A Praia da Saudade,
antigo Porto de Martim Afonso de Souza, ficava onde hoje é o Iate Clube do Rio
de Janeiro. Anteriormente já tinha sido chamada de Praia do Suzano e Praia de
Santa Cecília. Em 1868 foi rebatizada como Praia da Saudade. A rua em frente,
que se chamava Rua da Praia da Saudade, em 1922 recebeu o nome de Avenida Pasteur.
Na foto de Juan
Gutierrez, de 1892, com vista para a Baía da Guanabara, é mostrada a Praia da
Saudade e Praia Vermelha. Esta simpática Praia da Saudade veio a desaparecer
alguns anos depois quando o Fluminense Yatching Club, que funcionava nas
instalações do Fluminense, em Laranjeiras, foi transferido para a Praia da
Saudade. Nesta nova sede, frequentemente ampliada, havia cabines de banhos de
mar, antes do acesso a Copacabana ter sido facilitado. Funcionou também,
durante muito tempo, um estande de tiros, neste espaço do clube. A Praia da
Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/1935, quando ali foi construída
uma pista de pouso de aviões, que durou até o início da 2ª Guerra Mundial (face
a acidentes, foi descontinuada). Um projeto de ampliação para o Fluminense
Yatching Club foi feito por Niemeyer, mas o projeto não foi seguido à risca,
sendo as ampliações feitas sem um plano específico. O clube passou a se chamar
Iate Clube do Brasil e, por volta da década de 1960, Iate Clube do Rio de
Janeiro, denominação que tem até hoje.
Esta foto de Malta
mostrando a Praia da Saudade, tem como data o ano de 1908. Nesta época a Praia
da Saudade ganhou um cais, as ruas foram pavimentadas e as obras da Escola de
Guerra foram concluídas. O que pode causar uma certa estranheza quanto à data é
que neste ano de 1908 aconteceu a Exposição do Centenário da Abertura dos
Portos, cuja inauguração deu-se em 11 de agosto. Mas consta que, como sempre
acontece por aqui, os pavilhões foram construídos às pressas. E assim como
foram construídos, desapareceram logo.
Postal de A. Ribeiro.
Coleção Klerman Wanderley Lopes. Praia da Saudade. Imagem do começo do século
XX mostrando a Praia da Saudade, na Avenida Pasteur, que foi totalmente
aterrada numa área de mais de 80 mil metros quadrados, para a construção do
atual Iate Clube do Rio de Janeiro. Sucessivas "doações" de diversos
Governos permitiram que esta área fosse privatizada. Nesta foto aparece a antiga mureta que existia
mureta neste pedaço.
Quem concedeu o terreno da Praia da Saudade para a construção do Iate Clube foi o Prefeito Alaor Prata. Da esquerda para a direita vemos três grandes prédios: o primeiro é o do CPRM, que seria inicialmente destinado à Faculdade de Medicina e que, depois de servir como um dos pavilhões da Expo de 1908, foi utilizado pelo Ministério da Agricultura. O segundo é o do Instituto dos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant, construído em terreno doado por D. Pedro II. O terceiro é o do Hospício, que funcionou neste prédio até 1944, quando foi transferido para o Engenho de Dentro. O término das obras para transformação do Hospício na Reitoria da Universidade do Brasil deu-se em 1952. Conta o Professor Leme Lopes, ilustre psiquiatra, que em 1944 as condições do prédio eram péssimas e se não fosse Pedro Calmon, que defendia o valor histórico e artístico do prédio, os inimigos do hospício demoliriam o prédio. A fotografia mostra ainda toda a área do Morro do Pasmado, sem os arranha-céus que hoje quase o escondem.
Bom Dia! Passando rapidinho,só para marcar presença.
ResponderExcluirPostagem sensacional. Como esta região mudou ao longo do tempo. O Rio de Janeiro tinha muitas praias que desapareceram do mapa. Adorei essa aula.
ResponderExcluirQue saudade da Praia da Saudade!
Bom dia a todos. Área muito disputada desde a fundação da cidade, embora o ICRJ tenha ocupado toda a área atualmente, acredito que o local deveria ser tombado, visto que clubes sociais não terão vida longa neste século, e a possibilidade de toda esta área vir a ser comprada por uma construtora será pior do que a ocupação do clube.
ResponderExcluirA antiga Escola Militar foi "mais um" dos prédios públicos demolidos indevidamente. Getúlio Vargas decidiu demoli-lo em razão de entender que nele funcionava um núcleo de comunistas, já que a "Intentona Comunista" de 1935 chefiada por Prestes teve este bela construção como núcleo. Embora não conste da postagem mas era próxima, a Faculdade de Medicina da Praia Vermelha foi demolido por Geisel em 1976 pelos mesmos motivos.## Uma rotina absurda foi a construção e a demolição dos pavilhões nas exposições de 1908 e 1922, já que muito se perdeu em termos arquitetônicos e não me convenço que eram "construções de Adobe". O Palácio do Monroe era uma "construção temporária" que foi desmontada, transportada para o Rio de Janeiro, remontada, e durou setenta anos até que (mais uma vez) Geisel ordenou sua demolição. Mas como eu não estive na Praia Vermelha em 1908 nem no Castelo em 1922, não pude constatar a solidez daqueles prédios.## João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, passou uma boa temporada entre 1911 e 1913 nesse Hospício. Pelo que consta nas narrativas da época, ele foi bem tratado, lia os jornais regularmente, e até tinha ocasionalmente sua saída "facilitada" para encontrar mulheres. Uma dessas mulheres morava nas cercanias da Rua Ipiranga e se suicidou ateando fogo ao corpo.
ResponderExcluirA sede da ABL foi o pavilhão da França na Exposição de 1922 e outros prédios do mesmo evento duraram bastante tempo, mas não sei dizer se todos foram construídos com materiais duráveis.
ResponderExcluirDa Exposição de 1908 também é mais ou menos por aí, pois consta que a Escola Minas Gerais na Urca é uma das sobreviventes, porém, dizem, muitas eram mesmo descartáveis.
Estranhos tapumes dividiam a praia na época da foto 3. Será que os pescadores queriam cada um no seu quadrado?
ResponderExcluirA primeira foto mostra que não havia acesso por terra até Forte São João, só de barco.
A atual Rua Mal. Cantuária e Av. São Sebastião foram escavadas nas bases das pedras da Urca e Pão de Açucar.
A praia da saudade me deu saudades do ICRJ onde tenho grandes histórias. Se interessar, um dia eu digo, apesar dos incrédulos que me acham um mentiroso....
ResponderExcluir