Em meados do século XX o comércio elegante do Rio de Janeiro localizava-se no Centro da Cidade. Entre as lojas mais conhecidas estava a chapelaria A RADIANTE, na Rua Sete de Setembro. Durante muito tempo o chapeleiro-chefe foi o Sr. Tavares, que fabricava os chapéus no jirau da loja.
Conta P. Vasconcellos que
a chapelaria foi inaugurada em 1929 (as fotos são de uma época mais recente,
vide as lâmpadas fluorescentes) pelo comerciante português Eugênio M. Pires,
desenhada e executada pela firma do italiano Salvador Storino. Para decoração,
o piso de ladrilhos hidráulicos foi trazido de Portugal e os cristais e
espelhos vieram da Bélgica, assim como as folhas-de-flandres que foram moldadas para o
teto.
As paredes foram tratadas
com relevos irregulares até a altura das vitrines e, a partir daí, tornavam-se
lisas. O colorido dos ladrilhos e o verde brilhante das paredes refletiam-se
nos espelhos e nas vitrines onde chapéus e outros enfeites exibiam a última
moda. Era "a única chapelaria tradicional e artesanal do Rio de Janeiro
que sempre seguiu o hábito de buscar inspiração nas revistas francesas".
O letreiro e a caixa registradora originais da inauguração da loja
destacavam-se na decoração. No jirau, os chapéus foram fabricados, por mais de
sessenta anos, utilizando-se os modeladores e as ferramentas da época de
criação da chapelaria.
A Radiante” sobreviveu até 1999. Depois disso o espaço foi aproveitado pela Casa Cavé. O
prédio da Cavé, original, é o da esquina da Rua Uruguaiana. Quando a Radiante
(no nº 137 da Sete de Setembro) fechou a Cavé se transferiu para lá e ficou
aguardando o processo de tombamento do seu prédio original para iniciar a
restauração, e modernizou a loja no lugar que anteriormente era “A Radiante”,
preservando o letreiro original, as vitrines da entrada, alguns painéis de
ladrilhos nas paredes e mais pouquíssima coisa, contrastando com os letreiros
de preços, balcões/vitrines e mesinhas de granito modernoso. Ou seja, tentou
preservar o próprio prédio, mas descaracterizou o outro, em prol do "bom
atendimento".
Há alguns anos estes eram os endereços de chapelarias no Rio: Chapelaria Alberto – Tel: (21) 2252-9939 R. Buenos Aires, 73, Centro
ResponderExcluirChapelaria e Sapataria A Esmeralda – Tel: (21) 2253-8100 Av. Marechal Floriano, 32, Centro
Chapelaria Porto Ltda. – Tel: (21) 2253-9605 R. Senador Pompeu, 114, Gamboa
Manufatura Rafi Ltda. – Tel: (21) 2485-3768 R. Abaíra, 60, Brás de Pina
A Radiante – Tel: (21) 2221-0519 R. Sete de Setembro, 137, Centro
Ernst Rubens Confecções de Chapéus Ltda. – Tel: (21) 2232-9539
R. Vinte de Abril, 8, Slj. 5, Centro
Hipermercado dos Chapéus – Tel: (21) 3392-3352 R. da Constituição, 8, Centro
Maria Enrico Bastos Chapéus – Tel: (21) 2255-0988 R. Domingos Ferreira, 108, Mangueira
No passado o chapéu era um acessório obrigatório para pessoas elegantes, assim com sapatos de couro ou "cromo alemão", trajes confeccionados em tecidos finos como linho, seda, e até mesmo casemira. Um realidade diferente da decadente e maltrapilha da população brasileira. Chapéus no presente? Jamais, apenas bonés acompanhando bermudas, muitas delas custando 1.99 a dúzia, e "chinelão" ou "sandália de dedo". A visão de ruas repletas de homens e mulheres usando chapéus e roupas finas ficou na lembrança, fotos, e blogs de memória.
ResponderExcluirDe vez que quando eu passava na porta da Radiante e não conseguia entender como esse tipo de comércio ainda conseguia se manter no Rio de Janeiro, vez que raras pessoas utilizam algum tipo de chapéu. Mas lembro que também vendiam guarda chuvas, o que acredito, tenha estendido a vida útil da loja. Já a Chapelaria Alberto, consegue se manter a trancos e barrancos, pois vende gravatas e camisas sociais para terno, de muito boa qualidade, além de cuecas, meias e pijamas.
ResponderExcluirO Derani ainda usa. O Lino às vezes.
ResponderExcluirSe não fosse o 'clima ameno' da nossa cidade eu usaria diariamente. Além da beleza, esconde bem aquela deficiência capilar.
ResponderExcluirEstive lá algumas vezes por volta de 2010, embora frequentasse mais a Cavé original, para um cafezinho ou lanche à base de torradas Petrópolis. Nessa das fotos, acho que no fundo à esquerda tinha uma espécie de "aquário", uma área envidraçada com ar condicionado, enquanto o resto da loja não tinha.
ResponderExcluirLamentei o desaparecimento desse estabelecimento. Meu saudoso pai usou modelos panamá dessa loja e eu, além de fazer amizade com o Sr. Tavares (ele era pai do meu colega, o criminalista George Tavares), posei em foto com ele e um funcionário. Segundo o Sr. Tavares,entrevistado em reportagem da época, Santos Dumont foi cliente da "A Radiante". Tempos depois descobri que fomos vizinhos no bairro do Engenho Novo. Por coincidência fomos ambos entrevistados na mesma edição do "house organ" do Banco Nacional, ele sobre seu ofício e eu sobre meu vizinho, o poeta Manoel Bandeira. Quanto à Chapelaria Alberto também fui cliente mas para produtos diversos como luvas, bonés, etc.. Ainda tenho dois chapéus tipo panamá que pertenceram ao meu pai.
ResponderExcluirBom dia a todos. Conheci esta loja ainda em funcionamento, algumas modas e costumes do século passado foram abandonados, dentre eles o chapéu. Costumo a usar chapéu e boinas, é uma boa proteção para o sol escaldante da cidade, para quem tem pouca cobertura no cucuruco como eu, quando viajo principalmente próximo ao inverno uso boinas de lã, para quem não sabe ajuda muito no combate ao frio e evita a necessidade de usar casacos pesados e outros apetrechos para o inverno, a cabeça aquecida diminui muito a sensação de frio.
ResponderExcluirO Rio elegante já foi. O pragmático responsável ainda não chegou. Como limpar a área? Pelos políticos ou pelo povo. Em termos de preservação de passado cada vez menos esperanças. Fotografei o resto de mosaico da Plataforma e consegui nota no Ancelmo para preservar o espaço na construção do prédio no local. Passaram o rodo. A pandemia pelo menos igualou todo mundo na telinha quadrada. E commerce bombando , daqui a pouco o Rio do passado vai ressurgir em fachadas digitais. É o mundo virtual chegando forte.
ResponderExcluirMestre GMA gostaria muito de partilhar desse seu otimismo, mas meu instinto me diz que infelizmente vivemos aquele ditado, quem viu, viu, quem não viu, não verá jamais.
ExcluirBoa noite a todos.
ResponderExcluirDesculpem, a loja é (era) linda, mas na primeira foto, olhando de repente, dá a impressão que Darth Vader está lá no fundo (para quem não liga o nome à pessoa, é o vilão de "Guerra nas Estrelas").
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirPela data de encerramento posso ter passado em frente, mas com certeza nunca entrei. Infelizmente...
O atual alcaide tenta estimular o uso do chapéu. Especialmente o modelo do "malandro carioca "...
Você tem certeza disso? Hoje foi discutido na Câmara Municipal um projeto para a ocupação dos cerca de 45% de imóveis desocupados no centro do Rio e há grande possibilidade de que esses imóveis sejam ocupados por famílias de baixa renda. Além disso consta que os prédios revitalizados poderão ser de ocupação mista e a metragem mínima de 28 M2 não será mais exigida.
ResponderExcluir