OBRAS DE CALDER NO PARQUE DA CATACUMBA
O prezado GMA, a quem o “Saudades
do Rio” agradece, mandou um dossiê sobre mais um caso de desaparecimento de
obras de arte do Rio, tal como a “Estrela do Mar” de Tomie Ohtake, postagem da
semana passada.
Alexander Calder nasceu
na Filadelfia em 1898. Em 1930 criou os “mobiles” que lhe deram fama
internacional. São placas de metal, presas por arames, pintadas em cores vivas
e que, ao menor sopro do vento, se agitam formando novas combinações de formas.
Perguntado sobre se seus “mobiles”
traziam alguma mensagem, respondeu: “Não me chateia com essa história de mensagem.
Quem procura símbolos em meus objetos é um idiota. Faço-os somente para me
divertir. Só para isso.”
Em meados do século XX,
morando perto de Paris, Calder criou enormes estátuas de metal, pintadas de
preto. Pareciam animais pré-históricos. Ele os chamava de “stabiles”.
"Mobile" "Rio" instalado no Parque da Catacumba, Lagoa.
O Rio de Janeiro teve um exemplar de ambos, inicialmente no Parque do Flamengo e depois transferidas, no final da década de 70, para o novo Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, junto com outras obras de vários artistas. A compra do “mobile” “Rio”, foi sugestão de Lota Macedo Soares, quando da construção do Aterro do Flamengo. Na ocasião, Calder doou um “stabile” para o Rio.
Conforme conta Mario
Buschiazzo, o parque foi criado pelo Decreto Municipal nº1.967, de 19 de
janeiro de 1979, e está vinculado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Rio
de Janeiro desde 2003. Localizado na Zona Sul da cidade, o parque ocupa uma
área de 26,5 hectares, de frente
para um dos principais cartões postais da cidade: a Lagoa Rodrigo de Freitas.
A decisão de transformar
o espaço em parque permanente foi justificada pela necessidade de
reflorestamento da área e da implementação de um espaço voltado à difusão
cultural e à exposição de obras de arte na cidade. Segundo o livreto de
inauguração, o parque foi idealizado em 1979 pelo então prefeito Marcos Tamoyo. Fica onde era a Favela da Catacumba.
O Parque da Catacumba, idealizado em
1979 pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Marcos Tamoyo, foi criado sobre
“verdes saliências do relevo carioca, onde a sensibilidade do homem, à
semelhança da natureza, pudesse expor essa maravilhosa arte da escultura.”
O Parque de Esculturas ao Ar Livre da Catacumba estreou com seleção de 24 esculturas modernas de artistas consagrados internacionalmente, incluindo obras originárias de doações à Prefeitura e outras do seu patrimônio. Grande parte dessas esculturas continua em exposição nas alamedas e jardins, após minucioso trabalho técnico de restauração.
Pouco se fala hoje sobre o
sumiço das obras do valiosíssimo acervo do escultor norte-americano, Alexander
Calder (1898-1976).
O parque às vésperas da inauguração em 1979.
Foto da inauguração do Parque da Catacumba em 1979.
Em meados de 1979 o "Jornal do Brasil" noticia que as obras de Calder, danificadas, seriam restauradas no Depósito do Departamento de Parques, no Caju.
Tendo voltado ao Parque da Catacumba as obras de Calder novamente se deterioraram e foram encaminhadas para restauração.
Em 2001, a colunista Hildegard Angel publicou uma nota:
"Cadê o Calder? Um passarinho da Catacumba me contou que o móbile Rio,
de 1959, patrimônio da prefeitura do Rio, avaliado em três milhões de dólares,
foi, digamos assim, extraviado na década de 80 para a Europa por um conhecido
marchand internacional…"
Só para ter noção do prejuízo, em 14/11/2022, na Casa de Leilões Sotheby´s, um "mobile" parecido de Calder foi vendido por pouco mais de 8 milhões de dólares.
Curiosidade: Em determinada época Calder foi contratado pelo companhia aérea Braniff para pintar seus aviões. O resultado foi o que vemos abaixo. Acho que os "mobiles" e "stabiles" eram mais bonitos...
Gostei muito das obras de Calder quando as conheci nos anos 70, principalmente dos mobiles.
ResponderExcluirÉ impressionante como se rouba no Rio e a polícia não descobre quem são os autores desses roubos que chamam a atenção. Imaginem os outros roubos com menor repercussão.
Quanto ao parque da Catacumba recomendo a visita pois a vista é linda. Levei meu neto lá e ele se divertiu muito descendo numa tirolesa, subindo numa parede e caminhando numa ponte que ligava duas árvores. Tudo bem organizado e com muita segurança.
Verdade. Acho a vista lá de cima muito linda.
ExcluirÉ fácil, fácil de subir.
Nunca fui ao atual Parque da Catacumba, mas deve ser bastante aprazível. Um móbile é um tipo de arte bastante apreciado por pessoas civilizadas e com sensibilidade apurada, qualidades "pouco comuns" em grande maioria da população brasileira. É comum encontrar em ambientes de comunidades messiânicas móbiles de papelão ou de papel fino. São conhecidos como "Tisurus".
ResponderExcluirNa verdade os móbiles foram "furtados" e não "roubados", pois o roubo só se caracteriza quando há "violência ou grave ameaça". Essa prática tornou-se corriqueira no Brasil em razão dos interesses políticos que envolvem essa atividade criminosa e também pelas ridículas penas aplicadas ao infrator.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Hoje é dia de acompanhar os comentários, não me lembro de ter visto o móbile instalado no Aterro. Quanto ao roubo e mutilação de obras de arte do Rio de Janeiro, este tipo de crime vem aumentando na mesma proporção do aumento dos consumidores de crack, mas o combate a ambos não é interesse das autoridades públicas.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirDepois das vigas da Perimetral, passei a acreditar fielmente na expressão "rouba-se de tudo no Rio de Janeiro". No atacado e no varejo...
Bom dia.
ResponderExcluirA Braniff, mesmo antes de Calder, já pintava seus aviões com cores fortes, destoando das outras companhias.
Foi a primeira grande companhia aérea americana a falir.
A propósito do tema procurem o video de Bezerra da Silva cantando “É ladrão que não acaba mais”.
ResponderExcluirÉ um samba gostoso, que diz muitas verdades.
A respeito do comentário do Lino às 8:57, como é possível ser tolerada a existência de "cracolandias" instaladas no centro de cidades como Rio e São Paulo?
ResponderExcluirNão é admissível a inexistência de repressão permanente, mesmo tratando-se de "enxugar gelo".
Simples. Há intere$$$es envolvidos.
ExcluirAs pessoas "dependentes" não podem ser removidas se não quiserem, além da forte rejeição aos abrigos da prefeitura.
Mário, essa é a lógica da "tartaruga em cima da árvore". O tráfico de drogas não chegou a esse estágio no Brasil "de uma hora para outra". Ele elege políticos comprometidos com a causa, compra magistrados e políticos de todas as instâncias, membros do MP, das Defensorias, Governadores, e até Presidentes, além é claro, da velha mídia. Além disso existem adeptos e apoiadores de facções criminosas em todos os setores da sociedade. Essa realidade pode ser encontrada também invariavelmente em "narco-ditaduras" sul-americanas e subsaarianas..
ExcluirFF: hoje quem não precisar passar pelo entorno do Maracanã, evite ao máximo, especialmente a partir da tarde. Operação policial reprime "torcedores", já com detidos.
ResponderExcluirHoje a expressão "Flamengo não joga na segunda" cai por terra...
FF2: a Light, que recentemente entrou com pedido de recuperação judicial e cuja concessão vence em 2026, já mostrou interesse na renovação por mais 30 anos. Alega prejuízos (algumas vezes com razão) mas não quer largar o osso (ou o filé).
ResponderExcluirJoel, 10:44h ==> em relação ao Brasil, concordo em gênero, número e grau com você. Mas o tráfico e consumo de drogas é, juntamente com o tráfico de pessoas e de armas, extremamente rentável. E envolve o mundo todo. Muito do que você escreveu sobre o Brasil varonil de céu de anil se aplica a nações ricas e desenvolvidas, como os EUA, Holanda, Espanha, Itália e outras. Se não fosse assim, se houvesse um combate sério contra as drogas no mundo todo, o tráfico seria bem menor. Só existe produção porque existe consumo. E os grandes consumidores não são os habitantes dos países produtores. Portanto, com relação a essa praga mundial, só resta adotar aquele conselho: "aceita que dói menos". Porque as drogas vieram pra ficar. Qualquer combate é enxugar gelo. Infelizmente. Até porque cada dia mais cresce a ideia de que consumir drogas não é crime.
ResponderExcluirÉ aquela velha desculpa de que se não se consegue evitar um crime, vamos descriminalizá-lo. Em breve vão ser descriminalizados o estupro, a corrupção, o feminicídio, o latrocínio, o estelionato e outros.
Sim Hélio, só que em países desenvolvidos e sérios o tráfico é duramente reprimido, ao contrário do Brasil. A associação do tráfico com "cabeças coroadas" do Poder Público não é novidade para ninguém...
ExcluirA cumplicidade de cabeças coroadas com o crime, de maneira geral, é pública e notória, em muitos países. Mas na Indonésia e em Singapura traficantes são executados. Por que não adotar isso no mundo todo? Porque não interessa a ninguém. Então dizer que é impossível combater o tráfico é mimimi.
ExcluirNunca fui ao "Parque da Catacumba", mas estive por três vezes na "favela da Catacumba": a primeira delas fui com meu pai à casa de um marceneiro no interior da favela, e as outras duas no Tobogã, o qual não tive coragem de descer.
ResponderExcluirPode acrescentar na lista de furtos, uma das estátuas do monumento em homenagem ao Marechal Deodoro da Silva, confeccionada em bronze, pesava 400 kg, furtada de um monumento próximo à Praça Paris, os óculos do Drummond, a mesa do Noel Rosa e por aí vai.
ResponderExcluirEnquanto não houver "uma limpa" nos setores de Segurança Pública do Rio de Janeiro, nas Polícias em geral, nas cúpulas do Governo Estadual, nada irá melhorar. A criminalidade sustenta toda essa corja de banda podre da "segurança" carioca.
ResponderExcluirPor ano, diversos policiais são expulsos da corporação, mas da mesma forma que os traficantes vão se reproduzindo em progressão geométrica, os maus policiais também vão se reproduzindo.
Aí fica a "Cúpula" no ar condicionado, comendo camarões, bebendo uísque importado e decidindo e dividindo os "rachuchas" dos tráficos de drogas e de armas.
Mas é um assunto que não adianta comentar aqui neste local.
Agora vou repetir Martin Luther King: "I have a dream!". E meu sonho é aparecer um sujeito honesto e duro, que se torne ditador feroz do país e use a pena de morte para acabar com a bandalheira que impera nessa casa de mãe Joana. Mas vou ficar no sonho, porque ditadores honestos são agulha no palheiro. Se é que a agulha existe. O Brasil precisa de uma guinada de 90 graus e isso não se consegue com democracia, onde o tempo todo tem-se que agradar a quem usufrui e suga o dinheiro da nação. Ou pior ainda: quem tem poder de mudar é quem se locupleta há décadas. Faço analogia com um navio indo em direção a um iceberg e possuindo vários comandantes, cada um achando que a medida a ser tomada é uma. Aí, em vez de mudar o rumo em 30 graus a estibordo, chega-se a um acordo em mudar apenas 2 graus a bombordo. E o navio se espatifa no iceberg, porque a mudança foi pequena demais. Se houvesse apenas um comandante e com poder total, ele tomaria a medida correta e desviaria do iceberg.
ResponderExcluirSem entrar no mérito da questão, como é que o regime militar dizimou os chamados subversivos e guerrilheiros que o contestavam? Foi enviando-os para presídios ou mandando-os para centros de reeducação ideológica? Não: foi matando, mesmo. E durante sua fase áurea teve enorme sucesso nessa empreitada. Mas por motivos outros abriu as pernas e concedeu anistia. Aí os ratos sobreviventes voltaram e tomaram conta da casa. O resultado estamos vendo há tempos.
ResponderExcluirQualquer um daqueles chamados subversivos tinha muito mais determinação do que esses criminosos de hoje, cujo interesse é somente monetário. Duvido que um desses bandidos hodiernos resistisse aos interrogatórios (eufemismo) a que os subversivos foram submetidos. Aqueles caras tinham têmpera de aço, ideal, foco, determinação. Basta ver esses palhaços bolsonaristas, que à menor menção de um ministro do STF sacar sua caneta BIC fogem do país todos cagados, como fizeram o Weitraub, o Alan Santos, o Zé Trovão, o Osvaldo. Os que não fogem e são presos alegam unha encravada, depressão, prisão de ventre, impotência sexual para pedir prisão domiciliar. Vide Anderson Torres, que chorava e ameaçava suicídio (fingimento) enquanto estava preso. Já imaginou um covarde desses na época do regime militar sendo levado para uma daquelas famosas instalações da OBAN ou a casa de Petrópolis ou outra qualquer, para ser devidamente interrogado? Chegaria lá todo cagado, tremendo feito vara verde, e entregaria até a mãe, devidamente embrulhada para presente.
Resumindo: sujeitando esses criminosos a pena de morte, e executando-a a rodo, o Brasil ficaria livre de milhões de bandidos.
Já que você mencionou os "anos de chumbo", não custa lembrar que o Delegado Sérgio Fleury tinha métodos bastante peculiares para lidar com "subversivos". No filme Batismo de Sangue, Cássio Gabus Mendes atuou forma magistral no papel de Fleury. O filme retrata fielmente o caso dos freis dominicanos e a operação da OBAN ocorrida em 04 de Novembro de 1969 na qual morreu o terrorista Carlos Marighela.
ExcluirInfelizmente aqueles valentes contestadores do regime voltaram e se transformaram eles mesmos em criminosos. Não à toa, muitos foram processados, condenados e, graças à cumplicidade do STF, muitos foram libertados e considerados inocentes ou tiveram a pena reduzida.
ResponderExcluirVejam o caso agora do Collor: enquanto o Fachin pediu 33 anos de prisão para ele, a Rosa Weber e a Carmen Lúcia pediram 15 anos, o resto da camarilha decidiu por 8 anos e 10 meses. E esperaram vários anos para submeter o caso a julgamento, para que um dos crimes cometidos pelo Collor prescrevesse. Donde se conclui que o Judiciário é um puxadinho do Legislativo: uma mão lava a outra.
Também, pudera: desde quando se pode dizer que Executivo, Judiciário e Legislativo são poderes independentes, se os ministros do STF são indicados pelo Presidente e aprovados pelo Senado? Alguém acredita que Al Capone e Lucky Luciano aceitariam Elliot Ness? Não. Mas aceitariam Dutch Schultz, com certeza.
O PGR, o único cara entre os 8 bilhões de habitantes da Terra que pode processar o Presidente da República, é escolhido justamente por este. Dá para acreditar? Aí aparece a insignificância do Aras, que colocou na gaveta tudo que se referisse ao Bozo. E até hoje não deu prosseguimento ao resultado da CPI da COVID.
Alguém acredita em CPI's, depois disso? Não passam de perda de tempo.
Hélio, por favor me avise o dia em que o Collor entrar na prisão. KKKK
ResponderExcluirCoitado dele: já é idoso, tem unha encravada, joanete, sofre de constipação, tem alergia a lugares pequenos, e afinal o que ele fez muitos juízes, desembargadores e ministros também fizeram e fazem. Por que ele seria o bode expiatório?
ExcluirEstamos vivendo tempos muito difíceis e não há soluções simples para problemas complexos.
ResponderExcluirUm ditador bom (para quem?), nunca vi um.
Por isso eu escrevi que meu sonho não se realizará. Mas com certeza absoluta, essa democracia fake em que vivemos jamais em tempo algum vai melhorar o país. Viu a reportagem do RJ TV hoje à noite sobre a bandalheira na Câmara dos Vereadores? Uma cambada de apadrinhados ganhando 20 mil reais por mês para ficar em casa ou flanando pelas ruas, sem ir um dia sequer à Câmara. E questionada sobre essa canalhice o presidente da quadrilha diz que são funcionários com funções externas. Sim, funções externas: um deles passou o dia comendo churrasco e bebendo cerveja num bar; a outra levou o filho à escola e foi malhar na academia; o terceiro disse que trabalha de domingo a domingo no seu quiosque de venda de flores. Essas são as funções externas deles. Se o presidente da quadrilha dá aquela justificativa para essa canalhice, você acha que ele tomará alguma medida para acabar com aquilo que ele mesmo autoriza e justifica?
ExcluirNão nos iludamos: com certeza absoluta, nenhum dos três podres poderes da República está interessado no bem do país, senão no seu próprio. Não é com eleições que vamos sair desse lodaçal. Reza o ditado que "as moscas mudam mas a merda é a mesma". Mentira. A verdade é que as moscas mudam e a merda piora a cada mudança dessas.
Mudando de assunto, agradeço ao Luiz a publicação de meu dossiê, enriquecido por suas cuidadosas e pertinentes pesquisas. O SdR continua contribuindo para a memória da cidade, o que me alegra, embora certas mudanças urbanas nã sejam do meu agrado. Hoje foi demolida simpática casa na Rua Frei Leandro no Jardim Botânico. Alguém disse que ela não tinha importância. Para quem? Os prédios de quitinetes não têm vagas e as pequenas ruas ficam abarrotadas de carros.
ResponderExcluirFoi pro forno faz tempo, muito civilizado para os cariocas.
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