Neste gigantesco recinto inflável e, quando vazio, facilmente portátil, entre complexos e
moderníssimos aparelhos e mostruários de física nuclear, o público assistiria a filmes elucidativos e ouviria minuciosas explanações técnicas do programa
de “Átomos para a paz”, do governo dos Estados Unidos.
Haveria uma parte complexa
para engenheiros e cientistas e outra parte destinada a estudantes de nível
ginasial, ministrada por professores de Ciências brasileiros que se atualizaram
na matéria graças a um estágio preparatório a cargo de técnicos do Instituto de
Estudos Nucleares de Oak Ridge, Tennessee.
Em abril de 1961 o pavilhão
foi inflado, em 25 minutos, experimentalmente, por dois possantes grupos de
geradores. A estrutura tinha 100 metros de comprimento, 40 metros de largura e 18 metros de
altura. Foi projetado pelo arquiteto norte-americano Victor Lundy.
O "Correio da Manhã" publicou anúncio para seleção de monitores para a exposição. Participaram da organização os mais conhecidos cientistas nucleares do Brasil, entre eles Marcelo Damy, presidente do Conselho Nacional de Energia Nuclear, Alvaro Vidal, coordenador do CNEN, Mozart de Azevedo, Jonas Correia dos Santos e Pedro Lopes dos Santos, coordenador da Fonte Cobalto 90.
Em maio foi inaugurada a exposição. A série de palestras para os estudantes brasileiros obedeceria ao padrão estabelecido pelo “Oak Ridge Traveling Science Demonstration Lecture Program”. Seria acompanhada de demonstrações sobre estrutura atômica, radioatividade, fissão nuclear e reatores, bem como as aplicações de energia atômica na Pesquisa, Medicina e Indústria. Haveria demonstrações conexas com contador Geiger, Cãmara de Wilson, radioisótopos, válvulas de spectrum com redes de difração individuais, demonstração de válvulas de raios catódicos, modelos de reatores para ensino, etc.
O pavilhão foi apelidado
de “Minhocão” pelos cariocas. Os visitantes, ao entrar, estarão num teatro para
300 pessoas, onde assistirão a quatro filmes, apresentando os aspectos básicos
da energia atômica e explicando a radiação e seus empregos. Após os filmes
serão conduzidos à área técnica, onde estão o reator Lockheed, o aparelho de
Raios Gama e outros aparelhos.
Vemos o corte da fita inaugural da Expo, com o embaixador dos Estados Unidos e o Governador Carlos Lacerda. O início dos anos 60 foi uma época de grande interesse dos Estados Unidos pelo Brasil, com uma série de programas como o "Peace Corps" (Corpo da Paz).
O estreitamento das relações Brasil - Estados Unidos no campo do uso pacífico da energia atômica foi o tema do discurso do embaixador Moors Cabot.
A revista "Manchete" publicou esta foto sobre a exposição "Átomos em Ação" dizendo que jovens mulheres foram maioria entre os assistentes.
Não me lembro de ter ouvido falar nessa exposição, nem dessa estrutura.
ResponderExcluirA energia atômica estava na moda nos anos 50 e 60. Aliás, está em cartaz o filme Oppenheimer que pretendo assistir.
Naqueles anos da Guerra Fria proliferavam ameaças e fake news.
Lembro, em especial, de notícias de um experimento atômico da URSS, que teria detonado uma bomba de não sei quantos megatons e que a nuvem de radioatividade se espalharia pelo mundo e chegaria no Brasil.
Foi proposto que o governo comprasse máscaras para o povo. Cientistas e “cientistas”, todos “especialistas”, opinavam, havendo uma polarização como bem conhecemos hoje.
No final não deu em nada.
A ameaça comunista fazia que os EUA investissem no Brasil e tentassem controlar o país. Tanta foi a influência que tudo desaguou numa série de ditaduras militares, apoiadas por eles, na América do Sul.
Mas isso é outro assunto.
Me lembro vagamente dessa estrutura, mas só agora fiquei sabendo para que servia. Passava por ai de ônibus a caminho do Colégio Militar.
ResponderExcluirBom Dia! Em abril de 61, tinha acabado de dar baixa.
ResponderExcluirNão tenho lembrança dessa "bolha". Em 1961 a "guerra fria" estava no auge e os Norte-americanos se empenharam para que a ameaça comunista não se alastrasse. A preocupação em evitar que o Brasil fosse contaminado por essa ideologia era evidente. A História mostrou que eles não estavam errados, a URSS se desintegrou, e a ameaça comunista é uma realidade no Brasil.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirEm 1961, eu tinha 8 anos e (acho) que não passava pelo aterro; de todo modo, não tenho qualquer recordação da estrutura.
Assisti ao filme Oppenheimer e recomendo, bastante interessante e com ótimas atuações.
Verei hoje esse filme, Oppenheimer! Apesar das 3 horas de duração, parece que passa rápido. A conferir.
ExcluirVale a pena ver em IMAX na Barra.
ExcluirNessa época havia uma certa euforia quanto às maravilhosas possibilidades tanto da energia atômica quanto da própria radioatividade, ainda não se tinha ideia dos riscos à saúde. Um exemplo era o uso de um equipamento baseado na radioscopia usado por algumas sapatarias onde o cliente podia visualizar a posição dos ossos do pé dentro do sapato.
ResponderExcluirOutro exemplo eram aqueles relógios de pulso que tinham os ponteiros e números fosforescente no escuro. Isso era conseguido com uma tinta contendo rádio, geralmente aplicada por japonesas, com pincéis finissimos, que usavam os lábios para afina-los mais ainda , com consequências catastróficas no futuro.
Bom dia Saudosistas. Não lembro destas bolhas no Aterro, muito embora costumasse passear no Aterro com meus Pais nesta época, mais por curiosidade do meu Pai em acompanhar a evolução das obras, a qual ele sempre dizia ser a maior obra realizada no RJ.
ResponderExcluirA gente puxa um fio e o Luiz desenrola o novelo! Achei essa foto num fundo de pesquisas do acervo de John F. Kennedy, por acaso. Ela estava catalogada erradamente no lote de fotos de uma viagem ao Peru.., embora constasse expo Atoms etc. No Rio de Janeiro. Bela pesquisa Luiz !
ResponderExcluirÓtimo trabalho de pesquisa!
ResponderExcluirAo ler sobre radiação, reatores, Raios Gama, etc, logo lembrei do personagem de quadrinhos da Marvel "O Incrível Hulk", que foi criado em 1962, que por sinal, em um dos filmes, algumas gravações ocorreram na favela Tavares Bastos, no Catete, e em Santa Teresa, entre outros.
A Usina de Angra sempre foi uma preocupação, por causa de algum acidente; e o mais grave acidente radioativo no Brasil, O Cesio 137, que teve até filme nacional contando sua história. Está no Youtube: "Césio 137 - O Pesadelo de Goiânia" (1990)
A respeito de energia nuclear, assisti recentemente a uma mini série da Netflix (4 capítulos, cada um com duração aproximada de 40 minutos) chamada "Reação Nuclear", a respeito do acidente ocorrido na usina nuclear Three Mile Island, na Pensilvânia, em 1979. Interessante, com testemunhos de pessoas que viveram de perto o acidente.
ResponderExcluirObservação: para quem ainda não assistiu, a mini série "Chernobyl" da HBO é imperdível.
Concordo que Chernobyl é imperdível.
ResponderExcluirDizem que Fukushima no Netflix tb é bom. Ainda não vi
Esta série "Três Dias Que Mudaram Tudo" da Netflix sobre Fukushima não tem o mesmo nível de "Chernobyl" mas é bem feita e interessante; vale a pena assistir também..
ExcluirA empresa onde eu trabalhava na época desse tsunami tinha recebido um pedido de orçamento de um cliente japonês para a montagem de um equipamento aqui no Brasil e estávamos aguardando a encomenda do serviço quando a água do mar simplesmente extinguiu a fábrica deles na região de Fukushima. O contato me disse algum tempo depois que eles preferiram fechar de vez.
ExcluirO objetivo era vender o "peixe" dos fabricantes americanos dos reatores.
ResponderExcluirA Westinghouse conseguiu alguns anos depois, para a então futura Angra 1. Para Angra 2 e para o insepulto embrião Angra 3 dizem que o Geisel mandou encomendar os reatores no país de seus antepassados.
O fator Revolução Cubana era muito forte naquele início de década de 60. A má vontade dos EUA já estava jogando de vez o Fidel no colo do Kruschev e os americanos precisavam manter o restante de seu "quintal" fora do alcance dos revolucionários "a serviço" de Moscou.
ResponderExcluirDe início a influência comercial, industrial, educacional, cultural e etc. e tal, mas também porta-aviões de plantão se Golbery, Costa e Silva, Castelo, os Geisel e outros conspiradores não conseguissem se transformar em "revolucionários".
Depois de 1977 ficou mais difícil as Redentoras na América Latina porque já não teria um apoio explicito de Washington (talvez implícito, só de chefe republicano).
Sem apoio deles qualquer Alto Comando latino-americano sabe que é partir para uma aventura tipo "republiqueta das bananas".
Em 1979, poucos dias antes do acidente em Three Mile Island, foi lançado nos Estados Unidos o filme "Síndrome da China" (The China Syndrome),a respeito de um acidente em uma usina nuclear bem semelhante ao que aconteceu na usina real.(possibilidade do núcleo do reator ficar "exposto", sem resfriamento.)
ResponderExcluirExcelente filme, com Jack Lemon, Jane Fonda e Michael Douglas.
Com o acidente, a repercussão do filme foi muito grande e alimentou/exacerbou a reação popular.
Excelente filme. Assisti-o duas vezes mas não consegui localizá-lo no YouTube para baixar e sacramentar em DVD.
Excluir“A ameaça comunista é uma realidade no Brasil”, disse o comentarista lá em cima.
ResponderExcluirDeve estar esperando que confisquem um quarto do seu apartamento, que haja falta de alimentos, que comam as criancinhas e por aí vai.
Deve ter contribuído com um PIX para o ex-presidente levantar 17 milhões, aplicar na Renda Fixa, comprar um caldo de cana e um pastel para a patroa, e salvar o país do comunismo.
Vi o comentário das 12:45. Não vou excluir, face à nova gestão do espaço que aparentemente tem dado certo, mas acho que não é interessante trazer o assunto de política partidária para o blog.
ResponderExcluirComo eu tinha 14 anos nessa época e não costumava ir para a Zona Sul, não ouvi falar nessa exposição.
ResponderExcluirMagnífico levantamento. GMA deu a ponta do novelo e o Luiz o desenrolou todo.
ResponderExcluirMinha esposa na época e eu passamos o maior sufoco por causa de Chernobyl. Em julho daquele ano fizemos uma viagem de quase quarenta dias pela Escandinávia. Fomos acampando. Voltamos em agosto e em novembro soubemos que ela estava grávida. E durante a viagem tomamos leite. Soubemos que este poderia estar contaminado via deposição de material radioativo nas pastagens. Ficamos preocupados se a criança poderia nascer com problemas por causa da ingestão desse leite contaminado. Escrevi cartas para o Ministério das Minas e Energia e para aquele órgão de energia atômica, cujo nome esqueci, explicando o caso e pedindo orientação. Estou aguardando resposta até hoje.
ResponderExcluirUm ótimo filme sobre o caso dos mísseis de Cuba é "Treze Dias que Abalaram o Mundo".
ResponderExcluirDe fato, excelente filme.
Excluir"Treze dias que abalaram o Mundo" tem no YouTube, dublado, de graça.
ExcluirO uso de radioterapia foi um avanço no tratamento do câncer, porém se não for feito com cuidado as consequências podem ser graves. Uma tia da minha ex estava com câncer na vulva e estava se submetendo a esse tratamento. Um dia, pelo visto, o operador aplicou dose excessiva de radiação nela. O resultado foi a coisa mais horrorosa que já vi na minha vida: a parte interna das coxas dela estava repleta de bolhas imensas, do tamanho de bolas de ping-pong ou maiores. Ela gritava de dor dia e noite. Morreu pouco depois.
ResponderExcluirHelio, sob o título A Síndrome da China, somente disponível para aluguel na Amazon Prime Video.
ResponderExcluirHelio e Mario,
ResponderExcluirO filme "A Síndrome da China" pode ser alugado, a partir de R$5,90, ou comprado, a partir de R$19,90, no YouTube.
Obrigado.
ExcluirObrigado, Guilherme.
ExcluirQuem conhece a trajetória do progresso da tecnologia nuclear em países sérios e desenvolvidos deve ter percebido que ela terá utilização maciça no Brasil "em algum longínquo dia 31 de Fevereiro". Em verdade nenhum projeto dessa monta pode evoluir enquanto o interesse político e pessoal de 'alguns" estiver se sobrepondo a um verdadeiro projeto nacional de desenvolvimento.
ResponderExcluirEu gostaria de ler sobre as exposições no Pavilhão de São Cristóvão da década do anos 60.
ResponderExcluirE o submarino nuclear? O que a Marinha torrou dinheiro nele é impressionante.
ResponderExcluirBoa tarde, Dr. D'.
ResponderExcluirSempre aprendemos alguma coisa neste espaço. Salvo engano, não houve algo parecido na região do desmonte do morro de Santo Antônio, incluindo também uma estrutura gigantesca próxima à recém aberta Avenida Chile?
A Guerra Fria corria solta e até quase a metade da década de 60 podia-se pesar os dois lados.
E "ameaças" existem de todos os lados, como vimos recentemente.
PS: vi a série sobre Chernobyl na HBO (muito boa) e uma outra, misturando romance com fatos históricos, no Eurochannel. Só não lembro se era russa, ucraniana ou co produção pré-guerra.
ResponderExcluirA geração de energia elétrica por usinas nucleares tem vantagens indiscutíveis.
ResponderExcluirAs usinas nucleares podem ser construídas perto dos pontos de consumo, minimizando a extensão das linhas de transmissão de alta tensão, a área necessária é pequena, sua construção é muito mais rápida do que uma usina hidroelétrica, não têm a necessidade de grandes lagos reservatórios, a geração não depende de chuva, sol ou vento, não utilizam combustíveis fósseis poluentes ao contrário das termoelétricas, o custo operacional é baixo, por aí vai.
Agora, o potencial de desastres catastróficos é, como já verificado na prática, enorme.
É melhor não tê-las.
Mário, esta tua análise é semelhante à parábola do indivíduo que monta num tigre. Depois de estar montado não tem como pular...
ResponderExcluirÉ verdade, elas existem e estão em funcionamento.
ExcluirMas, se a operação das existentes fosse encerrada e não se construisse outras ....