Aspecto original da Praça Serzedelo Correa, em torno de 1920, em foto do Serviço de Documentação da Marinha. A larga avenida com postes no meio é a Av. N. S. de Copacabana. A igreja de Copacabana, em frente à Praça, na esquina da Av. N. S. de Copacabana com a Rua Hilário de Gouveia. Do outro lado da Praça a Rua Siqueira Campos.
Nesta época os bairros de Copacabana, Ipanema e Leblon, em pleno desenvolvimento, eram conhecidos pelos jornais desta região ( "O Copacabana" e "Beira-Mar") como CIL (Copacabana, Ipanema e Leblon) e seus habitantes eram chamados de "Cilenses".
A foto mostra um panorama da Ponta do Galeão, praticamente virgem de construções (nesta área foi construído o aeroporto). Em frente ao pier está a capela de Nossa Senhora dos Navegantes. A partir de 1924 a região ganharia hangares, campos de pouso e rampas para os hidroaviões, reunindo a infra-estrutura necessária para a instalação do Centro de Aviação Naval e da Escola de Aviação Naval do Rio de Janeiro.
Em 1941
surgiria a Base Aérea do Galeão, usada a partir de 1946, também como aeroporto,
recebendo vôos nacionais e internacionais até 1977. Neste ano foi inaugurado o
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, hoje chamado Antonio Carlos Jobim. O
nome Galeão vem do século XVII, quando na ponta da ilha, num primitivo
estaleiro, foi construído o enorme navio Padre Eterno, lançado ao mar no Natal
de 1663. A ilha, que já fora do Gato e dos Sete Engenhos, se tornou do
Governador em 1573, quando passou a ter como morador o governador Salvador Correia
de Sá, dono do primeiro engenho de cana da região (como conta L.F.
Vianna).
Em foto do acervo
do Museu Aeroespacial vemos a Lagoa e o Jardim Botânico em 1945. Destaque para a
sede esportiva do Clube Naval (Piraquê), ainda com dimensões bem menores que a
atual (sucessivos aterros aconteceram nas décadas seguintes). Bem no meio da
foto, lá no fundo, há o mastro da bandeira na borda da Lagoa. Este mastro existe até hoje e fica antes da piscina
semiolímpica e quem conhece o clube sabe quanto mais ainda há hoje em dia por
trás dele, tais como instalações da outra piscina e um campo oficial de
futebol, fora os outros aterros laterais, que comportam instalações como um
ginásio poliesportivo. O "logo" na asa esquerda do avião indica que
ele pertenceria ao grupo de aviação do Exército, da antiga Base dos Afonsos e
não da Aviação Naval, com base no Galeão, unificadas em 1941 com a criação do
Ministério da Aeronáutica.
Os aterros foram
mais radicais da década de 60, com aproveitamento de material retirado para a
abertura do Túnel Rebouças e facilitados pelo regime da época.
A quadra em frente
ao Piraquê, delimitada pelas ruas General Garzon e Saturnino de Brito, bem como
as avenidas Lineu de Paula Machado e Borges de Medeiros, quase não tinha prédios altos.
Quanto ao Piraquê,
em outubro de 1936, uma Assembléia Geral Extraordinária aprovou a criação da
Seção Esportiva do Clube Naval, estabelecendo-se os entendimentos necessários à
concretização do empreendimento. Em 08/07/37, a Sede Esportiva é considerada
como criada e em 24/08/37, o presidente do Clube Naval encaminha um
requerimento ao Interventor do Distrito Federal, solicitando o aforamento da
Ilha do Piraquê, na Lagoa Rodrigo de Freitas, para a construção da Sede
Esportiva do Clube. Pelo Decreto No. 6.152 de 4 de março de 1938 o Prefeito do
Distrito Federal, Dr. Henrique Dodsworth, concedeu ao Clube Naval o aforamento
da Ilha do Piraquê. Em 20 de julho de 1940 foi, por fim, inaugurada a Sede
Esportiva do Clube Naval na Ilha do Piraquê.
O terreno vazio bem em frente à entrada do Piraquê foi ocupado pelo hotel de trânsito da Marinha.
Em espaço cedido
pelo Patronato Operário da Gávea foi fundado em 1951 ali à esquerda, seis anos
após a foto, o Teatro Tablado por Aníbal
e Maria Clara Machado, Antonio Gomes Filho, Carmem Sylvia Murgel, Carlos
Augusto Alves dos Santos, Eddy Rezende, Edelvira e Déa Fernandes, Isabel
Bicalho, João Sérgio Marinho Nunes, João Augusto de Azevedo Filho, Jorge Leão
Teixeira, Martim Gonçalves, Marília Macedo, Oswaldo Neiva e Stélio Emanuel de
Alencar Roxo.
O Patronato Operário da Gávea foi fundado em 1929, com o objetivo de prestar assistência social às comunidades carentes. Aos poucos, o novo prédio foi erguido e construídas a Escola, o Centro de Recreação Operária, o Ambulatório, a Capela, o Teatro Tablado e, finalmente, os dois andares superiores. Nestes muitos anos de funcionamento, várias mudanças foram feitas nesta obra de caridade para adaptar-se às necessidades da comunidade.
A construção semicircular embaixo é a antiga cocheira do Haras São José e Expedictus, da família Paula Machado. Foi demolido no início dos anos 60. No galpão próximo do meio, funcionou durante trinta anos a concessionária VW e Puma Lemos & Brentar. Tem outra cocheira que pode ser vista na foto: a do Haras Mondesir, da família Peixoto de Castro. Ela está na esquina da General Garzon com a Lineu de Paula Machado, na quadra da Lagoa. Esta resistiu até os anos 70.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirSobre a última foto, o sumido JBAN diria: "Puxadinho de rico"...
Ótima "tomada aérea" da Praça Serzedelo Correa, mostrando uma Copacabana civilizada. A Estação dos bondes é bem visível. A "incivilidade" atual se comparada com essa imagem é incontestável. Bem apropriada é a alcunha que a praça possui atualmente. O terreno do Clube Piraquê teve um destino bem mais adequado do que seu "primo pobre" do lado oposto da Lagoa. Somente nos anos 60 é que a situação foi resolvida, e o Clube Caiçaras é uma prova disso. Não custa acrescentar que administração pública e política populista são como óleo e vinho: Não se misturam, pois quando isso acontece o cheiro fétido é insuportável. O Rio de Janeiro é uma prova disso.
ResponderExcluirBom Dia! Hoje a aula está interessante, amanhã lerei os comentários. Faltam 19 dias.
ResponderExcluirUma ligeira correção: A Igreja na foto da Ponta do Galeão, defronte ao pier de atracação das barcas era dedicada a Nossa Senhora do Rosário e Pompeia . Foi demolida quando do alargamento da pista de rolamento, no inicio dos anos 50.
ResponderExcluirQue aula!
ResponderExcluirO Rio, em 1937, possuía 2 milhões de habitantes e era a cidade mais populosa do Brasil e 18a do mundo. O "inchaço" nos anos seguintes sufocou a cidade. Uma pena que a concentração urbana tenha ficado tão restrita ao entorno da baía e ao litoral sul e que a "corrida para o oeste" tenha se dado tão tardiamente. Poderíamos ter uma ocupação mais equilibrada...
Exatamente aconteceu como comentei acima: política populista e administração pública não combinam. Se tivesse havido fixação do homem do homem do campo no Nordeste e no Norte brasileiro no passado a realidade carioca seria outra. No começo foram os "paus de arara" e mais tarde em quantidades industriais os ônibus da Penha, São Geraldo, e Itapemirim, e "pronto", estava "plantada a semente do caos". Se esses migrantes possuíssem alguma qualificação escolar ou técnico e locais previamente determinados para moradia o impacto seria suavizado. Com centenas de milhares de analfabetos e semi analfabetos trazendo uma imensa prole, bem como "agregados" sem qualquer "pouso", a tragédia urbana foi imensa. Teria sido interessante a adoção de um "passaporte interno" tal como mencionado por Soljenítsin em "O Arquipélago Gulag". Naquela época ainda seria possível mas aí é que entrou péssima qualidade dos políticos cariocas, que privilegiaram a criação de currais eleitorais urbanos. O resultado é bem conhecido,"num sabi?"
ExcluirDesse trecho de Copacabana eu acho que nada sobreviveu. Até a igreja foi demolida e a reconstruída em terreno ao lado.
ResponderExcluirNem mesmo a praça deve ter mais esse círculo com diagonais nos quatro cantos.
Esse lado da Ponta do Galeão deve ser onde passa a Estrada do Galeão. Ou seria o lado de frente para o Porto de Maria Angu?
De qualquer maneira é outra foto que não tem construções sobreviventes.
Fora o clube, no trecho da Lagoa deve ter algo que resiste até hoje, mas exige trabalho de garimpeiro achar construções ainda existentes e sem grandes modificações.
Da dó de ver como a “Praça dos Paraíbas” era bonita.
ResponderExcluirÉ o que eu digo sempre, discordando do Luiz. O Rio é uma maravilha (sempre foi) visto do alto. Uma vez, ao rez do chão, a coisa muda de figura. Estamos no nível dos mais atrasados países africanos. Sujeira, miséria, buracos, monumentos deteriorados, desorganização total. Enfim, as pessoas veem nas propagandas um Rio que só existe, no seu esplendor, visto do alto.
ResponderExcluirConcordo com o Conde em gênero, número, grau, declinação, conjugação, modo, tempo e o que mais houver. O Rio é lindo, visto de Marte ou Alfa Centauri. Visto em cota zero, é uma África disfarçada.
ExcluirExatamente. Veementes desabafos como esse não são apenas louváveis, mas extremamente necessários sob pena de que tais condições sejam tidas como "normais" e seus críticos sejam "demonizados".
ExcluirE a cada dia que passa é preciso voar mais alto, vai chegar o dia, que de tão alto, não se verá nada.
ExcluirObservação que seria cômica, se não fosse trágica.
ExcluirNa foto da Serzedelo Correia, vemos na esquina de Siqueira Campos um bonde parado em frente à antiga estação ali existente. É o prédio com um relógio numa torre.
ResponderExcluirO Rio já foi mais bonito visto de cima, muito mais do que agora.Os desmatamentos,as lagoas fedorentas,a quantidade de favelas,e agora a multidão de mendigos espalhados nas ruas,fizeram essa fama ficar comprometida.
ResponderExcluirAtaque hacker afeta site da BN e da Brasiliana. Sem previsão de normalização.
ResponderExcluirSinceramente eu não saberia dizer que aquela praça da primeira foto era a Serzedelo Corrêa... parece outro lugar, outra cidade, outro mundo.
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