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sexta-feira, 28 de maio de 2021

PRAIA DA SAUDADE

A Praia da Saudade, antigo Porto de Martim Afonso de Souza, ficava onde hoje é o Iate Clube do Rio de Janeiro. Anteriormente já tinha sido chamada de Praia do Suzano e Praia de Santa Cecília. Em 1868 foi rebatizada como Praia da Saudade. A rua em frente, que se chamava Rua da Praia da Saudade, em 1922 recebeu o nome de Avenida Pasteur.

Na foto de Juan Gutierrez, de 1892, com vista para a Baía da Guanabara, é mostrada a Praia da Saudade e Praia Vermelha. Esta simpática Praia da Saudade veio a desaparecer alguns anos depois quando o Fluminense Yatching Club, que funcionava nas instalações do Fluminense, em Laranjeiras, foi transferido para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, frequentemente ampliada, havia cabines de banhos de mar, antes do acesso a Copacabana ter sido facilitado. Funcionou também, durante muito tempo, um estande de tiros, neste espaço do clube. A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/1935, quando ali foi construída uma pista de pouso de aviões, que durou até o início da 2ª Guerra Mundial (face a acidentes, foi descontinuada). Um projeto de ampliação para o Fluminense Yatching Club foi feito por Niemeyer, mas o projeto não foi seguido à risca, sendo as ampliações feitas sem um plano específico. O clube passou a se chamar Iate Clube do Brasil e, por volta da década de 1960, Iate Clube do Rio de Janeiro, denominação que tem até hoje.


Esta foto de Malta mostrando a Praia da Saudade, tem como data o ano de 1908. Nesta época a Praia da Saudade ganhou um cais, as ruas foram pavimentadas e as obras da Escola de Guerra foram concluídas. O que pode causar uma certa estranheza quanto à data é que neste ano de 1908 aconteceu a Exposição do Centenário da Abertura dos Portos, cuja inauguração deu-se em 11 de agosto. Mas consta que, como sempre acontece por aqui, os pavilhões foram construídos às pressas. E assim como foram construídos, desapareceram logo. 



Esta foto da Praia da Saudade mostra o Instituto Nacional dos Cegos e Hospital dos Alienados.



Postal de A. Ribeiro. Coleção Klerman Wanderley Lopes. Praia da Saudade. Imagem do começo do século XX mostrando a Praia da Saudade, na Avenida Pasteur, que foi totalmente aterrada numa área de mais de 80 mil metros quadrados, para a construção do atual Iate Clube do Rio de Janeiro. Sucessivas "doações" de diversos Governos permitiram que esta área fosse privatizada. Nesta foto aparece a antiga mureta que existia mureta neste pedaço. 




Quem concedeu o terreno da Praia da Saudade para a construção do Iate Clube foi o Prefeito Alaor Prata. Da esquerda para a direita vemos três grandes prédios: o primeiro é o do CPRM, que seria inicialmente destinado à Faculdade de Medicina e que, depois de servir como um dos pavilhões da Expo de 1908, foi utilizado pelo Ministério da Agricultura. O segundo é o do Instituto dos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant, construído em terreno doado por D. Pedro II. O terceiro é o do Hospício, que funcionou neste prédio até 1944, quando foi transferido para o Engenho de Dentro. O término das obras para transformação do Hospício na Reitoria da Universidade do Brasil deu-se em 1952. Conta o Professor Leme Lopes, ilustre psiquiatra, que em 1944 as condições do prédio eram péssimas e se não fosse Pedro Calmon, que defendia o valor histórico e artístico do prédio, os inimigos do hospício demoliriam o prédio. A fotografia mostra ainda toda a área do Morro do Pasmado, sem os arranha-céus que hoje quase o escondem.

7 comentários:

  1. Bom Dia! Passando rapidinho,só para marcar presença.

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  2. Postagem sensacional. Como esta região mudou ao longo do tempo. O Rio de Janeiro tinha muitas praias que desapareceram do mapa. Adorei essa aula.
    Que saudade da Praia da Saudade!

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  3. Bom dia a todos. Área muito disputada desde a fundação da cidade, embora o ICRJ tenha ocupado toda a área atualmente, acredito que o local deveria ser tombado, visto que clubes sociais não terão vida longa neste século, e a possibilidade de toda esta área vir a ser comprada por uma construtora será pior do que a ocupação do clube.

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  4. A antiga Escola Militar foi "mais um" dos prédios públicos demolidos indevidamente. Getúlio Vargas decidiu demoli-lo em razão de entender que nele funcionava um núcleo de comunistas, já que a "Intentona Comunista" de 1935 chefiada por Prestes teve este bela construção como núcleo. Embora não conste da postagem mas era próxima, a Faculdade de Medicina da Praia Vermelha foi demolido por Geisel em 1976 pelos mesmos motivos.## Uma rotina absurda foi a construção e a demolição dos pavilhões nas exposições de 1908 e 1922, já que muito se perdeu em termos arquitetônicos e não me convenço que eram "construções de Adobe". O Palácio do Monroe era uma "construção temporária" que foi desmontada, transportada para o Rio de Janeiro, remontada, e durou setenta anos até que (mais uma vez) Geisel ordenou sua demolição. Mas como eu não estive na Praia Vermelha em 1908 nem no Castelo em 1922, não pude constatar a solidez daqueles prédios.## João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, passou uma boa temporada entre 1911 e 1913 nesse Hospício. Pelo que consta nas narrativas da época, ele foi bem tratado, lia os jornais regularmente, e até tinha ocasionalmente sua saída "facilitada" para encontrar mulheres. Uma dessas mulheres morava nas cercanias da Rua Ipiranga e se suicidou ateando fogo ao corpo.

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  5. A sede da ABL foi o pavilhão da França na Exposição de 1922 e outros prédios do mesmo evento duraram bastante tempo, mas não sei dizer se todos foram construídos com materiais duráveis.
    Da Exposição de 1908 também é mais ou menos por aí, pois consta que a Escola Minas Gerais na Urca é uma das sobreviventes, porém, dizem, muitas eram mesmo descartáveis.

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  6. Estranhos tapumes dividiam a praia na época da foto 3. Será que os pescadores queriam cada um no seu quadrado?
    A primeira foto mostra que não havia acesso por terra até Forte São João, só de barco.
    A atual Rua Mal. Cantuária e Av. São Sebastião foram escavadas nas bases das pedras da Urca e Pão de Açucar.

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  7. A praia da saudade me deu saudades do ICRJ onde tenho grandes histórias. Se interessar, um dia eu digo, apesar dos incrédulos que me acham um mentiroso....

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