Hoje
temos três fotos do Colégio Anglo-Americano na época em que ficava na Praia de
Botafogo (na esquina ficava a Sears, a seguir o Banco do Brasil e o terceiro
prédio era o do colégio). A primeira e terceira são do acervo do Correio da
Manhã e mostram o belo prédio. Na segunda foto, de Kurt Klagsbrun, podemos ver a
extensa fila de pedestres, que aguardava a inauguração da Sears, se estendendo em
frente ao Anglo-Americano.
Este
colégio é originário da British American School, do começo do século XX. A
professora inglesa Marguerite Coney veio para o Rio lecionar na "Graded School", indo
morar numa pensão estrangeira, onde conheceu o também educador Ricardo Ligonto,
com quem se casou em 1918.
Como
a “Graded School” não aceitava crianças brasileiras e este fato a desagradava, eles
fundaram seu próprio colégio, em 1919, no prédio alugado à Light & Power,
na Praia de Botafogo nº 482. Em 1929 o colégio foi transferido para o nº 374 da
Praia de Botafogo, antigo palacete do Barão de Alegrete, onde até 1927 estivera
o Colégio Aldridge.
Cresceu
a fama do colégio graças ao bom ensino e às belas instalações que incluíam uma
piscina e um ginásio equipado com o que de melhor e mais moderno havia para a
prática de esportes.
A
revista “O Malho”, em janeiro de 1930, publicou nota enaltecendo as atividades
do colégio: “O desenvolvimento das aulas de Educação Física e a obrigação em
que estão todos os seus alunos de estudar o Inglês e o Francês, em todas as
classes, mesmo as primárias, além da preocupação do colégio em habilitar as
senhoritas que fazem o Curso Comercial a serem admitidas como secretárias e
correspondentes das grandes companhias americanas que dia a dia se multiplicam
no Brasil.”
Durante
a 2º Guerra Mundial, como Getúlio Vargas decretou a nacionalização das
instituições estrangeiras, o British American School mudou seu nome para
Colégio Anglo-Americano e a direção passa para o Dr. Frederico Ribeiro. Depois assumiram
a direção o Dr. Alberto Correia de Almeida e o Prof. Ney Suassuna.
É
importante assinalar o depoimento de um ex-aluno, o nosso prezado Conde di
Lido: “O Anglo-Americano foi meu primeiro colégio, quando cheguei de São Paulo.
Preterido pelo Santo Inácio por ser filho de desquitada, fui parar no Anglo até
o 4º ano primário. Tinha um ótimo ginásio poliesportivo, uma piscina semiolímpica
e alojamento para alunos internos com toda a estrutura para tal como
refeitório, banheiros, vestiários etc... Em matéria de ensino deixava muito a
desejar mas nos esportes era imbatível. No
Anglo a nossa musa era a Norma Blum, que era filha do professor de inglês Mr.
Blum e era uma gracinha. Não sei o que ela fazia por lá, mas estava sempre
enfeitando o ambiente. Outra lembrança eram as sungas e os maillots
azul-marinho que os rapazes e moças usavam para a piscina. Eram de lã,
adquiridos no "A Colegial". Pinicavam uma barbaridade!
Outra
coisa interessante eram os vestiários que ficavam no pátio, acima dos
banheiros. O masculino ficava à direita e o feminino à esquerda. Na parede que
separava os dois os "arquitetos" colocaram um basculante de vidro
canelado que se abria ao menor esforço. Já viu, né? A gente empilhava os
bancos, subia na pilha e forçava o basculante até dar uma brecha para ver as
meninas trocarem de roupa. Deve ter sido uma das maiores emoções das nossas
vidas àquela época. O pátio era de terra batida e a gente cavava buracos para
jogar bola de gude. As brigas dentro deste ônibus eram homéricas.”
O prédio do Anglo-Americano na Praia de Botafogo foi vendido para
a Shell em 1974 e foi ao chão em 1977.
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O Anglo-Americano entrou na minha vida já no prédio da General Severiano. É uma outra história e está rocambolescamente detalhada em https://vimeo.com/146459335. Quanto ao da Praia de Botafogo, só me lembro de ver os ônibus, como o Chevrolet da foto 3 e de que era perto do Andrews. Na foto 3, ainda temos um Chevrolet 1956, V-8 (veja o v no capô) certamente Bel-Air. No canto esquerdo, um Simca Chambord. Na foto 2, um Packard 48 está passando, mas, ao que parece, atrás de outro Packard 48!
ResponderExcluirNa foto 1, um solitário Dodge 51 camionete com motorista aguarda a saída dos alunos.
Lembro do Anglo na praia de Botafogo, na General Severiano e na Barra da Tijuca.
ResponderExcluirAs histórias do Conde são ótimas e ele faz falta por aqui desde que se aposentou com a aposentadoria de quatro paus como conta o Menezes.
Outros tempos e outro nível de educação no país. Ótimo este relato do Conde.Plinio,segundo um relato do próprio Menezes a citada aposentadoria foi reajustada para seis paus.Merecidamente.
ResponderExcluirLembro-me do Anglo também na praia de Botafogo, esse onibus Chevrolet igual ao do Santa Tereza onde estudei e a camionete Dodge igual a do meu tio Eurico, que eu dirigia com cambio universal.
ResponderExcluirO Getulio como todo ditador populista nacionalizou o colégio.
Lamentável.
Bom Dia! Na foto 3, os ambulantes (que lembro por várias vezes ter visto mais de 10) Não consegui identificar o que está ao lado do pipoqueiro.
ResponderExcluirNo inicio dos anos 50 ,minha mãe me levava ao consultório do Dr. Oliveira Bello, que ficava nas proximidades da Sears e da estação da Light. Como a espera por vezes levava horas, iamos passear pelas redondezas e o Anglo Americano me causava espanto.... Um prédio daqueles.... E com ônibus especial ... Imagine: eu na ocasião tinha de andar cerca de 2 km em caminho de barro para chegar até a Escola e o Anglo tinha um ônibus para seus alunos... Me parecia ( e era...) outro mundo !
ResponderExcluirSendo este Chevrolet um ônibus,poderia ser chamado de cara de sapo?
ResponderExcluirEsta bela mansão foi construída no século 19 para residência do Barão de Alegrete.
ResponderExcluirCurioso: o Chevrolet é Boca de Sapo, e não Cara de Sapo.
Está lá no texto que era do Barão de Alegrete.
ResponderExcluirBoa tarde ! Fui várias vezes ao Anglo-Americado, na Praia de Botafogo, quando estudante, e, também, mais tarde, para apanhar minha irmã mais velha, que, na época, praticava a ginástica feminina moderna, se não estou enganado. Era ele conhecido mesmo como sendo fraco em estudos, mas que tinha um incomparável "parque olímpico" se podemos chamá-lo assim. A partir de 1979, freqüentei o lugar, já agora, como funcionário da Shell, que tinha como vizinha a Coca-Cola, já que o prédio era dividido em duas alas.
ResponderExcluirOs colégios de origem europeia dispensam comentários. O colégio Cruzeiro é um exemplo. Só para descontrair: para acrescentar à galeria de raridades e somar à nota de três Reais, à foto de Roberto Carlos de Bermuda e fazendo embaixadas, e ao campeonato de peteca em Israel, alguém já viu um "caucasiano" com uniforme do Colégio Cruzeiro?
ResponderExcluirAlegrete é uma cidade do Rio Grande do Sul.
ResponderExcluirDesconfio, mas acho que esse DI LIDO ganhou na Mega-Sena pois Cortina D'Ampezo é seu destino constante. Quando está no Brasil, muito raro, fica na magnifica cobertura do Ed.Ceará, ou em Angra dos Reis na sua casa de verão. Fato é que esses 6 paus de aposentadoria tá rendendo mais que procissão em Baturité-CE.
ResponderExcluirNão adianta um time jogar bem se do outro lado tem um Messi.
ResponderExcluirBoa noite a todos.
ResponderExcluirO Ney Suassuna era chamado de "quarto senador do Rio de janeiro"...
AMO TUDO DO RIO ANTIGO, adorei essa história!!!
ResponderExcluirAntes de estudar no Anglo de Botafogo...estudei na unidade do Anglo em Copacabana que ficava na Avenida Atlântica.Fiz 2 anos de Jardim de Infância..pois não tinha idade para frequentar o 1°ano.eeramos alfabetizadas em português e inglês...até hojebrecordo as músicas que cantávamos com acompanhamento de piano..adorava o doce de leite que éramos presenteadas não recordo a ocasião servido numa colher de sobremesa!Fecharam a unidade mas fomos transferidos para Botafogo onde terminei o Primário..Festas do fim de ano eram maravilhosas!Tenho lindas fotos dessa época tão marcante em minha vida!
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