A postagem de hoje mostra o Palacete Paula Machado, um sobrevivente da caça empreendida pelas companhias construtoras. Localizado na Rua São Clemente, ocupando todo o quarteirão entre as ruas Guilhermina Guinle e Dona Mariana, desde o início do século passado embeleza o bairro de Botafogo.
O edifício de dois andares em estilo romântico foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire (1872-1933), o mesmo de construções icônicas como o Copacabana Palace e o Hotel Glória, entre outras. O edifício foi erguido em 1906 por Eduardo Pallasim Guinle, patriarca da família Guinle no Brasil, fundador da Companhia Docas de Santos. Ali, moraram Celina Guinle, filha do empresário, e o marido, Linneo de Paula Machado, com seus quatro filhos: Heloísa, Francisco Eduardo, Lineu Eduardo e Candido.
Os filhos mais velhos de Cândido foram meus amigos e colegas de Santo Inácio. Na ocasião moravam numa enorme casa construída no terreno de 6700 metros quadrados, dando frente para a Rua Guilhermina Guinle.
O palacete foi construído de entre 1909 e 1913, sendo obra de Armando Carlos da Silva Telles (construtor) e Joseph Gire (arquiteto).
Segundo o blog "A Casa Senhorial", trata-se de uma "mansão eclética de feições neorrenascentistas ao estilo francês, com porte-cochère aterraçada, telhado em mansarda e um torreão central coberto de telhas de ardósia. O conjunto era composto pela casa principal, por uma edícula com cocheira e serviços, e pelo jardim e pomar. A edificação principal está em centro de terreno, com a fachada principal voltada para a Rua Dona Mariana, e a fachada posterior para a Rua Guilhermina Guinle. O fundo do terreno é ocupado pela edícula e pomar, e a frente da Rua São Clemente pelo jardim.
A fachada principal está voltada para a Rua Dona Mariana. O primeiro pavimento é rusticado e possui sete envasaduras em composição simétrica, sendo a central mais larga, marcando o acesso à casa. Os vãos têm verga reta. Os dois vãos mais próximos ao principal são portas que dão para o hall, os centrais são nichos com esculturas e os extremos são janelas com venezianas.
Entre o primeiro e o segundo pavimento há uma balaustrada que divide visualmente a fachada e serve de guarda-corpo para o terraço.
No segundo
pavimento os vãos são encimados por frontões interrompidos alternadamente,
curvos e triangulares. O conjunto é arrematado por uma grande cimalha apoiada
em mísulas, com três águas furtadas. Um frontão arredondado que sustenta a
água-furtada central e o torreão. O telhado em mansarda possui dois óculos
ornamentados, e é terminado por um gradil de ferro decorativo."
Em 1917 é realizada obra de expansão, também de autoria de Armando da Silva Teles, que atingiu principalmente o pavimento superior e a fachada voltada para a Rua Guilhermina Guinle, acrescentando cinco quartos, rouparia e depósito.
Em 2005 morreu Francisco Eduardo de
Paula Machado, o último ocupante da casa.
Há alguns anos o imóvel foi comprado pela FIRJAN, o que foi ótimo, por preservar um dos palacetes mais bonitos de Botafogo.
Curiosamente o presidente de FIRJAN, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, conhecia bem a mansão, já que também foi amigo e colega do mais velho dos Paula Machado desta geração, no Colégio Santo Inácio.
Bom dia! Fim da abstinência . Conheci a casa por dentro só agora. Que seja preservada . A "mozakização" impiedosa com Botafogo. A lei orgânica do município mandava analisar o impacto dos projetos no tráfego do entorno. Nada! Boas vindas Luiz!
ResponderExcluirNão vi que tinha voltado ontem!
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirPassei em frente muitas vezes quando estava em Botafogo e ia para a Gávea, por exemplo. Mas ainda não era centro cultural. Espero algum dia conhecer por dentro.
Felizmente foi preservado. Uma exceção, especialmente na zona sul, onde a especulação imobiliária ainda é forte, com construtoras ávidas por qualquer terreno disponível.
Realmente este palacete é um sobrevivente do lado ímpar da São Clemente. Quantas empresas não olham com cobiça para este terreno para fazer uma nova Selva de Pedra?
ResponderExcluirLembro que no tempo da mão-dupla da São Clemente havia um ponto de parada do bonde bem em frente desta mansão e eu olhava com admiração.
Durante muito tempo havia permissão para crianças da vizinhança brincarem em uns brinquedos instalados no jardim perto da rua Dona Mariana, algo impensável no Rio de hoje.
Lembro também de uma edição do Casa Cor neste local.
Em tempo, pelo último parágrafo, percebi uma certa memória afetiva por parte do presidente da FIRJAN em relação ao palacete, que deve ter contribuído para sua preservação.
ResponderExcluirBom saber da preservação do local, inclusive os jardins.
ResponderExcluirGeralmente o interior não é mantido como antes.
Esse anônimo sou eu. Sempre que o computador volta da manutenção "zera" tudo.
ResponderExcluirMorei na São Clemente no começo dos anos 70 e costumava levar meus filhos para brincar em um parquinho no jardim da casa, com entrada pela D Mariana. Aproveitava para ficar admirando a casa. Ainda bem que foi preservada.
ResponderExcluirEssa casa tem o espaço adequado para a instalação de um centro social que atenda às necessidades da região. Uma instituição que mantenha uma creche e um pré-escolar para crianças da comunidade, proporcionando três refeições pir dia, e atendimento médico e odontológico. A FIRJAN é uma entidade dotada de vastos recursos que poderiam ser empregados na melhoria da comunidade.
ResponderExcluirBoa noite Saudosistas. É uma linda casa, muito bom saber que por enquanto está sendo preservada, o maior problema é quando troca a administração, o novo administrador pode não ter interesse de manter o imóvel, e como já vimos antes, o imóvel deixa de ser usado pela administração, acaba a manutenção preventiva e em pouco tempo o imóvel fica abandonado e em estado lastimável.
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