Flagrante da apreensão pela PM de raquetes de frescobol na praia, em 1969. Foi uma época em que o jogo acabava de ser banido do país. O frescobol teria aparecido por volta de 1948, em frente ao Copacabana Palace, derivado da peteca, então um esporte muito popular nas areias cariocas. E a PM era muito rígida em aplicar esta lei. Tínhamos que manter um olho na bola e outro na eventual presença da PM. Ao se ver um policial todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum tempo.
Nesta foto de Indalecio Wanderlei, publicada n´O Cruzeiro, enviada por Cristina Pedroso, vemos sua mãe Gilda preparando-se para jogar frescobol na Praia de Copacabana, na década de 50. Minha turma começou a jogá-lo no início dos anos 60, em Ipanema. Pegávamos bolinhas de tênis, que eram cuidadosamente descascadas, pois as bolas à venda para frescobol não eram boas como as de hoje. Não tínhamos noção do desconforto que causávamos aos banhistas.
Esta tropa da PM,
por conta de seus uniformes, era conhecida como “azulões”.
Segundo reportagens
do início dos anos 60 o frescobol só poderia ser praticado depois da 14h e os
que descumprissem esta ordem seriam “autuados por desrespeito à Lei e levados à
Justiça”. Depois de algum tempo a proibição foi aumentada, proibindo o jogo
durante todo o fim de semana. Os membros da PM que apreendessem mais raquetes
receberiam um prêmio. A maior queixa dos PMs era com relação ao “sabe com quem
está falando?”, chave de galão que levavam dos praticantes.
O “Correio da Manhã”
de 16/01/1968 noticiou que a Secretaria de Segurança expediu duas notas
enquadrando as punições para aqueles que não cumprirem a determinação. A
primeira alerta do perigo que o esporte representa à integridade física dos
banhistas, principalmente das crianças. A segunda dizia respeito ao tipo de
infração em que incorriam e as consequências da desobediência.”
Naquela época a PM
era muito rígida em aplicar esta lei e todos que jogávamos frescobol tínhamos
que manter um olho na bola e outro na eventual presença dos policiais
militares. Ao vê-los todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes
sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum
tempo. E chegou a ser criada a profissão de “olheiro do frescobol” – por alguns
trocados tinha gente que ficava vigiando a chegada dos PMs.
Ainda o “Correio da
Manhã” de janeiro de 1968 noticiou que o coronel Elias de Morais, comandante do
2º Batalhão da PMEG, afirma ter “um plano secreto para combater o frescobol nas
praias”. Também o tenente Romulo Rodrigues treinou a equipe de “azulões” em
judô, para enfrentar a turma “barra pesada” que afrontava a polícia.
O pior veio em
1969, conforme conta o “Correio da Manhã” de 18/01/69: todos os presos por
jogar frescobol irão para a Ilha Grande, enquadrados no AI-5.
Foi uma “guerra”
que durou anos e ocupou páginas e páginas dos jornais.
Com o passar do
tempo a fiscalização foi afrouxando e, atualmente há algumas regras, limitando
o horário e local para esta prática, embora as transgressões ainda sejam
frequentes.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirO assunto de hoje é polêmico e vai bombar. Até hoje, guardadas as devidas atuais proporções, há prática de esportes que podem ser perigosos para os banhistas. Em tempos de proibição de permanência de banhistas na orla, eu diria: "Bem feito...".
Bom Dia! Acho que a vez pertence a quem chegou primeiro. Se a turma do frescobol chegou na frente é natural que o espaço seja deles. Quem está na praia por outros motivos que procure outro lugar.Faltam 14 dias.
ResponderExcluirEu nunca fui adepto do frescobol, por logo notar que tinha pouca habilidade com a raquete, por não gostar de esporte sem a contagem de pontos, sem proclamar um vitorioso e por gostar de correria. Por estes fatores escolhi o voleibol em duplas como meu esporte praiano, tendo iniciado aos 15 anos. Atualmente existem áreas protegidas por redes e restritas para a prática do frescobol, onde podem jogar cerca de 10/15 duplas em paralelo, principalmente em Copacabana e na Barra, onde as faixas de areia são mais extensas. É bonito apreciar quem joga muito bem, com trocas de pancadas de lado a lado. Incrível que em quase todos os esportes, a finalidade é tirar a bola do alcance do oponente e no frescobol é rebater a bola o mais forte possível exatamente onde está o oponente.
ResponderExcluirEu me lembro desses "azulões" mas como nunca joguei frescobol nem tinha idade para tal nessa época, nunca tive qualquer problema. A verdade é que "os tempos eram outros" e a desobediência configura crime previsto no código penal (artigo 330 do Código Penal) e a condução do autor para a Delegacia "é de praxe". Mas havia a contumácia (prática frequente) de algumas pessoas que formavam um grupo para a prática de frescobol, o que era proibido. A contumácia desse grupo em praticar um crime poderia levar o Delegado a autua-los na época por "formação de quadrilha" (artigo 288 do C.P), cujas penas iam de um a três anos de reclusão. E em tempos de AI 5 "o céu era o limite". Atualmente a Lei 12.850 alterou o artigo 288 do Código Penal e criou o tipo penal de "organização criminosa. Mas à luz da lei na época, era perfeitamente exequível prisão dos "recalcitrantes".
ResponderExcluirMas uma constatação que a imbecilidade de nossos governantes e atemporal. Nessa época era legal tortura podia frescobol não!!!
ResponderExcluirCivilidade nunca foi o forte do carioca. Onde a máxima é se o outro fizer é um absurdo já eu....
A primeira foto é na escadaria de acesso a areia, localizada entre as ruas Joaquim Nabuco e Francisco Otaviano.
ResponderExcluirBom dia a todos. Hoje está liberado geral, na praia do Flamengo tem até uma escolinha que ensina a jogar frescobol. É uma boa forma de se bronzear na praia, sem ter que ficar esparramado ao sol. Nunca fui um bom jogador na época que cheguei a praticar.
ResponderExcluirMuito obrigado ao Luiz pela homenagem à querida Puppy, que infelizmente não está mais entre nós.
ResponderExcluirÉ mais uma questão de bom senso. Em horas de muito movimento não devem ser permitido frescobol ou futebol, nem como linha de passe. No começo dos 60 futebol na areia dura só depois das 13:00. Como a frequência das praias naquele tempo não era como hoje, o frescobol era liberado. Até que jogava direitinho, mas não jogava com frequência. O melhor jogador que já vi foi o Ivo Millman, da nossa turma do Posto Seis, médico.
Bom dia!
ResponderExcluirJá joguei muito frescobol embaixo do sol até sair pingando, é uma ótima atividade física, porém, sempre preferi jogar "altinha", aproveitando e corrigindo o texto o qual está escrito "altinho".
De histórias engraçadas de praia sobre esses esportes tenho duas: Uma vez jogando frescobol um amigo deu uma raquetada a qual eu não alcancei e a bola parou exatamente no meio dos seios de uma senhora que de tão grandes acomodaram a bolinha.
A segunda mais assustadora foi uma vez jogando "altinha" em Ipanema, quem joga sabe que quando a altinha é boa ganha velocidade e passes fortes, em uma dessas a bola saiu muito forte acertando a cabeça de uma criança pequena que vinha de encontro ao mar e deu com a cara na bola, ela literalmente deu um "salto mortal para trás" com a pancada, foi uma confusão na praia, mas no final ficou tudo bem, só muito choro e bate boca.
Acredito que os esportem devem ser praticados com cuidado e pra quem sabe jogar, proibir é burrice, esporte é vida.
A diferença entre "o passado e o presente" reside no respeito às leis havia, o que não ocorre hoje em dia, pois não há uma contrapartida (punição) que imponha temor ou respeito e faça com que o indivíduo reflita antes de praticar um ato criminoso. Além do enfraquecimento das leis, o excesso de recursos, o aumento do número de crimes que por "uma penada" passaram a ser afiançáveis em sede policial, e a chamada "audiência de custódia", uma excrescência que não é encontrada em nenhum diploma legal e foi criada para "soltar criminosos presos em flagrante", fizeram com que o Brasil se tornasse o paraíso dos criminosos. Hoje é literalmente impossível passear na Avenida Atlântica como no tempo dessas fotos por razões mais do que sabidas. Contra fatos não há argumentos, simples assim.
ResponderExcluirEra arbitrária a conduta desses agentes da ditadura.Prender as pessoas por causa de um jogo era absurdo.
ResponderExcluirO frescobol amador era uma delícia . Mas havia duplas craques que faziam a bola zunir em alta velocidade e impacto de raquetes, sujeitando os passantes a levar uma "bola perdida" (desculpem) que podia machucar. Esporte que teria sido inventado pelo Millôr Fernandes. Também joguei vôlei e participei de torneio em 1977 com o craque Mauro Marcello, na rede Champignons do Francisco Magarinos Torres , na Rua Garcia D Ávila, onde ele morava em casa simpática que até hoje existe creio.
ResponderExcluirSim, Gustavo, a casa ainda existe e foi vendida pela família no final dos anos 80. Até pouco tempo funcionava no local um curso de inglês, que também já fechou.
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