Esta fotografia de Luciano Ferrez mostra a vista do bairro da Penha a partir da escadaria da igreja. A festa de N.S. da Penha que inicialmente se comemorava no dia 8 de setembro, passou depois para o mês de outubro. Neste mês, milhares de pessoas, muitas delas pagando promessas, sobem de joelhos os mais de trezentos degraus.
Esta foto, de 1932, mostra uma Penha ainda quase rural, sem as dezenas de
favelas que hoje dominam a região. Era o tempo das barraquinhas coloridas e dos
grupos de choro, como o do Pixinguinha, animando a grande festa. No início do
século XX o porto de Maria Angu ganhou uma ponte para as barcas da Companhia
Cantareira atracarem, facilitando a ligação com o Cais Pharoux, na Praça XV, de
onde vinham muitos dos fiéis para as festas da Penha.
A foto nos mostra um
batizado na Igreja da Penha nos anos 50. Hoje em dia as formalidades foram
abandonadas e não mais se veem crianças com camisolões ou pais de terno e
gravata. E a degradação da região no
entorno da igreja, com inúmeras favelas, torna um risco ir nesta igreja.
Como já contou o comentarista Irajá, atualmente não é difícil ir à Igreja da Penha, pois para subida do penhasco estão disponíveis três lances de plano inclinado. Mas subir pelas escadas é sempre muito agradável, pois gradativamente vai se tendo a visão da baía de Guanabara e a quase totalidade da Baixada de Irajá.
O
festejo religioso da Festa da Penha inclui uma grande procissão pelas ruas do
bairro, a qual, segundo os organizadores, conta com a presença de cerca de inúmeras
congregações das igrejas e paróquias vizinhas. Para os não católicos o evento serve para apreciar uma das grandes tradições existentes há mais século.
Apenas por orientação, geograficamente a Penha, como os vizinhos Olaria e
Ramos, pertence a Baixada de Irajá, a qual corresponde ao território ocupado
por 38 bairros. Em se falando em igreja da Penha, ela pertenceu, até o início
do século XX, à Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. A Matriz
de Irajá, igreja barroco-jesuítica do início do Século XVII (1613), é a mais
antiga Matriz em sua volumetria original da Cidade do Rio de Janeiro e segunda
no Estado. Em 2013 comemorou o seu quarto centenário.
Para finalizar temos esta bela imagem da Igreja da Penha, valorizada pelo Buick 1948. Esta escadaria esculpida na pedra é uma obra extraordinária. Antigamente eram comuns pessoas subindo de joelhos a escadaria.
PS: alguns comentaristas poderão
aproveitar o tema e recordar aventuras adolescentes no Parque Shangai...
Com a certeza de que estou em 2021, essas fotos não retratam os tempos atuais, já que o ambiente de civilidade e com pessoas bem vestidas não existe mais por razões bem conhecidas por todos. As multidões que afluíam diariamente ao santuário são coisa de um passado glorioso em que a E.F Rio D'Ouro, administrada pela Central do Brasil, inaugurou o Ramal da Penha com o único objetivo de levar fiéis à igreja. Esse ramal foi extinto nos anos 20 e a atual Avenida Vicente de Carvalho é parte dele. Nunca subi aqueles 365 degraus mas o visual deve ser deslumbrante. Os traficantes da região que o digam...
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirNunca subi esse morro, nem o da igreja da Pena. O mais perto que cheguei foi no sopé, em um colégio onde meu ex-cunhado dava aulas há mais de vinte anos, durante uma feira ou "quermesse".
Essa é uma área fora da minha jurisdição...
No Parque Xangai eu fui algumas vezes e para isso tomávamos o trem da Leopoldina em São Cristóvão. Em uma das vezes em 1974 e por alguma razão, ao voltar para a Tijuca tomamos o trem em sentido contrário. Só percebemos o engano ao ver as chamas de Reduc. Como o terminal era em Vila Inhomirim resolvemos ir até lá e voltar no mesmo trem. Só que eram 23:30, aquele trem era o último, e como a estação iria fechar, fomos postos para fora. Nós éramos quatro e com um frio de rachar e sem luz na rua, acabamos pedindo abrigo em uma fábrica de munições do Exército que fica perto, onde ficamos até a partida do primeiro trem da manhã às 5:15. Se isso tivesse ocorrido nos tempos o resultado seria trágico. Mas "os tempos eram outros".
ResponderExcluirCertamente o blog tem informação privilegiada, para sapecar na bucha que o Buick é 1948. Pode, realmente, ser, mas não há diferença externa entre o 47 e o 48.
ResponderExcluirChamo a atenção para a antena do rádio, central no parabrisa, que era colocada na vertical por um botão no centro do parabrisa, quase no teto. A vantagem é que era à prova de vândalos. mas, primeiro, você tinha que esticar a antena na horizontal, vindo praticamente até a sua cara. Aí você entrava e reposicionava a antena.
Também não dá para saber que Buick é. Provavelmente é Super, a mais popular. Em 1949, a Buick inaugurou um estiloso acabamento com saídas (falsas) de ar na lateral. 3 buracos era Super, 4 buracos era Roadmaster; esse acabamento durou uns dez anos.
Um dos principais símbolos da cidade do Rio de Janeiro. Infelizmente foi cercada pelo crime organizado, aquele mesmo do "diálogo cabuloso"...
ResponderExcluirBom Dia! Por algum tempo no final dos anos 50 trabalhei em um lotação que tinha como ponto final uma rua quase em frente ao portão de entrada e que não lembro o nome porque a nossa referencia na ocasião era a Casa Neno, Uma loja de eletro domésticos onde era o ponto. Só me atrevi a subir a escadaria uma unica vez. Até o Parque de diversões que fica na entrada nunca foi confiável.
ResponderExcluirJoel, com relação a este Ramal da Penha, da Rio D'ouro, há uma foto - a mais antiga do local - que mostra a linha, num posicionamento que seria realmente onde hoje fica a Av. Vicente de Carvalho. Deve ter sido sacada por conta da construção da segunda torre da igreja, em 1902. Ainda não havia a Igreja do Bom Jesus e o pórtico de entrada do santuário, que atualmente também dá acesso ao Parque Shangai.
ResponderExcluirNesta primeira foto a visão quase rural é recortada pelas ruas muito antigas da região, como a Aimoré, Dionísio e Cajá. É possível ainda identificar casas que remontam ao final dos anos 1890, pelo hábito que existia de se colocar a data na frente da casa. A maioria com a janela "para a rua", sem recuo de um muro.
A Penha talvez seja o bairro da cidade que mais se degradou por conta da favelização. A "cordilheira" que se inicia no Juramento e vai até Ramos, a qual chamam de Complexo do Alemão, encontra neste bairro a sua face mais violenta, constituída pelo Grotão, Caracol, Chatuba, Cruzeiro e Merindiba, que "descem", paulatinamente, para o asfalto. O entorno do mercado Guanabara, antiga Sendas, já transformou-se numa extensão da "comunidade". Uma pena.
Foi justamente a extinção do ramal da Penha que possibilitou a implantação do ramal de bondes na região. Tenho uma foto de 1962 mostrando um bonde provavelmente vindo da Penha cruzando os trilhos da Rio D'Ouro na Avenida Automóvel Club. Os bondes cruzavam a Automóvel Club em dois pontos:na Estrada Vicente de Carvalho e na Avenida Monsenhor Félix. Com relação ao "entorno" do Supermercado Guanabara, tenho duas referências: a primeira em 1976 quando namorei uma menina que morava na região e tomava o 679 para encontrar comigo no Méier. A outra foi em 2018 quando toda aquela região foi cercada por tropas do Exército e das Polícias e todo o trânsito foi impedido em razão de uma mega operação daquele complexo de favelas. Caminhões frigorífico estavam estacionados para receber corpos de bandidos mortos na operação. Em alguns dava para ver sangue escorrendo. Segundo dados não oficiais teriam morrido mais de duzentos bandidos.
ExcluirTal qual a zona sul,a zona norte também tem belas locações.Mas elas são como jornal de ontem,notícia velha.Hoje não vale muita coisa.
ResponderExcluirTambém não me recordo de ter subido essa escadaria. Como falado, hoje se tornou um passeio meio perigoso. Mesmo assim ainda é um ícone do catolicismo carioca.
ResponderExcluirÚnica vantagem dos dias de hoje será que no futuro haverá fotos e vídeos da pobreza de hoje. A foto do Buick demonstra isso, foto nessa época só para pessoa com mais dinheiro.
ResponderExcluirNunca tinha pensado nisso.Mas você tem razão,máquina fotográfica era cara e não era todo mundo que podia comprar.Por outro lado se alguém quiser tirar uma fotografia hoje nessa escadaria pode ser assaltado,e se conseguir só vai fotografar mendigos e pedintes.Eu acho que a igreja distribui cestas básicas para os moradores dessas favelas senão os assaltos seriam constantes.Casas de comércio próximas de favelas sabem que dar cesta básica para moradores de favelas é o melhor seguro para não ser roubado.
ExcluirAntigamente a igreja da Penha bombava e hoje está quase esquecida e o motivo é claro: a fé católica já não é mais a mesma. Os feriados religiosos no presente nem são lembrados. As igrejas evangélicas tem grande parcela de culpa nesse arrefecimento da fé. Segundo a Constituição, o Estado é laico. Não sei se esses fatores contribuiram para a decadência brasileira no ranking da moral, do caráter, e dos bons costumes, pois segundo a opinião de muitos a formação religiosa é um dos principais requisitos existentes na base moral do homem. Estou à vontade para opinar, já que só acredito naquilo que posso ver e tocar. Mas é curioso ver milhares de pessoas se aglomerando em festas religiosas com fitas coloridas, barraquinhas diversas, iguarias exóticas, e muita força de vontade para acreditar.
ResponderExcluirNasci na Penha. Maternidade Arnaldo de Castro, no Largo da Penha. Atualmente é uma agência do Bradesco.
ResponderExcluirVários familiares moravam na Penha. O bairro sempre foi da minha jurisdição.
Perdi a conta de quantas vezes subi essa escadaria. Até 1994 foi com as próprias pernas; depois, já cadeirante, utilizei o "bondinho", mas já não foram tantas as vezes.
Fui a várias festas nessa Igreja, que ficava lotada, com mudanças no trânsito para tentar facilitar a locomoção das pessoas.
Estudei no Gomes Freire, entre 84 e 86. Desfilávamos no largo da Penha. O Parque Shangai era de praxe, nem que fosse para paquerar, assim como o Parque Ari Barroso.
A Fiat promoveu o Fiat147 numa propaganda: a subida e descida dos 365 degraus da mais famosa Igreja do Brasil, em 1976. Alguém se recorda??
Já fui nessa igreja uma vez, mas foi há muito tempo atrás, quando ainda era criança. Não tenho muitas lembranças. No parque Xangai fui algumas vezes.
ResponderExcluirBom dia a todos. Quando era criança fui muitas vezes a festa da Penha, tinha tios, primos e parentes que moravam na região da Leopoldina, Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Vila da Penha e aos domingos, nesta época sempre reuniam esses parentes na casa de algum deles logo pela manhã, o programa era sempre o mesmo, os homens jogavam sueca até a hora do almoço, almoçavam e a tarde todos se dirigiam a igreja da Penha quase uma caravana. Saudades de uma época que diria ser romântica aos olhos de uma criança. Já adolescente cheguei a ir com amigos para ir ao Parque Xanguai, mais para paquerar do que ir ao parque propriamente dito.
ResponderExcluirÉ um padre que está saindo do Buick?
ResponderExcluirParece um monselhor com aquele chapéu redondo.
ExcluirAnteriormente, os fieis que desembarcavam no cais de Maria Angu tinham de pegar carroças para irem até o santuário. Ou ir a pé ou a cavalo alugado.
ResponderExcluirNo dia 2 de outubro de 1927 a Light inaugurou o ramal da Penha, para atender a essa demanda e a dos moradores do bairro.
Embora eu não disponha de informações a respeito, parece-me que esse ramal veio sendo construído aos poucos, partindo de Benfica. Conforme progredia, foram sendo inauguradas sucessivamente as linhas de bonde de Bonsucesso, Ramos e finalmente a da Penha.
Os primeiros carros dessa nova linha foram retirados da linha Jockey Club (que na época ficava em Triagem, onde posteriormente foi construída a maravilhosa Cidade Light). Eram bondes de tamanho médio, estilo Narraganset, muito comuns na Light/Jardim Botânico.
Com o início da fabricação dos bondes grandes apelidados de sossega-leão, cujo primeiro exemplar entrou em circulação em 24/12/1936, aos poucos estes foram sendo alocados ao ramal da Penha, embora primeiramente o tivessem sido às linhas da Zona Sul.
Em 2014 subi até o santuário juntamente com um carioca que morava havia quase 40 anos na Suécia e que nasceu e cresceu naquela área. Encontramo-nos na Central do Brasil e tomamos o trem até a Penha. Passamos o dia zanzando pela área, enquanto ele recordava a infância e me mostrava os locais em que nela havia passado.
ResponderExcluirPor sinal, ele chegou a fazer comentários no SDR, na época do Terra, com o codinome Rei dos Bondes.
Subimos pelo funicular e descemos pelas escadas. Mas sempre cabreiros por causa da proximidade do Complexo da Penha. Felizmente não houve tiroteio no dia.
Em 2014 o teatrinho do Cabral ainda estava ativo. A casa caiu em 2016.
ExcluirComo não professo nenhuma fé, interessei-me mais pela paisagem do que pela igreja, na qual era reakizada missa naquele horário. Nem me lembro como era o interior dela.
ResponderExcluirLembro vagamente de ter subido lá quando criança, pelas escadas. Quanto ao Parque Xangai, nunca me diverti nele.
ResponderExcluirAinda criança fui duas vezes até a igreja, uma delas quando meus pais foram padrinhos da filha de um dos colegas bancários do meu pai. E a última tentativa de subir lá foi há exato meio século, levando parentes do interior para conhecer o local, mas paramos na base da escada porque o portão estava fechado. Deve ser o mesmo que aparece na foto colorida. Acho que era uma segunda-feira.
ResponderExcluirNo Shangai fomos mais vezes, com festa da Penha ou não, em vários brinquedos. O Trem Fantasma era o favorito.
Em 2011, poucos meses depois da grande intervenção das forças de segurança de 2010, estive no Largo da Penha, mas, mesmo antes do meio-dia, não tive coragem de enfrentar o sol de janeiro, escadaria acima.
O Parque Shangai ainda estava fechado, mas ao lanchar no Penha Shopping lembrei dos velhos tempos ao observar que crianças do século 21 que ali estavam, também ficavam em grande expectativa perguntando aos pais se já estava quase na hora do parque abrir.
O trem do romeiros da Rio D'Ouro tanto poderia trazer os fiéis pela Vicente de Carvalho como os que desembarcavam no Porto de Maria Angu. Segundo mapas antigos, o ramal passava ao lado da atual Rua Tenente Araquém Batista, depois de atravessar a linha da Leopoldina, só possível por baixo, eu acho, onde hoje tem uma passarela.
ResponderExcluirE o porto, antes dos grandes aterros, ficava mais ou menos onde agora é a Estação de Tratamento de Esgoto da CEDAE, junto à Av. Brasil.
Achava que Maria Angu ficava um pouco mais para baixo, entre Olaria e Ramos, e os fiéis caminhavam até onde hoje fica a rua Conde de Agrolongo, cruzavam a cancela da linha da Leopoldina e seguiam na atual Rua dos Romeiros até o largo da Penha. Moradores muito idosos da região dizem que chegaram a ver na Lobo Júnior guaiamuns vindos dos manguezais da Praia da Moreninha, que ficava ali onde existiu a Kelson's. Pode-se afirmar, então, que a Av Brasil do Caju até Cordovil foi assentada sobre aterros.
ExcluirTem também mapa com um ramal da Leopoldina para transporte de bois até o matadouro na região onde agora fica a famosa Rua Bariri do Olaria.
ExcluirFalam na internet que essa Praia da Moreninha consta como ainda existente "nos fundos" do Mercado São Sebastião / Kelson's, mas provavelmente "deslocada" pelos aterros. E seria de tamanho mínimo e muito suja, olhando por foto de satélite.
Sobre os aterros desse trecho da Av. Brasil, se não é todo é quase todo.
Digno de ser elogiado o S-120 acetinado do cavalheiro na foto 2. Bons tempos...
ResponderExcluirFaltou dizer que as fotos são excelentes. Muito boas
ResponderExcluirO Parque Shangai também se instalou na Quinta da Boa Vista.
ResponderExcluirSim. Primeiro foi itinerante, se fixou na Quinta e depois Penha.
ExcluirO primeiro ato praticado neste país, então Ilha de Vera Cruz, foi uma missa celebrada pelo Frei Henrique de Coimbra. Nada se confunde mais com está terra do que a tradição da Igreja Católica. E a Igreja da Penha é um dos seus principais símbolos.
ResponderExcluirA primeira foto parece ser uma rampa ao invés de escadaria. Mas deve ser ilusão ótica.
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