O “Saudades do Rio” já havia
feito uma postagem sobre este assunto, mas novos dados foram levantados pelo
prezado Carlos Paiva. Podemos ver que o Palácio Monroe já estava na alça de mira dos
que queriam demoli-lo faz tempo.
Em 1956 houve um concurso
para a construção do novo Senado Federal no terreno do Palácio Monroe, na
confluência da Av. Rio Branco, Av. Beira-Mar, Rua Luís de Vasconcelos e Rua do
Passeio. O anteprojeto vencedor foi o de Sergio Bernardes, ficando em segundo
lugar o de Henrique Mindlin. Com a posse de JK e a decisão de transferir a
capital para Brasília, o projeto não foi adiante.
O concurso se desenvolveu
com muitas controvérsias, com críticas ao projeto vencedor. Por exemplo, no
edital se pedia que o antigo prédio do Monroe não fosse demolido antes do
término das obras do novo Senado. O projeto de Bermudes não considerava isto,
mas o de Mindlin, sim.
Os Diretórios Acadêmicos
de Arquitetura fizeram um manifesto contra o projeto: “Nós, como representantes
das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, fomos unânimes em repudiar a
realização do concurso. Achamos que a verba (bastante Grande) deveria ser
destinada à Nova Capital. Considerando que a Capital Federal deve ser mudada
para o Planalto Central, claro está que a construção do Senado no Rio é
considerada inconstitucional”.
Conta o Luiz Agner: "Em 1955 foi realizado um concurso
público no Rio de Janeiro, para o projeto da nova sede do Senado Federal. Este
seria construído na área da Praça Paris, centro do Rio, local do Palácio
Monroe. Período confuso, o Presidente da República ainda era Café Filho, que
sucedeu a Getúlio Vargas e precedeu Carlos Luz. Meu pai participou deste
concurso junto com outros 16 escritórios de arquitetura". Nas duas
primeiras fotos vemos este projeto.”
Nosso amigo Rouen também abordou este assunto no “Arqueologia do Rio”,
mostrando o projeto do Sergio Bernardes, como vemos nas duas próximas fotos:
“O projeto é de um edifício de vinte e quatro pavimentos e dois de
subsolo interligados por quatro sistemas de comunicação interna. Estão
previstos onze elevadores, escadas e rampas, telefones internos e um sistema
pneumático. Este sistema pneumático fará todos os trâmites burocráticos dos
escritórios, expedindo todos os papeis e documentos. Este conjunto chamado de
“Central Pneumática” estará localizado no 24º andar para maior eficiência de
seu funcionamento.
O projeto é para um terreno situado no prolongamento da Praça Mahatma
Gandhi, limitado pelas avenidas Rio Branco, Beira Mar, Luis de Vasconcellos e
Rua do Passeio.
No desenho abaixo podemos ver:
1 – Hotel Serrador.
2 – Ed. Odeon.
3 - Ed. Brasília.
4 – Obelisco no final da Av. Rio Branco.”
Nas duas fotos seguintes
vemos mais detalhes do projeto vencedor, de Sergio Bernardes.
O Carlos Paiva nos mandou
as fotos a seguir mostrando o projeto de Mindlim:
Finalmente, vemos um desenho que consta na tese sobre Modernismo de Dafne M. Mendonça, que compara os dois projetos.
Ao final de todo o "imbroglio" nada foi realizado e o Palácio Monroe sobreviveu até meados dos anos 70 quando a sentença de morte veio com o aviso nº 964, de 09/10/1975, onde o General Golbery despachou: "Presentes as alternativas de utilização de que dá notícia o processo, cumpre-me transmitir a V.Exa. recomendações do Excmo. Senhor Presidente da República nos sentido de demolição do prédio e consequente transformação da área em logradouro público".
O erro foi a transferência da capital para Brasília.Mas esse elefante branco caso fosse construído,seria em profundo desacordo com o conjunto arquitetônico da região.## O filho de Carlos Luz,Rui Luz,era dentista e possuía um consultório na Senador Dantas.## Golbery sacramentou a demolição do Monroe,mais uma das muitas barbaridades praticadas pela ditadura militar.
ResponderExcluirFico com uma raiva quando leio algo sobre o Palácio Monroe.
ResponderExcluirQuer dizer que na década de 50 já queriam derruba-lo?
O projeto do Monroe, de Souza Aguiar, ganhou o primeiro lugar nos EUA na época. Acho que é o único título que o Brasil tem na arquitetura.
Uma pena que não sobreviveu.
Em minha avaliação, dois monstrengos arquitetônicos, se comparados a importância arquitetônica do Monroe, que foi criminalmente ceifada pela arbitrariedade dos militares.
ResponderExcluirSem sombra de dúvidas... projetos preguiçosos, feios. Quase que sem necessidade de ser graduado em arquitetura para fazer aquilo.
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirQuem diria que o Monroe teria uma sobrevida graças ao JK? Seria realmente um contrssenso essa construção. Mas nos dias de hoje...
Não discuto os padrões arquitetônicos da época, ainda mais comparando com o que foi construído no planalto central.
Luiz, no segundo parágrafo está escrito "Rua Lins de Vasconcelos", mas o correto é "Rua Luis de Vasconcellos", como num parágrafo mais adiante.
ResponderExcluirBom dia a todos. Hoje temos mais um pouco da história obscura da arquitetura e construção civil do Rio de Janeiro. Vinha de longe o desejo de botar no chão o Monroe e para piorar os projetos em nada preservavam a harmonia com as demais construções do seu entorno.
ResponderExcluirAcho que ao invés de ensinar no currículo escolar essas matérias que pouco acrescentam ao aluno e menos ainda para o desenvolvimento do País, deveria ser criadas duas matérias novas, uma de honestidade e outra de ética, para serem ensinada aos alunos desde o pre escolar até o último ano de ensino superior em todos os cursos. Estas também não acrescentariam nada ao desenvolvimento do País, mas com certeza diminuiria muito o deficit público e as despesas do governo no futuro.
Na Era Geisel as liberdades foram solapadas implacavelmente e isso incluiu também a demolição da faculdade de medicina da Praia Vermelha,que segundo o ditador era um antro de comunistas e agitadores.Foram anos difíceis.
ResponderExcluirDois dos comunistas e agitadores frequentam este espaço, o gerente e o Conde di Lido. São perigosíssimos.
ExcluirCorrigido. Obrigado.
ResponderExcluirA revolta da vacina deve estar de volta em breve.Tem comentarista que vai adorar.Sou Do Contra.
ResponderExcluirAs lideranças dos neo revoltados do século 21 já estão espalhando fake news dizendo que a Alemanha "descobriu que não é virus e sim bactéria" e que, portanto, "a vacina não vale nada".
ExcluirSou a favor da vacinação obrigatória.O interesse sanitário deve prevalecer e quem se recusar poderá sofrer sanções econômicas.Nas comunidades deveria ser oferecido um bônus de cem Reais para que seja vacinado.Não creio que haja problema porque serão bem remunerados.O brasileiro é pacífico.
ExcluirEsse sistema pneumático em inglês seria "p-mail".
ResponderExcluirVi esse equipamento em filme do tempo da II Guerra Mundial.
Os constituintes de 1948 mantiveram a ordem de mudança da capital e consta que JK prometeu cumprir logo no inicio da campanha eleitoral em 1955.
O prédio ficaria muito bem na Esplanada do Castelo, inclusive para ficar mais próximo do Palácio Tiradentes.
Interessante que o sistema ainda é usado em pequena escala principalmente por hospitais, para transporte de prontuários, prescrições e medicamentos.
ExcluirQuem se preocupa com algo construído a 30 anos, nós anos 80. Essa era a idade do Monroe em 1950. Temos que ver no momento que foi feito o projeto.
ResponderExcluirJá a demolição posterior foi um crime, agora temos um estacionamento caro e vazia assim como todo o centro Rio.
Vamos em.passos largos para o fim total da cidade.
Em 1950 o Monroe tinha 44 anos....
ExcluirDuas considerações:
ResponderExcluir1 - Onde funcionaria o Senado entre a demolição de um prédio e a inauguração do outro? No Senadinho??? Com certeza mais despesas às nossas custas.
2 - A fotomontagem da proposta vencedora foi feita tomando por base uma foto bem mais antiga que mostra o canteiro central da Rio Branco...
Na verdade foi a Praça Mal. Floriano que virou um canteiro no retoque da foto-montagem.
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