade e um estadual com premiação aos vencedores, mais ou menos como eram os jogos da primavera, dessa forma eliminaria o principal fator da precariedade da educação, que é a evasão escolar.
ResponderExcluirLino, a idiotização dos alunos é um fato. Poucos conseguem entender e muito menos redigir um texto. Não dominam as quatro operações, não tem a menor noção de história, e nem tampouco de geografia. Mas são experts no funk, no uso de drogas, e em todos os "benefícios" que as favelas e comunidades oferecem. E antes que a turma do politicamente comece com o blablabla e com as chorumelas de sempre, é de conhecimento geral que cerca de 85% dos alunos de escolas públicas no Rio de Janeiro são oriundos das mais de 1100 favelas da cidade. Quanto à ideologia de gênero tão em moda nas escolas, o Pedro II é pioneiro, pois é comum naquele estabelecimento que um dia foi modelo, já que é comum alunos do sexo masculino vestirem saias nas suas dependências. Getúlio Vargas estava certo!
ExcluirMeus dois filhos estudaram no Pedro II do início ao fim, recentemente. Eles nunca viram qualquer aluno do sexo masculino utilizando saias, tampouco viram banheiro unissex nas dependências do colégio. Daí podemos perguntar: de onde parte as churumelas? Provavelmente das cabeças delirantes de uma parte da população simpatizantes do Mussolini (pátria, Deus e família) e que vem assolando o Brasil nos últimos 10 anos.
ExcluirWagner Bahia, eu poderia te enviar farto material, inclusive fotos de alunos "em tese homens" vestindo uniforme feminino, mas seria desnecessário, pois é uma realidade que você deve ter conhecimento. Não tente "tampar o sol com a peneira" ignorando "o que está na cara". As únicas cabeças delirantes que tenho conhecimento são aquelas que idolatram a ideologia que quer tornar o Brasil uma "narco-nação" e que tem adeptos em toda parte, até mesmo nos blogs de memória...
ExcluirOs tais materiais devem ter a mesma autencidade de uma cédula de 3 reais, tais como os fartos (estes sim) materiais fakes e falaciosos que pipocam nas mídias sociais, sobretudo nos WhatsApps das tias e dos tios do "zap". Ah, só pra lembrar, muitos cidadãos ainda estão aguardando as "provas" da planicidade da Terra...
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirIndependente de qualquer outra consideração, o inchaço da população de cidade a partir da segunda metade do século passado acarretou uma grande pressão em todos os setores de infraestrutura, inclusive a educação.
Este fato, aliado à inépcia da maioria dos governantes de nossa cidade e também à perda do status de capital e mais tarde à fusão da cidade-estado com o Estado do Rio, ajuda a explicar a situação atual.
Mário desculpe discordar da sua opinião, mas o crescimento populacional, mudança da capital, fusão, não são as razões pela queda do ensino público, principalmente no Rio de Janeiro. O problema são os políticos que por aqui passaram ao longos dos últimos 50 anos. A educação é um dos dois maiores orçamentos de qualquer governo, seja Municipal, Estadual ou Federal, o problema é que o desvio de verbas também é o maior, sem se quer fazer uma auditoria, posso garantir que de cada 100 reais destinados a educação pelo menos 50 são desviados ou mal aplicados. Resultados na educação só se alcança com uma política rigorosa e pragmática, com metas e objetivos a serem alcançados.
ExcluirBoa tarde, Lino.
ExcluirNão há do que se desculpar, a troca de ideias e opiniões é o que torna ainda mais interessante o convívio neste espaço.
Concordo que os pontos citados por mim não são as únicas (ou mesmo principais) razões mas, juntamente com os problemas que você apontou, colaboraram decisivamente para o atual estado de coisas.
Homenagem do Senhor Francisco Patricio mais do que merecida à Senhora Professora Ana Lucia, exemplo maior do que deveriam ser todos os professores.
ResponderExcluirQuanto à situação da escola em si, creio que a raiz do problema educativo esteja fora da escola. A escola inerente ao modo industrial de produção não faz senão prolongar e reforçar - ao invés de contrabalançar e de corrigir - a ação desintegradora, infantilizante e domesticadora da sociedade de consumo e do Estado.
Uma experiência quotidiana de cada cidadão, de cada comunidade ou de cada grupo social - em sua vida e em seu trabalho, em seu modo de comportamento e em suas relações com os outros – deve se transformar em fonte de questionamento, de criatividade, de participação e, portanto, de conhecimento.
Somente uma outra maneira de agir e de pensar pode levar-nos a viver uma outra educação que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus professores, mas uma atividade permanente, assumida por todos.
Boa tarde ! A minha esposa numero 3 estudou nessa escola exatamente nesta época. hoje o prédio continua o mesmo os muros é que atualmente estão bem altos. Quem passa na Coração de Maria ou na Arquias Cordeiro quase não dá para ver a escola. Na Coração de Maria,logo depois da escola, onde hoje é um prédio, funcionou por muitos anos a fábrica Collype. Eram vários produtos mas a mais conhecida era a pasta Collype. FF O Joel de Almeida citou o Irajá. Quando eu trabalhava no Frei Luiz estávamos sempre nos vendo.
ResponderExcluirO Irajá mora na Taquara.
ExcluirOs senhores feudais, milícias ou traficantes, que dominam comunidades só conseguem dominar se houver brecha deixada pelo poder público. No modelo atual de sociedade, não há mais brecha, mas uma enorme cratera.
ResponderExcluirUm povo que tem emprego, saúde, transporte, educação, não precisa de ninguém que pratique o paternalismo não confiável e que arregimente os menores das comunidades carentes para servirem a seus propósitos.
Por sua vez, menores que vêem na escolaridade oportunidade de melhora de vida não ingressam no "exército do tráfico".
Tudo o que está acontecendo é fruto de uma estrutura falha e omissa. E desconfio que isso proposital.
Quando a Escola deixa de ser o modelo que serve à sociedade está na hora de mudar algo. Mudar tudo seria melhor ainda.
Mas parece que isto não interessa às nossas autoridades, autoridades estas que foram colocadas lá por nós mesmos (o povo).
Por que o foram já é outra questão, complicada, que necessitaria de muita discussão aqui: por que só estes desclassificados são eleitos?
O sistema garante que em sua maioria os bons sequer consigam chegar a ser candidatos; os pouquíssimos que conseguem, não dispõem de recursos e máquina partidária para terem chance real de eleição.
ExcluirDaí, sobram os desclassificados ...
Desculpe Mário, mas não é sobram os desclassificados, pois estes são exatamente os responsáveis por fazer com que o "Sistema" simplesmente exclua os bons da disputa eleitoral, seja negando-lhes legenda e/ou recursos partidários.
ExcluirSão esses, os responsáveis pela manutenção do status quo, que se perpetuam como candidatos, tornando virtualmente impossível qualquer mudança.
ExcluirDurante muitos anos o SDR foi uma espécie de "Circuito de Elizabeth Arden", onde eu era talvez o único a abordar a dura realidade do Rio, sendo imediatamente rechaçado com discursos absolutamente inadequados do tipo "aqui não é lugar para esses assuntos". De uns tempos para cá a fossa transbordou e o debate começou a ser tolerado, pois já perceberam que a situação é grave. Mas não foi por falta de aviso. Uma realidade que foi narrada na "Lista de Schindler": "não se importaram com a desgraça alheia, até que um dia chegou a própria vez"...
ResponderExcluirTendo em vista os comentários das 15:25 e 16:10, estou enviando para o Luiz material, inclusive fotos, que demonstram a veracidade e a consistência do comentário das 15:25 e desmonta a narrativa do comentário das 16:10. Mais uma vez e através de narrativas irônicas e falaciosas, o comentarista insiste em ocultar a verdade e "defender o indefensável".
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