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terça-feira, 1 de agosto de 2023

HUMAITÁ - GARAGEM DE BONDES

 

Em 1871 a Cia. "Botanical Garden" requereu à Câmara Municipal licença para construir a estação de bonde do Largo dos Leões. Entrementes, para suprir essa falta, foi ali armado um telheiro provisório a fim de se guardar os carros e animais que, por falta de lugar próprio, ficavam expostos ao tempo. Foi também instalada uma sala de espera na Rua São Joaquim (atual Rua Voluntários da Pátria), para comodidade e conforto dos passageiros.

Em 1875, com o aumento do número de bondes e passageiros, além do assentamento dos trilhos na Rua São Clemente, previa-se a construção de uma outra sala de espera na estação. Entretanto, somente em 1880 foi inaugurado o tráfego de bondes por essa rua. 


Nesta foto vemos a fachada voltada para a Rua Voluntários da Pátria. A entrada para a sala de espera deve ser aquela mais ao fundo, onde não se veem os trilhos dos bondes. Ali se vendiam revistas e jornais para os passageiros. Chama a atençao o poste de iluminação.


Dunlop conta uma curiosidade: é que no ano de 1871, o Chefe de Polícia da Corte, oficiou à "Botanical Garden" que era proibido que as pessoas viajassem nos estribos, exceção feita aos empregados encarregados da direção dos bondes, "visto ser aquela prática vexatória às pessoas que entram e saem, além de poder ocasionar acidentes e aglomeração de passageiros nos ditos estribos". 

Foi uma grita geral, inclusive com a participação dos jornais. Tal foi o clamor que o presidente da "Botanical Garden" oficiou ao Ministro da Agricultura pedindo a revogação da ordem. Os incidentes entre condutores, policiais e os que desejavam viajar nos estribos aumentavam, fazendo com que o bonde ficasse retido, assim como os outros que vinham atrás. 

Nem mesmo a polícia conseguia resolver a questão e, pouco a pouco, foi afrouxando sua atitude contra os renitentes passageiros dos estribos. 

Abaixo-assinados foram organizados para pedir a revogação da medida, o que acabou acontecendo.

A foto mostra o interior da garagem. Além de bondes, muitas vezes guardavam ônibus como os da Viação Excelsior, também de propriedade da Light.

Foto de Malta mostrando o enorme terreno da garagem.


Foto da garagem do Largo dos Leões, no Humaito, sendo utilizada pelos ônibus elétricos que aguardavam a entrada em serviço.

Foto provavelmente do final dos anos 60, mostra o espaço onde hoje se instala a Cobal. 

Ainda não existiam os grandes prédios comerciais da Rua Voluntários da Pátria, vizinhos da Rua Capitão Salomão. Como curiosidade, à época este local era Botafogo. Desde 1988, por decreto do Saturnino Braga, virou Humaitá, sendo a Rua Conde de Irajá a fronteira entre os dois bairros.





29 comentários:

  1. Botafogo era muito bem servido de bondes, pois circulavam pelas três ruas que cortam o bairro. São Clemente, Voluntários e General Polidoro.
    O terreno da garagem é enorme e nem sei como não foram construídos prédios ali.
    A Cobal, tanto em Botafogo quanto no Leblon, se arrastam há anos com lojas fechadas e brigas com as associações de moradores.
    Os locais poderiam ser mais bem aproveitados.
    Uma dúvida: a foto dos ônibus elétricos é mesmo de Botafogo? Não seria do Largo do Machado?

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    Era área de passagem na volta do IMS para Botafogo.

    Hoje temos garagens de ônibus espalhadas pela cidade, algumas em regiões cobiçadas pela indústria da construção.

    Às vezes passo por uma das garagens da MobiRio, que já foi da extinta Santa Maria.

    Hoje é dia do filatelista, pelo aniversário da entrada em circulação do primeiro selo brasileiro, o Olho de Boi.

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  3. Eu lembro bem dessa garagem quando ali eram guardados os Trolley-buses. Meu pai tinha o hábito de caminhar e muitas vezes me levava, e essas caminhadas incluíam a Praia do Leme, o Parque Lage, e a Fonte da Saudade. Nos dois últimos destinos subir a Voluntários da Pátria era obrigatório, e na volta esse trajeto era feito de ônibus. Em razão disso inúmeras passei em frente à garagem da C.T.C. Naquela época tanto a Voluntários da Pátria como a São Clemente, funcionavam em regime de mão única, uma rotina que foi implantada em Junho de 1963.

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  4. Entre 2 de Setembro de 1962 e 21 de Maio de 1963 houve uma coexistência de bondes e ônibus elétricos na zona sul, e por razões logísticas a garagem do Largo do Machado abrigava os ônibus elétricos, enquanto a garagem do Humaitá abrigava os bondes.

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  5. Bom dia Saudosistas. Hoje o tema são as garagens de bondes, assunto que o mestre Hélio nos dará uma aula. Aguardo os seus comentários para aprender mais um pouco sobre o transporte coletivo que mais os Cariocas gostaram.

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  6. Bom dia.
    Sempre achei que a "fronteira" Humaitá - Botafogo era no início da Rua Voluntários da Pátria, logo após a Rua Humaitá.

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  7. A quinta foto, a do Malta, é da garagem da 28 de Setembro, ainda em fins de construção. O ano deve ser 1926. Ao fundo o Morro dos Macacos

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  8. O portão em construção ao fundo da foto dá para a rua Torres Homem.

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  9. Tinha estranhado a foto 5. Obrigado, Helio.

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  10. Com certeza passei em frente de quase todas, mas não tenho gravado na memória essas garagens. A da Penha é que era um pouco fora da rota, Av. Brás de Pina, mais usada por quem passava pelo bairro e do tradicional acesso à Igreja de N. Srª. da Penha e do Parque Shangai pelo Largo da Penha.
    Há um ano acompanhei uma dupla até a "filial" do consulado americano e sugeri um café da manhã na Cohab, mas como já estão há muito tempo em Minas, mesmo com hora marcada estavam com muita pressa de ir para a "matriz" do Castelo. Tão cedo que deu tempo de tomar 2 cafezinhos na Cinelândia e arredores e ainda visitar a Biblioteca Nacional.
    Observação: sobre a dúvida do Cesar, é mesmo Botafogo e o prédio que aparece ao fundo é no Largo dos Leões, esquina com a Rua Mário de Andrade.
    Palmeiras ainda existem por lá e a quantidade e/ou tamanho das árvores aumentou na área, dificultando até conferir o prédio a partir das ruas principais, S. Clemente e Humaitá.

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    1. Paulo,

      Essa garagem na Penha Circular é da Nossa Senhora de Lourdes. O endereço não é na Av. Brás de Pina e sim na Rua Salviano Valente.

      Se é que você está falando dessa empresa.

      Um dos donos morava na mesma rua que eu morava. A filha dele estudou na mesma classe comigo, no Ensino Fundamental (primário), e cedia 1 ônibus sempre que havia algum passeio do Colégio.

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    2. Agora que percebi que você fala da garagem de bondes e não de ônibus na Penha.

      Foi mal!

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  11. Mais uma postagem dez, sempre aprendendo muito.
    Do Humaitá eu também sempre tive dúvidas quanto às suas fronteiras. Estive muito no hospital Aluísio de Castro para visitar o meu sogro após uma cirurgia de coração; sempre parava na Cobal pra tomar um café. A impressão é que realmente o bairro, ou sub-bairro, é um ovo.

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    1. Concordo com o termo sub-bairro, já que mapas antigos que conheço indicam todo o trecho até o limite com o Jd. Botânico como sendo Botafogo.

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    2. Algo parecido fizeram com Jacarepaguá, desmembrando a Barra, com sua própria RA(XXIV), além disso, transformando todos os seus então sub-bairros em bairros, ainda dentro da mesma RA (XVI). Isso em 1981.

      Não duvido fazerem o mesmo com Campo Grande.

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  12. Desde 1961 e durante o período em que houve o compartilhamento dos dois sistemas, tanto a garagem do Humaitá como a do Largo do Machado foram administradas por uma "Junta de Administração", que passou a operar o sistema de bondes e dos ônibus elétricos da zona sul após o fim da concessão da Cia Jardim Botânico e que perdurou até a criação da CTC em 1° de Janeiro de 1964.

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  13. Infelizmente não posso falar nada sobre a garagem do Largo dos Leões. Eu me interessei pelos bondes a partir de agosto de 1962 e os da JB deixaram de existir em maio de 1963. Tendo eu 15 anos na época, morando na Zona Norte e não sendo de perambular pela cidade, tive raríssimos contatos com os bondes da JB. Nem sequer vi essa garagem. Só vim a saber da existência dela em 2007, quando comecei a colecionar fotos de bondes.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Quanto à foto 5, notamos na parte esquerda vários reboques pequenos, provavelmente da série 1200, em que a maioria deles era da seção Barão de Drummond. Na parte direita, vemos vários bataclãs e em primeiro plano um bonde de serviço, provavelmente série 900 se for reboque ou 700 se for carro-motor. Já no centro da foto, na linha de visada do poste central, mais ao fundo, um estranho e pequeníssimo bonde da série 800. Esses bondes eram raríssimos e eu nunca vi um deles, a não ser em fotos. E mesmo assim, das mais de 1500 fotos que tenho, só duas delas são desse tipo de bonde. Um deles era puxado por burros. Eram usados, aparentemente, para estender a fiação elétrica nos novos ramais em construção. Havia alguns outros na série 800, semelhantes aos da 900. Todos muito raros. No total, só tenho 3 fotos dessa série: o 801, o 822 e o 881.

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    1. No mês passado fui emplacar meu carro no DETRAN de Vila Isabel e pude observar a antiga garagem com detalhes. Muito pouco naquele espaço indica que um dia ele foi utilizado para operar bondes. O espaço aberto que aparece á direita na foto 5 está totalmente coberto por concreto e na parte coberta nada sugere que ali eram realizados reparos. Nem mesmo trilhos estão à mostra.

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    2. Na parte coberta havia fossos para ser possível acessar a parte inferior dos bondes. O mesmo ainda existe na antiga garagem da Penha.

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  16. A distribuição dos reboques pequenos obedecia grosso modo a um critério, embora não extremamente rígido, mas tendencioso. Assim, os da série 1000 eram preferencialmente da seção Méier, os da 1100 eram Méier e Centro (Joaquim Palhares), os da 1200 eram Barão de Drummond, os da 1300 eram Centro, os da 1400 eram JB e os da 1500 e 3000 eram Penha. Volto a dizer que não era tão rígido assim, mas a maioria se enquadrava nessa distribuição.

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  17. Apenas como curiosidade: um carro-motor médio ou grande comportava 65 passageiros sentados e talvez mais uns 30 no estribo. De pé dentro do bonde eram raros. No total, uns 100 passageiros se o bonde estivesse lotado. Já um ônibus atual, lotado com gente em pé, comporta talvez uns 65 passageiros. A mesma lotação sentada do bonde.

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  18. Os bondes das fotos 1 e 2 eram os primitivos da JB. Tinham lotação sentada de 40 passageiros: 10 bancos com 4 passageiros por banco. A partir de 1911/12 foram sendo substituídos pelos novos bondes médios, que como disse acima comportavam 65 passageiros sentados. E a partir de 1924 entraram em circulação os bataclãs, com formato diferente dos médios porém mesma capacidade de passageiros. Ao final da década de 1920 aqueles bondinhos das fotos 1 e 2 já não mais existiam. Aliás, naquela década a Light fez uma limpeza geral na frota, descontinuando vários modelos que destoavam do resto, como os bondes alemães e os da Saint Louis. Isso gerou várias lacunas na numeração de ordem dos bondes, o que para mim foi um mistério durante muito tempo, somente esclarecido quando comecei a colecionar fotos de bondes, em 2007.

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  19. Uma curiosidade é que a JB nunca operou bondes pequenos, ou seja, os de 50 passageiros sentados (10 bancos com 5 passageiros por banco). A Light tinha muitos bondes desse tipo, principalmente na área Centro.

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  20. Os bondes "sossega leão" eram para mim os mais bonitos. Mas os bondes Centex de São Paulo, conhecidos como "Gilda", eram também muito bonitos.

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  21. A foto 6 que mostra os Trolley-buses alinhados são do período da Administração provisória "pré C.T.C", pois os ônibus elétricos ostentam a pintura azul sem nenhuma faixa. As faixas foram pintadas após a criação da C.T.C e Janeiro de 1964.

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    1. Inclusive estão sem parachoques e placas.

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    2. Não sei a razão de inicialmente pintarem faixas vermelhas, poucas é verdade, mas logo a faixa padrão passou a ser amarela. Na zona sul eles já estavam extintos em 1967, mas no região dos subúrbios circularam até 1971.

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