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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

PRAIA DA SAUDADE E FLUMINENSE YACHTING CLUB


Foto de Juan Gutierrez, de 1892, mostrando a Praia da Saudade, que ficava onde hoje é o Iate Clube do Rio de Janeiro, na Avenida Pasteur.  Anteriormente, o antigo Porto de Martim Afonso de Souza já foi chamado de Praia do Suzano e Praia de Santa Cecília. Teria recebido o nome de Praia da Saudade em 1868, por proposta do vereador Bittencourt da Silva, conta Claudia Gaspar em "Orla Carioca". Alguns alegam que o nome se deve a um cemitério ali existente. Finalmente, a Rua da Praia da Saudade, pelo Decreo 1843 de 27/12/1922, passou a se chamar Avenida Pasteur.

Esta mureta da Praia da Saudade foi construída por ocasião da Exposição Universal de 1908, realizada na Praia Vermelha. Esta foto é posterior a 1918, quando foi concluída a construção do prédio da Faculdade Nacional de Medicina, que vemos à esquerda.

O belo prédio foi um dos pavilhões da Exposição de 1908, o "Palácio dos Estados", e depois repassado para o Ministério de Agricultura, para ser o "Departamento Nacional de Produção Mineral". Atualmente ali funciona o Museu de Ciências da Terra.


Em 1920, a família Guinle e a família Rocha Miranda, criaram o Fluminense Yatching Club, que funcionava nas instalações do Fluminense, em Laranjeiras, transferido, logo depois, para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, frequentemente ampliada, havia cabines de banhos de mar, antes do acesso a Copacabana ter sido facilitado. Funcionou também, durante muito tempo, um estande de tiros, neste espaço do clube. Mais tarde, as atividades esportivas abrangidas eram relacionadas a lanchas, aviação, tênis, esqui aquático, vela, pesca e pesca submarina.

A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/1935, quando ali foi construída uma pista de pouso de aviões, que durou até o início da 2ª Guerra Mundial.


Um projeto de ampliação para o Fluminense Yatching Cllub foi feito por Niemeyer, mas o projeto não foi seguido à risca, sendo as ampliações feitas sem um plano específico. O clube passou a se chamar Iate Clube do Brasil e, por volta da década de 1960, Iate Clube do Rio de Janeiro, denominação que tem até hoje.

Como escreveu H. Barroso: “Por meio do tráfico de influência, principalmente junto ao Prefeito do Distrito Federal (Antonio Prado Junior), o Iate Clube foi obtendo outras concessões aforadas que completaram, somadas aos acrescidos de marinha, o excepcional espaço conquistado que chega hoje a inacreditáveis 81723 metros quadrados".


Nesta foto, do acervo do desaparecido comentarista Pgomes, vemos um aspecto do aeródromo do Iate. O DAC, em decreto de outubro de 1945, pôs fim à pratica de aviação neste local. Esta pista de pouso foi construída por iniciativa do empresário Darke de Matos, que era um entusiasta da aviação, e que dá nome a um dos hangares do Iate Clube que existe até hoje. O aeroclube foi desativado em função da interferência com a pista do Santos Dumont, que provocou um acidente com muitos mortos.


Esta foto, colorizada pelo Conde di Lido, em um de seus primeiros trabalhos, mostra o avô de meu amigo Hugo Hamann e seu hidroavião em frente ao Iate.

PS: Desta forma, através de interesses políticos e, provavelmente, outros métodos menos recomendáveis, os cariocas perderam uma bela praia.

18 comentários:

  1. Bom Dia ! Acho que ainda é cedo, volto mais tarde.

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    Dia de acompanhar os comentários. Área fora da minha jurisdição.

    O último parágrafo, antes do PS, ficou meio estranho...

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  3. E a praia da Saudade ficou na saudade.
    Um aterro de dar inveja ao Caiçaras e ao Piraquê que também fizeram o mesmo na Lagoa.
    E outro dia uma construtora anunciou uns prédios com praia particular no Recreio.
    Nossa cidade é vítima frequente desses conchavos. Se não são aterros são liberações estranhas de gabarito que permitem arranha-céus desproporcionais.
    Uma bagunça geral.

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  4. Em tempo, as postagens do PGomes, com os filmes de família, eram muito interessantes.

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  5. A Praia da Saudade foi citada em uma dessas obras literárias indicada por professores. O Cortiço, se não me engano.
    Para muitos deve ser difícil entender sua localização exata.
    Será que o acidente que provocou o fechamento do aeroclube foi o que matou em 1943 o arquiteto e urbanista Atílio Correa, que projetou Goiânia e os bairros operários de Volta Redonda e da FNM em Caxias?
    Projetou o terminal de hidroaviões do Santos Dumont e morreu num avião de pouso em terra próximo.

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  6. Paulo Roberto, o professor da Faculdade Nacional de Medicina, Dr. George Doyle Maia, em seus dois livros sobre a faculdade fala que teria morrido um estudante de lá, "num acidente com um teco-teco".
    Alguns historiadores também dizem que o fechamento do aeródromo se deu por interferir na rota de pouso/decolagem do Santos Dumont.

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    1. Sim, a dúvida é se precisou ter um grande acidente para chegarem a conclusão sobre a interferência e se, nesse caso, seria o de 27/8/1943, se é que tinha outro avião envolvido. Além do arquiteto, morreram também o arcebispo de S. Paulo, Dom José Gaspar, e o jornalista Cásper Líbero, um dos agitadores do levante paulista de 1932.
      Vou tentar uma pesquisa internética mais tarde.

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  7. Tudo leva a crer que tanto na expansão do Iate Clube como nos aterramentos para benefício do Caiçaras, houve influência política. Esse tipo de influência existe em todo lugar do mundo e ninguém reclama, pois existem classes de pessoas influentes por muitos motivos desde o tempo da Arca de Noé porque a sociedade é composta de classes, e manda quem pode e obedece quem tem juízo. No Brasil era assim, a vida seguia sua rotina, e ninguém reclamava.

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  8. Do final de 1935 até meados de 1936 o setor de Aviação do Fluminense Yacht Club experimentou um desenvolvimento bastante expressivo. Aumentou consideravelmente o número de sócios praticantes da aviação formados pilotos no clube, muito embora somente em 1940 o DAC - Departamento de Aeronáutica Civil, órgão criado em 1927, diretamente subordinado ao Ministério de Viação e Obras Públicas - tivesse liberado a licença para o funcionamento de uma escola de aviação no local. O Capitão Armando Lèvel foi contratado pelo clube para ser instrutor de aviação e, em 30 de agosto de 1936, formou a sua primeira turma. Em seguida, foi contratado o instrutor David Mac Menamin e, após 1940, o instrutor Rubem Abrunhosa. Devido às dificuldades para conseguir a legalização da Escola de Aviação, a banca examinadora das turmas ali formadas pertencia inicialmente ao Aeroclube do Brasil. As Licenças e Cartas eram expedidas, até 1940, pelo Departamento de Aeronáutica Civil e, a partir de 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, pela Diretoria de Aeronáutica Civil. Os alunos adquiriam carnês de vôo, emitidos pelo Aeroclube do Brasil, contendo cupons de 5 minutos cada, que lhes dava direito a vôos de no mínimo 25 minutos. Enquanto os tempos foram de paz, os aviadores do Fluminense Yacht Club desenvolveram uma aeronáutica estritamente amadora. Decorrente disso, aconteceram alguns raids entre cidades – Rio/Campos, Rio/Porto Seguro e também circuitos internos como o mini-raid em Manguinhos. Os tipos de aviões habitualmente utilizados nestas façanhas foram os do tipo Bandeirante, de fabricação nacional. Participaram do raid Rio/Porto Seguro, realizado em 1940, a Escola de Aviação do Calabouço, Escola Brazil de Manguinhos, Aero Club do Rio de Janeiro, Aero Club de São Paulo e a Escola de Aviação do Fluminense Yacht Club.

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  9. Professor Pintáfona23 de agosto de 2023 às 12:23

    "Plenipotenciário Brigadeiro dos Ares Sebastianos, Piloto Indômito da Esquadrilha Defensora da Cultura Cidadã, Patrulheiro Incansável do Saber Iconográfico, Aéreo, Marítimo e Terrestre Dr. D',
    Sem buscar reles escusas para meu indesculpável desaparecimento, curvado rogo clemência ao nobre facultativo Montenegrino e prostrado aos pés do Sacrossanto Guardião dos Portais do Conhecimento Histórico de nossa Sebastiana Urbe, suplico pelo meu ingresso a este Fórum de Notáveis, de onde encontrava-me há demasiado tempo afastado.
    Não me estenderei nos meus comentários. Minha incansável assistente, a prestimosa Mme. Simmons vigia-me como um mastim ao seu osso e impede-me que me exceda em minha azáfama diária. Ainda assim, dedico-me ao labor com denodo, guiado pela divina missão de semear o conhecimento pelos campos da ignorância que abundam em nosso bárbaro mundo atual.
    Dileto confrade, minha já longa vida segue seu curso inexorável em direção ao infinito. Enquanto o momento de reunir-me com o Pai Eterno não chega, ocupo-me com meus escritos e estudos. Tenho ultimamente deixado meu equipamento computacional um pouco de lado, mas confesso que faz-me falta adentrar pelo éter internético e encontrar-me virtualmente com meus diletos confrades. Tenho a intenção de retornar amiúde.
    Insígne esculápio, despeço-me agora. Encaminho-me à sala de refeições onde será servido algo ligeiro, à base de caldo de legumes e um pouco de batatas cozidas com pescado. Acompanha a refeição uma taça de Borgonha e frutas de nosso pomar como sobremesa.
    Após a refeição, volto aos livros por um breve período e sigo fatigado para o catre, onde após a reza do terço, como tradicionalmente faço, buscarei nos braços de Morfeu, o merecido descanso.
    Despeço-me Decolado, Sobrevoado e Aterrissado.
    Seu Criado,
    Dr. Hermelindo Pintáfona"

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  10. Soam os clarins! Ouvem-se as trombetas!
    O "Saudades do Rio" parabeniza o grande colaborador GMA por seu aniversário hoje.
    Parabéns, muita saúde e muitas pesquisas sobre o Rio Antigo.

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  11. Tendo em vista meu desconhecimento sobre o assunto do dia, meu único comentário de hoje é para dar parabéns ao GMA pelos seus 40 anos bem vividos.

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  12. Opa! Que alegria receber votos nesse delicioso Canto do Rio! Diariamente tenho meus momentos de prazer e aprendizado. Grato pela gentileza e carinho do Luiz , Carioca Especial, a merecer homenagem maior que a nossa.Meu muito obrigado .

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  13. Parabéns, GMA! Felicidades! Tudo de bom!

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  14. Voltando para aumentar a fila dos parabéns ao GMA, que comemora (no sentido figurado) com Paula Toller e Sylvinho Blau-Blau...

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    1. e Tonia Carrero, Nelson Rodrigues, Suzana Vieira e Glória Pires

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    2. Minha comemoração é com Marília Pera, Barbosa Lima Sobrinho, Brizola e Imperatriz Leopoldina, entre outros.

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